segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Geovane mais um Teófilo-Otonense esperando Oportunidade

Parça de Neymar tenta recolocar carreira nos trilhos: 'Só 



Uma chance'...................




De badalado a renegado, Geovane se orgulha de ter jogado com Fernando, Casemiro, Philippe Coutinho e Neymar, mas se frustra com esquecimento

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Entrevista completa no endereço Abaixo

Neymar? Quem é Neymar? No clássico do último fim de semana entre Barcelona e Real Madrid, pela 10ª rodada do Campeonato Espanhol, foi outro garoto revelado pelo Santos que atraiu as atenções do mundo do futebol. Ex-companheiro do craque do time catalão na base santista, o meia-atacante Geovane é o nome do momento na Europa. Idolatrado pela torcida merengue mesmo com pouco na capital espanhola, o garoto de 21 anos vive a melhor fase da carreira e comemora  o sucesso no seu primeiro grande clássico na Espanha.
Essa poderia ser a história da carreira de Geovane Batista Lobo. Poderia! Mas o garoto natural de Teófilo Otoni, no interior mineiro, resolveu tomar outro rumo. E olha que ele parecia destinado a brilhar. Na base do Peixe, famoso por revelar garotos aos baldes, o meia-atacante era tão badalado quanto Neymar. Do técnico francês Arsène Wenger, outro especialista em moldar jovens talentos, ele escutou que tinha tudo para se tornar um dos melhores jogadores do mundo. Chegou a ser comparado a Zidane e Kaká. Isso tudo antes de completar a maioridade! Hoje, aos 21 anos, a realidade é bem diferente. Afastado pela diretoria do Alvinegro, ele treina separado e em horários diferentes do elenco profissional à espera de uma oportunidade que parece que nunca vai chegar.
Geovane chegou à Vila Belmiro com apenas 14 anos, depois de uma rápida passagem pelo Cruzeiro. Em pouco tempo, sua habilidade encheu os olhos dos dirigentes santistas. Ele se orgulha do que representava para o clube naquela época.
- O Santos tratava a gente (Geovane e Neymar) como joias raras - comenta o garoto.
Geovane seleção brasileira de base (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Geovane, na seleção brasileira de base, com Neymar, Casemiro, etc... (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
No meio do caminho, um gigante inglês
Além da habilidade, a velocidade e a visão de jogo de Geovane passaram a chamar cada vez mais a atenção. Foi quando o Arsenal resolver fazer uma investida no garoto. O ano era 2007. E o garoto, aos 15, não era nada além de um garoto. Deslumbrado, ele viajou até Londres, onde participou de um período de treinos e agradou o staff inglês.
- Em 2007, havia aquela badalação, e o Arsenal já estava me observando. Fui ao clube e passei 20 dias em treinamento. Eles (os ingleses) gostaram muito e chegaram a oferecer uma proposta. Foi aí que as coisas começaram a não dar certo - recorda o jovem jogador, que na época não possuía vínculo empregatício com o Peixe.
A proposta inglesa era sedutora, segundo revela Geovane.
Geovane arsenal  Arsène Wenger (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Ao lado do técnico do Arsenal, Arséne Wenger
(Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
- O Arsenal ofereceu um contrato de quatro anos e meio. Eu passaria um ano em Salamanca e depois voltaria para a Inglaterra. Já estavam vendo um trabalho para meus pais e uma casa para eu morar.
Mas, apesar de tentadora, a proposta não convenceu a joia santista. E, para a surpresa do seu agente, ele comunicou que desejava voltar ao Brasil para vestir novamente o preto e branco do uniforme do Peixe.
- Falei para o meu agente que não queria ir. Eu estava na Inglaterra, mas com a cabeça no Santos. Eu queria o Santos, porque foi o clube que me abriu as portas. Um dia, à noite, decidi: "Não quero ficar aqui. Quero voltar para o Santos". Meu procurador me chamou de louco - recorda.
A decisão de permanecer no Alvinegro teve muito a ver com a relação do garoto com um dos maiores ídolos do clube: o volante Zito, terceiro jogador que mais vezes vestiu a camisa do Santos. Foi ele quem deu o aval para a diretoria assinar o primeiro contrato profissional do garoto - a assinatura, porém, só veio depois de várias reuniões entre Geovane e os dirigentes santistas.
- O Zito apostou muito em mim. Posso dizer que fiz um bom contrato - conta.
Nova novela: 'O Arsenal na minha vida atrapalhou bastante'
Em 2009, quando já tinha contrato, e o Santos queria renová-lo, o Arsenal fez uma nova investida. O clube inglês contratou um grupo de advogados de São Paulo, que entraram com um processo contra o Alvinegro para conseguir desligar Geovane do time paulista. Conseguiram uma liminar.
Pouco tempo depois, ele já estava treinando com alguns dos jogadores da equipe de Arsène Wenger, como o brasileiro Denilson, o espanhol Fabregas, o camaronês Song e o croata Eduardo da Silva.
- O Wenger me viu treinar e disse para mim: “Você tem tudo para ser um dos melhores jogadores do mundo”. O scout do Arsenal dizia que eu tinha muitas características parecidas com o Zidade e algumas que lembravam o Kaká.
Mas a passagem pelo gigante londrino foi curta. Curta e problemática. Geovane dividia o tempo entre os treinos do Arsenal na capital inglesa e as audiências com o Santos em São Paulo. Até o momento do basta e a decepção.
- O diretor executivo do Arsenal me chamou e disse que não ia mais seguir com a negociação. O Santos não estava cedendo, e eles estavam desistindo. Foi uma negociação fracassada. Foi uma experiência que passei, mas uma história bem chata. Perdi muito tempo da minha carreira profissional. O Arsenal na minha vida atrapalhou bastante.
Saudades de um tempo que não volta mais
Geovane perdeu realmente muito tempo na carreira. Antes de todo o imbróglio envolvendo Santos, Arsenal e ele próprio, o garoto era presença certa nas seleções de base. Em 2008, por exemplo, foi campeão do tradicional Torneio Mediterrâneo, onde foi titular e marcou dois gols.
Geovane Phillippe Coutinho seleção brasileira (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Geovane  e Phillippe Coutinho na  seleção brasileira (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Com a camisa amarelinha, Geovane fez mais do que conquistar o Torneio Mediterrâneo. Em uma fase da carreira que qualquer aposta é arriscada, ele teve a companhia de jogadores como Fernando, Casemiro, Philippe Coutinho, Wellington Nem e, claro, Neymar, seu companheiro de clube e grande parceiro. Ele lembra desse período com saudades. E lamenta os rumos que sua carreira tomou.
- É ruim ver jogadores com os quais você trabalhou todos bem e você não estar nessa situação. Fico muito triste com isso.
A parceria com Neymar também foi abreviada por conta da indefinição de ter Santos ou Londres como seu endereço. Os ex-companheiros de quarto não passam de meros conhecidos hoje em dia.
- Antes, éramos muito próximos. Sempre dividíamos o mesmo quarto nas concentrações do Santos e da Seleção. Hoje, estamos em um patamar completamente diferente. Às vezes, vendo o sucesso do Neymar na seleção e o contrato milionário no Barcelona, eu paro e penso: 'Pô! Eu poderia estar ali junto com ele!'. É um dos melhores jogadores do mundo. Eu queria muito estar vivendo isso também.
A volta para casa e uma agonia sem fim
- Eu podia assinar com qualquer clube. Voltei para casa, onde passei dois meses. Aí a DIS me ligou, e eu acertei meu retorno (ao Santos), com um contrato de cinco anos.
É assim que Geovane narra a sua volta ao Peixe depois de toda a confusão envolvendo o clube paulista e o Arsenal. Na cabeça, ele tinha um só objetivo: voltar a jogar bem e convencer a diretoria e a comissão técnica do time profissional que ele merecia uma chance. Mas nem tudo aconteceu como ele sonhava. Pouco depois de prolongar seu vínculo com o Alvinegro, Marcelo Teixeira, presidente responsável pela assinatura do novo contrato, foi derrotado nas eleições, e o jovem perdeu ainda mais espaço.
Antes disso, ele já havia perdido uma boa oportunidade de mostrar seu futebol para todo o Brasil - e para uma par de olheiros dos grandes clubes do futebol mundial. Por conta das indefinições já citadas, ele não jogou a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2009.
- Fui inscrito, concentrei com o restante da equipe em São José do Rio Preto, mas o Santos não me deixou jogar, porque eu não queria assinar um novo contrato.
Em 2010, ele também não jogou. Mas em 2011 em finalmente teve a oportunidade de mostrar seu futebol na principal competição de base do futebol brasileiro. Contra o Confiança-SE, na estreia do Peixe na competição, ele marcou um gol com apenas seis segundos de jogo. Na segunda fase, sofreu o pênalti que originou o quinto gol do Alvinegro diante do América-RN. Mas o time parou nas quartas de final diante do Bahia, que chegaria à final e seria vice-campeão.
O gol relâmpago na Copinha foi talvez o seu último grande momento com a camisa alvinegra. Depois disso, empréstimos para América de Teófilo Otoni, Araxá, mas nada que realizasse o garoto. Por vezes, ele sequer esconde a amargura.
- Se eu disser que não me arrependo de ter ido em 2007, eu vou estar mentindo. O Santos não conseguiu chegar nem perto do que eles (ingleses) me ofereceram.
Recomeço?
 Em setembro e outubro, Geovane teve a oportunidade de "recomeçar" sua carreira no Santos. Em excursão à Asia com o time sub-23 do Peixe, ele até marcou gol, na derrota por 2 a 1 para o Persipura, da Indonésia. E é justamente coisas como essa que ele quer para o futuro da sua carreira: chances.
- Estou buscando uma oportunidade, alguém que possa abrir as portas. Primeiro, quero mostrar meu futebol. Depois, mostrar que posso ser um grande jogador. Queria muito que fosse no Santos. Financeiramente, eu não tenho do que reclamar. Mas só o dinheiro não resolve. Sonho ser um grande jogador profissional. Não dá para voltar atrás. Se desse, eu faria tudo diferente.

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