Elogiada por Bolsonaro como 'exemplo' na pandemia, Suécia agora pede ajuda: 'Consequências são horríveis'

Brazil's President Jair Bolsonaro attends a ceremony at the Planalto Presidential Palace in Brasilia, Brazil, Monday, Nov. 9, 2020. (AP Photo/Eraldo Peres)

Redação Notícias
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O presidente Jair Bolsonaro participa de cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, segunda-feira, 9 de novembro de 2020 (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)


Bjorn Eriksson, chefe do serviço de saúde de Estocolmo, capital da Suécia, clamou ajuda às autoridades nacionais nesta quarta-feira (9). Já elogiada pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) e tida como “exemplo” durante a pandemia, a Suécia vê enfermarias de UTIs enchendo rapidamente com novos casos da Covid-19. O pedido do chefe de saúde é para que sejam enviados enfermeiros especializados e outros profissionais para reforçar as equipes que lutam contram uma segunda onda de infecções.

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15 de mai. de 2020 · Vídeo enviado por TV FOLHA


“Precisamos de ajuda”, disse Eriksson, em entrevista coletiva. A Suécia, que não optou pelo tipo de bloqueio adotado por muitas outras nações europeias, sofreu muitas vezes mais mortes causadas pelo coronavírus per capita do que os países vizinhos, com o total chegando a quase 7.300 na quarta-feira.

No pico da pandemia, em maio, Bolsonaro chegou a afirmar que, por ele, o Brasil adotaria o isolamento vertical. Ele citou a Suécia como exemplo, mas não mencionou que já aquela época o país escandinavo tinha mais mortes por Covid-19 que os vizinhos, que adotaram o isolamento mais rígido.

"O governo federal, se depender de nós, está tudo aberto com isolamento vertical e ponto final. Os governadores assumiram cada um a sua responsabilidade, houve uma concorrência entre muitos para ver o que fechava mais", disse Bolsonaro à época.

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O deputado estadual Osmar Terra (MDB-RS), tido como um “ministro informal” de Bolsonaro, também citou o país como exemplo durante a pandemia. Ele chegou a dizer, em uma publicação no Twitter, que a Suécia “não fechou uma única escola” e “protegeu as crianças”.

“Importante descoberta: a Suécia que não fechou uma única Escola na epidemia e protegeu as crianças com os protocolos de cuidados baseadas na ciência, teve mesma proporção de casos entre alunos e professores, baixíssima,que a vizinha Finlândia,fechada em quarentena e lockdown”, escreveu.

Segundo a Reuters, hoje, a capital Estocolmo e arredores estão entre as áreas mais atingidas, com 2.836 mortes. As taxas de infecção estão aumentando novamente após uma queda no final do primeiro trimestre, e as unidades de tratamento intensivo agora estão lotadas.

Havia 814 pacientes com Covid-19 sendo tratados em hospitais e enfermarias geriátricas de Estocolmo na quarta-feira, contra 748 na sexta-feira passada, disse a região. Isso se compara com o número de cerca de 1.100 pacientes durante o surto da doença no segundo trimestre.

Eriksson disse que 83 pacientes foram tratados em terapia intensiva em Estocolmo e o número corresponde “mais ou menos a todos os leitos de terapia intensiva que normalmente temos”.

Endurecimento das restrições

Diante de um aumento de novos casos nas últimas semanas, o governo sueco endureceu as restrições às reuniões públicas, enquanto as escolas secundárias foram instruídas a mudar para o ensino à distância pelo resto do semestre.

Na quarta-feira (9), o governo disse que queria que o parlamento lhe concedesse mais poder para implementar medidas de bloqueio, como o fechamento de shoppings e academias. Até agora, no entanto, as medidas têm sido em sua maioria voluntárias e a mídia está cheia de fotos de ruas comerciais lotadas no período que antecede o Natal.

Eriksson pediu uma adesão mais estrita às diretrizes do governo para ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.

"Não pode valer a pena tomar drinques depois do trabalho e correr para comprar presentes de Natal. As consequências são horríveis”, disse ele.

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