China começa processo de vacinação contra H1N1
Após ter iniciado o programa de vacinação em massa contra o vírus da gripe A (H1N1), a China comemora a ausência de efeitos colaterais graves. Cerca de 100 mil estudantes de Pequim foram reunidos pelo governo chinês para receber os imunizantes e de acordo com a imprensa estatal, este é o primeiro grupo expressivo de pessoas no mundo a serem vacinadas. Até agora pouco mais de 10 mil estudantes já receberam a vacina.
Segundo o diretor do Departamento de Controle de Doenças da capital chinesa, Zhao Tao, a vacinação foi muito bem-sucedida, e nenhuma reação forte ou anormal foi notificada até agora. Ele informou também que todos os imunizados vão participar das celebrações do Dia Nacional, em 1o de outubro.
- Embora tenha se provada segura e eficaz nos testes clínicos, a vacina pode provocar reações parciais, como febre e inflamação, mas isso é inevitável.
Cerca de 13.262 casos da gripe H1N1 foram notificados até agora na China, sendo que 8.805 pacientes se recuperaram. De acordo com o ministério da saúde chinês, não houve óbitos por causa da gripe pandêmica no país, mas há preocupação por causa da volta às aulas e da aproximação do inverno.
Para a produção das vacinas, dezenas de milhares de ovos de galinha são entregues todos os dias entregues ao laboratório Sinovac em Beijing. Cada ovo está infectado com o vírus do influenza A (H1N1) e permanece incubado por três dias, para então, ser inspecionado por funcionários do laboratório antes do vírus ser extraído para ser usado para a produção da vacina. O laboratório Sinovac Biotech Ltda. foi o primeiro no mundo a realizar testes clínicos bem-sucedidos para a vacina do H1N1. Foi também a primeira empresa aprovada pelo governo chinês para produção de milhões de doses.
De acordo com o diretor executivo da Sinovac, Yin Weidong, o segredo do sucesso está no conhecimento adquirido em pesquisa e desenvolvimento de vacinas ao longo dos anos. O Sinovac foi o primeiro e único laboratório a criar a vacina para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês), que assolou o mundo inteiro e que causou quase 350 mortes na China. A vacina para o Sars nunca foi usada pois no momento em que o imunizante foi concluído, a transmissão da doença cessara.
- A vacina para o Sars nos ajudou a alcançar a vacina para o H5N1 (gripe aviária), que por sua vez permitiu que pudéssemos concluir o imunizante para o H1N1. Foi por isso que conseguimos agir tão rápido.
Além do Sinovac, outros dois laboratórios chineses e vários outros pelo mundo também produzem vacinas contra o vírus da gripe suína. Só o governo chinês encomendou mais de três milhões de doses à Sinovac, quatro milhões do alboratório Hualan Biological e outros três milhões ao Instituto de Ciências Biológicas de Xangai. Para Yin, o principal desafio para a China será a distribuição de vacinas para todos os habitantes. "Um país com 1.3 bilhão de pessoas precisa de 1.3 bilhão de vacinas", afirma o executivo. Autoridades governamentais chinesas informaram que um surto de gripe suína pode ser catastrófico em países densamente populosos e com sistemas de saúde deficitários, como o do próprio governo chinês. Recentemente, os registros de infecções pelo H1N1 cresceram dramaticamente por todo o território daquele país.
- Basicamente todas as províncias da China foram infectadas e o número absoluto de pessoas doentes é o que nos preocupa. Os casos estão se aalstrando dos centros urbanos e áreas costeiras para áreas rurais e longínquas do país, afirma Vivian Tan, diretora de comunicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China.
De acordo com a OMS, a rápida aceleração do H1N1 ocorre a vários fatores, como o início da época de gripes, a temperatura que começa a esfriar e a volta às aulas. Mais de 80% dos casos de gripe suína na China aconteceram nas escolas ou devido às atividades escolares. No entanto, é possível que a China tenha sido o país que teve a postura mais ofensiva em relação ao vírus da gripe A do que qualquer outro no mundo. Durante meses, funcionários dos aeroportos usando máscaras cirúrgicas checavam a temperatura de todos os passageiros e realizavam inspeções sanitárias antes de concederem a entrada no país aos visitantes. Milhares ficaram em quarentena, inclusive grupos escolares e aviões lotados de passageiros.
Autoridades de saúde também publicaram de forma abrangente os riscos que a nova gripe oferece e pôs em prática o tradicional Plano Chinês de Tratamento Médico, como uma alternativa às vacinas. Ainda assim, alguns chineses mostram-se céticos quanto à necessidade de um imunizante. Há relatos de uma mãe no Hosptial Central de Beijing ter dito ser "improvável que meu bebê possa contrair a gripe suína. E o que isso pode afetar a saúde dele no futuro? Eu vou apenas evitar lugares muito movimentados". Atualmente a maior preocupação das autoridades é que o vírus comece a se transmitir pelo ar e saia do controle. De acordo com Vivian Tan, "um dos nossos maiores temores é que o H1N1 possa se recombinar com o H5N1 da gripe aviária e torne-se uma espécie de supervírus, capaz de se transmitir facilmente e ser letal".
Como qualquer vacina, a OMS alerta que o imunizante do H1N1 pode ter efeitos colaterais negativos. O Sinovac planeja acompanhar e testar pacientes durante alguns anos após as vacinas serem administradas para determinar se há qualquer possível perigo à saúde.
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