Enchente de 1979
A maior enchente da história de Itambacuri (até o momento, pelo menos) foi agravada pelo rompimento da maior barragem da cidade. A situação só não foi pior porque a "primeira barragem", um reservatório menor, ajudou a segurar a força das águas.
Seguem imagens copiadas (escaneadas) de acervos de cidadãos itambacurienses.
Seguem imagens copiadas (escaneadas) de acervos de cidadãos itambacurienses.
Primeira barragem com grande fluxo de água, após o rompimento da segunda. |
Situação da segunda barragem após o rompimento. |
Foto da segunda barragem por volta do ano 2000. |
Rua alagada (creio que seja a Av. Vital Salvino). Ao fundo, repare a situação da cachoeira. |
Final da rua Prof. Mendonça. |
Cruzamento da Rua Prof. Mendonça com rua Teófilo Otoni. |
Rua Prof. Mendonça. |
Estação de Tratamento de Água (caixa d'água) do SAAE. |
Tubulação que levava água da barragem para a Estação de Tratamento. |
Barragem antiga (segunda barragem) - barragem atual
Ela foi, por algum tempo, a principal barragem da cidade. Porém, por motivos cujas explicações não convencem, ela se rompeu e provocou a maior enchente da história de Itambacuri.
Alguns dizem que se não fosse pela barragem pequena, posterior à maior, a tragédia teria sido ainda pior - pois a barragem pequena ajudou a conter a fúria das águas da barragem rompida.
Link para vídeo de Antonio Jorge de Lima Gomes, sobre problemas na construção da barragem: Problemas na construção da barragem.
Link para vídeo de Antonio Jorge de Lima Gomes, sobre problemas na construção da barragem: Problemas na construção da barragem.
Observação: não encontramos documentação oficial sobre a construção da barragem. Caso alguém tenha, por favor, compartilhe conosco!
Barragem menor - situação
A barragem menor armazena uma quantidade de água que já não atende à cidade de Itambacuri. Depois de sucessivos anos de seca (pouca chuva) e racionamentos de água, há uma iniciativa de construção de um novo reservatório.
Porém, uma questão puxa a outra: não adianta apenas aumentar a capacidade de armazenamento, sem aumentar a capacidade de tratamento da água para consumo - o que culminaria da ampliação da Estação de Tratamento do SAAE (conhecida como "caixa d'água").
Também de nada adianta aumentar o volume para guardar um fluxo de água cada vez menor. É preciso que haja ações voltadas para a preservação ambiental, permitindo que o Rio Poquim, que abastece o sistema, se recupere de toda a degradação sofrida ao longo dos anos. Que a cidade e seus governantes tenham aprendido algo com estas passagens ruins e que isso reviva o espírito de melhoria da vida em comunidade. É isso que desejam os verdadeiros filhos de Itambacuri.
Link para vídeo de Antonio Jorge de Lima Gomes sobre local para construção de nova barragem: construção da nova barragem.
*Créditos a Antonio Jorge de Lima Gomes pelos vídeos e pelas explicações técnicas.
DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2016
Novena de Nossa Senhora dos Anjos - Padroeira de Itambacuri
Comemoração: dia 2 de agosto. Novena do dia 24 de julho a 1º de agosto em Itambacuri - MG.
Altar do Santuário de Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri - MG. |
Oração
Fazei, ó Deus, que ao celebrarmos a gloriosa memória da Virgem Maria, Rainha dos Anjos, possamos também, por sua intercessão, participar da plenitude de vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Oração diante do crucifixo
Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé reta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para que faça vosso Santo e verdadeiro mandamento. Amém. (São Francisco de Assis)
Introdução para todos os dias da novena: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Oração de São Francisco de Assis a Nossa Senhora
Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a Vós. Filha e serva do Altíssimo Pai Celestial. Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo. Rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu e todos os Santos junto a vosso santíssimo e amado Filho, nosso Senhor e Mestre. Amém.
Fazei, ó Deus, que ao celebrarmos a gloriosa memória da Virgem Maria, Rainha dos Anjos, possamos também, por sua intercessão, participar da plenitude de vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Oração diante do crucifixo
Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé reta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para que faça vosso Santo e verdadeiro mandamento. Amém. (São Francisco de Assis)
Introdução para todos os dias da novena: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Oração de São Francisco de Assis a Nossa Senhora
Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a Vós. Filha e serva do Altíssimo Pai Celestial. Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo. Rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu e todos os Santos junto a vosso santíssimo e amado Filho, nosso Senhor e Mestre. Amém.
1º Dia - Ó Nossa Senhora dos Anjos, nós recorremos à vossa maternal proteção: Vós que sois a Mãe de Deus e a Mãe da Igreja. Diante de Vosso Filho Salvador, intercedei por nós, que somos peregrinos neste mundo. Aos pés da Cruz, vós recebestes a missão de ser Mãe de todo gênero humano. Ensinai-nos a realizar a vontade do Pai e defendei-nos de todos os males. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
2º Dia - Ó Virgem Maria, professamos com nossa fé, a vossa Santa e Imaculada Conceição. O Todo Poderoso vos preservou do pecado, desde o vosso nascimento, em função dos méritos de Jesus Cristo. Sabemos que o pecado destrói a comunidade humana e é a causa de todos os males: guerras, divisões e injustiças. Ó Virgem pura, dai-nos a pureza de coração e a retidão em nossas intenções, a fim de que sejamos mais felizes aqui na terra e no céu. Por isso, com todos os Anjos do céu vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
3º Dia - Santa Maria, nós confessamos que vós sois a Mãe de Deus, a Mãe de Jesus, a Esposa predileta do Espírito Santo. Cremos na Vossa Maternidade Divina. Com tod a generosidade, Vós nos oferecestes o Salvador do mundo. Nos vossos braços, Jesus a oferenda pura. Fazei, ó Virgem Mãe, que jamais nos afastemos de vosso amado Filho, por mais difícil que seja a caminhada, mas estejamos prontos a levar a chama viva da fé e da felicidade em direção à pátria definitiva, o céu. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
4º Dia - "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa Palavra". Toda a vossa vida, Maria, foi um chamado sublime, não somente com a palavra, pois, a vossa vida inteira tornou-se uma só resposta de obediência. Em Vós, a fidelidade aos planos do Pai chegou à perfeição. A Palavra de Deus contida na Bíblia, é luz, é vida, é salvação. Hoje, ó Virgem Rainha dos Anjos, ensinai-nos a acolher, com generosidade, a palavra do Vosso Filho em nossos corações como Vós a acolhestes no dia da Anunciação. Queremos também ser fiéis discípulos de Jesus Cristo. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
5º Dia - Com toda a confiança, nós vos suplicamos, ó Virgem Mãe. Amparai, de uma maneira especial, as nossas famílias. Fazei que elas tenham como modelo de vida a Família de Nazaré, que apesar de conhecer as dificuldades, o trabalho de cada dia, a pobreza, permanecia unida no amor, na compreensão e na fé. Não deixeis a divisão abalar os alicerces de nossos lares. Que em nossas mesas jamais falte o pão necessário, fruto do trabalho e do da Providência. Conduz os esposos na unidade, as crianças e os jovens através de uma educação sólida e cristã. Sede a Rainha de todas as famílias e da nossa cidade. Confiamos na vossa poderosa proteção, hoje e sempre. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
6º Dia - Salve, ó Rainha dos Anjos! Salva, ó Rainha Nossa! Somos felizes por termos recebido do Pai uma Mãe cheia de graça, cheia de amor e disponibilidade para nos dirigir e nos orientar. Toda a vossa vida se resumiu em servir, em acolher, em confortar aqueles que sofrem, enfim, em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Dai-nos a perseverança no caminho do bem e ensinai-nos a sermos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, agora e na hora da nossa morte. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
7º Dia - Intercedei por nós, Santíssima Virgem. A Igreja inteira prosta aos vossos pés, esperando o vosso auxílio. Defendei-a de todos os perigos e das forças malignas. Fortalecei nosso Papa, o Vigário de Cristo, para conduzir na unidade o seu rebanho. Sede a nossa Rainha, o "auxílio dos cristãos", a "Consoladora dos aflitos". Vós sois a nossa segurança, o nosso estímulo e o nosso exemplo. Fazei que o Evangelho seja anunciado até os confins da terra e todos se disponham a aceitar a salvação trazida por Vosso Filho. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria (rezar Ave Maria)
8º Dia - Glória ao Pai, a Jesus Cristo e ao Espírito Santificador, que realizaram grandes maravilhas em Maria. Não houve, nem haverá criatura tão santa, tão sublime e tão radiante como Ela. Os Anjos e os Santos vos louvam, ó Mãe amável. E nós também elevamos nossos olhos para Vós, com profunda confiança filial. Sede para vossos filhos refúgio e amparo, a fim de que possamos chegar ao céu. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria (rezar a Ave Maria
9º Dia - Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula, São Francisco receeu as vossas bênçãos generosas justamente com sua Ordem. Ele, que depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos, continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares. Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos nossos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro. Tudo é possível para aquele que crê, para aquele que se arrepender. Vós, ó Mãe, manifestaste a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma Cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora da nossa morte. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
Oração Final (para todos os dias)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, implorando a vossa assistência e reclamaram o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado eu, com igual confiança, a Vós, ó Virgem Bendita, como a minha mãe recorro, de Vós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados me prosto a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, implorando a vossa assistência e reclamaram o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado eu, com igual confiança, a Vós, ó Virgem Bendita, como a minha mãe recorro, de Vós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados me prosto a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.
SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013
DOMINGO, 23 DE SETEMBRO DE 2012
Antigo Cemitério
O Antigo Cemitério de Itambacuri é um lugar cercado de mistérios. Contam que lá foram enterrados os primeiros habitantes do aldeamento indígena - até que fosse criado o Cemitério Municipal, anos depois. Muitos o chamam de "cemitério dos índios", mas os frades, que administram o terreno, não admitem a denominação.
Oratório que marca o local do Antigo Cemitério. |
O Antigo Cemitério fica localizado atrás do Santuário Nossa Senhora dos Anjos, em uma região conhecida como "Fazenda dos Padres", próximo ao apiário.
Vista da região do oratório, para melhor referência de localização. Ao fundo pode-se ver o Santuário. |
Pouco restou de sinais que indicam que ali algum dia existiu um cemitério. Não fosse pelo oratório perdido na paisagem, apenas a bela vista da natureza chamaria a atenção. Conta-se que os locais onde havia covas são marcados com pedras.
Pedras que indicariam local de uma cova. |
Outro possível ponto de sepultamento. |
Essas fotos foram feitas em período de seca, tanto é que se pode notar que a vegetação apresenta sinais de queimada. Nos períodos de chuva, quando a vegetação está mais desenvolvida e densa, os vestígios do cemitério ficam ainda menos perceptíveis. Por um lado, tal resguardo natural é bom - pois ajuda a manter a região menos acessível a quem só se interessa pela destruição da história.
Há alguns anos foi realizada uma escavação para tentar encontrar algo que comprovasse o uso do local como cemitério (inclusive de indígenas). De acordo com pessoas que acompanharam os trabalhos, nada de relevante foi localizado - o que não significa que um dia não possa ser.
Visão panorâmica do oratório e região do cemitério. |
DOMINGO, 22 DE ABRIL DE 2012
Itambacuri
Itambacuri é uma cidade do Vale do Mucuri, interior de Minas Gerais, localizada a aproximadamente 430 quilômetros de Belo Horizonte. Na contagem realizada pelo IBGE no ano de 2007, Itambacuri apresentava 22.809 habitantes.
A cidade foi fundada pelos missionários franciscanos frei Serafim de Gorízia e frei Ângelo de Sassoferrato no dia 13 de abril de 1873.
A data de fundação, que figura nos símbolos e escritos oficiais, foi escolhida pelos capuchinhos como um marco histórico e religioso. O 13 de abril de 1873 foi um domingo de Páscoa, dia carregado de simbolismo, e marcou a realização da primeira missa em solo itambacuriense.
O local escolhido para a celebração foi a encosta de um morro, próximo ao Córrego dos Engenhos, onde foi feita a primeira derrubada da mata para a construção de moradia para os missionários, ajudantes e indígenas.
Para facilitar a localização: a missa foi realizada perto da região onde se encontra a cachoeira do “Civico”.
Placa que indica o local da primeira missa em Itambacuri |
Evolução
Itambacuri começou sua história como um aldeamento indígena. Tempos depois, tornou-se Colônia Agrícola por meio do decreto nº 777, de 1º de setembro de 1894.
Mais adiante, passou a ser distrito da cidade de Teófilo Otoni, de acordo com a lei estadual n° 556, de 30 de agosto de 1911. A transformação de Itambacuri em município deu-se mais de uma década depois.
Em 1922, o deputado João Antônio Lopes de Figueiredo apresentou ao Congresso mineiro uma emenda ao projeto da nova divisão administrativa do Estado de Minas Gerais. Tal projeto definiria a possibilidade de Itambacuri ser emancipado de Teófilo Otoni.
A criação do município foi possibilitada pela nova organização administrativa do estado, com a lei nº 843, de 7 de setembro de 1923. O decreto 6.541 de 14 de março de 1924 também regulamenta o nascimento da cidade – fixando datas para a instalação do novo município e para a eleição dos vereadores. Este ano, inclusive, é o que figura no brasão da cidade juntamente com o de 1873.
De acordo com a legislação, o município de Itambacuri seria formado por 4 distritos: o de Itambacuri, desmembrado de Teófilo Otoni, e os de Aranã, Frei Serafim e Igreja Nova (Campanário), criados com territórios desmembrados do distrito-sede.
No dia 20 de abril de 1924 aconteceram as eleições da primeira câmara, definindo o legislativo municipal.
O pleito elegeu os vereadores: Coronel Pedro Avelino Pinheiro, Pedro Autran, Marcelino Esteves Guedes, Manoel José de Magalhães, Júlio Esteves Lopes, João Antônio da Silva Pereira e Amadeu Onofre.
Já a 18 de maio de 1924, realizou-se a sessão solene de instalação da Câmara Municipal de Itambacuri.
Os distritos de Itambacuri
O decreto estadual n° 148, de 17 de dezembro de 1938 - extinguiu o distrito de Aranã, cujo território passou a integrar o de Frei Gaspar. Ainda em face desse decreto, o distrito de Igreja Nova cedeu parte de suas terras aos novos distritos de São Fidélis, São Pedro, Conselheiro Pena (recém-criado) e Resplendor.
A esta altura, pertenciam a Itambacuri apenas os distritos de Frei Gaspar, Frei Serafim, Igreja Nova, São Fidélis e São Pedro.
Em virtude do decreto estadual n° 1.058, de 31 de dezembro de 1943, o município perdeu o distrito de Fidelândia (ex-São Fidélis) para Ataléia, acrescido de parte do território do distrito de Pescador (ex-São Pedro). Segundo o referido decreto, Itambacuri reunia o distrito-sede e os distritos de Campanário (ex-Igreja Nova), Frei Gaspar, Frei Serafim e Pescador (ex-São Pedro).
A lei n° 336, de 27 de dezembro de 1948, criou o distrito de São José do Divino. Já pela lei estadual n° 1.039, de 12 de dezembro de 1953, foram criados os distritos de Frei Inocêncio, Guarataia e Nova Módica. Em 1954, pertenciam a Itambacuri 9 distritos.
Por força da lei estadual n° 2.764, de 30 de dezembro de 1962, foram desmembrados e passaram a municípios os distritos de Campanário, Frei Gaspar, Frei Inocêncio, Pescador, Nova Módica e São José do Divino. Dessa forma, o município foi reduzido a apenas 3 distritos: Itambacuri (sede), Frei Serafim e Guarataia. Atualmente Itambacuri conta com os distritos de Frei Serafim, Guarataia, Cafelândia, São José do Fortuna e São João.
A Comarca
A Comarca de Itambacuri foi criada pelo decreto n° 336, de 27 de dezembro de 1948, e foi instalada a 6 de novembro de 1949. É de 1ª entrância e abrange em sua jurisdição os municípios de Campanário, Frei Gaspar, Frei Inocêncio, Nova Módica, Pescador e São José do Divino.
Frei Agostinho
Ramiro Francisco (Frei Agostinho) nasceu em 22/01/1932 no município de Teófilo Otoni - MG, na localidade de São Miguel do Pita.
Seu registro de nascimento ocorreu somente em 1937 em Itambacuri - MG, quando seus familiares já moravam nesta cidade.
Seu registro de nascimento ocorreu somente em 1937 em Itambacuri - MG, quando seus familiares já moravam nesta cidade.
Fez o curso primário nas Escolas Reunidas Frei Gaspar de Módica com as professoras Dona Lília, Dona Silvia Timo e Dona Maria Luzia Esteves Lima. Sua preparação para o sacerdócio começou no Seminário Seráfico São Francisco de Assis em Santa Teresa, ES, onde estudou de 22/01/1945 a 1949.
Para lá foi enviado por Frei Daniel Maria de Mineo junto com Lulu, Geraldo Dias, (Frei Angélico, que depois passou a chamar-se padre Geraldo, como secular). Professores: Dario Cozer, Guilherme Guisen, Frei Frederico, Frei Tarcísio, Frei Querubim, Frei Jamaria, Frei Afonso.
Prestou o Noviciado em 1950 em Taubaté, São Paulo, com o mestre Frei Epifânio. Cursou Filosofia em Itambacuri de 1951 a 1954, com os professores Frei Fernando, Frei Vital, Frei Geraldo de Sortino, Frei Sisto.
Convite para a ordenação de frei Agostinho. |
Cursou Teologia de 1954 a 1957. Os professores foram Frei Fernando, Frei Vital, Frei Gabriel, Frei Sisto, Frei Estêvão. Transferido para o Rio de Janeiro, lá foi Vigário Paroquial. E cursou o bacharelado em Filosofia na Universidade do Distrito Federal (atualmente UERJ).
Frei Agostinho acompanhando procissão no Rio de Janeiro. |
Cronologia
- 1961 – Professor de Filosofia no Seminário de Itambacuri. Professor de Filosofia e de Psicologia no Colégio Santa Clara. Professor de Estudos Sociais no Colégio Pio XII e no Colégio Estadual Professor Mendonça.
- 1962 – Trabalho nas comunidades Vila Pedreira e Vila Formosa. Estudos de Problemas Brasileiros, na PUC do Rio de Janeiro, RJ.
- 1963 e 1964 – Escolas Radiofônicas do Movimento de Cultura Popular. Sua ligação com este movimento, o MCP, foi o principal motivador de sua prisão em 1964.
- 1964 – Início da construção do prédio da Escola de Vila Formosa. Preso pela ditadura , ainda nos tempos do Governo Castelo Branco, acusado de subversão. Trabalhar para melhorar a vida dos pobres era perigoso naqueles tempos. Ficou confinado durante uma semana em Governador Valadares, sem visitas e sem quaisquer notícias de familiares ou de outras pessoas.
- 1964 a 1972 – Dedicou-se a melhorar as escolas da periferia, inclusive nelas disponibilizando a merenda escolar.
- 1965 – Licenciatura plena em Filosofia pela Universidade Católica de Belo Horizonte (PUC). Início das aulas da Escola Vila Formosa e Vila Pedreira. Curso de Psicologia, na PUC do Rio de Janeiro, RJ.
- 1966 – início do ensino chamado de Curso Complementar, com aulas de Corte e Costura, Puericultura, Culinária, Carpintaria, Cerâmica, Comércio, Horticultura – curso depois denominado de madre Serafina.
- 1966 a 1972 – Professor de Sociologia e Psicologia da Faculdade de Teófilo Otoni.
- 1970 e 71 – Organizador e Professor da Faculdade de Filosofia de Governador Valadares,
- 1972 – Rio de Janeiro – Diretor do Serviço Social de São Sebastião no Morro do Turano – Curso de Carpintaria, Pintura de parede, Instalação Elétrica e Hidráulica. Presidente da Cooperativa Habitacional São Sebastião e Frei Cassiano, por meio das quais, entre 1972 e 1982 foram construídos cerca de 1500 apartamentos.
- 1972 a 1975 – Fundação da Faculdade de Administração de Empresas em Governador Valadares, hoje UNIVALE.
- 1975 a 1982 – Professor de Estudos Sociais na Escola Superior são Francisco de Assis, ESFA.
- 1982 – Definidor da Província do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Leste Mineiro. Professor de Filosofia no Seminário de Itambacuri.
- 1986 – Congresso de Filosofia em Monterey, México.
- 1990 – Coadjutor em Conceição do Mato Dentro, MG. Viagem à Itália.
- 1995 – Santa Teresa – Criação da Faculdade de Ciências Biológicas na ESFA.
- 1999 a 2000 – Professor de Filosofia no Seminário de Itambacuri.
Falecimento
Frei Agostinho faleceu em 9 de maio de 2007 no Rio de Janeiro e seu corpo foi levado para Itambacuri, onde, após uma emocionante cerimônia religiosa, foi enterrado no cemitério local.
Fotos - Momentos Diversos
Frei Agostinho com os pais: Augusta e Domingos. |
Reinstalação da cruz no Morro do Cruzeiro. |
Celebração no Morro do Cruzeiro. |
Reunião com políticos em Brasilia. |
Homenagem concedida pela FAGV. |
Cerimônia de Ordenação. |
SÁBADO, 4 DE MAIO DE 2013
Trabalhos Acadêmicos - Max Rothe-Neves
A postagem de abertura do tópico Produções Científicas da Itypédia é dedicada aos trabalhos de Max Rothe-Neves, o último dos quais foi elaborado como requisito para a conclusão do curso de Direito na UNAMA - Universidade da Amazônia.
Max é filho de Antonio Francisco das Neves e Rosa Marga Rothe. Além de graduado em Direito, Max é formado em Engenharia Eletro-Eletrônica pela Universidade Federal do Pará; e é Mestre em Metrologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Max é filho de Antonio Francisco das Neves e Rosa Marga Rothe. Além de graduado em Direito, Max é formado em Engenharia Eletro-Eletrônica pela Universidade Federal do Pará; e é Mestre em Metrologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
O título da monografia de Direito, foco desta publicação, é "Introdução às Compras Públicas Sustentáveis e às Dificuldades Práticas de Implementação na Administração Pública Federal", cujo resumo pode ser lido abaixo.
"O objetivo deste estudo é dar claridade ao tema 'compras públicas sustentáveis' e às dificuldades práticas de implementação na Administração Pública Federal. As compras públicas sustentáveis são fruto de uma necessidade ambiental internacional na busca de implementação do desenvolvimento sustentável, reduzindo-se os padrões insustentáveis de produção e de consumo.
Defesa do TCC em Belém - PA. |
De forma introdutória, apresenta algumas dificuldades práticas de implementação das compras públicas sustentáveis no âmbito federal, a partir dos aspectos divergentes encontrados na norma em comento com outras normas, leis, princípios e outros julgados do TCU, tudo isso à sombra do medo adquirido pelo agente público que atua nas atividades licitatórias".
Outros Trabalhos Acadêmicos
Já a dissertação de mestrado foi intitulada como "Técnica Opto-Eletrônica de Medição de Geometria 3D com Interferometria de Luz Não-Coerente"; e o trabalho de conclusão do curso de Engenharia Eletro-eletrônica, defendido na UFPA em 1999, serviu de base para outros trabalhos do autor, realizados em conjunto com colegas, como visto em "Metodologia para a Construção de Protótipos Didáticos para os Cursos de Controle e Automação de Sistemas".
Abaixo, os links para leitura e download de alguns dos trabalhos de Max Rothe-Neves.
SEGUNDA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2012
Frei Dimas
Dimas de Castro Neves nasceu em Itambacuri no dia 11 de junho de 1934. É filho de Augusta de Castro Neves e Domingos Francisco das Neves.
Ingressou no Seminário no ano de 1950. Enquanto seminarista estudou em Santa Teresa (1950) e Itambacuri (1951-1953) no Seminário Nossa Senhora dos Anjos.
Fez o noviciado em Taubaté - SP, sendo recebido ao hábito com o nome de Frei Adauto de Itambacuri. Professou, porém, como Frei Celestino de Itambacuri. Fez os votos perpétuos em Itambacuri.
Ordenou-se sacerdote no Rio de Janeiro, na Igreja Nossa Senhora das Graças, Paróquia de São Sebastião. Diante da permissão da Ordem no pós-concílio, retornou o nome de batismo. Integrou as Fraternidades:
Fez o noviciado em Taubaté - SP, sendo recebido ao hábito com o nome de Frei Adauto de Itambacuri. Professou, porém, como Frei Celestino de Itambacuri. Fez os votos perpétuos em Itambacuri.
Ordenou-se sacerdote no Rio de Janeiro, na Igreja Nossa Senhora das Graças, Paróquia de São Sebastião. Diante da permissão da Ordem no pós-concílio, retornou o nome de batismo. Integrou as Fraternidades:
Rio de Janeiro (1961-1962): curso de pastoral; Itambacuri (1963-1968): vigário cooperador e em 1966-1968, guardião e pároco; Conceição (1969-1974): guardião e pároco, cursando espiritualidade franciscana em Petrópolis, no CEFEPAL, em 1974; Petrópolis (1975-1983): guardião e pároco e, em 1979-1981, diretor dos Estudantes; Rio de Janeiro (1984-1986): Ministro Provincial; Conceição (1987-1995): guardião e pároco e, em 1990-1995, também ecônomo local; Santa Teresa (1995): vigário paroquial;São Gonçalo (1996): guardião e vigário paroquial; Petrópolis (1997-1999): diretor dos estudantes e vigário paroquial.
Em 2011, frei Dimas comemorou 50 anos de vida sacerdotal, quando já se passavam mais de 60 anos de vida religiosa. Abaixo, segue a autobiografia do frei Dimas, escrita em 2012. O texto foi dividido em 2 partes, sendo esta a primeira.
Biografia
Quando as aulas eram pela manhã, subia a montanha à tarde; quando as aulas eram à tarde, subia a montanha pela manhã. Assim, conheço todas as montanhas que circundam a cidade.
Aos 12 anos fui trabalhar no armazém de um amigo nosso e, ao mesmo tempo, comecei a aprender com ele o ofício de latoeiro.
Senhor Domingos e Dona Augusta |
Mamãe, uma pessoa muito fervorosa, assistia missa todos os dias às 5h30 da manhã, porque não havia missa vespertina. Mesmo a missa sendo celebrada em latim pelo padre, que ficava de costas para o povo, era edificante o fervor de mamãe rezando e comungando.
Influenciado pelo meu irmão Ramiro (frei Agostinho), que já estava no Seminário em Santa Teresa - ES, e porque acompanhava mamãe às celebrações, fui convidado para ser coroinha.
Assim, a minha convivência com os Padres me proporcionou novos horizontes, e convidado por eles fui preparado para ingressar no Seminário Capuchinho em Santa Teresa, ES.
Fui para o Seminário no final do ano de 1950, onde cursei o primeiro ano ginasial em 1951. Voltei a Itambacuri onde continuei cursando o ginasial durante os anos de 1952 e 1953. Em 24/12/1953 ingressei no Noviciado em Taubaté - SP, recebendo o nome de Frei Adauto de Itambacuri.
Lá permaneci durante todo o ano de 1954. Aceito na Ordem Capuchinha, emiti os votos temporários em 24 de dezembro de 1954, recebendo o nome de Frei Celestino de Itambacuri, a pedido de uma madrinha que eu ainda nem conhecia (mais tarde apresentaram-na a mim e soube que seu nome era Cordélia).
Frei Dimas com os pais |
Voltando a Itambacuri, cursei Filosofia no Seminário Nossa Senhora dos Anjos. Terminados os três anos de votos temporários e o curso de Filosofia, emiti os votos perpétuos em 25/12/1957.
Para melhorar e aperfeiçoar os cursos de Filosofia e Teologia, as Custódias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais se uniram, ficando o curso de Filosofia em Itambacuri e o curso de Teologia em Belo Horizonte.
Em razão desta mudança, no início de 1958 fui transferido para a Capital mineira onde permaneci durante três anos, cursando do primeiro ao terceiro ano de Teologia. Na época os estudos eram realizados nos nossos conventos, com professores capuchinhos. Não só tínhamos muitos feriados, mas também com muita facilidade éramos tirados da sala de aula para ajudarmos a solucionar algumas dificuldades nas áreas de hidráulica, elétrica e outros trabalhos manuais.
Em Itambacuri eu ajudava os mais experientes; em Belo Horizonte passei a ser o mais solicitado para essas tarefas. Até hoje, quando visito o Convento dos Capuchinhos em BH, vou olhar o trabalho que realizei na Igreja, que na época estava em construção.
Com idade canônica para ser ordenado sacerdote um ano antes de terminar os estudos, fui transferido para o Rio de Janeiro no final de 1960 para cursar o quarto ano de Teologia no Seminário São José, no Bairro do Rio Comprido.
No Rio, sendo nosso superior (ou custódio, como dizíamos) o frei Sixto, um linha dura, eu não tinha nenhum momento de folga ou lazer. Além da freqüência às aulas, no convento eu estava sempre ocupado com trabalhos. Encontrava um pouco de diversão ao lado de Frei José, ouvindo os sucessos musicais nacionais e internacionais após o almoço e à noite.
Iniciado o ano de 1961, os superiores começaram a pensar no Presbiterado. Dom José Maria Pires, Bispo de Araçuaí, estaria em Itambacuri em visita Pastoral, e poderia fazer os procedimentos para minha Ordenação Sacerdotal.
Assim, foi marcada minha Ordenação para o dia 11/03/1961 e a primeira missa para o dia seguinte, domingo. Esta data consta no fundo do cálice, doado por minha madrinha, Cordélia Monte.
Tudo certo, pensado e aprovado, foi pedido no Seminário São José os documentos de praxe para a transferência da Ordenação do candidato para outro domicilio e outro Bispo ordenante, Dom José Maria Pires.
Com os documentos em mãos embarquei no ônibus da São Geraldo e, pela rodovia Rio Bahia, que não era asfaltada, viajei para Itambacuri. Ali chegando, entreguei a documentação ao superior local, Frei Henrique (cujo nome de batismo era Laudelino) e iniciei o retiro de oito dias.
Os tais documentos que entreguei a frei Henrique, parece que somente teriam sido entregues ao Bispo na sexta-feira à tarde, na véspera da Ordenação. Verificando os papéis, Dom José Maria Pires não os aceitou, alegando que eles não continham o nome do bispo do Rio comprovando minha idoneidade e, em razão disso, a ordenação não poderia ocorrer.
A partir desta afirmação do bispo travou-se uma grande batalha: de um lado Frei Sixto, Frei Cassiano, Frei Henrique e outros mais; do outro lado Dom José.
Com argumentos dos mais renomados canonistas do passado e do presente, tentaram convencer ao Bispo de que a presença do Frei Sixto, meu superior, seria o suficiente para atestar minha idoneidade de modo a que minha ordenação pudesse ocorrer.
Com argumentos dos mais renomados canonistas do passado e do presente, tentaram convencer ao Bispo de que a presença do Frei Sixto, meu superior, seria o suficiente para atestar minha idoneidade de modo a que minha ordenação pudesse ocorrer.
Não aceitando os argumentos, o Bispo foi dormir à meia-noite, deixando a batata quente nas mãos do superior. Nós, Capuchinhos, não dormimos nada. Às 5 horas da manhã do dia seguinte, dia da ordenação, o Bispo estava de pé querendo saber das providências tomadas.
Como não foi possível obter o documento que o Bispo queria, devido à distância e a precariedade dos meios de comunicação entre Itambacuri e Rio, o Bispo bateu o martelo dizendo que não haveria ordenação.
(Continua na próxima postagem)
(Continua na próxima postagem)
Frei Dimas (continuação)
Os frades ficaram revoltados, e eu às 5h30 fui para a casa de meus pais dar essa notícia. Mamãe, que estava tirando do forno o último pedaço de leitoa assada para a festa que se seguiria à ordenação, me respondeu: Deus sabe o que faz! Fiquei por ali, transmitindo a notícia aos irmãos e parentes, de que não seria ordenado naquele dia.
Os frades silenciaram, nada informando pelo auto-falante à população da cidade, fundamentados no fato de que se culpassem o Bispo, o povo se voltaria contra ele.
Na hora prevista, 10 horas da manhã, a população com roupas festivas lotou a Igreja Matriz N. S. dos Anjos para a cerimônia. Todo mundo assistiu a missa do bispo sem entender nada, já que não houve a ordenação prevista. Uns comentavam que o candidato a padre desistira; outros diziam que ele não teria sido aceito pelo Bispo. Ao meio-dia os padres me levaram para o salão nobre do Ginásio Pio XII para o banquete festivo sob o argumento de que a festa não teria como ser cancelada.
Na hora prevista, 10 horas da manhã, a população com roupas festivas lotou a Igreja Matriz N. S. dos Anjos para a cerimônia. Todo mundo assistiu a missa do bispo sem entender nada, já que não houve a ordenação prevista. Uns comentavam que o candidato a padre desistira; outros diziam que ele não teria sido aceito pelo Bispo. Ao meio-dia os padres me levaram para o salão nobre do Ginásio Pio XII para o banquete festivo sob o argumento de que a festa não teria como ser cancelada.
Jovens da sociedade itambacuriense vestidas como garçonetes serviam as mesas; a banda de música tocava marchinhas; e o Dr. José Transfiguração Figueiredo teve de improvisar, no discurso que preparara previamente, dizendo que naquele dia eu estava sendo "eleito", e na semana seguinte seria “empossado”.
Frei Sixto, com crise de choro, foi levado para passear em Teófilo Otoni; eu, aplaudido, fui para a casa de meus pais participar da recepção do povo em festa, comendo e bebendo. Assim terminou o dia da ordenação que não aconteceu!
No dia seguinte, no avião Douglas, de 36 passageiros, da Lóide Aéreo Nacional, viajei com Frei Sixto para o Rio, para ser ordenado padre. Lá chegando, nova dificuldade!
As irmãs do Hospital São Vicente, na Rua do Matoso, emprestaram a capela, hoje Santuário da Medalha Milagrosa, e assim às 10 horas do dia 18 de março de 1961 fui ordenado padre.
Frei Sixto, com crise de choro, foi levado para passear em Teófilo Otoni; eu, aplaudido, fui para a casa de meus pais participar da recepção do povo em festa, comendo e bebendo. Assim terminou o dia da ordenação que não aconteceu!
No dia seguinte, no avião Douglas, de 36 passageiros, da Lóide Aéreo Nacional, viajei com Frei Sixto para o Rio, para ser ordenado padre. Lá chegando, nova dificuldade!
No sábado dia 18, às 10 horas, no altar-mor, já estava marcada a celebração de uma missa, e a pessoa que havia solicitado esta missa não foi encontrada para remarcá-la para outro dia, e assim a ordenação não poderia acontecer em nossa Igreja.
Estavam presentes os frades Frei Sixto de Cássaro, Frei Jamaria de Sortino, Frei Gaspar de Módica, Frei Geraldo de Sortino, Frei José de Santa Teresa, uma prima com a filha, que moravam no Rio; e também a madrinha Cordélia que substituiu mamãe na cerimônia de descobrir as mãos, e muitos paroquianos amigos. Em seguida houve um almoço só para os mais próximos, no convento.
Com alguns pertences em uma pasta de mão, no dia seguinte pela manhã parti com Frei Sixto no avião da Nacional de volta a Itambacuri, desta vez para a primeira missa.
Para a época, a recepção foi calorosa! Ao descer do avião, vislumbrei através da poeira provocada pelo pouso, muita gente e muitos carros. Fiquei emocionado!
Na carreata até a Capela do Sagrado Coração de Jesus, contavam-se uns 30 jipes que acompanhavam o único automóvel pertencente a Dr. Firmato, no qual eu me encontrava.
Da capela caminhamos até a matriz N. S. dos Anjos, onde celebrei minha primeira missa ás 10 horas da manhã de domingo, 19 de Março. Voltando ao Rio, não só encarei aulas e trabalhos manuais, mas também missas, batizados e casamentos.
O ano de 1961 passou rápido; 1962 chegou trazendo novidades: recebi autorização para atender confissões, fui colocado como Capelão do Colégio Maria Raythe, e ingressei no curso de Pastoral no Convento Santo Antônio no Largo da Carioca. Não me lembro qual o mês e nem por quanto tempo, sei que foi uma experiência maravilhosa estar junto de Frei Felix, irmão leigo de quase 90 anos e cego dos dois olhos. Dormia no mesmo quarto ao lado dele cuidando da alimentação, do banho, dos medicamentos e da limpeza do quarto.
Chamado às pressas ao Rio, por Frei Agatângelo, frei Sixto deixou Itambacuri para ser Pároco da Paróquia N. S. das Graças, no Bairro Porto Velho, em São Gonçalo, RJ. Fiquei sozinho como vigário, auxiliado por Frei Antonio (hoje, bispo).
Permanecendo em Itambacuri, assumi como guardião e pároco de 1966 a 1968 o Convento e a paróquia N. S. dos Anjos. No início de 1969 me transferiram para Conceição do Mato Dentro, MG, substituindo Frei Agatângelo de Sortino nas funções de guardião e pároco.
Apesar de ele ter anunciado a chegada de Frei Celestino, uma lei eclesial nos levara a readotar o nome de batismo e, portanto, lá cheguei como Frei Dimas. 1972 me trouxe uma surpresa agradável: fui escolhido para representar a Custódia na eleição do Provincial de Siracusa, Itália, juntamente com o Custódio Frei Sixto. Fomos então para a Europa, tendo conhecido a Itália e outros países, durante três meses.
Em 1974 fui escolhido para fazer um curso de franciscanismo no CEFEPAL durante nove meses, em Petrópolis, na Rua Monsenhor Bacelar. Voltando para Conceição do Mato Dentro no final de novembro, fui transferido no início de 1975 para Petrópolis como Pároco da Paróquia São Sebastião do Indaiá e guardião da nossa residência na Capela N. S. Aparecida.
Repetindo o triênio em Petrópolis, assumi também o encargo de diretor dos estudantes que lá se preparavam para o sacerdócio, de 1979 a 1981. No carnaval de 1982, depois de duas cirurgias por causa de uma apendicite não diagnosticada, passei 29 dias no CTI do hospital da Providência, das irmãs Vicentinas.
Da esquerda para a direita: frei Henrique, padre Lauro, frei Jair, frei Agostinho, frei Dimas e frei Roberto. |
No Rio demorei pouco tempo, e ainda em 1995 fui para São Gonçalo, RJ, Paróquia N. S. das Graças. De 1997 a 1999 novamente fiquei em Petrópolis como diretor dos nossos estudantes de filosofia e teologia. Do final de 1999 até 2002 permaneci em Niteról como Pároco da Paróquia de Santo Cristo dos Milagres.
No ano 2000, pedi e me foi concedido fazer a experiência de Assis dirigida pela Família Franciscana, ex-CEFEPAL, durante um mês, em Assis e nos lugares onde Francisco esteve; no final do curso, fui à terra Santa.
Quando foi eleito Provincial em 2003, Frei João Carlos me transferiu para Itambacuri como provedor do Santuário N. S. dos Anjos e administrador da fazenda. Lá permaneci em 2004 e 2005. De 2006 a 2007 trabalhei em Teresópolis, RJ.
Em 2008 fui transferido para o Rio, mas logo em seguida a Ordem me mandou para Niterói, onde me encontro até hoje.
Celebrar é reviver, e foi assim que vivi esses últimos meses voltando ao passado e revivendo as etapas desses 50 anos, revigorando o meu SIM.
“Me chamastes para caminhar na vida Convosco”, não porque eu mereço, mas porque Vós quereis.” E porque Sua graça nunca falta para aquele que escuta seu chamado, “Decidi para sempre segui-lo, e não voltar atrás”.
Segui-Lo é caminhar no seu passo e no seu compasso, e não ficar na montanha olhando para o alto e contemplando-o transfigurado, junto a Moisés e Elias, mas é descer para a planície e socorrê-lo na pessoa do irmão necessitado ou aliviá-lo na “Criação que geme em dores de parto”.
Não posso esquecer que Jesus também sofreu pela fidelidade à vocação, para a qual o Pai O havia chamado. Isto tem me ajudado muito, no meu levantar quando cair; humilhar-me quando o orgulho me domina; pedir perdão quando ofendo.
A responsabilidade de Jesus em cumprir a missão de pregar a doutrina do amor num meio adverso até levou-o a ser morto como um malfeitor. Ele me ensina que a felicidade verdadeira está em carregar a cruz com constância, humildade e amor. Daí o convite para deixar a montanha e descer para a planície da vida diária.
Aqui não só a cruz das minhas necessidades e fragilidades é pesada e me angustia como também os sofrimentos dos irmãos sem voz e sem vez. Esta é a cruz mais pesada! Foi ela que provocou as três quedas de Jesus no caminho do Calvário e o levou à morte.
Foi ela que o levou a gritar do alto da cruz: Pai, se possível, afasta de mim este cálice! É ela que nos leva a fugir para a montanha, porque é penoso, estressante, e causa revolta conviver com ela na planície.
Foi ela que o levou a gritar do alto da cruz: Pai, se possível, afasta de mim este cálice! É ela que nos leva a fugir para a montanha, porque é penoso, estressante, e causa revolta conviver com ela na planície.
É doloroso querer mudar o que não se consegue; salvar o que aparentemente está perdido. Ser discípulo é trilhar os caminhos do Mestre, e é isto que busco há 50 anos. Obrigado Senhor porque és meu amigo, e nenhum caminho é longo demais, quando um amigo nos acompanha; por isso estou aqui.
Frei Dimas de Castro Neves.
DOMINGO, 6 DE MAIO DE 2012
Josemar Rodrigues
É bastante conhecido na cidade por sua atuação no exercício do Direito e por sua participação na vida social do município.
Foi vice-prefeito no primeiro mandato de Ataliba José de Magalhães e também vereador.
Fundou o primeiro Ginásio Estadual de Itambacuri e em seguida tornou-se diretor da instituição, cargo depois ocupado por Carlos Biasutti (que no futuro se tornaria o desembargador Luiz Carlos Biasutti).
Josemar é filho de José Rodrigues da Silva e Clemência Lopes da Silva. Segundo ele, seu pai foi diretor do Aprendizado Agrícola Carlos Prates durante 50 anos. É casado com Arilda Melo Rodrigues da Silva e tem um filho: Carlos José Rodrigues da Silva.
Josemar fala da sua criação com bastante orgulho e faz questão de mostrar-se grato pela assistência que lhe foi assegurada por Dindinha Eliza. Na época, eles moravam na Avenida 2 de Agosto, próximo ao local onde hoje fica seu escritório de advocacia. Josemar diz que só saiu da casa da Dindinha Eliza quando casou.
A vida estudantil começou no Grupo Escolar Frei Gaspar de Módica. Sua primeira professora foi dona Conceição. Entrou para o seminário dos capuchinhos no dia 11 de janeiro de 1949 e foi encaminhado para estudar em Santa Teresa, Espírito Santo.
Josemar, José e Clemência |
Naquela época, também faziam parte da turma de noviços José Gregório Marques (o Piúca) e Bá Lopes. Josemar conta que foi contemporâneo de frei Agostinho, Dom Antônio Zuqueto, Chico Garrôcho, Lúcio Neves, Zé Geraldo Guedes e frei Inocêncio (do qual afirma ter presenciado os últimos momentos de vida).
Frei Clemente de Itambacuri |
Logo após sua saída do seminário ele seguiu para Belo Horizonte, onde foi estudar no pré-vestibular do Colégio Champagnat. Ao terminar esta etapa, prestou vestibular e foi aprovado para o curso de Direito da Faculdade Mineira de Direito (PUC Minas), onde se formou em 1962.
No dia da formatura, após o baile realizado no Pampulha Iate Clube (PIC), sofreu um acidente de carro e se machucou bastante. Por este motivo precisou ficar algum tempo internado em Belo Horizonte.
Ao se recuperar, voltou para Itambacuri onde daria início a sua atividade profissional. Na cidade, voltou a morar com Dindinha Eliza, Zé de Eliza e a tia Eugênia (a quem chamava de “Tió”).
Na imagem acima estão Josemar (à direita) e seu amigo Chico Garrôcho. A foto foi tirada pelo frei Querubim no ano de 1950, no pátio do Seminário.
Homenagens
Entre outras homenagens em sua carreira, Dr. Josemar Rodrigues recebeu o diploma de reconhecimento da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, subseção de Teófilo Otoni, no dia 28 de outubro de 2011, em evento da Semana do Advogado.
Desembargador Wander Marotta, desembargador Biasutti e Dr. Josemar Rodrigues |
Na mesma cerimônia foi anunciado que a Sala dos Advogados do Fórum de Itambacuri passaria a ser chamada de "Sala dos Advogados Dr. Josemar Rodrigues da Silva".
Suas atividades seguem no escritório da Avenida 2 de Agosto. De acordo com ele, a maior parte dos trabalhos diz respeito a área criminal e são realizados de forma gratuita. Também integram o escritório os advogados Dr. Cleílton, Dr. Jaquilane e Dra. Juliana. Atualmente, Dr. Josemar é conselheiro da 28ª subseção de Teófilo Otoni.
Fontes
- Entrevista realizada com o Dr. Josemar Rodrigues em abril de 2012.
- J. PEREIRA, Serafim. Missionários Capuchinhos das antigas Catequeses Indígenas e nas sedes do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Leste de Minas (1840-1997). Cúria Provincial dos Capuchinhos do Rio de Janeiro - 1998. Página 612.
SEXTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2011
José Gregório Marques
José Gregório Marques foi um advogado e juiz federal nascido em Itambacuri, no dia 1 de junho de 1937.
Em sua cidade natal, era conhecido pelo apelido “Piúca”. Seus pais eram José Marques de Oliveira e Maria Clotilde Nogueira.
Era casado com Maria Teresa Moreno Marques e juntos tiveram três filhos.
Era casado com Maria Teresa Moreno Marques e juntos tiveram três filhos.
Morou em Itambacuri até o término do ensino fundamental. Entrou para o seminário da Ordem dos Capuchinhos a 16 de fevereiro de 1948, em Santa Teresa.
Posteriormente seguiu para Taubaté – SP, onde os estudos de formação sacerdotal com o nome de noviciado tinham continuidade. Na época, era chamado de frei Mauro de Itambacuri.
Posteriormente seguiu para Taubaté – SP, onde os estudos de formação sacerdotal com o nome de noviciado tinham continuidade. Na época, era chamado de frei Mauro de Itambacuri.
Piúca não chegou a ser ordenado padre. Pediu dispensa de votos (liberação do seminário) no dia 26 de setembro de 1955. Deixou o seminário a 15 de dezembro do mesmo ano e mudou-se para Belo Horizonte, onde fez curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Enquanto cursava a faculdade trabalhou no Hotel Normandy - entre abril de 1956 e agosto de 1958. Depois, trabalhou no setor de vendas da empresa Olivetti. Após a formatura voltou para Itambacuri, onde morou por um breve período.
Piúca (o primeiro do lado direito) entre colegas. |
Retornou para Belo Horizonte com o intuito de prestar concurso para o Ministério Público. Alguns de seus colegas da UFMG também tiveram projeção na carreira jurídica. Um deles é Sepúlveda Pertence, ex-presidente do STF.
José Gregório Marques tomou posse como promotor público em 1962. Foi também professor na Fundação Educacional Monsenhor Messias, em Sete Lagoas.
Casou-se com Maria Teresa Moreno Marques em 1963, ano em que foi transferido para Areado, que na época era distrito de Alfenas. Em 1964 nasceu seu primeiro filho: Marco Túlio.
Já em 1969 foi transferido para Congonhas, mas morava em Belo Horizonte. Nesse mesmo ano nasceu seu segundo filho: Marcus Vinicius. Em 1972 nasceu a filha caçula Cláudia, em Belo Horizonte.
Aposentou-se no ano de 1982. Enquanto foi juiz federal, substituiu juízes nas cidades de Manaus e Florianópolis.
Após a aposentadoria, decorrido o período de quarentena exigido por lei, passou a trabalhar como advogado e se especializou em Direito Administrativo. Abriu então um escritório de advocacia junto com sua esposa, Maria Teresa, no Rio de Janeiro.
Piúca era famoso por seu jeito alegre de ser. Era um piadista inteligente e brincalhão, muito querido pelos parentes, amigos e colegas de trabalho. Ele adorava contar casos sobre sua infância e tinha o costume de “aumentar um pouquinho” para tornar a estória mais interessante.
Gostava muito de viajar, principalmente para Paris e cidades do interior da França. Admirava vinhos. Era fã de futebol e torcedor do Botafogo. Algumas de suas atividades favoritas eram contar casos e jogar baralho.
José Gregório Marques, o Piúca, ou o Greg, faleceu em 31 de maio de 2009, junto com sua esposa, vítimas do acidente aéreo do vôo 447 da companhia Air France. Piúca e Teresa deixaram três filhos e quatro netos.
A seguir, registra-se um “causo” escrito por ele, narrando algumas passagens de sua infância.
Piúca, à direita, em frente ao frei Agostinho. |
Era uma cidade-comunidade, fundada por frades capuchinhos italianos em 1873, cujos sucessores ainda mantinham e, acho que mantêm, severa vigilância sobre os costumes dos itambacurienses que, atualmente, devem estar na casa dos 12.000.
Todos na cidade têm apelido e somente são conhecidos pelo apelido - a ponto de nas lápides do cemitério constarem os nomes verdadeiros e os apelidos dos que ali estão enterrados, a fim de ser facilitada a identificação dos mesmos. Meu apelido é Piúca. Mais tarde, Dr. Piúca.
Como já disse, minha memória era e é fabulosa. Aos 6 anos de idade sabia de cor todos os números das casas de Itambacuri, de modo que, ao perambular pelas ruas da cidade, sempre era inquirido pelas pessoas, geralmente os mais velhos, em voz alta, quase gritada: “Piúca, qual é o número da casa de Fulano? De Beltrano? E de Sicrano?” Sempre respondia com firmeza, às vezes depois de pensar um pouco, o número certo.
Mesmo não me recordando exatamente do número da casa solicitado, podia memorizar e contar quantas casas faltavam a contar de uma das casas de pessoas importantes, cujo número nunca me esquecia.
Tal memória me proporcionou, no entanto, aos 7 anos de idade, a praticar minha primeira “fraude intelectual” que chegou a balançar os alicerces da fé católica das freiras do Colégio Santa Clara.
Em 1944, quando contava apenas 6 anos e 6 meses de idade, fui impedido de me matricular no 1º ano primário do Colégio Santa Clara porque somente os maiores de 7 anos podiam fazê-lo.
Foi necessária a intervenção de meus pais junto à Madre Superiora do Colégio, provando que eu já sabia ler e escrever, e que seria desperdício continuar sem estudar.
Logo que as aulas se iniciaram fui colocado entre os alunos repetentes ou mais adiantados, porque já sabia ler e escrever, o que me dava condições, caso fosse possível, de iniciar meu curso primário pelo 2º ano.
Em vista disso, como tinha muita facilidade para fazer os deveres de casa e para aprender tudo que nos era ensinado na classe, via em meus boletins uma quantidade enorme de 10, o que fazia com que meu pai, muito vaidoso e orgulhoso do sucesso do filho, fingisse que não tinha caneta-tinteiro, ou qualquer outra caneta, para assinar mensalmente os boletins.
Ele sempre se dirigia à farmácia próxima de nossa casa - lugar de bate-papo e de reunião de muitos fazendeiros e desocupados - e pedia emprestada uma caneta para assinar os boletins na presença de todos e melhor exibir as notas atinentes ao aproveitamento escolar do filho.
Desde que aprendi a ler, sempre gostei de livros, mesmo didáticos. No primeiro ano primário, depois dos livros de aprendizado de leitura “O Livro de Lili” e “A Bonequinha Preta”, dos quais fui dispensado porque já sabia ler e estava entre os alunos repetentes, havia o livro de leitura para o 1º ano adiantado que se chamava “Primeiro Livro de Leitura - Edições Melhoramentos”.
Por volta do mês de outubro de 1944, de tanto ler e relatar todas as estórias de tal livro, sabia de cor todas elas, como também me recordava de todas as figuras e desenhos que as ilustravam.
Na sala de aulas do 1º ano também eram dadas pela manhã as aulas para o terceiro ano ginasial. Uma aluna esqueceu dentro da carteira em que eu me assentava o livro de leitura em francês, que nada mais era do que o Premier Livre de Lecture – Edições Melhoramentos, que continha todas as leituras e estórias de seu homônimo em português.
Durante a aula, que era dada por uma das estagiárias formadas naquele ano, fui apanhado folheando sorrateiramente o livro em francês. Lembro-me que em uma das páginas abertas do livro a leitura era “Le Cheval Blanc”, cuja gravura coincidia com a leitura de “O Cavalo Branco”. Deduzi: a gravura é a mesma da lição “O Cavalo Branco”, portanto “le cheval” deve ser “cavalo” e “blanc” deve ser branco.
Continuei a folhear o livro e realmente verifiquei que as figuras eram idênticas ao livro em português e que, portanto, todos os textos deveriam significar o mesmo em francês. Naquele momento fui flagrado pela professora-formanda, que me repreendeu:
Na sala de aulas do 1º ano também eram dadas pela manhã as aulas para o terceiro ano ginasial. Uma aluna esqueceu dentro da carteira em que eu me assentava o livro de leitura em francês, que nada mais era do que o Premier Livre de Lecture – Edições Melhoramentos, que continha todas as leituras e estórias de seu homônimo em português.
Durante a aula, que era dada por uma das estagiárias formadas naquele ano, fui apanhado folheando sorrateiramente o livro em francês. Lembro-me que em uma das páginas abertas do livro a leitura era “Le Cheval Blanc”, cuja gravura coincidia com a leitura de “O Cavalo Branco”. Deduzi: a gravura é a mesma da lição “O Cavalo Branco”, portanto “le cheval” deve ser “cavalo” e “blanc” deve ser branco.
Continuei a folhear o livro e realmente verifiquei que as figuras eram idênticas ao livro em português e que, portanto, todos os textos deveriam significar o mesmo em francês. Naquele momento fui flagrado pela professora-formanda, que me repreendeu:
- Pirralho, isso é francês e você vai demorar muito para saber o que está escrito aí!
Respondi:
- Sei tudo isso que está escrito nesse livro! Imediatamente abri uma página e comecei desde o início da lição fingindo que traduzia, quando na realidade estava apenas declamando a lição em português que, como já disse, sabia de cor.
A professora entrou em pânico em vista da facilidade da tradução. Chamou a freira, professora efetiva que estava na classe analisando a aula da formanda, relatando-lhe o ocorrido. Pensou que traduzi a leitura melhor do que as duas professoras.
Fui levado para fora da classe com o livro e encaminhado à Irmã, que era a professora de francês no Colégio. Nem é preciso dizer: “traduzi” várias lições do livro, escolhidas a esmo, mas sempre começando do início, pois se me perguntassem no meio da leitura, talvez me enganasse por não saber em que parte da leitura a versão em português correspondia.
Nos idos de 40 havia uma pequena usina hidroelétrica, cujo reservatório ficava fechado durante todo o dia para poder proporcionar luz elétrica no horário de 18 às 22 horas, pelo que não havia cinema, mas somente se poderia divertir ouvindo as poucas estações de rádio que chegavam até lá.
Na minha casa havia um rádio. Tal condição de conforto e bem-estar fazia com que, por volta das 18 horas, muitos ouvintes apareciam, sem qualquer convite, para ouvirem as novelas da Rádio Nacional. Algumas de aventuras como “O Vingador”, outras de terror ou mesmo de romances que, mais tarde, se transformaram em novelas passadas na TV.
Meu pai se orgulhava de ser proprietário do rádio Phillips holandês, que dizia ser da mais alta potência, aliás, não tão alta como a de seu proprietário, pai de 15 filhos - 12 homens e 3 mulheres.
A professora entrou em pânico em vista da facilidade da tradução. Chamou a freira, professora efetiva que estava na classe analisando a aula da formanda, relatando-lhe o ocorrido. Pensou que traduzi a leitura melhor do que as duas professoras.
Fui levado para fora da classe com o livro e encaminhado à Irmã, que era a professora de francês no Colégio. Nem é preciso dizer: “traduzi” várias lições do livro, escolhidas a esmo, mas sempre começando do início, pois se me perguntassem no meio da leitura, talvez me enganasse por não saber em que parte da leitura a versão em português correspondia.
Nos idos de 40 havia uma pequena usina hidroelétrica, cujo reservatório ficava fechado durante todo o dia para poder proporcionar luz elétrica no horário de 18 às 22 horas, pelo que não havia cinema, mas somente se poderia divertir ouvindo as poucas estações de rádio que chegavam até lá.
Na minha casa havia um rádio. Tal condição de conforto e bem-estar fazia com que, por volta das 18 horas, muitos ouvintes apareciam, sem qualquer convite, para ouvirem as novelas da Rádio Nacional. Algumas de aventuras como “O Vingador”, outras de terror ou mesmo de romances que, mais tarde, se transformaram em novelas passadas na TV.
Meu pai se orgulhava de ser proprietário do rádio Phillips holandês, que dizia ser da mais alta potência, aliás, não tão alta como a de seu proprietário, pai de 15 filhos - 12 homens e 3 mulheres.
Minha mãe era professora primária e também dava aulas particulares na parte da tarde, em nossa casa, para aqueles alunos que não conseguiam estudar sozinhos e que tinham mães que não tinham tempo de ajudar seus filhos a fazerem os deveres escolares, ou os “para-casa”, por absoluta falta de tempo, tendo em vista que todas as famílias eram muito numerosas a ponto de se dizer que “em Itambacuri quem tem até 8 filhos é considerado solteiro”.
Aos 5 anos comecei a me interessar em aprender a ler soletrando palavras nos jornais ou revistas que apareciam lá em casa, o que levou minha mãe a sugerir quase "manu militari" que eu ficasse junto com seus alunos particulares aprendendo a ler, a escrever e mesmo a fazer contas. Foi talvez uma das melhores e mais eficientes idéias de minha mãe, pois aos 6 anos já sabia ler, escrever e fazer contas, inclusive de multiplicar e de dividir.
Na época, tinha uma memória prodigiosa e invejável a ponto de saber de cor os números de todas as casas da cidade, o que levava as pessoas mais velhas a profetizarem: “esse menino ainda vai longe!”. Realmente fui.
Fontes
- Informações prestadas por Marcus Vinicius Moreno Marques de Oliveira;
- Livro Missionários Capuchinhos nas antigas Catequeses Indígenas e nas sedes de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Leste de Minas (1840 - 1997), de frei Serafim J. Pereira. Cúria Provincial dos Capuchinhos do Rio de Janeiro, 1998. Página 632.
DOMINGO, 20 DE NOVEMBRO DE 2011
Delza Neves
Delza de Castro Neves nasceu em Itambacuri no ano de 1936.
Foi secretária, monitora e coordenadora regional da ACAR, Associação de Crédito e Assistência Rural de Minas Gerais, continuando suas atividades na EMATER-MG (que sucedeu a ACAR) até agosto de 1986, quando se aposentou.
Cursou parte do ensino fundamental em Itambacuri, e o concluiu num internato de freiras em Juiz de Fora, MG.
Delza começou a trabalhar na ACAR aos 19 anos de idade por ter passado num concurso público realizado em 1956.
Delza começou a trabalhar na ACAR aos 19 anos de idade por ter passado num concurso público realizado em 1956.
A Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), fundada em Minas em 1948, era uma entidade civil sem fins lucrativos que prestava serviços de extensão rural e ensinava pequenos produtores a elaborar projetos técnicos com vistas a obterem financiamentos.
Além de Minas, outros estados brasileiros também criaram associações similares à ACAR. Tais associações trabalhavam para introduzir no meio rural novas técnicas de agricultura, auxiliar a economia doméstica, incentivar a organização do conhecimento científico dos centros de ensino e sua aproximação aos produtores rurais.
Pouco menos de dois anos após seu ingresso na ACAR, Delza obteve dessa associação uma bolsa de estudos para cursar Administração do Lar na Universidade Rural de Minas Gerais (UREMG), que mais tarde se tornaria Universidade Federal de Viçosa.
Os conhecimentos adquiridos em Viçosa passaram a ser postos em prática nos treinamentos e palestras ministrados aos trabalhadores atendidos pela ACAR. Delza coordenava um setor formado somente por mulheres, responsáveis por ensinar técnicas aplicáveis à administração e economia domésticas.
Eram ministradas oficinas de produção de conservas, doces, salgados, compotas, limpeza e higiene, aproveitamento de alimentos, produção de biscoitos caseiros e otimização de todo o tipo de recursos disponíveis nas regiões atendidas.
A ACAR procurava conhecer inovações para repassá-las aos produtores. Já na década de 60, por exemplo, ensinava como produzir leite de soja – produto que só se popularizou recentemente.
Os monitores da ACAR eram continuamente treinados em novas técnicas por meio de cursos em Minas e noutros estados, para mais e melhor difundirem tais aperfeiçoamentos no meio rural.
Delza, por exemplo, se deslocou certa vez até o Acre, onde participou de seminário para troca de informações sobre extensão rural. Houve convite para trabalhar por lá.
No ano de 1975 a ACAR deixou de existir e suas atividades foram assumidas pela EMATER - empresa pública estadual vinculada à Secretaria de Agricultura. Os serviços que a ACAR prestava, juntamente com seu pessoal, foram incorporados pela nova instituição. Delza e outros funcionários passaram então a fazer parte dos quadros da EMATER-MG.
Os 30 anos dedicados à assistência rural trazem hoje boas lembranças e a sensação do dever cumprido – diz Delza, que se orgulha de ter contribuído para disseminar seus conhecimentos em muitas comunidades de Minas.
Ela relembra que certa vez, já aposentada, voltando de viagem pela BR-116, viu uma barraca onde eram vendidos doces caseiros. Parou o carro e foi até lá. Viu que eram ofertadas geléias e compotas de frutas.
Assim que a dona da barraca olhou para Delza, a identificou como uma das ministradoras dos cursos na época da EMATER, e tal reconhecimento foi uma grata surpresa para ambas.
A mulher teceu elogios e agradeceu pelo conhecimento adquirido. Aproveitou também para dizer que as técnicas aprendidas lhe serviam para gerar renda e ajudar no sustento da família.
Delza acredita que uma das missões tanto da EMATER quanto da antiga ACAR, pela qual todo o corpo de funcionários se empenhava, era mesmo a de promover a disseminação de conhecimentos práticos e úteis para benefício das famílias de regiões rurais.
Os conhecimentos adquiridos durante a vida profissional tiveram aplicação prática valiosa inclusive no meio onde hoje Delza vive. Ela é bastante admirada pela sua habilidade em fazer doces (especialmente compotas e doces cristalizados), licores, bordados, e culinária diversificada.
Quando se aposentou, Delza recebeu ofertas para trabalhar noutros municípios, mas preferiu morar em Itambacuri para dedicar-se com exclusividade a cuidar do Sr. Domingos e de D. Augusta, seus pais, que já estavam com idade avançada.
Hoje em dia Delza é uma entusiasmada participante de um Grupo da Melhor Idade existente em Itambacuri, que promove eventos bastante concorridos na cidade, além de excursões pelo país afora.
SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 2011
Sebastião Lopes
Sebastião Campos Lopes (Itambacuri - 1935) é um advogado itambacuriense.
Durante sua carreira, recebeu homenagens como a Medalha Desembargador Hélio Costa, pelos serviços prestados à Comarca; o título de Vicentino Benemérito, pelo apoio à Sociedade São Vicente de Paulo; e a Condecoração de Honra do Grande Oriente, oferecida pela Maçonaria.
História
Sebastião Campos Lopes, ou simplesmente Bá Lopes, como é conhecido, é o oitavo filho de uma família de 14 irmãos. Seus pais são Joaquim Lopes da Silva e Rita de Campos Neves.
O pai, Joaquim Lopes, foi um importante trabalhador na área da saúde, sendo um dos auxiliares do médico e prefeito Dr. Firmatono tratamento das endemias que acometiam Itambacuri. A mãe, Rita, era cozinheira das mais requisitadas, produzindo encomendas constantes para diversas famílias da cidade.
Estudos
Estudos
Bá Lopes estudou até o terceiro ano primário no Grupo Escolar Frei Gaspar de Módica, em Itambacuri. Em 1949 mudou-se para Santa Tereza (ES) para seguir os estudos no Seminário Seráfico São Francisco de Assis, onde ficou até o final do ano de 1950.
Em seguida, voltou a Itambacuri para terminar o ginásio no seminário local. De volta a cidade, Bá Lopes segue nas rotinas de um jovem estudante, com as obrigações e privações comuns aos integrantes do seminário.
Já em 1954, vai para Taubaté (SP) para fazer o noviciado na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Nestes tempos, era chamado de Frei Joaquim de Itambacuri. Concluída mais esta etapa, voltou para a terra natal onde ingressou no curso de Filosofia, concluindo os estudos em 1957.
Após o curso de Filosofia, Bá Lopes deixou a vida religiosa e mudou-se para Belo Horizonte. Na capital, foi trabalhar em um escritório de representação. Após esta experiência, mudou de emprego, indo para o banco Bradesco. Em 1961 resolve voltar para Itambacuri, onde sua família tinha uma torrefação. Bá Lopes passa então a ajudar na administração dos negócios de família, cuidando do Café Montenegro e da Churrascaria Montenegro.
O Advogado
Na época, havia pouca opção de estudo no interior do estado. Quando foi aberta a primeira faculdade de Direito da região, a Fenord, Bá Lopes foi instado a prestar vestibular. A esta altura, foi grande o incentivo do amigo Frei Agostinho, que deu todo apoio para que ele participasse do concurso.
Bá Lopes temia pela concorrência, pois já estava afastado dos estudos há 17 anos. Como argumento para que fizesse as provas, Frei Agostinho falou sobre a bagagem cultural que se adquire estudando em colégios de formação religiosa, o que daria ao candidato nível mais que suficiente para concorrer no certame.
Sendo assim, prestou o vestibular e foi aprovado para o curso de Direito, comprovando que os estudos da época do seminário realmente fizeram diferença.
No ano de 1970, Sebastião Campos Lopes começa sua jornada para se tornar advogado. Durante a faculdade, o estudante enfrentou percalços. Precisou terminar o curso na cidade de Governador Valadares, onde concluiu os estudos em 1975, já com 40 anos de idade, casado e com família. Diplomado, voltou para Itambacuri e abriu um escritório de advocacia.
Bá Lopes destaca a grande dificuldade que era poder estudar no seu tempo. Vindo de família pobre, a opção entre estudo e trabalho tinha um rumo orientando às satisfações imediatas de qualquer família naquelas condições: era preciso gerar dinheiro para matar a fome, para pagar as contas e seguir adiante. A opção de estudo, para muitos de seu tempo, era mesmo ingressar em Ordem Religiosa e, posteriormente, se fosse o caso, tomar outro caminho.
Homenagens
Bá Lopes foi voluntário na Conferência Vicentina de Itambacuri entre os anos de 1980 e 1995, realizando vários serviços nesse período.
Podem-se destacar as atividades administrativas e conseqüentes melhorias durante sua assistência na gestão do Hospital São Vicente de Paulo. Pelos trabalhos, recebeu dos confrades o título de Vicentino Benemérito.
Em 1984 ingressou na Maçonaria, onde foi por duas vezes Venerável Mestre, Orador por três vezes e Secretário por outras três vezes. A sete de julho de 2011, recebeu a condecoração de honra do Grande Oriente de Minas Gerais, em virtude dos seus feitos.
Atualmente, Bá Lopes encontra-se afastado das atividades da Maçonaria, mas é freqüente em seu escritório.
Fontes e Links
- J. PEREIRA, Serafim. Missionários Capuchinhos nas antigas Catequeses Indígenas e nas sedes de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Leste de Minas (1840 – 1997). Cúria Provincial dos Capuchinhos do Rio de Janeiro – 1998. Página 623.
- Informações da página da Associação dos Magistrados Mineiros – AMAGIS, disponíveis em:
http://www.amagis.com.br/home/index.php?option=com_content&task=view&id=678&Itemid=127
- Informações do site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG, disponíveis em:
http://www.tjmg.jus.br/info/pdf/?uri=/servicos/cerimonial/agraciados_medalha_2007.pdf
- Entrevista realizada com Bá Lopes, no seu escritório, em setembro de 2011.
Campo de Aviação de Itambacuri
O Campo de Aviação de Itambacuri foi um dos primeiros na região que se interpõe entre o Vale do Mucuri e o do Rio Doce. Entre outras vantagens, este campo permitia a integração aérea entre Itambacuri e a capital mineira, facilitando o acesso a cidades estratégicas como Governador Valadares e Teófilo Otoni.
O vídeo abaixo faz parte de um trabalho produzido pelo cineasta William Gericke, provavelmente em virtude das comemorações do Centenário de Itambacuri, em 1973. No trecho apresentado, pode-se ver uma aeronave realizando manobra no Campo de Aviação de Itambacuri.
O vídeo abaixo faz parte de um trabalho produzido pelo cineasta William Gericke, provavelmente em virtude das comemorações do Centenário de Itambacuri, em 1973. No trecho apresentado, pode-se ver uma aeronave realizando manobra no Campo de Aviação de Itambacuri.
Para assistir, clique no símbolo de "play".
O Campo de Aviação foi construído tendo por base um estudo feito pela III Zona Aérea Federal, que permitiu a abertura de licitação para as obras. O local escolhido fica a uma distância de 10 quilômetros da cidade, em uma baixada às margens da BR-116. A empresa que ganhou o direito sobre a empreitada foi a Construtora Barão Ltda.
No final do ano de 1954 a obra estava concluída. Já em 1955 foram iniciados vôos regulares para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, primeiramente pela Nacional Transportes Aéreos, depois pela Real e, em seguida, pela Varig.
Com o asfaltamento da rodovia BR-116, a construção do Aeroporto de Governador Valadares e uma nova política aérea adotada pelo governo de maneira pouco clara, os vôos foram suspensos. O Campo de Aviação passou a ser usado apenas para pousos de emergência e de táxi aéreo, ficando sua conservação a cargo da Prefeitura de Itambacuri.
Hoje, o Campo de Aviação encontra-se desativado e há indícios de que a área esteja ocupada. Dizem que se cogita de reativá-lo, pois as condições físicas da região para abrigar um aeroporto seriam muito boas, notadamente no local do Campo. Outros locais próximos, inicialmente considerados, apresentam estrutura comprometida ou inadequada (segundo reportagens sobre o tema).
Hoje, o Campo de Aviação encontra-se desativado e há indícios de que a área esteja ocupada. Dizem que se cogita de reativá-lo, pois as condições físicas da região para abrigar um aeroporto seriam muito boas, notadamente no local do Campo. Outros locais próximos, inicialmente considerados, apresentam estrutura comprometida ou inadequada (segundo reportagens sobre o tema).
Vista do Campo de Aviação em setembro de 2011. |
Várias cercas delimitam o terreno do antigo Campo de Aviação. Ao fundo, está a BR-116. |
Dizem também que haveria por parte do Governo de Minas a intenção de reativar pequenos aeroportos, o que renova a expectativa de que Itambacuri possa voltar a ter o seu Campo de Aviação em pleno funcionamento.
A página na internet da Secretaria Estadual de Transporte e Obras Públicas – SETOP, de Minas, apresenta vasta documentação digitalizada sobre os procedimentos administrativos atinentes à construção do Campo de Aviação de Itambacuri. Ao longo do desenvolvimento dos estudos e da execução do projeto, muitos políticos e secretários de governo conhecidos na região tiveram de assinar os papéis necessários para dar seqüência à obra.
Os documentos podem ser visualizados no acervo da SETOP clicando AQUI.
O documento exibido ao se clicar no link apresenta, entre outros dados, os nomes do Prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni e do Chefe do Serviço de Fazenda Serafim Ângelo da Silva Pereira. Navegando pela página, podem ser vistos vários outros documentos.
A página na internet da Secretaria Estadual de Transporte e Obras Públicas – SETOP, de Minas, apresenta vasta documentação digitalizada sobre os procedimentos administrativos atinentes à construção do Campo de Aviação de Itambacuri. Ao longo do desenvolvimento dos estudos e da execução do projeto, muitos políticos e secretários de governo conhecidos na região tiveram de assinar os papéis necessários para dar seqüência à obra.
Os documentos podem ser visualizados no acervo da SETOP clicando AQUI.
O documento exibido ao se clicar no link apresenta, entre outros dados, os nomes do Prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni e do Chefe do Serviço de Fazenda Serafim Ângelo da Silva Pereira. Navegando pela página, podem ser vistos vários outros documentos.
SEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012
Capela Santa Clara
Vista da entrada da Escola Normal Santa Clara e da Capela Santa Clara. |
Veja mais no texto sobre o Colégio Santa Clara, clicando AQUI.
SÁBADO, 19 DE NOVEMBRO DE 2011
História do Colégio Santa Clara - Parte I
Introdução
Situação no Brasil - o pedido do aldeamento de Itambacuri
Quando visitou a região, o bispo de Diamantina – Dom Joaquim Silvério de Souza, sugeriu a frei Serafim que criasse um colégio para meninas, a ser administrado por freiras. Além da sugestão, Dom Joaquim também ofereceu ajuda financeira e logística para o empreendimento.
A incumbência de organizar os primeiros trabalhos e dirigir o colégio ficou a cargo da superiora irmã Bernardina.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
Madre Serafina de Jesus |
A história do Colégio Santa Clara, em Itambacuri - MG, começa na cidade de Forli, Itália, com a criação do Instituto das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento – ICFMSS, no dia 1º de maio de 1898.
A fundadora, Madre Serafina de Jesus (nascida Francesca Farolfi), tinha sido por mais de 20 anos freira na Congregação das Irmãs de Santa Elisabeth, convento que mantinha um pequeno colégio para moças em Forli. Havia uma tendência na Itália do século XIX de abrir escolas ligadas a ordens religiosas.
Logo que entrou para o convento das franciscanas, Madre Serafina assumiu a direção da escola. A Madre tornou-se conhecida por sua personalidade forte e trato competente na criação e administração de instituições de ensino, sendo muitas vezes chamada para abrir escolas, passando depois sua administração a outrem, após consolidadas.
Como seu objetivo era sobretudo a renovação dos métodos de ensino, nem sempre eram pacíficas as relações entre Madre Serafina e seus superiores, mais ligados aos processos tradicionais.
Assim, anos mais tarde a irmã fundou o Instituto das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento, com o firme propósito de continuar a promover mudanças nos modos de ensinar. No dia 14 de maio de 1898 14 freiras professaram seus votos no novo Instituto, que daí por diante iniciou seu processo de expansão.
Madre Serafina preferia abrir escolas em regiões pobres, onde houvesse maior necessidade de assistência, mas seu grande sonho era estabelecer comunidades de missão em terras estrangeiras. Em 1901 este sonho começou a se concretizar, quando 4 freiras partiram para uma missão na Índia.
Em 1907 outras 4 irmãs saíram da Itália para missão em país estrangeiro: o Brasil. Especificamente, em Itambacuri.
Situação no Brasil - o pedido do aldeamento de Itambacuri
Os aldeamentos, como era o caso de Itambacuri na época, normalmente deveriam ter escolas separadas para meninos e meninas, como de resto ocorria com todas as escolas do país.
Dom Joaquim |
Para construir o colégio das meninas, os frades obtiveram do Estado a concessão de dois lotes urbanos e três rurais, totalizando uma área aproximada de 760 mil metros quadrados.
No período, frei Serafim trabalhava na construção de uma escola para meninos. Tal obra foi paralisada para que a mão-de-obra fosse utilizada no novo colégio. Em ritmo acelerado, a construção foi concluída no ano de 1906.
Desde a idéia da criação do colégio, Dom Joaquim se articulava para conseguir uma comunidade religiosa que se interessasse pelo projeto. Foi aí que a obra de Madre Serafina apareceu como solução prática e cabível para a questão.
A freira era habilidosa não apenas na criação das escolas, mas também na formação de professores. Além disso, tinha a manifesta vontade de expandir sua obra para missões em regiões carentes, como a esta altura já havia feito com a Índia.
A busca de Dom Joaquim encontrou então uma situação ideal para convidar as freiras do Santíssimo Sacramento a criar o colégio em Itambacuri. O convite foi feito por meio do Núncio Apostólico Dom Júlio Tonti, que escreveu diretamente para a fundadora do Instituto, Madre Serafina, e conseguiu convencê-la da importância do projeto.
Madre Serafina encarou o convite como uma mensagem divina e prontamente aceitou a missão. Restava agora conseguir voluntárias entre as irmãs que pudessem se interessar pelos trabalhos no Brasil.
A Madre teve papel importante também nessa fase, conversando com as irmãs de forma discreta para não influenciar diretamente em uma decisão tão importante quanto a de se deslocar para missões em terras distantes e desconhecidas. Em pouco tempo, apresentaram-se 4 voluntárias.
As 4 freiras receberam instruções e começaram os preparativos para a vinda ao Brasil. Em maio de 1907, estava tudo pronto para a partida.
Irmãs pioneiras – o embarque para o Brasil
As 4 irmãs missionárias |
As freiras que se sentiram vocacionadas e aceitaram o desafio da missão foram: Benedita do Redentor (Onesta Braga), Ana dos Inocentes (Malvina Leoni), Francisca dos Santos Estigmas (Santina Gardigli) e Bernardina do Santo Nome de Jesus (Emma Baldassari).
No dia 27 de maio de 1907, as irmãs missionárias saíram da Abadia de Bertinoro, na Itália, em direção ao porto de Gênova, onde chegaram na noite do dia 28. Em Gênova fizeram os últimos preparativos para embarcar para o Brasil, já no dia 30.
Chegado o dia da partida, as missionárias foram acompanhadas por Madre Serafina e Irmã Verônica até o porto, onde embarcaram no navio Umbria, de uma companhia de navegação italiana.
A chegada ao Rio de Janeiro
A viagem do porto de Gênova até o Rio de Janeiro durou 15 dias. Assim, a 15 de junho de 1907 as freiras estavam em solo brasileiro.
No Rio de Janeiro as Irmãs Clarissas foram recebidas por frei José de Castrogiovanni, superior do Convento dos Capuchinhos do Morro do Castelo.
Navio Umbria |
As irmãs permaneceram na cidade por 6 dias, ficando hospedadas com as Filhas de São Vicente, na Baía do Botafogo. Elas aproveitaram este tempo para conhecer o Rio de Janeiro e se informar sobre a realidade que encontrariam na missão.
Dentre as autoridades religiosas com quem estiveram no Rio está o cardeal Dom Joaquim Arcoverde Cavalcante (primeiro cardeal da América do Sul), que conversou com as irmãs orientado-as sobre a índole e os costumes do povo brasileiro. Além disso, o Cardeal deu a elas duas sugestões: a primeira, que redigissem um diário para as recordações da missão, e a segunda, que dessem ao colégio a ser fundado o nome de Santa Clara.
Parte brasileira da viagem: Rio de Janeiro, São Mateus, Caravelas, Filadélfia.
No dia 22 de junho retomaram a viagem para Itambacuri. Como não havia estrada de terra e nem ferrovia entre o Rio de Janeiro e o Vale do Mucuri, boa parte do trajeto foi feito pelo mar.
A primeira etapa da viagem foi feita em um navio da companhia Lloyd Brasileiro Mayrink, que seguiu pela costa brasileira até a Bahia, onde seria possível partir de trem para Minas Gerais.
Depois de 4 dias no mar (no dia 26), fizeram a primeira parada em São Mateus, no Espírito Santo. As irmãs aproveitaram para participar da missa na igreja paroquial e no dia seguinte retomaram a viagem. Dessa vez, rumo a Caravelas – Bahia.
Em Caravelas estava sendo comemorada a festa de Nossa Senhora dos Navegantes. O barco então ficou parado por 2 dias em virtude dos festejos. As irmãs não desembarcaram, acompanhando apenas ao que foi possível ver do barco.
A parte final da viagem deu-se no dia 1º de julho, já em Ponta de Areia, Bahia, onde as irmãs pegaram um trem para Filadélfia (hoje Teófilo Otoni).
De Filadélfia a Itambacuri – último trecho
No dia 2 de julho, às 4 da tarde, as irmãs chegaram a Filadélfia, onde algumas pessoas as aguardavam. Ficaram hospedadas na casa do coronel Senna e no dia seguinte cumpririam a última parte da viagem: percorrer a cavalo os 38 quilômetros que separavam Itambacuri de Filadélfia.
As irmãs foram acompanhadas por dois frades e uma comitiva de 30 pessoas. Durante o trajeto muita gente se juntou ao grupo, que chegando a Itambacuri contava quase cem cavaleiros.
O cortejo chegou à cidade no dia 3 de julho de 1907. Os fundadores, frei Serafim e frei Ângelo, aguardavam as missionárias.
As freiras foram recebidas com festa, foguetes, repicar de sinos e banda de música. Conta-se que esta foi a primeira apresentação de banda de música de que se tem registro em Itambacuri.
Além disso, o percurso até a casa que abrigaria as irmãs e o colégio estava enfeitado com flores, bananeiras e bandeirinhas.
Já no dia seguinte as irmãs participaram da primeira missa realizada na capela do pequeno convento, celebrada por frei José de Castrogiovanni.
As missionárias, saídas da Itália, orientadas por Madre Serafina, continuaram a receber saudações de boas-vindas por vários dias. A esperança com a qual foram recebidas partia de uma comunidade cheia de dificuldades, que via nas irmãs uma possibilidade de melhoria nas condições de vida.
Missão estabelecida
As irmãs vieram ao Brasil com uma missão clara: abrir um colégio para educação de crianças indígenas órfãs e para as crianças filhas dos não-índios que estavam estabelecidos na região.
As irmãs vieram ao Brasil com uma missão clara: abrir um colégio para educação de crianças indígenas órfãs e para as crianças filhas dos não-índios que estavam estabelecidos na região.
O trabalho das Clarissas Missionárias na educação dava-se da seguinte forma: instrução na catequese, ensino de trabalhos artesanais, e educação escolar sistemática.
Estas atividades, que foram implementadas e aperfeiçoadas no Santa Clara, serão abordadas no próximo texto: História do Colégio Santa Clara – Parte II, que será publicado em breve.
Referências
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
- RODRIGUES, Carmem. Missão no Brasil das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento. Telecart. Belo Horizonte - 2003.
DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012
Dr. Pedro Autran
Dr. Pedro Autran foi um dos principais responsáveis pela elevação de Itambacuri à categoria de Vila, o primeiro chefe do Executivo municipal (de 1924 a 1926), o primeiro médico a fixar residência na cidade, o responsável pela oficialização da Conferência Vicentina e pela fundação do Hospital São Vicente de Paulo.
Primeiro chefe do Executivo municipal
Quando foi criado o município de Itambacuri, no ano de 1924, era preciso organizar o poder Legislativo – que seria o responsável pela administração e nova organização política. O decreto estadual 6541, de 14 de março de 1924, estabeleceu os dias 20 de abril e 18 de maio para que fossem realizadas, respectivamente, a eleição dos vereadores e a instalação do novo município.
Procedendo de acordo com a determinação legal, Itambacuri elegeu como seus primeiros vereadores:
Vereadores Gerais: Cel. Pedro Avelino Pinheiro, Pedro Autran e Marcelo Esteves Guedes;
Vereador pela sede: Manoel José de Magalhães;
Vereador pelo distrito de Frei Serafim: Júlio Esteves Lopes;
Vereador pelo distrito de Igreja Nova: farmacêutico João Antônio da Silva Pereira;
Vereador pelo distrito de Aranã: Amadeu Onofre.
Em seguida, no dia 18 de maio, foi realizada a instalação da Câmara Municipal de Itambacuri, que teve como seu primeiro presidente o Dr. Pedro Autran. O cargo era o de Presidente da Câmara e Agente Executivo, o mais alto na esfera municipal – que hoje seria equivalente ao cargo de prefeito. A gestão aconteceu de 1924 a 1926.
Na “Ata da sessão solene da instalação da Câmara Municipal do Itambacuri” tem-se o registro do discurso de Dr. Pedro Autran, onde consta o juramento proferido: “Juro por Deus cumprir lealmente o meu dever de Presidente da Câmara e Agente do Município de Itambacuri, promovendo, quando em mim couber, seu bem-estar e prosperidade”.
Na mesma ocasião, foram eleitos como vice-presidente Pedro Avelino Pinheiro e como secretário João Antônio da Silva Pereira.
Dr. Pedro Autran contou com a importante colaboração do professor José Vicente de Mendonça, que ajudou na organização jurídica do município e foi o 1º Diretor da Secretaria do Poder Executivo.
Conferência Vicentina – Hospital São Vicente
Dr. Pedro Autran presidiu a Conferência Vicentina na segunda diretoria, que teve início em 14 de janeiro de 1917. Em sua gestão, a Conferência ganhou personalidade jurídica, com organização e registro de seus estatutos.
No dia 25 de novembro de 1917 a Conferência Vicentina Nossa Senhora dos Anjos recebia a Carta de Agregação, que correspondia ao reconhecimento de legitimidade pelo grau máximo internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo.
A 6 de abril de 1918, Pedro Autran lançou a pedra fundamental do Hospital São Vicente de Paulo – o primeiro de Itambacuri.
Faleceu na cidade de Rio Vermelho – MG, onde também prestou relevantes serviços como médico, político e inspetor escolar.
Rua Dr. Pedro Autran
Em Itambacuri há uma rua que leva seu nome, uma singela homenagem a este cidadão que figura na nossa história. Na foto abaixo, pode-se identificar melhor a localização.
Fontes
- PEREIRA, Serafim Ângelo da Silva. Itambacuri e sua História, volume II, 1990.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce, 1973.
- Revista Itambacury Ano 100.
DOMINGO, 26 DE AGOSTO DE 2012
Rua Dr. Carlos Prates
Dr. Carlos Prates foi um engenheiro, professor e funcionário público mineiro. Teve grande importância para Itambacuri desde a época do aldeamento indígena, que acompanhou até que se tornasse colônia agrícola e, em seguida, distrito. Atualmente, há na cidade uma rua que leva seu nome, em homenagem aos serviços prestados.
Vista da Rua Dr. Carlos Prates no ano de 1938. |
A Rua Dr. Carlos Prates é uma das mais tradicionais de Itambacuri. Era conhecida como rua do “footing”: uma atividade na qual as pessoas faziam um tipo diferenciado de caminhada e tinham a oportunidade de conhecer (ou simplesmente ver) outras pessoas – servindo também como pretexto para uma modalidade antiga de flerte. Os passeios eram onde os jovens da época podiam se mostrar e até paquerar um pouco.
A Rua abrigava um dos cinemas que já existiram na cidade. O prédio, anos depois, se tornou a Danceteria New Graphitte – que fez sucesso por muitos anos, mas não está mais em atividade.
Mas sem dúvida um dos locais mais famosos era a Boate Hi-Fi, que fez história na sociedade itambacuriense.
Algumas famílias muito conhecidas na cidade ainda têm representantes por lá. Como exemplo, podemos citar os descendentes de libaneses das famílias Ali, Bessa e Abu Kamel; os Marques (filhos do senhor José Marques ou “Zé de Teófilo”), os Lamari, os Lopes, entre outros.
Tão importante quanto saber sobre a rua é saber por que ela tem o nome do Dr. Carlos Prates. Abaixo, um texto que associa o nome à historia de Itambacuri.
A Rua abrigava um dos cinemas que já existiram na cidade. O prédio, anos depois, se tornou a Danceteria New Graphitte – que fez sucesso por muitos anos, mas não está mais em atividade.
Mas sem dúvida um dos locais mais famosos era a Boate Hi-Fi, que fez história na sociedade itambacuriense.
Algumas famílias muito conhecidas na cidade ainda têm representantes por lá. Como exemplo, podemos citar os descendentes de libaneses das famílias Ali, Bessa e Abu Kamel; os Marques (filhos do senhor José Marques ou “Zé de Teófilo”), os Lamari, os Lopes, entre outros.
Tão importante quanto saber sobre a rua é saber por que ela tem o nome do Dr. Carlos Prates. Abaixo, um texto que associa o nome à historia de Itambacuri.
Biografia - Dr. Carlos Prates
Carlos Leopoldo Prates nasceu em Montes Claros, no dia 21 de dezembro de 1864. Formou-se Engenheiro Civil e de Minas pela Escola de Minas de Ouro Preto (EMOP) em 1890, assumindo em seguida o cargo de Químico da Comissão de Estatística, no primeiro mandato de João Pinheiro da Silva como Presidente do Estado de Minas Gerais. Desenvolveu atividades industriais e dirigiu uma empresa de mineração em Caeté - MG.
Atuou como professor de matemática no Liceu de Artes e Ofícios de Ouro Preto na virada do século.
Foi engenheiro do Estado, Inspetor Geral de Terras e Colonização e, em 1907, assumiu a direção da recém-criada diretoria de Agricultura, Comércio, Terras e Colonização, organizada por João Pinheiro da Silva – onde trabalhou também com Francisco Sá.
Foi um dos fundadores da Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte e professor de Química Teórica e Prática na instituição. A Escola Livre viria a se tornar a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais – EEUFMG.
Além de Carlos Prates, são lembrados por esta iniciativa: Agostinho de Castro Porto, Álvaro Astolfo da Silveira, Antônio do Prado Lopes, Arthur da Costa Guimarães, Benjamim Franklin Silviano Brandão, Benjamim Jacob, Cipriano de Carvalho, Fidelis Reis, Joaquim Francisco de Paula, Joaquim Júlio de Proença, José Gonçalves de Souza, Lourenço Baêta Neves, Pedro Demóstenes Rache e Pedro da Nóbrega Sigaud.
Faleceu em 6 de fevereiro de 1914, em Belo Horizonte, quando ainda exercia o cargo de diretor de Agricultura.
Inspetoria de Terras - Itambacuri
No ano de 1893, Carlos Prates ocupava a Inspetoria de Terras e Colonização – que funcionava sob a coordenação da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas - esta sob a direção do Dr. Francisco Sá.
Em 1894 Carlos Prates realizou uma visita de inspeção ao aldeamento de Itambacuri. A visita deu origem a um relatório de grande importância para a história da cidade e para os objetivos dos frades colonizadores, uma vez que ajudou a rebater denúncias feitas contra os fundadores e calúnias sobre o estado em que se encontrava o aldeamento.
Após a publicação do referido relatório, uma das primeiras medidas tomadas pela Inspetoria de Terras e Colonização foi conferir o título de diretor efetivo do aldeamento a Frei Serafim, e o de vice-diretor a Frei Ângelo – por meio do ato nº 20, de 27 de outubro de 1894.
A relação entre Carlos Prates, Francisco Sá e os diretores do aldeamento trouxe benefícios para a região. Para ali foram sendo canalizados recursos com vistas à realização de obras de infra-estrutura, dada a necessidade de impulsionar a lavoura, para o que seria necessário atrair mão-de-obra para Itambacuri e adjacências, o que viria a ser mais facilmente obtido se Itambacuri deixasse de ser enquadrado pelo Estado como aldeamento, passando a ser colônia agrícola.
Mais uma vez, foi um relatório produzido por Carlos Prates que deu suporte a essa transformação. O relatório também recomendava a manutenção de frei Serafim e frei Ângelo nos respectivos cargos de diretoria.
Carlos Prates foi um dos principais responsáveis pela elevação de Itambacuri ao status de “distrito de paz”, o que se deu pela lei 556 de 30 de agosto de 1911, conferindo a Itambacuri maior autonomia política e administrativa, e demarcando os limites do novo distrito.
Sua atenção com o aldeamento ajudou na consecução de recursos fundamentais para o desenvolvimento da região. Através dos relatórios produzidos nas visitas do Dr. Carlos Prates a situação em Itambacuri pôde ser mais acompanhada pelos políticos da época.
Como engenheiro também teve reconhecimento na capital de Minas, Belo Horizonte, onde há um bairro e um aeroporto que levam seu nome.
Carlos Leopoldo Prates nasceu em Montes Claros, no dia 21 de dezembro de 1864. Formou-se Engenheiro Civil e de Minas pela Escola de Minas de Ouro Preto (EMOP) em 1890, assumindo em seguida o cargo de Químico da Comissão de Estatística, no primeiro mandato de João Pinheiro da Silva como Presidente do Estado de Minas Gerais. Desenvolveu atividades industriais e dirigiu uma empresa de mineração em Caeté - MG.
Atuou como professor de matemática no Liceu de Artes e Ofícios de Ouro Preto na virada do século.
Foi engenheiro do Estado, Inspetor Geral de Terras e Colonização e, em 1907, assumiu a direção da recém-criada diretoria de Agricultura, Comércio, Terras e Colonização, organizada por João Pinheiro da Silva – onde trabalhou também com Francisco Sá.
Foi um dos fundadores da Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte e professor de Química Teórica e Prática na instituição. A Escola Livre viria a se tornar a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais – EEUFMG.
Além de Carlos Prates, são lembrados por esta iniciativa: Agostinho de Castro Porto, Álvaro Astolfo da Silveira, Antônio do Prado Lopes, Arthur da Costa Guimarães, Benjamim Franklin Silviano Brandão, Benjamim Jacob, Cipriano de Carvalho, Fidelis Reis, Joaquim Francisco de Paula, Joaquim Júlio de Proença, José Gonçalves de Souza, Lourenço Baêta Neves, Pedro Demóstenes Rache e Pedro da Nóbrega Sigaud.
Fundadores da EEUFMG. Ainda não foi possível indentificar qual deles é o Dr. Carlos Prates. |
Inspetoria de Terras - Itambacuri
No ano de 1893, Carlos Prates ocupava a Inspetoria de Terras e Colonização – que funcionava sob a coordenação da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas - esta sob a direção do Dr. Francisco Sá.
Em 1894 Carlos Prates realizou uma visita de inspeção ao aldeamento de Itambacuri. A visita deu origem a um relatório de grande importância para a história da cidade e para os objetivos dos frades colonizadores, uma vez que ajudou a rebater denúncias feitas contra os fundadores e calúnias sobre o estado em que se encontrava o aldeamento.
Após a publicação do referido relatório, uma das primeiras medidas tomadas pela Inspetoria de Terras e Colonização foi conferir o título de diretor efetivo do aldeamento a Frei Serafim, e o de vice-diretor a Frei Ângelo – por meio do ato nº 20, de 27 de outubro de 1894.
A relação entre Carlos Prates, Francisco Sá e os diretores do aldeamento trouxe benefícios para a região. Para ali foram sendo canalizados recursos com vistas à realização de obras de infra-estrutura, dada a necessidade de impulsionar a lavoura, para o que seria necessário atrair mão-de-obra para Itambacuri e adjacências, o que viria a ser mais facilmente obtido se Itambacuri deixasse de ser enquadrado pelo Estado como aldeamento, passando a ser colônia agrícola.
Mais uma vez, foi um relatório produzido por Carlos Prates que deu suporte a essa transformação. O relatório também recomendava a manutenção de frei Serafim e frei Ângelo nos respectivos cargos de diretoria.
Carlos Prates foi um dos principais responsáveis pela elevação de Itambacuri ao status de “distrito de paz”, o que se deu pela lei 556 de 30 de agosto de 1911, conferindo a Itambacuri maior autonomia política e administrativa, e demarcando os limites do novo distrito.
Sua atenção com o aldeamento ajudou na consecução de recursos fundamentais para o desenvolvimento da região. Através dos relatórios produzidos nas visitas do Dr. Carlos Prates a situação em Itambacuri pôde ser mais acompanhada pelos políticos da época.
Como engenheiro também teve reconhecimento na capital de Minas, Belo Horizonte, onde há um bairro e um aeroporto que levam seu nome.
Fontes
- Arquivo - 100 Anos de História da Escola de Engenharia da UFMG. Texto disponível AQUI.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. Editora Nacional, 1973.
- VERSIEUX, Daniela Pereira. Modernização e Escolarização do Trabalho Agrícola: as fazendas-modelo em Minas Gerais (1906-1915). Cefet - MG, 2011.
DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2012
Rua das Sete Casas
No ano de 1951, quando o prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni criou o loteamento do bairro Várzea, várias novas ruas foram abertas. Algumas eram destinadas a pessoas de menor renda, para que pudessem ali edificar suas moradias. Em uma delas, o advogado Sidney Esteves Guedes adquiriu terrenos e mandou construir 7 casas iguais, em sequência, como se pode observar na foto. Assim, a rua passou a ser conhecida como Rua das Sete Casas.
Já em 1961, o prefeito Dr. Firmato sugeriu à Câmara Municipal que a rua tivesse o nome do professor José Vicente de Mendonça, como homenagem àquele que tantos serviços prestou a Itambacuri. Sendo assim, a lei nº 54/61 - de 11 de julho de 1961, deu a antiga Rua das Sete Casas o nome de Rua Professor Mendonça, como hoje ainda é conhecida.
Fonte
- PEREIRA, Serafim Ângelo da Silva. Itambacuri e sua História. Volume II. Edição independente, 1991.
Fonte
- PEREIRA, Serafim Ângelo da Silva. Itambacuri e sua História. Volume II. Edição independente, 1991.
Reza de Caboclo - FICAN 2011
E por que não? É minha história e história dos Festivais da Canção de Itambacuri, então faz sentido o registro aqui. Este foi em 2011, organizado pelo Movimento Cultural Jovem de Itambacuri - MOCUJOI (estou devendo um texto sobre o Movimento). A música foi vencedora do festival Canta Cidade (regional) e conquistou o segundo lugar no FICAN (nacional).
Reza de Caboclo - Thiago Marques
O caboclo seguia esmorecido
Pobre homem descrente de tudo
Sozinho na lavra, louvado seja
A mão calejada do esforço absurdo
O chão não dá mais nem pedra, nem planta
Nesse julho seco é ainda pior
O riacho parece uma trilha de espinhos
A criação de tão magra faz dó
O sol castiga a moleira do pobre
Que cai de joelhos sem o que dizer
O nó na garganta é pior do que fome
A prece sai muda pro santo entender
Refrão - O caboclo reza com fé
Reza com fé o caboclo
Que a fé vai tirar o sufoco
E a penumbra nunca vai voltar
Caboclo é da cor do cobre
De barro, terra, poeira e suor
Na luz alaranjada da tarde que morre
Fogo de lamparina é fumaça e pó
As sombras assuntam o começo do sono
No descanso inquieto, a revelação
Uma mulher dizia para ter esperança
O sonho nascia como oração
Refrão
Na novena caboclo virou romeiro
Que segue descalço a procissão
Que tira o chapéu e coloca no peito
Tem rosário e vela pingando na mão
No 2 de agosto o momento sagrado
Fogos brilhantes clareavam o céu
Reconhece a Senhora do sonho nas nuvens
Pelo azul do manto e o branco do véu
E o caboclo chora
Chora e olha pro andor
Agradece ao nosso Senhor
E à Senhora dos Anjos no Altar
E o caboclo ora
Ora e sente a vida
Que ressurge depois das feridas
Esperança não há de faltar
Porque o caboclo reza com fé
Reza com fé o caboclo
Que a fé vai tirar o sufoco
E a penumbra nunca vai voltar
Quem foi que disse
Que a fé do caboclo é crendice
Que reza devota é mesmice
Não tem fé ou não sabe rezar
Pois o caboclo reza com fé
Pobre homem descrente de tudo
Sozinho na lavra, louvado seja
A mão calejada do esforço absurdo
O chão não dá mais nem pedra, nem planta
Nesse julho seco é ainda pior
O riacho parece uma trilha de espinhos
A criação de tão magra faz dó
O sol castiga a moleira do pobre
Que cai de joelhos sem o que dizer
O nó na garganta é pior do que fome
A prece sai muda pro santo entender
Refrão - O caboclo reza com fé
Reza com fé o caboclo
Que a fé vai tirar o sufoco
E a penumbra nunca vai voltar
Caboclo é da cor do cobre
De barro, terra, poeira e suor
Na luz alaranjada da tarde que morre
Fogo de lamparina é fumaça e pó
As sombras assuntam o começo do sono
No descanso inquieto, a revelação
Uma mulher dizia para ter esperança
O sonho nascia como oração
Refrão
Na novena caboclo virou romeiro
Que segue descalço a procissão
Que tira o chapéu e coloca no peito
Tem rosário e vela pingando na mão
No 2 de agosto o momento sagrado
Fogos brilhantes clareavam o céu
Reconhece a Senhora do sonho nas nuvens
Pelo azul do manto e o branco do véu
E o caboclo chora
Chora e olha pro andor
Agradece ao nosso Senhor
E à Senhora dos Anjos no Altar
E o caboclo ora
Ora e sente a vida
Que ressurge depois das feridas
Esperança não há de faltar
Porque o caboclo reza com fé
Reza com fé o caboclo
Que a fé vai tirar o sufoco
E a penumbra nunca vai voltar
Quem foi que disse
Que a fé do caboclo é crendice
Que reza devota é mesmice
Não tem fé ou não sabe rezar
Pois o caboclo reza com fé
Apresentação no FICAN |
Apresentação no Canta Cidade |
DOMINGO, 31 DE MAIO DE 2015
Clipe - Montanhas e Recordações
Vídeo produzido pelo itambacuriense Mivard Knupfer. O clipe foi editado com fotos da cidade de Itambacuri (ou relacionadas a ela) ao som da música Montanhas e Recordações, de autoria de Mivard Knupfer e Elizeu Pêgo.
Esta música concorreu em uma das edições mais marcantes do FICAN - Festival Itambacuriense da Canção, produzido pelo Movimento Cultural Jovem de Itambacuri - MOCUJOI.
Fica o registro na Itypédia desta bela homenagem a nossa cidade.
Segue descrição do autor:
"Música que fiz com o grande amigo Elizeu Pego. Cantamos no festival da canção da nossa querida Itambacuri-MG. As fotos postadas foram encontradas em websites públicos, ou amigos que me deram a permissão. Agradeço especialmente ao amigo de infância Feliciano Calmon por ter se empenhado imensamente em me ajudar com as fotos. Mate a saudade dessa cidade linda! Principalmente você que já morou lá e hoje vive longe da nossa"princesinha do vale".
Relíquias de Frei Ângelo - 1950
Relíquias de Frei Ângelo recolhidas na ocasião do traslado dos seus restos mortais para o Santuário de Nossa Senhora dos Anjos, em 1950.
Imagens do cômodo onde ficavam abrigadas as relíquias do antigo Museu de Itambacuri, criado e conservado por Frei Agostinho, até onde ele teve condições. Leia mais sobre o Frei clicando neste link: Frei Agostinho.
Hoje, algumas das peças encontram-se na Casa de Cultura da cidade. Porém a Igreja manteve artigos de maior interesse histórico-religioso. Cabe o registro e o desabafo: muitas peças de valor histórico "se perderam" na mudança do Museu para a Casa de Cultura. Não se sabe em qual etapa do processo.
Hoje, algumas das peças encontram-se na Casa de Cultura da cidade. Porém a Igreja manteve artigos de maior interesse histórico-religioso. Cabe o registro e o desabafo: muitas peças de valor histórico "se perderam" na mudança do Museu para a Casa de Cultura. Não se sabe em qual etapa do processo.
TERÇA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2012
Túmulo dos Fundadores
Os fundadores foram enterrados lado a lado, no Cemitério Municipal. |
A foto acima mostra o antigo local de sepultamento dos fundadores de Itambacuri, no Cemitério Municipal. Hoje, há um local construído no Santuário com a finalidade de preservar os restos mortais de frei Serafim e frei Ângelo.
Túmulo dos freis no Santuário Nossa Senhora dos Anjos - 2011. |
Detalhe do alto da sepultura. |
SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 2011
Fundadores de Itambacuri
Frei Serafim de Gorizia (Gorizia, 29 de maio de 1829 – Itambacuri, 3 de dezembro de 1918) e Frei Ângelo de Sassoferrato (Sassoferrato, 10 de abril de 1846 – Itambacuri, 2 de junho de 1926) foram padres missionários da Ordem dos Capuchinhos e fundadores da cidade de Itambacuri, Minas Gerais.
Frei Serafim e Frei Ângelo entre outros missionários. |
Biografia - Frei Serafim
Frei Serafim nasceu na cidade de Gorizia, então território austríaco, mas que passou a integrar a Itália. Foi batizado como João Batista Madon. Seus pais eram Antônio Madon e Anna Maria Gomesck. Sua família pertencia ao alto escalão do governo austríaco.
Formou-se Engenheiro aos 20 anos de idade destacando-se, principalmente, em áreas como Ciências Sociais, Letras Filosóficas e Matemáticas. Com essas habilidades, venceu concurso para chefe de uma seção no Império Austro-Húngaro. Em um lugar de destaque e com sua competência, acabou despertando o respeito do Imperador Francisco José. O Imperador, ao tomar decisões importantes, costumava consultar a João Batista.
Em janeiro de 1858 foi enviado à Lombardia como chefe de uma comissão do império. João Batista conheceu então Giuseppe Garibaldi e foi por ele convidado a integrar a Carbonária, mas recusou. Foi na Lombardia que ele pôde conhecer de perto alguns membros da ordem criada por São Francisco e também refletir sobre a vocação religiosa, já manifestada.
Ainda em 1858, no dia 4 de maio, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, na província de São Carlos, recebendo assim o nome de Frei Serafim de Gorizia.
Ao saber da decisão de João Batista, agora Frei Serafim, o imperador ordenou o envio de um médico ao convento do noviciado para que avaliasse se o jovem estava sofrendo das faculdades mentais. Se assim fosse, determinou o imperador, que o tirassem de lá e dessem o devido tratamento.
Após a realização de exames, foi considerado que Frei Serafim estava em perfeitas condições. O frei disse ao médico: “agradeço penhorado os cuidados do soberano, a quem dirá que estou gozando perfeita saúde e a paz, que só Deus sabe dar. Lamento, apenas, não ter conhecido antes este tesouro”.
No dia 30 de maio de 1859 fez a profissão simples e, decorridos os três anos prescritos, em 31 de maio de 1862, fez a profissão de votos solenes – por meio da qual o religioso consagra seu compromisso com a Ordem.
Por ser poliglota, Frei Serafim foi enviado a Trieste e incumbido da pregação para as minorias que ali existiam. O frei falava alemão, italiano, francês, esloveno, espanhol e, mais tarde, aprendeu também o português.
Teve início assim o seu ministério. Com o sucesso alcançado, Frei Serafim foi enviado como pregador e confessor à província dos Capuchinhos da Stíria-Ilíria, no Vale do Danúbio, na Áustria, com a carta obediencial de 1868.
Ficou neste posto por alguns anos. Suas atividades o tornaram apóstolo de todas as classes, bastante admirado, mas o sonho do Frei não era este. Ele queria ir além das fronteiras da Europa e levar seu apostolado onde fosse mais necessário.
Assim, em 18 de janeiro de 1871, chega a Roma com o objetivo de fazer parte das missões. Na cidade ele dispunha de meios para se preparar e seguir em missão ao Chile, como pretendia. E foi nessa situação que ele e Frei Ângelo se conheceram.
Frei Serafim nasceu na cidade de Gorizia, então território austríaco, mas que passou a integrar a Itália. Foi batizado como João Batista Madon. Seus pais eram Antônio Madon e Anna Maria Gomesck. Sua família pertencia ao alto escalão do governo austríaco.
Formou-se Engenheiro aos 20 anos de idade destacando-se, principalmente, em áreas como Ciências Sociais, Letras Filosóficas e Matemáticas. Com essas habilidades, venceu concurso para chefe de uma seção no Império Austro-Húngaro. Em um lugar de destaque e com sua competência, acabou despertando o respeito do Imperador Francisco José. O Imperador, ao tomar decisões importantes, costumava consultar a João Batista.
Em janeiro de 1858 foi enviado à Lombardia como chefe de uma comissão do império. João Batista conheceu então Giuseppe Garibaldi e foi por ele convidado a integrar a Carbonária, mas recusou. Foi na Lombardia que ele pôde conhecer de perto alguns membros da ordem criada por São Francisco e também refletir sobre a vocação religiosa, já manifestada.
Ainda em 1858, no dia 4 de maio, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, na província de São Carlos, recebendo assim o nome de Frei Serafim de Gorizia.
Ao saber da decisão de João Batista, agora Frei Serafim, o imperador ordenou o envio de um médico ao convento do noviciado para que avaliasse se o jovem estava sofrendo das faculdades mentais. Se assim fosse, determinou o imperador, que o tirassem de lá e dessem o devido tratamento.
Após a realização de exames, foi considerado que Frei Serafim estava em perfeitas condições. O frei disse ao médico: “agradeço penhorado os cuidados do soberano, a quem dirá que estou gozando perfeita saúde e a paz, que só Deus sabe dar. Lamento, apenas, não ter conhecido antes este tesouro”.
No dia 30 de maio de 1859 fez a profissão simples e, decorridos os três anos prescritos, em 31 de maio de 1862, fez a profissão de votos solenes – por meio da qual o religioso consagra seu compromisso com a Ordem.
Por ser poliglota, Frei Serafim foi enviado a Trieste e incumbido da pregação para as minorias que ali existiam. O frei falava alemão, italiano, francês, esloveno, espanhol e, mais tarde, aprendeu também o português.
Teve início assim o seu ministério. Com o sucesso alcançado, Frei Serafim foi enviado como pregador e confessor à província dos Capuchinhos da Stíria-Ilíria, no Vale do Danúbio, na Áustria, com a carta obediencial de 1868.
Ficou neste posto por alguns anos. Suas atividades o tornaram apóstolo de todas as classes, bastante admirado, mas o sonho do Frei não era este. Ele queria ir além das fronteiras da Europa e levar seu apostolado onde fosse mais necessário.
Assim, em 18 de janeiro de 1871, chega a Roma com o objetivo de fazer parte das missões. Na cidade ele dispunha de meios para se preparar e seguir em missão ao Chile, como pretendia. E foi nessa situação que ele e Frei Ângelo se conheceram.
Biografia - Frei Ângelo
Frei Ângelo nasceu em Colle della Noce, um povoado que pertencia à cidade de Sassoferrato, na Província de Ancona, Itália.
Foi batizado como Afonso Censi. Seus pais eram Lourenço Censi e Balduína Garofali. Afonso era de família pobre. Recebeu desde cedo educação cristã e freqüentava a igreja diariamente.
Gostava do ar místico dos conventos, onde ia constantemente em visita a dois tios: um Franciscano Observante e outro Capuchinho. Nessas visitas, o jovem Afonso começou a admirar o modo de vida daqueles filhos de São Francisco.
Aos 16 anos ingressou na ordem dos Menores Capuchinhos, vestindo o burel de São Francisco no dia 21 de novembro de 1863. Iniciou o noviciado no convento de Camerino com o nome de Frei Ângelo de Sassoferrato.
Nessa época, a Itália aspirava à sua independência e unificação. Aproveitando-se desse ensejo, seitas secretas desencadearam perseguição às ordens religiosas. Frei Ângelo fez os votos perpétuos no dia 21 de novembro de 1864 e, no ano seguinte, devido às convulsões revolucionárias e à supressão das ordens religiosas, foi obrigado a deixar sua pátria, indo para a França e, mais tarde, para a Suíça.
Durante seis anos continuou seus estudos aprofundando-se nas ciências filosóficas e teológicas, sob a direção do capuchinho italiano Frei José Fidélis, ex-definidor da ordem.
No dia 2 de abril de 1870 recebeu a unção sacerdotal. Mudou-se, então, para Grenoble, na França, e depois para Lucerna, na Suíça. No pouco tempo em que ficou em Lucerna, Frei Ângelo aprendeu elementos da língua alemã.
Nesse período, a Itália ainda enfrentava séria crise. Os religiosos se defrontavam com litígios que envolviam política e organizações como a maçonaria. Foi nesse ambiente que nasceu em Frei Ângelo a vontade de servir em missões. O próprio diretor, Frei Fidélis, reconhecendo suas qualidades, incentivou-o neste propósito. E ele assim fez.
Antes de seguir viagem para Roma, para tentar se inserir em alguma missão, Frei Ângelo passou por Sassoferrato e Colle della Noce, onde pôde rever sua mãe. Ele não a encontrava fazia oito anos, desde que se tornou sacerdote. A visita foi também uma despedida. Ele sabia que, indo para alguma missão, de lá não retornaria.
Sendo assim, no ano de 1871 estava em Roma, no Colégio São Fidélis, onde os futuros missionários se preparavam para partir. Frei Ângelo se apresentou com apenas uma carta de seu mestre.
Nessa época, a Itália aspirava à sua independência e unificação. Aproveitando-se desse ensejo, seitas secretas desencadearam perseguição às ordens religiosas. Frei Ângelo fez os votos perpétuos no dia 21 de novembro de 1864 e, no ano seguinte, devido às convulsões revolucionárias e à supressão das ordens religiosas, foi obrigado a deixar sua pátria, indo para a França e, mais tarde, para a Suíça.
Durante seis anos continuou seus estudos aprofundando-se nas ciências filosóficas e teológicas, sob a direção do capuchinho italiano Frei José Fidélis, ex-definidor da ordem.
No dia 2 de abril de 1870 recebeu a unção sacerdotal. Mudou-se, então, para Grenoble, na França, e depois para Lucerna, na Suíça. No pouco tempo em que ficou em Lucerna, Frei Ângelo aprendeu elementos da língua alemã.
Nesse período, a Itália ainda enfrentava séria crise. Os religiosos se defrontavam com litígios que envolviam política e organizações como a maçonaria. Foi nesse ambiente que nasceu em Frei Ângelo a vontade de servir em missões. O próprio diretor, Frei Fidélis, reconhecendo suas qualidades, incentivou-o neste propósito. E ele assim fez.
Antes de seguir viagem para Roma, para tentar se inserir em alguma missão, Frei Ângelo passou por Sassoferrato e Colle della Noce, onde pôde rever sua mãe. Ele não a encontrava fazia oito anos, desde que se tornou sacerdote. A visita foi também uma despedida. Ele sabia que, indo para alguma missão, de lá não retornaria.
Sendo assim, no ano de 1871 estava em Roma, no Colégio São Fidélis, onde os futuros missionários se preparavam para partir. Frei Ângelo se apresentou com apenas uma carta de seu mestre.
O Encontro dos Missionários
Frei Serafim e Frei Ângelo se conheceram no Colégio São Fidélis enquanto se preparavam para as missões.
Frei Serafim pediu aos superiores para ser incorporado aos missionários que partiriam para o Chile, mas foi determinado seu embarque para o Brasil. Frei Ângelo não tinha preferências com relação ao destino.
Frei Serafim tinha então 43 anos e era um sacerdote experiente. Frei Ângelo tinha 27 e não conhecia muito além dos conventos.
Já em janeiro de 1872, Frei Serafim passeava pelo claustro do Colégio São Fidélis quando Frei Ângelo veio a seu encontro. Os dois não se conheciam e Frei Serafim perguntou-lhe o nome. Frei Ângelo respondeu e foi questionado se tinha algum país de preferência para o trabalho nas missões.
Ao responder que não, Frei Serafim o convidou a seguir com ele para o Brasil, pois procurava um companheiro que lhe ajudasse nas atividades missionárias. Frei Ângelo, que aguardava uma indicação do destino (ou divina), respondeu que sim.
Em 6 de fevereiro de 1872 eles receberam do superior-geral as “letras obedienciais”, estando assim nomeados como missionários apostólicos para o Brasil.
Partida para o Brasil
Antes de saír de Roma, os futuros missionários, cientes da responsabilidade que acabavam de assumir, prostraram-se em oração diante do túmulo de São Pedro e São Paulo, pedindo a Deus as graças necessárias ao êxito da missão.
Em seguida, o Papa Pio IX os recebeu para dar a bênção apostólica. O três conversaram por alguns minutos e o Papa se despediu com as palavras que Frei Ângelo registrou em seu caderno de anotações: “Ide, filhos caríssimos, evangelizai os indígenas e trazei-os ao aprisco do Senhor. A bênção de Deus e a Nossa Apostólica vos anime, vos fortaleça e vos ampare”.
No dia 19 de fevereiro os dois missionários partiram para Civitavecchia, onde embarcaram num pequeno navio costeiro que os levaria a Gênova. No porto da cidade encontraram o vapor Poitou, da companhia francesa Société Générale des Transports Maritimes à Vapeur, e a 10 de março seguiram para o Brasil.
O navio chegou ao Brasil após 25 dias de viagem. Os missionários seguiram para o convento do Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, onde chegaram de surpresa. Eles foram recebidos com alegria pelo então comissário-geral Revmo. Frei Caetano de Messina e pelos demais religiosos da comunidade.
A Missão
Frei Serafim e Frei Ângelo ficaram no Rio de Janeiro apenas pelo tempo necessário para se orientarem acerca da missão e aprenderem os primeiros elementos da língua do país.
O governo tinha pressa em enviar missionários para ajudar a resolver uma séria situação que envolvia os índios da região do Mucuri, em Minas Gerais. Os missionários seriam responsáveis por chamar os índios da mata ao convívio da civilização e acabar com os repetidos massacres e incursões que espalhavam o terror.
O Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas – Barão de Itaúna – através da portaria baixada em 7 de junho de 1872, encarregou Frei Serafim de Gorízia da catequese dos indígenas nas colônias do Mucuri.
Ao mesmo tempo o Ministro comunicou ao Revmo. Comissário-geral dos missionários capuchinhos, Frei Caetano de Messina, a nomeação e requisição dos dois novos missionários. Por sua vez, Frei Caetano entregou-lhes as cartas obedienciais, discriminando as respectivas atribuições e confortando-os com sua bênção.
Alguns dias depois os missionários seguiram para Ouro Preto, então capital de Minas Gerais, onde receberiam instruções do diretor-geral de proteção aos índios, Sr. Brigadeiro Antônio Luís de Magalhães Mosqueira.
Para chegar a Ouro Preto seguiram até Juiz de Fora por estrada de ferro. Lá, foram recebidos pelo sargento Torquato Donato de Sousa Bicalho que, por ordem do diretor-geral, os levou a Ouro Preto. Esta parte da viagem foi feita a cavalo.
Frei Serafim e Frei Ângelo permaneceram em Ouro Preto por dois meses. Durante este período puseram-se a par da situação envolvendo índios e governo. Também aproveitaram para obter os conhecimentos indispensáveis ao bom desempenho da missão.
Providos de boa cavalhada e do necessário para a viagem, seguiram rumo a Filadélfia, hoje Teófilo Otoni, acompanhados pelo Sargento Torquato e por mais dois mestres. O itinerário a ser seguido era: Mariana – Morro do Pilar – Santa Maria de São Félix - Capelinha – Filadélfia.
Nasce Itambacuri
A viagem a cavalo durou 20 dias. A época do ano não era a melhor para uma incursão como aquela e as chuvas tornaram o caminho ainda mais penoso. Chegando a Filadélfia os freis tinham a missão de procurar o lugar ideal para instalar o aldeamento, desbravando as matas do Vale do Mucuri.
O povo de Filadélfia saudou com alegria a chegada dos franciscanos, na esperança de que ali ficassem. Mas não foi assim. Os missionários cumpriram as ordens recebidas ao saírem da capital do Império e deixaram o povoado de Filadélfia, retirando-se para a fazenda do Capitão Leonardo Esteves Otoni, distante de lá cerca de 25 quilômetros.
Capitão Leonardo se relacionava com algumas tribos de índios. Os Freis ficaram na fazenda por seis meses aprendendo, colhendo informações, fazendo observações, elaborando projetos e explorando a floresta à procura do melhor lugar para estabelecerem o aldeamento. Este lugar deveria servir como ponto estratégico para reunir diversas tribos de índios que vagavam nas imensas matas.
A floresta na região era densa, de mata fechada. Domingos Pacó[1] , filho das florestas da região, descrevia desta forma: “Era esta zona um lugar intransitável. Percorriam-no somente índios como: Crakeatan, Mucurim, Nhanhã, Catolés, Potão, Nacrechés, Aranãs e as feras bravias”.
Para se achar um local conveniente e de acordo com as instruções recebidas dos órgãos governamentais, era preciso estudar a região e percorrer a floresta bruta, tarefa difícil principalmente para dois freis – ainda mal aclimatados e nada familiarizados com semelhante empreitada. E ainda se deve levar em conta os grandes perigos que a selva oferecia.
Aos freis foram sugeridos alguns sítios como Potão, cujos terrenos ótimos estavam ocupados pelo Capitão Leonardo Esteves Otoni, a quem seria preciso indenizar. Os sítios Saudade, Planície e Cana Brava também apareceram como opção, mas não possuíam os requisitos exigidos e recomendados pelo governo Imperial. Tais sugestões partiam de interessados que, mais tarde, se revelaram inimigos da catequese.
O tempo passava e Frei Serafim se preocupava em encontrar logo o tal lugar. Na margem do rio São Mateus, o Frei mandou fazer uma derrubada, ajudado nesta tarefa pelos índios Potões, com os quais tinha estabelecido certa relação. Esses índios informaram a Frei Serafim da existência de um lugar muito melhor, não muito distante dali, rico em águas e com abundante caça e pesca.
O que os índios disseram seria exatamente o tipo de lugar procurado por Frei Serafim e seu grande auxiliar Frei Ângelo. O local ficava a 25 quilômetros de onde eles estavam. Frei Serafim abandonou então o rio São Mateus e seguiu com os índios tomando o caminho indicado por eles.
Na tarde do dia 19 de fevereiro de 1873, Frei Serafim, Frei Ângelo e o grupo que os acompanhavam chegaram ao alto da serra que divide as águas dos rios Itambacuri e Córrego d’Areia. Do alto dava pra ver o soberbo vale que lhes extasiava a vista. Era um panorama imponente de beleza selvagem. O Frei compreendeu ser aquele o lugar indicado pela vontade de Deus para plantar o marco da fundação do aldeamento e a tenda do seu apostolado.
Na ocasião, Frei Serafim profetizou: “Daqui não sairei jamais!”
A notícia de que os frades já se encontravam em Itambacuri, centro das matas virgens, onde nenhum não-índio havia chegado, correu longe e os índios começaram a afluir.
Nestes tempos já corria o mês de março. Com a aproximação da Páscoa, que nesse ano cairia no dia 13 de abril, os freis resolveram então celebrar uma Missa em comemoração. O lugar escolhido para a celebração foi a encosta do morro próximo ao Córrego dos Engenhos, onde foi feita a primeira derrubada e foram erguidos os primeiros ranchos. A missa foi celebrada em companhia de civilizados e selvagens.
Assim, o dia 13 de abril de 1873 é considerado o dia da fundação da cidade de Itambacuri. A partir daí seguiu-se uma série de trabalhos orientados sempre pela vocação e perseverança dos frades para a instalação da catequese. Foram muitas as dificuldades enfrentadas desde o início, mas eles sabiam que o projeto era maior que os problemas - como de fato acontece nas grandes obras.
Referências bibliográficas
- BRASILEIRO, Danielle Moreira. O Aldeamento Indígena Nossa Senhora dos Anjos - PACÓ: Memória e indigenismo no Vale do Mucuri – MG. Associação Nacional de História – ANPUH XXIV Simpósio Nacional de História. São Leopoldo - 2007.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
- PEREIRA, Teodolindo A. Silva. Entre os Selvagens. Traduzido de Fra i Selvaggi – Samuele Cultrera. BDMG Cultural. Belo Horizonte – 2001.
DOMINGO, 25 DE MAIO DE 2014
SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013
TERÇA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO DE 2013
DOMINGO, 16 DE JUNHO DE 2013
Capela Santa Clara
Vista da entrada da Escola Normal Santa Clara e da Capela Santa Clara. |
Veja mais no texto sobre o Colégio Santa Clara, clicando AQUI.
SEGUNDA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2013
II Amostra Cultural - 1984
Esta postagem inaugura o tópico sobre os movimentos culturais em Itambacuri. Neste primeiro momento, a Itypédia divulga o folheto da II Amostra Cultural - de 1984. Porém, mais adiante, participantes e organizadores da Amostra terão suas opiniões publicadas aqui, explicando sobre as intenções e todo o contexto que marcou este importante acontecimento cultural itambacuriense. Vale conferir os nomes dos autores dos textos e dos organizadores do evento: certamente você conhece alguém.
Clique nas imagens para vê-las ampliadas.
TERÇA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2012
Túmulo dos Fundadores
Os fundadores foram enterrados lado a lado, no Cemitério Municipal. |
A foto acima mostra o antigo local de sepultamento dos fundadores de Itambacuri, no Cemitério Municipal. Hoje, há um local construído no Santuário com a finalidade de preservar os restos mortais de frei Serafim e frei Ângelo.
Túmulo dos freis no Santuário Nossa Senhora dos Anjos - 2011. |
Detalhe do alto da sepultura. |
QUARTA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO DE 2012
SEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012
SÁBADO, 15 DE SETEMBRO DE 2012
DOMINGO, 9 DE SETEMBRO DE 2012
DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2012
Schistosomiasis Mansoni no Brasil - Dr. Firmato
Clique nas imagens para vê-las ampliadas. |
Schistosomiasis Mansoni no Brasil é um livro sobre Esquistossomose produzido pelo Dr. César Pinto, do então Instituto Oswaldo Cruz, com a colaboração do médico e ex-prefeito itambacuriense Dr. Firmato. O trabalho é registrado na Fundação Oswaldo Cruz, a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina.
Versão ampliada da capa, para facilitar a leitura. |
Na época, Itambacuri foi palco de boa parte das pesquisas. Imagens de focos de contaminação na cidade ilustram tristemente a obra - concluída em 1945 e publicada em 1948.
Pela sua importância, no ano de 1950 o cientista inglês H. Harold Scott apresentou um resumo do trabalho no volume 47 do Tropical Diseases Bulletin, editado em Londres.
O livro foi conservado pelas freiras do Colégio Santa Clara. A biblioteca, que resguardava esta e outras importantes obras da história itambacuriense, não mais existe. Foi transformada em um pequeno museu, que não está mais aberto ao público, mas ainda guarda alguns objetos históricos - como um rico acervo fotográfico.
Vale destacar que os rios da nossa região ainda são infestados pelo parasita estudado e combatido pelos doutores César Pinto e Firmato.
Agradecimento
A Itypédia agradece pelos esforços de Irmã Camila, Mara Suely e Teresinha Neves - que ajudaram a possibilitar que tal obra não se perdesse no tempo e pudesse estar novamente no acervo itambacuriense.
DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2012
Rua das Sete Casas
No ano de 1951, quando o prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni criou o loteamento do bairro Várzea, várias novas ruas foram abertas. Algumas eram destinadas a pessoas de menor renda, para que pudessem ali edificar suas moradias. Em uma delas, o advogado Sidney Esteves Guedes adquiriu terrenos e mandou construir 7 casas iguais, em sequência, como se pode observar na foto. Assim, a rua passou a ser conhecida como Rua das Sete Casas.
Já em 1961, o prefeito Dr. Firmato sugeriu à Câmara Municipal que a rua tivesse o nome do professor José Vicente de Mendonça, como homenagem àquele que tantos serviços prestou a Itambacuri. Sendo assim, a lei nº 54/61 - de 11 de julho de 1961, deu a antiga Rua das Sete Casas o nome de Rua Professor Mendonça, como hoje ainda é conhecida.
Fonte
- PEREIRA, Serafim Ângelo da Silva. Itambacuri e sua História. Volume II. Edição independente, 1991.
Fonte
- PEREIRA, Serafim Ângelo da Silva. Itambacuri e sua História. Volume II. Edição independente, 1991.
QUINTA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2012
Bessa Ali
Bessa Ali - 1944. |
Bessa Ali, também conhecido como "Bessinha", teria sido o único itambacuriense a integrar a Força Expedicionária Brasileira, a FEB, na Segunda Guerra Mundial, tendo, inclusive, recebido pensão do Exército Brasileiro na qualidade de ex-combatente.
Para saber mais sobre a FEB, clique AQUI.
DOMINGO, 3 DE JUNHO DE 2012
Itambacury Futebol Clube
Esta é uma foto da sede do Itambacury Futebol Clube, um dos times que marcaram época na história do futebol itambacuriense. Ela foi escolhida para inaugurar um espaço na Itypédia dedicado exclusivamente ao esporte e a seus personagens, uma vez que o futebol tem presença marcante na cidade até hoje. Vale lembrar que Itambacuri já teve até um representante na Seleção Brasileira - o zagueiro Paulão.
Agradecimento
A Itypédia agradece a Tó Mendonça pelas fotos e pelas informações prestadas, que hão de ajudar a manter este espaço digno das memórias do futebol de nossa cidade.
Time do Itambacury F.C. |
QUINTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2012
Antiga Praça do Monumento
Este é o visual antigo da Praça do Monumento, que fica em frente à Prefeitura. Esta obra, que carregava a escultura dos fundadores de Itambacuri, foi destruída. Hoje, a Praça possui uma arquitetura bastante diferente. Ao fundo pode-se ver a subida da rua Horácio Luz, que faz esquina com a rua Conselheiro Olavo Campanha próximo ao Ipê Country Clube.
DOMINGO, 3 DE JUNHO DE 2012
Itambacury Futebol Clube
Esta é uma foto da sede do Itambacury Futebol Clube, um dos times que marcaram época na história do futebol itambacuriense. Ela foi escolhida para inaugurar um espaço na Itypédia dedicado exclusivamente ao esporte e a seus personagens, uma vez que o futebol tem presença marcante na cidade até hoje. Vale lembrar que Itambacuri já teve até um representante na Seleção Brasileira - o zagueiro Paulão.
Agradecimento
A Itypédia agradece a Tó Mendonça pelas fotos e pelas informações prestadas, que hão de ajudar a manter este espaço digno das memórias do futebol de nossa cidade.
Time do Itambacury F.C. |
SÁBADO, 28 DE JANEIRO DE 2012
Você conhece alguém nesse time
De pé, da esquerda para a direita: Manuelzinho Ganem, um parente de Borromeu, Aécio Dupin, Zé Dimas (goleiro), Clebinha (irmão de dona Vilma Amaral), Cleto (irmão de dona Cléia) e José Francisco das Neves (Zé Grande).
Agachados, da esquerda para a direita: Gê de Zé Pequeno, Mário de Argemirinho, Ailton Ribas, Dr. Tozinho, Antônio Rios, e Lelê de Antônio de Camilo. Há também outras pessoas na foto que ainda não conseguimos reconhecer.
SEXTA-FEIRA, 28 DE OUTUBRO DE 2011
Paulão
Paulo César Batista dos Santos, o Paulão, é um ex-futebolista brasileiro. É o único itambacuriense que já jogou pela Seleção Brasileira de Futebol.
Nasceu no dia 25 de março de 1967. Seus pais são Manoel José Batista e Maria Ferreira Batista. A família tinha um restaurante bastante conhecido na cidade e dona Maria, mãe de Paulão, era a cozinheira responsável pelo preparo de pratos típicos.
Início da carreira
Paulão iniciou sua carreira no time do Vitória, em Itambacuri. Em 1983, o Vitória disputou em casa uma partida comemorativa contra o Cruzeiro. Paulão chegou a marcar gol e foi um dos destaques do jogo.
Percebendo as habilidades do rapaz, a equipe técnica do Cruzeiro fez um convite para que ele se juntasse ao time e fosse treinar em Belo Horizonte. Na época, Paulão tinha apenas 16 anos e trabalhava no restaurante da família. Muito apegado aos parentes, acabou recusando o convite.
No Cruzeiro
Tempos depois, resolveu tentar a sorte no clube que o despertara para a possibilidade de se tornar profissional. Assim, em 1985 Paulão estava nas categorias de base do Cruzeiro, onde ficou por 3 anos.
Em 1988, foi emprestado ao América do Recife, time que disputava a segunda divisão do campeonato local.
Com boas atuações, Paulão chegou a ser artilheiro do campeonato, ajudando o time a subir para a categoria principal. Após a passagem pelo América, voltou para o Cruzeiro em agosto de 1988.
Com boas atuações, Paulão chegou a ser artilheiro do campeonato, ajudando o time a subir para a categoria principal. Após a passagem pelo América, voltou para o Cruzeiro em agosto de 1988.
Paulão era um zagueiro central com características importantes: marcava bem; tinha boa cobertura; ótima impulsão – o que lhe ajudava a marcar gols de cabeça; e chutava forte, tornando-se batedor de faltas em várias situações. Além disso, era considerado um jogador “raçudo”, porém disciplinado.
Disputou 114 partidas pelo Cruzeiro, saindo apenas no segundo semestre do ano de 1992. Suas principais conquistas no clube foram o Campeonato Mineiro de 1990 e a Supercopa dos Campeões da Libertadores da América, em 1991.
Paulão jogou também pelo Grêmio, Vasco e Benfica (Portugal).
Na Seleção
Quadro de convocados para a Seleção em 1990 |
Jogando pelo Cruzeiro, Paulão foi convocado pelo técnico Paulo Roberto Falcão, em 1990, para integrar a Seleção Brasileira. Estreou em um amistoso contra a Espanha no dia 12 de setembro do mesmo ano. Na época, o ex-treinador do Cruzeiro, Adílson Batista, também era jogador da seleção.
No total, Paulão disputou 8 partidas com a camisa amarelinha, sendo 7 enquanto jogador do Cruzeiro. Também entrou em campo na partida comemorativa dos 50 anos de Pelé, em Milão, na Itália.
Paulão integra a lista dos jogadores cruzeirenses que mais vezes entraram em campo pela Seleção Brasileira na década de 90, ficando atrás apenas do goleiro Dida (15 partidas) e do lateral direito Evanílson (8 partidas).
Na comissão técnica
Paulão retornou para o Cruzeiro em 2007, como auxiliar do técnico Dorival Júnior. Ficou no cargo até a chegada do treinador Adílson Batista. Em seguida, foi exercer a mesma função no time do Vila Nova, em Nova Lima.
Homenagem
Em pé: Carlim (goleiro), Paulão, Zé Maria, Pregador, Gerinha Magalhães e Mauro.
Agachados: Jaime, Neném, Roberto de Zé de Adão, Gerinha e Cezinha.
Índios Maxacalis em Itambacuri
Os índios diretamente ligados à história itambacuriense são os Pojixás, também conhecidos como Botocudos (denominação genérica). Muito do que se sabe sobre eles é fruto dos esforços de frei Agostinho (Ramiro Francisco), um estudioso franciscano falecido já há alguns anos. Mas é outra etnia que nos chama a atenção neste momento.
Os índios Maxacalis, historicamente, também fazem parte da realidade de Itambacuri. Normalmente, de uma maneira pela qual não se pode sentir orgulho – como no exemplo mostrado na foto abaixo. Algumas vezes, a cidade recebe grupos inteiros, famílias com crianças, todos de passagem para algum lugar. Por que saem? Será que chegam? Quem saberia responder?
O fato é que eles migram, como é (ou foi) o costume das tribos. Só que hoje o cenário é bem outro e eles amargam os sinais do abandono. Fome e doenças na aldeia, escassez de todo tipo e a saída, qual seria?
Visões como essa provocam reflexões substanciais. Muitas vezes vivendo de esmolas, desterrados, embriagados, os Maxacalis sofrem os efeitos de políticas assistenciais pouco eficientes e de uma “cultura da aculturação” que nada tem do espírito de preservação da vida, da dignidade humana, e da história - princípios estes de qualquer sociedade bem sucedida.
Quem eles representam?
Os maxacalis constituem um grupo indígena que habita três porções de terras descontínuas nos municípios de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, nordeste de Minas Gerais. Em 2008, somavam 1.460 indivíduos.
Os índios Maxacalis, historicamente, também fazem parte da realidade de Itambacuri. Normalmente, de uma maneira pela qual não se pode sentir orgulho – como no exemplo mostrado na foto abaixo. Algumas vezes, a cidade recebe grupos inteiros, famílias com crianças, todos de passagem para algum lugar. Por que saem? Será que chegam? Quem saberia responder?
O fato é que eles migram, como é (ou foi) o costume das tribos. Só que hoje o cenário é bem outro e eles amargam os sinais do abandono. Fome e doenças na aldeia, escassez de todo tipo e a saída, qual seria?
Visões como essa provocam reflexões substanciais. Muitas vezes vivendo de esmolas, desterrados, embriagados, os Maxacalis sofrem os efeitos de políticas assistenciais pouco eficientes e de uma “cultura da aculturação” que nada tem do espírito de preservação da vida, da dignidade humana, e da história - princípios estes de qualquer sociedade bem sucedida.
Família de índios maxacalis na Praça do Monumento em Itambacuri - 2012. |
Os maxacalis constituem um grupo indígena que habita três porções de terras descontínuas nos municípios de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, nordeste de Minas Gerais. Em 2008, somavam 1.460 indivíduos.
Crianças maxacalis. Foto de Charles Bicalho / UFMG. |
As aldeias, em decorrência do avanço da sociedade dominante, terminaram por ser isoladas em termos geográficos, e os vários grupos rituais passaram a ser identificados nos documentos oficiais e particulares como tribos distintas.
Essa identificação diferenciada se manteve até o final do século passado, ainda que os observadores ressaltassem que a língua e a organização social eram as mesmas. Além disso, esses grupos sempre se aldeavam em conjunto, formavam confederações defensivas e usavam a mesma tática de estabelecerem alianças com os colonos para poderem enfrentar os inimigos tradicionais.
Fontes
- Boletim da UFMG - Cura pelo respeito às tradições.
- Enciclopédia dos Povos Indígenas do Brasil - Maxakali.
- Wikipédia - Maxacalis.
SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 2011
Domingos Pacó
Domingos Ramos Pacó (Itambacuri – 1867, Campanário – 1935) foi um intérprete e professor indígena bilíngüe.
Foi o primeiro professor indígena do aldeamento de Itambacuri. No seu legado, merece destaque a elaboração de um manuscrito onde ele apresenta um parecer sobre a origem das cidades de Itambacuri e Igreja Nova (atual Campanário).
História
Domingos Pacó é filho de Félix Ramos da Cruz e Umbelina Ramos da Cruz. O pai, Félix, já se encontrava estabelecido na região onde hoje é Itambacuri antes mesmo da chegada dos padres fundadores da cidade. A mãe, Umbelina, era uma índia filha do Capitão Pahóc.
Capitão Pahóc
Capitão Pahóc foi um chefe indígena que teve grande importância para o sucesso do aldeamento de Itambacuri. A missão dos fundadores não teria sido possível sem a negociação e conquista do apoio das lideranças indígenas que estavam sob o comando de Pahóc.
O grupo sob sua liderança era formado por 800 guerreiros, além de outros 100 homens localizados em regiões de limites, em pontos estratégicos, para a defesa contra possíveis incursões de inimigos.
Pahóc costumava se relacionar com os não-índios. Nessas ocasiões era acompanhado por um número considerável de membros da tribo e do língua (intérprete) Félix Ramos da Cruz – com quem já havia estabelecido parceria antes mesmo da chegada dos fundadores.
Félix Ramos da Cruz
Félix Ramos da Cruz tinha relações de amizade com o Capitão Pahóc e era um grande conhecedor da região. Além disso, era também um importante língua. Os línguas gozavam de reconhecido prestígio, advindo de sua habilidade em intermediar, por meio de simultânea tradução oral, aquela que era considerada uma difícil (e às vezes perigosa) comunicação entre indivíduos de diferentes culturas.
Os línguas não dispunham de livros para a aprendizagem do idioma, até porque, ao que se sabe, o primeiro registro do falar daqueles índios foi publicado apenas em 1909, na Alemanha, graças ao esforço de Bruno Rudolph - imigrante que elaborou dicionário em alemão da língua botocuda. Assim, a comunicação com os índios era orientada tão somente pelo esforço constante e habilidade dos línguas.
Félix casou-se com Umbelina, uma índia filha do Capitão Pahóc. A união inaugurou o livro de registros dos diretores do aldeamento, sendo o primeiro casamento oficializado em Itambacuri pelos fundadores Frei Serafim e Frei Ângelo, um ano após instalada a missão.
Dessa forma, Félix reunia não apenas a figura de um “nacional” que guardava profundos conhecimentos sobre a região e domínio da comunicação com os índios, mas também representava um elo ainda mais importante no trato de confiança com estes, sendo um importante mediador político.
Do relacionamento de Félix com Umbelina nasceu Domingos Ramos Pacó.
O Professor
Domingos Pacó foi o primeiro professor de origem indígena da região do aldeamento de Itambacuri.
Pacó foi alfabetizado pelos padres fundadores (diretores do aldeamento) e atuava como sacristão. Em seguida passou a exercer o cargo público de secretário, ecônomo e professor. Recebeu o título do magistério a 3 de janeiro de 1882, iniciando imediatamente suas atividades. Na época, Pacó tinha apenas 15 anos de idade.
O professor Pacó lecionava para filhos de indígenas e de não-indígenas em uma escola feita de pau a pique – localizada nas proximidades do convento da cidade. Permaneceu no cargo por 19 anos, até ser substituído, em 1901, pelo professor Manuel Pereira Tangrins.
Manuel Pereira era um músico casado com uma índia. A alcunha Tangrins, que lhe foi dada pelos índios e é apresentada como sobrenome, significa “músico” na língua dos nativos.
A substituição de Pacó teria sido motivada pela negligência com o cargo. O professor havia se tornado alcoólatra, o que comprometia, além da saúde, as atividades como educador. Além disso, pode-se inferir que a demissão do professor tenha se imposto sob um novo conjunto de regras relativas à administração escolar dos índios, adotada nos primórdios da República pelos diretores da então colônia indígena.
O Manuscrito de Pacó
Uma das realizações de Domingos Ramos Pacó foi a redação de um manuscrito de grande valor histórico, considerado um dos raros documentos escritos por um índio brasileiro no século XIX.
O trabalho é apresentado em 22 páginas de papel almaço, redigido com bela caligrafia, e apresenta, entre outras impressões, uma visão particular sobre a origem das cidades de Itambacuri e Igreja Nova. A obra é intitulada “Pequena narração ou origem de como foi descoberto o Itambacuri – 1873”.
O manuscrito apresenta notícias históricas e é também interessante pelo expresso amor à raça e língua indígenas, contendo várias passagens escritas no idioma original de Pacó. Em uma dessas passagens, Pacó traça um auto-retrato e se coloca entre os primeiros professores de Itambacuri.
Ele fala também sobre os padres fundadores afirmando que eles, conhecendo sua inteligência e aproveitamento nas letras, pediram ao Governo Provincial autorização para incluí-lo no ensino do aldeamento indígena de Itambacuri.
Pacó aproveita para registrar que sua escola chegou a ter o maior número de matrículas de filhos de indígenas. No texto, também fica clara a mágoa com ex-alunos que tiveram com ele “conhecimentos úteis a respeito da instrução primária e, agora que ocupam cargos, sentem vergonha de dizer que foram educados por um professor indígena”. E segue, reprovando os que se envergonham da descendência indígena.
No seu relato, Pacó descreve uma visão da selva diferente da dos colonizadores. Para ele, a selva era um local de recreação, idéia que contrasta com os medos e perigos descritos pelos missionários. Pacó ressaltava que todos aqueles córregos, rios e serras já possuíam um nome em língua indígena antes mesmo da chegada dos colonizadores.
Segundo Izabel Missagia de Mattos, a memória da fundação da missão em Itambacuri, escrita pelo professor, pode ser lida não apenas como crítica, mas, no limite, como uma verdadeira denúncia da pedagogia excludente e da invisibilidade gerada sobre a participação do indígena no trabalho realizado pelos capuchinhos.
Fim da vida
Após deixar o magistério, Pacó retirou-se para as matas. Tempos depois, mudou-se para Igreja Nova (atual Campanário) onde, a pedido de moradores, chegou a abrir uma escola e lecionar.
Pacó foi casado com uma indígena de nome Zulmira Jupeti, com quem teve filhos.
O professor bilíngüe, figura de importância além da história itambacuriense, viveu seus últimos anos na cidade de Campanário, onde faleceu no ano de 1935.
Referências bibliográficas
- MATTOS, Izabel Missagia de. Civilização e Revolta – Os Botocudos e a Catequese na Província de Minas. EDUSC. Bauru – 2003.
- MATTOS, Izabel Missagia de. Domingos Ramos Pacó, professor bilíngüe e intérprete do aldeamento missionário do Itambacuri, MG. XXIV Simpósio Nacional de História, São Leopoldo - 2007. Seminário Temático Os Índios na História: Fontes e Problemas.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
- BRASILEIRO, Danielle Moreira. O Aldeamento Indígena Nossa Senhora dos Anjos -
PACÓ: Memória e indigenismo no Vale do Mucuri – MG. Associação Nacional de História – ANPUH. XXIV Simpósio Nacional de História. São Leopoldo – 2007.
Foi o primeiro professor indígena do aldeamento de Itambacuri. No seu legado, merece destaque a elaboração de um manuscrito onde ele apresenta um parecer sobre a origem das cidades de Itambacuri e Igreja Nova (atual Campanário).
História
Domingos Pacó é filho de Félix Ramos da Cruz e Umbelina Ramos da Cruz. O pai, Félix, já se encontrava estabelecido na região onde hoje é Itambacuri antes mesmo da chegada dos padres fundadores da cidade. A mãe, Umbelina, era uma índia filha do Capitão Pahóc.
Capitão Pahóc
Capitão Pahóc foi um chefe indígena que teve grande importância para o sucesso do aldeamento de Itambacuri. A missão dos fundadores não teria sido possível sem a negociação e conquista do apoio das lideranças indígenas que estavam sob o comando de Pahóc.
O grupo sob sua liderança era formado por 800 guerreiros, além de outros 100 homens localizados em regiões de limites, em pontos estratégicos, para a defesa contra possíveis incursões de inimigos.
Pahóc costumava se relacionar com os não-índios. Nessas ocasiões era acompanhado por um número considerável de membros da tribo e do língua (intérprete) Félix Ramos da Cruz – com quem já havia estabelecido parceria antes mesmo da chegada dos fundadores.
Félix Ramos da Cruz
Félix Ramos da Cruz tinha relações de amizade com o Capitão Pahóc e era um grande conhecedor da região. Além disso, era também um importante língua. Os línguas gozavam de reconhecido prestígio, advindo de sua habilidade em intermediar, por meio de simultânea tradução oral, aquela que era considerada uma difícil (e às vezes perigosa) comunicação entre indivíduos de diferentes culturas.
Os línguas não dispunham de livros para a aprendizagem do idioma, até porque, ao que se sabe, o primeiro registro do falar daqueles índios foi publicado apenas em 1909, na Alemanha, graças ao esforço de Bruno Rudolph - imigrante que elaborou dicionário em alemão da língua botocuda. Assim, a comunicação com os índios era orientada tão somente pelo esforço constante e habilidade dos línguas.
Félix casou-se com Umbelina, uma índia filha do Capitão Pahóc. A união inaugurou o livro de registros dos diretores do aldeamento, sendo o primeiro casamento oficializado em Itambacuri pelos fundadores Frei Serafim e Frei Ângelo, um ano após instalada a missão.
Dessa forma, Félix reunia não apenas a figura de um “nacional” que guardava profundos conhecimentos sobre a região e domínio da comunicação com os índios, mas também representava um elo ainda mais importante no trato de confiança com estes, sendo um importante mediador político.
Do relacionamento de Félix com Umbelina nasceu Domingos Ramos Pacó.
O Professor
Domingos Pacó foi o primeiro professor de origem indígena da região do aldeamento de Itambacuri.
Pacó foi alfabetizado pelos padres fundadores (diretores do aldeamento) e atuava como sacristão. Em seguida passou a exercer o cargo público de secretário, ecônomo e professor. Recebeu o título do magistério a 3 de janeiro de 1882, iniciando imediatamente suas atividades. Na época, Pacó tinha apenas 15 anos de idade.
O professor Pacó lecionava para filhos de indígenas e de não-indígenas em uma escola feita de pau a pique – localizada nas proximidades do convento da cidade. Permaneceu no cargo por 19 anos, até ser substituído, em 1901, pelo professor Manuel Pereira Tangrins.
Manuel Pereira era um músico casado com uma índia. A alcunha Tangrins, que lhe foi dada pelos índios e é apresentada como sobrenome, significa “músico” na língua dos nativos.
A substituição de Pacó teria sido motivada pela negligência com o cargo. O professor havia se tornado alcoólatra, o que comprometia, além da saúde, as atividades como educador. Além disso, pode-se inferir que a demissão do professor tenha se imposto sob um novo conjunto de regras relativas à administração escolar dos índios, adotada nos primórdios da República pelos diretores da então colônia indígena.
O Manuscrito de Pacó
Uma das realizações de Domingos Ramos Pacó foi a redação de um manuscrito de grande valor histórico, considerado um dos raros documentos escritos por um índio brasileiro no século XIX.
O trabalho é apresentado em 22 páginas de papel almaço, redigido com bela caligrafia, e apresenta, entre outras impressões, uma visão particular sobre a origem das cidades de Itambacuri e Igreja Nova. A obra é intitulada “Pequena narração ou origem de como foi descoberto o Itambacuri – 1873”.
O manuscrito apresenta notícias históricas e é também interessante pelo expresso amor à raça e língua indígenas, contendo várias passagens escritas no idioma original de Pacó. Em uma dessas passagens, Pacó traça um auto-retrato e se coloca entre os primeiros professores de Itambacuri.
Ele fala também sobre os padres fundadores afirmando que eles, conhecendo sua inteligência e aproveitamento nas letras, pediram ao Governo Provincial autorização para incluí-lo no ensino do aldeamento indígena de Itambacuri.
Pacó aproveita para registrar que sua escola chegou a ter o maior número de matrículas de filhos de indígenas. No texto, também fica clara a mágoa com ex-alunos que tiveram com ele “conhecimentos úteis a respeito da instrução primária e, agora que ocupam cargos, sentem vergonha de dizer que foram educados por um professor indígena”. E segue, reprovando os que se envergonham da descendência indígena.
No seu relato, Pacó descreve uma visão da selva diferente da dos colonizadores. Para ele, a selva era um local de recreação, idéia que contrasta com os medos e perigos descritos pelos missionários. Pacó ressaltava que todos aqueles córregos, rios e serras já possuíam um nome em língua indígena antes mesmo da chegada dos colonizadores.
Segundo Izabel Missagia de Mattos, a memória da fundação da missão em Itambacuri, escrita pelo professor, pode ser lida não apenas como crítica, mas, no limite, como uma verdadeira denúncia da pedagogia excludente e da invisibilidade gerada sobre a participação do indígena no trabalho realizado pelos capuchinhos.
Fim da vida
Após deixar o magistério, Pacó retirou-se para as matas. Tempos depois, mudou-se para Igreja Nova (atual Campanário) onde, a pedido de moradores, chegou a abrir uma escola e lecionar.
Pacó foi casado com uma indígena de nome Zulmira Jupeti, com quem teve filhos.
O professor bilíngüe, figura de importância além da história itambacuriense, viveu seus últimos anos na cidade de Campanário, onde faleceu no ano de 1935.
Referências bibliográficas
- MATTOS, Izabel Missagia de. Civilização e Revolta – Os Botocudos e a Catequese na Província de Minas. EDUSC. Bauru – 2003.
- MATTOS, Izabel Missagia de. Domingos Ramos Pacó, professor bilíngüe e intérprete do aldeamento missionário do Itambacuri, MG. XXIV Simpósio Nacional de História, São Leopoldo - 2007. Seminário Temático Os Índios na História: Fontes e Problemas.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
- BRASILEIRO, Danielle Moreira. O Aldeamento Indígena Nossa Senhora dos Anjos -
PACÓ: Memória e indigenismo no Vale do Mucuri – MG. Associação Nacional de História – ANPUH. XXIV Simpósio Nacional de História. São Leopoldo – 2007.
Construção do Ginásio Pio XII
Fotos do Acervo Público Municipal - conservadas por Hélio Veiga.
Construção do Ginásio Pio XII, que depois se tornou a Escola Estadual Professor José Vicente de Mendonça, onde hoje (2016) ainda funciona a Escola Cooperativa CEPI.
Frei Agatângelo. |
DOMINGO, 24 DE JULHO DE 2016
Novena de Nossa Senhora dos Anjos - Padroeira de Itambacuri
Comemoração: dia 2 de agosto. Novena do dia 24 de julho a 1º de agosto em Itambacuri - MG.
Altar do Santuário de Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri - MG. |
Oração
Fazei, ó Deus, que ao celebrarmos a gloriosa memória da Virgem Maria, Rainha dos Anjos, possamos também, por sua intercessão, participar da plenitude de vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Oração diante do crucifixo
Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé reta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para que faça vosso Santo e verdadeiro mandamento. Amém. (São Francisco de Assis)
Introdução para todos os dias da novena: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Oração de São Francisco de Assis a Nossa Senhora
Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a Vós. Filha e serva do Altíssimo Pai Celestial. Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo. Rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu e todos os Santos junto a vosso santíssimo e amado Filho, nosso Senhor e Mestre. Amém.
Fazei, ó Deus, que ao celebrarmos a gloriosa memória da Virgem Maria, Rainha dos Anjos, possamos também, por sua intercessão, participar da plenitude de vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Oração diante do crucifixo
Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé reta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para que faça vosso Santo e verdadeiro mandamento. Amém. (São Francisco de Assis)
Introdução para todos os dias da novena: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Oração de São Francisco de Assis a Nossa Senhora
Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a Vós. Filha e serva do Altíssimo Pai Celestial. Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo. Rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu e todos os Santos junto a vosso santíssimo e amado Filho, nosso Senhor e Mestre. Amém.
1º Dia - Ó Nossa Senhora dos Anjos, nós recorremos à vossa maternal proteção: Vós que sois a Mãe de Deus e a Mãe da Igreja. Diante de Vosso Filho Salvador, intercedei por nós, que somos peregrinos neste mundo. Aos pés da Cruz, vós recebestes a missão de ser Mãe de todo gênero humano. Ensinai-nos a realizar a vontade do Pai e defendei-nos de todos os males. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
2º Dia - Ó Virgem Maria, professamos com nossa fé, a vossa Santa e Imaculada Conceição. O Todo Poderoso vos preservou do pecado, desde o vosso nascimento, em função dos méritos de Jesus Cristo. Sabemos que o pecado destrói a comunidade humana e é a causa de todos os males: guerras, divisões e injustiças. Ó Virgem pura, dai-nos a pureza de coração e a retidão em nossas intenções, a fim de que sejamos mais felizes aqui na terra e no céu. Por isso, com todos os Anjos do céu vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
3º Dia - Santa Maria, nós confessamos que vós sois a Mãe de Deus, a Mãe de Jesus, a Esposa predileta do Espírito Santo. Cremos na Vossa Maternidade Divina. Com tod a generosidade, Vós nos oferecestes o Salvador do mundo. Nos vossos braços, Jesus a oferenda pura. Fazei, ó Virgem Mãe, que jamais nos afastemos de vosso amado Filho, por mais difícil que seja a caminhada, mas estejamos prontos a levar a chama viva da fé e da felicidade em direção à pátria definitiva, o céu. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
4º Dia - "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa Palavra". Toda a vossa vida, Maria, foi um chamado sublime, não somente com a palavra, pois, a vossa vida inteira tornou-se uma só resposta de obediência. Em Vós, a fidelidade aos planos do Pai chegou à perfeição. A Palavra de Deus contida na Bíblia, é luz, é vida, é salvação. Hoje, ó Virgem Rainha dos Anjos, ensinai-nos a acolher, com generosidade, a palavra do Vosso Filho em nossos corações como Vós a acolhestes no dia da Anunciação. Queremos também ser fiéis discípulos de Jesus Cristo. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
5º Dia - Com toda a confiança, nós vos suplicamos, ó Virgem Mãe. Amparai, de uma maneira especial, as nossas famílias. Fazei que elas tenham como modelo de vida a Família de Nazaré, que apesar de conhecer as dificuldades, o trabalho de cada dia, a pobreza, permanecia unida no amor, na compreensão e na fé. Não deixeis a divisão abalar os alicerces de nossos lares. Que em nossas mesas jamais falte o pão necessário, fruto do trabalho e do da Providência. Conduz os esposos na unidade, as crianças e os jovens através de uma educação sólida e cristã. Sede a Rainha de todas as famílias e da nossa cidade. Confiamos na vossa poderosa proteção, hoje e sempre. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
6º Dia - Salve, ó Rainha dos Anjos! Salva, ó Rainha Nossa! Somos felizes por termos recebido do Pai uma Mãe cheia de graça, cheia de amor e disponibilidade para nos dirigir e nos orientar. Toda a vossa vida se resumiu em servir, em acolher, em confortar aqueles que sofrem, enfim, em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Dai-nos a perseverança no caminho do bem e ensinai-nos a sermos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, agora e na hora da nossa morte. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
7º Dia - Intercedei por nós, Santíssima Virgem. A Igreja inteira prosta aos vossos pés, esperando o vosso auxílio. Defendei-a de todos os perigos e das forças malignas. Fortalecei nosso Papa, o Vigário de Cristo, para conduzir na unidade o seu rebanho. Sede a nossa Rainha, o "auxílio dos cristãos", a "Consoladora dos aflitos". Vós sois a nossa segurança, o nosso estímulo e o nosso exemplo. Fazei que o Evangelho seja anunciado até os confins da terra e todos se disponham a aceitar a salvação trazida por Vosso Filho. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria (rezar Ave Maria)
8º Dia - Glória ao Pai, a Jesus Cristo e ao Espírito Santificador, que realizaram grandes maravilhas em Maria. Não houve, nem haverá criatura tão santa, tão sublime e tão radiante como Ela. Os Anjos e os Santos vos louvam, ó Mãe amável. E nós também elevamos nossos olhos para Vós, com profunda confiança filial. Sede para vossos filhos refúgio e amparo, a fim de que possamos chegar ao céu. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria (rezar a Ave Maria
9º Dia - Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula, São Francisco receeu as vossas bênçãos generosas justamente com sua Ordem. Ele, que depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos, continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares. Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos nossos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro. Tudo é possível para aquele que crê, para aquele que se arrepender. Vós, ó Mãe, manifestaste a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma Cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora da nossa morte. Por isso, com todos os Anjos do céu, vos saudamos. Ave Maria... (rezar a Ave Maria)
Oração Final (para todos os dias)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, implorando a vossa assistência e reclamaram o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado eu, com igual confiança, a Vós, ó Virgem Bendita, como a minha mãe recorro, de Vós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados me prosto a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram a vossa proteção, implorando a vossa assistência e reclamaram o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado eu, com igual confiança, a Vós, ó Virgem Bendita, como a minha mãe recorro, de Vós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados me prosto a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.
SÁBADO, 2 DE MAIO DE 2015
DOMINGO, 25 DE MAIO DE 2014
DOMINGO, 16 DE JUNHO DE 2013
Capela Santa Clara
Vista da entrada da Escola Normal Santa Clara e da Capela Santa Clara. |
Veja mais no texto sobre o Colégio Santa Clara, clicando AQUI.
DOMINGO, 6 DE MAIO DE 2012
Santuário e Colégio Pio XII
Vista aérea do Santuário Nossa Senhora dos Anjos e do antigo Colégio Pio XII. Ao fundo do Santuário, pode-se ver as instalações do Convento da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Um pouco abaixo, o prédio do Antigo Museu (que já não existe mais), e o local onde havia um pomar.
Em seguida aparece o antigo Colégio Pio XII, que tempos depois passou a ser Escola Estadual Professor José Vicente de Mendonça. Hoje, o prédio abriga a Escola CEPI. Na imagem também se pode ver a rua Seráfica, ainda com poucas edificações, e o local onde hoje fica a praça São Francisco de Assis.
Vista aérea recente do Santuário e da praça São Francisco de Assis |
DOMINGO, 4 DE MARÇO DE 2012
Campo de Aviação de Itambacuri
O Campo de Aviação de Itambacuri foi um dos primeiros na região que se interpõe entre o Vale do Mucuri e o do Rio Doce. Entre outras vantagens, este campo permitia a integração aérea entre Itambacuri e a capital mineira, facilitando o acesso a cidades estratégicas como Governador Valadares e Teófilo Otoni.
O vídeo abaixo faz parte de um trabalho produzido pelo cineasta William Gericke, provavelmente em virtude das comemorações do Centenário de Itambacuri, em 1973. No trecho apresentado, pode-se ver uma aeronave realizando manobra no Campo de Aviação de Itambacuri.
O vídeo abaixo faz parte de um trabalho produzido pelo cineasta William Gericke, provavelmente em virtude das comemorações do Centenário de Itambacuri, em 1973. No trecho apresentado, pode-se ver uma aeronave realizando manobra no Campo de Aviação de Itambacuri.
Para assistir, clique no símbolo de "play".
O Campo de Aviação foi construído tendo por base um estudo feito pela III Zona Aérea Federal, que permitiu a abertura de licitação para as obras. O local escolhido fica a uma distância de 10 quilômetros da cidade, em uma baixada às margens da BR-116. A empresa que ganhou o direito sobre a empreitada foi a Construtora Barão Ltda.
No final do ano de 1954 a obra estava concluída. Já em 1955 foram iniciados vôos regulares para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, primeiramente pela Nacional Transportes Aéreos, depois pela Real e, em seguida, pela Varig.
Com o asfaltamento da rodovia BR-116, a construção do Aeroporto de Governador Valadares e uma nova política aérea adotada pelo governo de maneira pouco clara, os vôos foram suspensos. O Campo de Aviação passou a ser usado apenas para pousos de emergência e de táxi aéreo, ficando sua conservação a cargo da Prefeitura de Itambacuri.
Hoje, o Campo de Aviação encontra-se desativado e há indícios de que a área esteja ocupada. Dizem que se cogita de reativá-lo, pois as condições físicas da região para abrigar um aeroporto seriam muito boas, notadamente no local do Campo. Outros locais próximos, inicialmente considerados, apresentam estrutura comprometida ou inadequada (segundo reportagens sobre o tema).
Hoje, o Campo de Aviação encontra-se desativado e há indícios de que a área esteja ocupada. Dizem que se cogita de reativá-lo, pois as condições físicas da região para abrigar um aeroporto seriam muito boas, notadamente no local do Campo. Outros locais próximos, inicialmente considerados, apresentam estrutura comprometida ou inadequada (segundo reportagens sobre o tema).
Vista do Campo de Aviação em setembro de 2011. |
Várias cercas delimitam o terreno do antigo Campo de Aviação. Ao fundo, está a BR-116. |
Dizem também que haveria por parte do Governo de Minas a intenção de reativar pequenos aeroportos, o que renova a expectativa de que Itambacuri possa voltar a ter o seu Campo de Aviação em pleno funcionamento.
A página na internet da Secretaria Estadual de Transporte e Obras Públicas – SETOP, de Minas, apresenta vasta documentação digitalizada sobre os procedimentos administrativos atinentes à construção do Campo de Aviação de Itambacuri. Ao longo do desenvolvimento dos estudos e da execução do projeto, muitos políticos e secretários de governo conhecidos na região tiveram de assinar os papéis necessários para dar seqüência à obra.
Os documentos podem ser visualizados no acervo da SETOP clicando AQUI.
O documento exibido ao se clicar no link apresenta, entre outros dados, os nomes do Prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni e do Chefe do Serviço de Fazenda Serafim Ângelo da Silva Pereira. Navegando pela página, podem ser vistos vários outros documentos.
A página na internet da Secretaria Estadual de Transporte e Obras Públicas – SETOP, de Minas, apresenta vasta documentação digitalizada sobre os procedimentos administrativos atinentes à construção do Campo de Aviação de Itambacuri. Ao longo do desenvolvimento dos estudos e da execução do projeto, muitos políticos e secretários de governo conhecidos na região tiveram de assinar os papéis necessários para dar seqüência à obra.
Os documentos podem ser visualizados no acervo da SETOP clicando AQUI.
O documento exibido ao se clicar no link apresenta, entre outros dados, os nomes do Prefeito Dr. Vital Salvino Ottoni e do Chefe do Serviço de Fazenda Serafim Ângelo da Silva Pereira. Navegando pela página, podem ser vistos vários outros documentos.
SEXTA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2012
Lançamento da Pedra Fundamental do Grupo Escolar Frei Gaspar de Módica - 1948
Clique na imagem para vê-la ampliada. |
Frei Inocêncio, Frei Sixto e Frei Daniel abençoam a pedra fundamental do Grupo Escolar Frei Gaspar de Módica - no dia 30 de dezembro de 1948. Eles estão acompanhados do então prefeito Lauro Lopes e de personalidades itambacurienses - dentre os quais Joaquim Lopes da Silva, representantes da família Ganem, Manuel de Ernesto, Serafim Ângelo da Silva Pereira, Dona Nazira, representantes da família Ali Modad, dentre muitos outros.
SÁBADO, 19 DE NOVEMBRO DE 2011
História do Colégio Santa Clara - Parte I
Introdução
Situação no Brasil - o pedido do aldeamento de Itambacuri
Quando visitou a região, o bispo de Diamantina – Dom Joaquim Silvério de Souza, sugeriu a frei Serafim que criasse um colégio para meninas, a ser administrado por freiras. Além da sugestão, Dom Joaquim também ofereceu ajuda financeira e logística para o empreendimento.
A incumbência de organizar os primeiros trabalhos e dirigir o colégio ficou a cargo da superiora irmã Bernardina.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
Madre Serafina de Jesus |
A história do Colégio Santa Clara, em Itambacuri - MG, começa na cidade de Forli, Itália, com a criação do Instituto das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento – ICFMSS, no dia 1º de maio de 1898.
A fundadora, Madre Serafina de Jesus (nascida Francesca Farolfi), tinha sido por mais de 20 anos freira na Congregação das Irmãs de Santa Elisabeth, convento que mantinha um pequeno colégio para moças em Forli. Havia uma tendência na Itália do século XIX de abrir escolas ligadas a ordens religiosas.
Logo que entrou para o convento das franciscanas, Madre Serafina assumiu a direção da escola. A Madre tornou-se conhecida por sua personalidade forte e trato competente na criação e administração de instituições de ensino, sendo muitas vezes chamada para abrir escolas, passando depois sua administração a outrem, após consolidadas.
Como seu objetivo era sobretudo a renovação dos métodos de ensino, nem sempre eram pacíficas as relações entre Madre Serafina e seus superiores, mais ligados aos processos tradicionais.
Assim, anos mais tarde a irmã fundou o Instituto das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento, com o firme propósito de continuar a promover mudanças nos modos de ensinar. No dia 14 de maio de 1898 14 freiras professaram seus votos no novo Instituto, que daí por diante iniciou seu processo de expansão.
Madre Serafina preferia abrir escolas em regiões pobres, onde houvesse maior necessidade de assistência, mas seu grande sonho era estabelecer comunidades de missão em terras estrangeiras. Em 1901 este sonho começou a se concretizar, quando 4 freiras partiram para uma missão na Índia.
Em 1907 outras 4 irmãs saíram da Itália para missão em país estrangeiro: o Brasil. Especificamente, em Itambacuri.
Situação no Brasil - o pedido do aldeamento de Itambacuri
Os aldeamentos, como era o caso de Itambacuri na época, normalmente deveriam ter escolas separadas para meninos e meninas, como de resto ocorria com todas as escolas do país.
Dom Joaquim |
Para construir o colégio das meninas, os frades obtiveram do Estado a concessão de dois lotes urbanos e três rurais, totalizando uma área aproximada de 760 mil metros quadrados.
No período, frei Serafim trabalhava na construção de uma escola para meninos. Tal obra foi paralisada para que a mão-de-obra fosse utilizada no novo colégio. Em ritmo acelerado, a construção foi concluída no ano de 1906.
Desde a idéia da criação do colégio, Dom Joaquim se articulava para conseguir uma comunidade religiosa que se interessasse pelo projeto. Foi aí que a obra de Madre Serafina apareceu como solução prática e cabível para a questão.
A freira era habilidosa não apenas na criação das escolas, mas também na formação de professores. Além disso, tinha a manifesta vontade de expandir sua obra para missões em regiões carentes, como a esta altura já havia feito com a Índia.
A busca de Dom Joaquim encontrou então uma situação ideal para convidar as freiras do Santíssimo Sacramento a criar o colégio em Itambacuri. O convite foi feito por meio do Núncio Apostólico Dom Júlio Tonti, que escreveu diretamente para a fundadora do Instituto, Madre Serafina, e conseguiu convencê-la da importância do projeto.
Madre Serafina encarou o convite como uma mensagem divina e prontamente aceitou a missão. Restava agora conseguir voluntárias entre as irmãs que pudessem se interessar pelos trabalhos no Brasil.
A Madre teve papel importante também nessa fase, conversando com as irmãs de forma discreta para não influenciar diretamente em uma decisão tão importante quanto a de se deslocar para missões em terras distantes e desconhecidas. Em pouco tempo, apresentaram-se 4 voluntárias.
As 4 freiras receberam instruções e começaram os preparativos para a vinda ao Brasil. Em maio de 1907, estava tudo pronto para a partida.
Irmãs pioneiras – o embarque para o Brasil
As 4 irmãs missionárias |
As freiras que se sentiram vocacionadas e aceitaram o desafio da missão foram: Benedita do Redentor (Onesta Braga), Ana dos Inocentes (Malvina Leoni), Francisca dos Santos Estigmas (Santina Gardigli) e Bernardina do Santo Nome de Jesus (Emma Baldassari).
No dia 27 de maio de 1907, as irmãs missionárias saíram da Abadia de Bertinoro, na Itália, em direção ao porto de Gênova, onde chegaram na noite do dia 28. Em Gênova fizeram os últimos preparativos para embarcar para o Brasil, já no dia 30.
Chegado o dia da partida, as missionárias foram acompanhadas por Madre Serafina e Irmã Verônica até o porto, onde embarcaram no navio Umbria, de uma companhia de navegação italiana.
A chegada ao Rio de Janeiro
A viagem do porto de Gênova até o Rio de Janeiro durou 15 dias. Assim, a 15 de junho de 1907 as freiras estavam em solo brasileiro.
No Rio de Janeiro as Irmãs Clarissas foram recebidas por frei José de Castrogiovanni, superior do Convento dos Capuchinhos do Morro do Castelo.
Navio Umbria |
As irmãs permaneceram na cidade por 6 dias, ficando hospedadas com as Filhas de São Vicente, na Baía do Botafogo. Elas aproveitaram este tempo para conhecer o Rio de Janeiro e se informar sobre a realidade que encontrariam na missão.
Dentre as autoridades religiosas com quem estiveram no Rio está o cardeal Dom Joaquim Arcoverde Cavalcante (primeiro cardeal da América do Sul), que conversou com as irmãs orientado-as sobre a índole e os costumes do povo brasileiro. Além disso, o Cardeal deu a elas duas sugestões: a primeira, que redigissem um diário para as recordações da missão, e a segunda, que dessem ao colégio a ser fundado o nome de Santa Clara.
Parte brasileira da viagem: Rio de Janeiro, São Mateus, Caravelas, Filadélfia.
No dia 22 de junho retomaram a viagem para Itambacuri. Como não havia estrada de terra e nem ferrovia entre o Rio de Janeiro e o Vale do Mucuri, boa parte do trajeto foi feito pelo mar.
A primeira etapa da viagem foi feita em um navio da companhia Lloyd Brasileiro Mayrink, que seguiu pela costa brasileira até a Bahia, onde seria possível partir de trem para Minas Gerais.
Depois de 4 dias no mar (no dia 26), fizeram a primeira parada em São Mateus, no Espírito Santo. As irmãs aproveitaram para participar da missa na igreja paroquial e no dia seguinte retomaram a viagem. Dessa vez, rumo a Caravelas – Bahia.
Em Caravelas estava sendo comemorada a festa de Nossa Senhora dos Navegantes. O barco então ficou parado por 2 dias em virtude dos festejos. As irmãs não desembarcaram, acompanhando apenas ao que foi possível ver do barco.
A parte final da viagem deu-se no dia 1º de julho, já em Ponta de Areia, Bahia, onde as irmãs pegaram um trem para Filadélfia (hoje Teófilo Otoni).
De Filadélfia a Itambacuri – último trecho
No dia 2 de julho, às 4 da tarde, as irmãs chegaram a Filadélfia, onde algumas pessoas as aguardavam. Ficaram hospedadas na casa do coronel Senna e no dia seguinte cumpririam a última parte da viagem: percorrer a cavalo os 38 quilômetros que separavam Itambacuri de Filadélfia.
As irmãs foram acompanhadas por dois frades e uma comitiva de 30 pessoas. Durante o trajeto muita gente se juntou ao grupo, que chegando a Itambacuri contava quase cem cavaleiros.
O cortejo chegou à cidade no dia 3 de julho de 1907. Os fundadores, frei Serafim e frei Ângelo, aguardavam as missionárias.
As freiras foram recebidas com festa, foguetes, repicar de sinos e banda de música. Conta-se que esta foi a primeira apresentação de banda de música de que se tem registro em Itambacuri.
Além disso, o percurso até a casa que abrigaria as irmãs e o colégio estava enfeitado com flores, bananeiras e bandeirinhas.
Já no dia seguinte as irmãs participaram da primeira missa realizada na capela do pequeno convento, celebrada por frei José de Castrogiovanni.
As missionárias, saídas da Itália, orientadas por Madre Serafina, continuaram a receber saudações de boas-vindas por vários dias. A esperança com a qual foram recebidas partia de uma comunidade cheia de dificuldades, que via nas irmãs uma possibilidade de melhoria nas condições de vida.
Missão estabelecida
As irmãs vieram ao Brasil com uma missão clara: abrir um colégio para educação de crianças indígenas órfãs e para as crianças filhas dos não-índios que estavam estabelecidos na região.
As irmãs vieram ao Brasil com uma missão clara: abrir um colégio para educação de crianças indígenas órfãs e para as crianças filhas dos não-índios que estavam estabelecidos na região.
O trabalho das Clarissas Missionárias na educação dava-se da seguinte forma: instrução na catequese, ensino de trabalhos artesanais, e educação escolar sistemática.
Estas atividades, que foram implementadas e aperfeiçoadas no Santa Clara, serão abordadas no próximo texto: História do Colégio Santa Clara – Parte II, que será publicado em breve.
Referências
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. 3ª Edição. Companhia Editora Nacional. São Paulo - 1973.
- RODRIGUES, Carmem. Missão no Brasil das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento. Telecart. Belo Horizonte - 2003.
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