Agentes são acusados de tráfico de drogas, extorsão e tortura
(ANSA) - Um escândalo de grandes proporções na polícia italiana vem chocando tanto a Justiça como moradores de Piacenza depois que uma extensa investigação revelou que os agentes que atuavam em uma delegacia local eram responsáveis por diversos crimes, como tráfico de drogas, extorsão, abuso de poder e tortura.
Nesta quinta-feira (23), uma ação da Guarda de Finanças de Piacenza fez uma operação de busca e apreensão na delegacia que fica no centro da cidade, chamada de "Levante".
A operação teve como alvo 23 pessoas, sendo 10 policiais: cinco acusados foram presos (todos oficiais), um foi colocado em prisão domiciliar e quatro foram alvo de medidas cautelares - três com obrigação de se apresentar às autoridades quando chamados e um com obrigação de ficar em sua residência e só sair com autorização judicial.
Os agentes presos são Angelo Esposito, Salvatore Cappellano, Daniele Spagnolo, Giacomo Falanga e Giuseppe Montella, acusado de liderar o grupo que atuava como um "clã mafioso".
Segundo a procuradora-chefe de Piacenza, Grazia Pradella, o grupo fazia "crimes impressionantes" desde 2017.
Os representantes da GdF ainda apreenderam documentos no local e deram o local como "sequestrado". A Arma dos Carabineiros nomeou um interventor para gerir a delegacia e suspendeu o responsável pelo local, o comandante Marco Orlando, que está cumprindo domiciliar. O supervisor Stefano Bezzeccheri não foi preso, mas é investigado.
As primeiras informações apontam que eles não cometiam os crimes, mas estavam conscientes "em algum grau" do que o grupo cometia na cidade.
A investigação começou há seis meses e quase que por acaso. Durante a investigação sobre o tráfico de drogas na região, a GdF e a Procuradoria interrogaram um carabineiro que fez referência a alguns casos ocorridos na "Levante" e que foram denunciados por um homem agredido pelos policiais que atuavam no local.
Ele teria sido agredido por fazer "concorrência" com os policiais presos, que vendiam drogas também apreendidas no local. O inquérito já tem mais de 300 páginas, com inúmeras interceptações telefônicas, e mostram como o grupo agiu ao longo dos últimos anos.
Conforme testemunhas, durante o período de lockdown causado pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o grupo se aliou com alguns traficantes locais por conta das dificuldades das negociações, já que havia o isolamento obrigatório. Se alguém estivesse fora desse grupo e vendesse os entorpecentes, era "preso, agredido e torturado" pelos agentes envolvidos.
Os crimes ainda iam além da comercialização das drogas e eram de diversas naturezas. Conforme as denúncias, Montella agrediu um vendedor de carro porque ele fez uma venda por um valor muito abaixo do preço de mercado e fez com que policiais que atuavam em outra delegacia apresentassem para ele quem era a vizinha que tinha reclamado de uma festa em sua casa, realizada durante o período do lockdown - o que era proibido.
Agora, os procuradores e a GdF querem descobrir se há pessoas presas injustamente pelo grupo de policiais.
- Agentes choraram: Segundo publicou nesta sexta-feira (24) o jornal "La Repubblica", os policiais choraram ao serem presos, com exceção de Montella, e negaram que faziam parte do esquema - o que os procuradores afirmam ser impossível dada as claras provas contra o grupo.
Conforme uma fonte da polícia falou ao jornal "eles não têm muitas alternativas senão colaborar com as investigações". No entanto, Montella foi o único que ficou sereno durante a prisão. (ANSA).
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