domingo, 20 de março de 2022

Filho de Mussum denuncia racismo em shopping: ‘medidas de segurança’

 O dentista Igor Palhano fez um desabafo no Instagram contando que foi impedido de sair do estacionamento do ParkJacarepaguá com a própria moto mesmo depois de mostrar os documentos: ‘preciso usar máscara branca na cara?’


Jéssica Gotlib
postado em 04/03/2022 12:00 / atualizado em 04/03/2022 12:00
'Vou precisar fazer mais quantas faculdades pra tentar ser visto de outra forma?', escreveu Palhano no relato -  (crédito: @dr_igorpalhano/Instagram/Reprodução)
'Vou precisar fazer mais quantas faculdades pra tentar ser visto de outra forma?', escreveu Palhano no relato - (crédito: @dr_igorpalhano/Instagram/Reprodução)

O dentista Igor Palhano foi ao Instagram para denunciar um caso de racismo sofrido por ele no shopping ParkJacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em vídeo gravado ainda dentro do estabelecimento, ele conta que foi impedido de sair do local com a própria moto depois de um jantar com a esposa e a sogra. O caso foi na noite de quinta-feira (3/3).

Palhano, que é filho do humorista Mussum, conta que essa foi a primeira vez que se viu em uma situação assim. “Eu não posso sair do shopping porque estão alegando que a minha moto é roubada. Já apresentei documento da moto, já apresentei identidade e eles não me deixam sair do shopping, simplesmente isso”, desabafa no 

 vídeo.

O dentista ainda acrescenta que entrou pela cancela comum, por onde a mulher dele também tinha entrado, só que de carro. Na hora de sair, ele foi impedido por um segurança que teria dito que motos não podem passar por aquele local. “Eu nunca vi isso na minha vida, um shopping pedir documento e habilitação, mesmo assim eu dei e agora eles não me deixam sair”, explicou.

Na legenda, Palhano acrescentou que, cinco minutos depois da abordagem, foi conduzido a outra saída, onde teve que esperar mais. Ele chegou a procurar o atendimento ao cliente do ParkJacarepaguá, mas o posto já estava fechado àquela altura da noite. Mais de meia hora depois da primeira tentativa, ele foi escoltado até a saída principal do shopping e também filmou o momento. “Aí agora, eu tenho que ser levado até a portaria, depois de falar muito, né?!”, fala indignado.

O dentista ainda relata que conversou com outro segurança, também um homem negro, que concordou que se a mesma situação não ocorreria com um cliente branco. “Fui escoltado feito um bandido até a porta. Então eu pergunto, ser preto hoje em dia é isso??? Vou precisar fazer mais quantas faculdades pra tentar ser visto de outra forma??? Ou preciso usar máscara branca na cara? Acho que nem assim tenho respeito. Nojo desse shopping e nojo desses seguranças. Espero nunca mais passar perto desse @parkjacarepagua”, finalizou.

Correio entrou em contato com o ParkJacarepaguá que encaminhou uma nota via assessoria de imprensa. Leia na íntegra: "A administração do shopping informa que está apurando o caso internamente. A empresa esclarece ainda que repudia qualquer tipo de discriminação."

Crime

Casos como o do dentista podem ser enquadrados como racismo, segundo a Lei nº 7.716/1989, ou injúria racial, previsto no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal. A tipificação depende da apuração feita pelo delegado da Polícia Civil que for responsabilizado pela investigação. No primeiro crime, a pena pode chegar a cinco anos de prisão. No segundo, varia de um a três anos de reclusão, com possível aplicação de multa.


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