Integrantes de acampamento na cidade de Tumiritinga alegam
que duas aeronaves sobrevoaram o local atirando bombas
e coquetéis molotov, e que uma das aeronaves caiu e a outra
deixou o local.
postado em 15/07/2015 11:40 / atualizado em 15/07/2015 14:02
O corpo de Genil da Mata será velado em uma quadra da cidade
Segundo o MST, este seria um dos tratores, com uma espécie de blindagem, que teria sido usado para invadir o acampamento. A foto foi publicada no site do movimento
Representantes dos sem-terra que ocupam uma área em Tumiritinga, no Vale do Rio Doce, voltaram a afirmar nesta quarta-feira que o acampamento do grupo foi alvo de bombas e coquetéis molotov na tarde passada, antes da queda da aeronave que matou o prefeito de Central de Minas, Genil Mata da Cruz (PP), de 39 anos, e um funcionário particular, identificado apenas como Douglas.
“Por volta das 16h15, duas aeronaves começaram uma rasante sobre o acampamento jogando bombas e coquetéis molotov. Isso aqui virou um campo de guerra. Por volta das 16h40, uma das aeronaves caiu e a outra foi embora. Havia mais ou menos 300 pessoas, sendo 20 crianças”, diz Edilene dos Santos, uma das lideranças do Movimento dos Sem-Terra (MST) no local. Segundo ela, este é o segundo ataque registrado na área. “Na madrugada de sexta-feira, homens em dois tratores e uma Blazer preta atiraram contra o acampamento e
jogaram foguetes”.
As pessoas que vivem no local refutaram a acusação de que teriam disparado tiros contra os aviões e ainda destacam que a aeronave se acidentou a 200 metros do acampamento. Apesar de temerem retaliações, eles não pretendem deixar o terreno.
O caso será investigado pela Polícia Civil. Entre as versões para o episódio, levantadas ainda na terça-feira, há a denúncia de que a aeronave estivesse sendo usada para intimidar os ocupantes do assentamento, e de que o aparelho tenha sido abatido. Em entrevista ao EM, ontem, o advogado Siranides Eleotério Gomes, que representa a família de Genil Mata da Cruz, disse acreditar que o cliente fazia fotos do terreno, por sugestão dele. As imagens seriam anexadas aos documentos da reintegração de posse que será impetrada na Justiça de Belo Horizonte.
Sobre o episódio da última sexta-feira, envolvendo os tratores, o advogado Siranides disse desconhecer o fato, mas afirmou que, se os veículos agrícolas são da família do prefeito, não há nenhuma ilegalidade em estarem nas terras deles.
“Genil tentou negociar a saída pacífica com os invasores e houve resistência. Ele então me procurou e pediu que entrasse com uma ação na Justiça. Não agiria por conta própria, já que conseguiria a reintegração de posse por decisão judicial”, disse. Siranides esteve no local do acidente, acompanhado do pai de Genil. “Achei estranho que uma das asas do avião estivesse a cerca de 200 metros do local da queda. Espero que a polícia apure se o avião foi abatido de forma criminosa”, afirmou.
A asa a que se refere o advogado estava praticamente intacta, próximo a uma linha férrea. Aparentemente não tinha perfurações que sugerissem tiros. Na área do acampamento havia vários sacos plásticos estourados, que pareciam estar com líquido semelhante a combustível. Porém, não foi colocado fogo no local. Apenas um pequeno espaço de mata estava queimado. (Com informações de Landercy Hemerson)
INVESTIGAÇÃO Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, os dois corpos passaram por exames no Instituto Médico Legal (IML) de Governador Valadares e devem ser liberados depois do reconhecimento dos corpos, que será feito por familiares. O vice-prefeito de Central de Minas, Enéias Mendes disse que a expectativa é de que o corpo seja velado ainda nesta quarta-feira na quadra poliesportiva do município. A prefeitura também decretou luto oficial de três dias.
A Aeronáutica informou nesta quarta que ainda aguarda o parecer do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), pois acidentes com o tipo de aeronave usado pelo prefeito – um monomotor experimental – normalmente não são investigados. A Polícia Civil informou, ainda, que o caso será apurado pela Delegacia de Conselheiro Pena, que também é responsável por Tumiritinga
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