quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Incêndio em vegetação atinge duas casas em Teófilo Otoni

Segundo bombeiros, vizinho colocou fogo em pedaços de madeira, mas chamas se espalharam e atingiram casas; não havia ninguém nas residências no momento.


Incêndio atingiu duas casas no bairro Novo Horizonte, em Teófilo Otoni — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Incêndio atingiu duas casas no bairro Novo Horizonte, em Teófilo Otoni — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação



Um incêndio em vegetação se espalhou, atingiu e consumiu duas casas na tarde desta quarta-feira (6) no bairro Novo Horizonte, em Teófilo Otoni (MG). Segundo o Corpo de Bombeiros, um homem que mora próximo ao local colocou fogo em alguns pedaços de madeira, mas as chamas se espalharam rapidamente e atingiram as residências.




Ainda segundo os bombeiros, as duas residências foram completamente consumidas pelas chamas, mas os militares conseguiram impedir que o fogo atingisse uma terceira casa. Seis bombeiros participaram do combate, que terminou por volta de 17h. Foram utilizados 12 mil litros de água.


Não havia ninguém nas casas no momento do incêndio. O vizinho que deu início ao fogo se apresentou voluntariamente da Delegacia Civil.


Fogo em vegetação se espalhou e atingiu residências no bairro Novo Horizonte, em Teófilo Otoni — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Fogo em vegetação se espalhou e atingiu residências no bairro Novo Horizonte, em Teófilo Otoni — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação



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Conduta da PM em caso de suicídio de militar é questionada pela Comissão de Segurança Pública

Criado: Segunda, 11 Novembro 2019 13:33



Conduta da PM em caso de suicídio de militar é questionada pela Comissão de Segurança Pública-1







O caso do suicídio do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Leandro Cardoso Novais, ocorrido no último dia 15, será levado à Justiça, para que seja apurada a conduta institucional da corporação. Essa foi uma das ações anunciadas pelo deputado Sargento Rodrigues ao final da reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, a qual preside, realizada nesta quinta-feira (07/11), para apurar os fatos que antecederam o ato. Um dos objetivos da ação é provocar o enfrentamento das consequências irreversíveis que alguns procedimentos administrativos podem causar ao policial.

 

“Em pouco mais de um mês, é a segunda vez que a comissão se reúne para tratar do mesmo tema. Estamos enfrentando um aumento de casos de autoextermínio entre servidores da segurança pública e as instituições precisam tratar as causas, com urgência. Está claro e notório que o estresse inerente à profissão agrava a situação de risco, mas, muitas vezes, o gatilho está no assédio moral, na punição injusta e excessiva, na perseguição que existe por trás de atos e decisões de quem possui o poder da caneta”, ressaltou o deputado, que também irá propor alterações na legislação.

 

O primeiro depoimento ouvido pela comissão foi o da viúva do cabo Leandro, Denísia Barreiro da Costa Novais. Muito emocionada, relatou todas as dificuldades que antecederam o falecimento do marido, com quem tem dois filhos pequenos. Segundo ela, todo o atordoamento começou após ele ser transferido de Teófilo Otoni, onde residiam, para Araçuaí, a mais de 200 km de distância da família. O ato foi a segunda punição aplicada ao militar em razão de um procedimento administrativo apuratório, ao qual foi submetido sob a acusação de fazer “bico” para complementar a renda familiar. Ele já havia perdido pontos em sua ficha funcional e sido suspenso por três dias das atividades, com consequente desconto no vencimento. A transferência para a 14ª Cia Independente aconteceu por ordem do coronel Sérvio Túlio Mariano Salazar, então comandante da 15ª RPM, que, ao assumir o posto, pediu a reabertura do caso.

 

Segundo Denísia Novais, desde então o marido começou a apresentar quadro severo de depressão e a manifestar a intenção de tirar a vida de terceiros e também a própria. Várias foram as tentativas para reverter a situação no âmbito administrativo, mas não obtiveram sucesso. Ela afirma que Leandro chegou a ser ameaçado com transferência para uma unidade ainda mais longe de Teófilo Otoni que Araçuaí, se continuasse insistindo. Diante disso, decidiram acionar a justiça, mas não houve tempo para aguardar a decisão. “Ele não conseguiu esperar. Em ato de total desespero, tirou a própria vida e nos deixou um vazio sem fim”, relatou a irmã do militar, Débora Cardoso Novais. Ela reafirmou os fatos narrados pela cunhada e lembrou a última foto que recebeu do irmão, na qual ele estava irreconhecível, definhando em meio a tanta tristeza, num quadro explícito de extremo sofrimento, descrito em laudo psiquiátrico lido por ela.

 

Denísia resgatou o histórico de consultas, laudos, exames, indicações de tratamentos psicológico e psiquiátrico e internação de Leandro. “Ainda assim, ele chegou a ter atestados médicos indeferidos pela PM e constantemente eram feitas insinuações de que estava era querendo ‘dar o chapéu’. Tudo isso foi agravando o quadro dele, pois, além de estar extremamente infeliz longe da família, ainda se sentia injustiçado e perseguido pela corporação”, relatou.

 

Em razão de um dos últimos episódios de surto que Leandro apresentou ao chegar em casa, Denísia conta que o levou ao atendimento psiquiátrico e que recebeu encaminhamento médico para internação e afastamento do trabalho por 30 dias. “Esse foi um dos atestados recusados pela PM, que não foi homologado. Nesse dia, Leandro voltou para a casa transtornado. Eu procurei a Tenente Sumara Sucupira de Aguilar, perita do 44º Batalhão de Polícia Militar, para pedir ajuda, porque estava desesperada. Ela me respondeu friamente que o caso do Leandro não era grave e que eu não tinha ideia do que era ter problemas psiquiátricos, sugerindo que, já que eu queria interná-lo, a melhor alternativa era levá-lo de ônibus até Belo Horizonte e depois pegar outro para Divinópolis, onde ficava a clínica”, relatou Denísia.

 

O recibo assinado por Leandro após receber de volta a pistola .40 e munição que haviam sido recolhidos durante seis meses, quando esteve dispensado de armamento e afastado do serviço operacional pela Junta Central de Saúde, foi apresentado pela viúva como o atestado de óbito precoce de Leandro. “Depois de todos esses episódios, a PM devolveu a ele a arma que, dias depois, usou para tirar a própria vida. Ele não aguentava mais, estava exaurido, e me avisou que, se a polícia não acreditava nele, e nem mesmo nos atestados, ele ia fazer o que eles queriam na consulta com a junta médica. Ia dizer a eles que estava bem e pronto para voltar à ativa. Implorei para que não fizesse isso, mas não adiantou. Olharam para a ‘capa’ que ele vestia e se esqueceram do interior. Deram a ele ordem para trabalhar e o final, infelizmente, todos nós sabemos qual foi”.

 

 

 

OFICIAIS PM

 

O coronel Sérvio Túlio Mariano Salazar, então comandante da 15ª RPM, e responsável pela transferência de Leandro Novais para Araçuaí, explicou aos deputados que, ao assumir o comando da região, foi relatado sobre o caso. Ao verificar o procedimento, constatou a gravidade dos fatos e determinou a transferência do policial. Como justificativa, citou um memorando da Polícia Militar, que traz orientações específicas para casos como esse, determinando a movimentação como forma de punição o que, segundo ele, não se deu exclusivamente em razão de “bico”. Afirmou que desvios mais graves haviam sido cometidos, mas não esclareceu quais seriam. Ele esclareceu que, ao tomar conhecimento do quadro de saúde do militar, o encaminhou para atendimento na Clínica de Psiquiatria e Psicologia da Polícia Militar – Clips, e que nunca foi procurado pela família para tratar da transferência.

 

Desde fevereiro deste ano, o comando da 14ª Cia. PM Independente, na qual o cabo Leandro estava lotado, foi assumido pelo major Rafael Duarte Muniz. Ele relatou ter acompanhado de perto a situação do policial e que, sempre que foi por ele procurado, tentou facilitar seu acesso ao tratamento e também as visitas à família em Teófilo Otoni, o colocando nas melhores escalas, liberando para consultas e exames e o afastando do serviço de viatura, quando foi por ele solicitado, em razão de efeitos colaterais da medicação que estava usando. O oficial negou ter conhecimento de qualquer perseguição contra o cabo.

 

Sobre o retorno do militar ao serviço operacional e consequente liberação de armamento, o major relatou que, na data de 9 de setembro último, recebeu parecer da JCS, atestando que o policial estava apto voltar às atividades. Segundo ele, o próprio Leandro afirmou ao seu superior imediato estar pronto para o serviço e que o pior já tinha passado. “Não aceito ser corresponsabilizado pela morte do Leandro. Tenho a consciência tranquila e sei que fiz tudo que eu podia para ajudá-lo”.

 

Questionado pelo deputado Sargento Rodrigues sobre oficiais subordinados que faziam “bico” na região e sobre reclamações da tropa sobre perseguições, Muniz negou ter recebido denúncias. O deputado, então, relatou serem várias as denúncias de que o Tenente Fabiano Marinho, subcomandante da 14ª Cia. PM Independente, à qual Leandro pertencia, persegue e assedia moralmente seus subordinados. Além disso, mantém uma empresa em nome da esposa e que, constantemente, se desloca até lá durante o serviço para auxiliá-la. “Tenho fotos e documentos embasando as denúncias sobre a empresa e diversos relatos sobre perseguições, assédio moral, ameças. Inclusive, fiz questão de convocá-lo para esta audiência, para que pudesse nos responder sobre essas acusações. Se o Major Muniz não tinha conhecimento sobre a denúncias contra seu subcomandante, agora tem. Já foram encaminhadas ao comandante-geral e espero serem devidamente apuradas, com rigor.”, afirmou o deputado. Neste momento, a viúva revelou ser o Tenente Marinho a pessoa em quem Leandro ameaçava dar um tiro na cabeça, pois não suportava mais ser perseguido e humilhado por ele, que era seu superior direto, o que também foi confirmado pela irmã do militar.

 

Ao ser ouvido pela comissão, o tenente Fabiano Marinho, que também é o oficial do serviço de inteligência do comandante, negou que a esposa seja proprietária da referida empresa e alegou que costuma ser alvo constante de denúncias, em razão da sua atuação como P2. Ele negou ter perseguido o Cabo Leandro, alegando ser ele seu melhor amigo, com quem tinha uma relação próxima. Em sua fala, chegou a dizer que estava sofrendo mais que a família com a morte do companheiro.

 

Também esteve presente à reunião a tenente Sumara Sucupira de Aguilar, médica perita do 44º Batalhão de Polícia Militar, que foi citada por Denísia, no caso da não homologação dos atestados e também pelo descaso sobre as condições psiquiátricas dele. Muito nervosa, negou as acusações e afirmou ter tomado todas as providências que lhe eram cabíveis, sempre que foi necessário, pois tinha consciência de que o caso dele era complexo e que exigia tratamento especializado. Sargento Rodrigues relatou que chegaram ao seu conhecimento várias reclamações de que a oficial é arrogante no trato com os militares e que, constantemente, nega os atestados que lhe são apresentados. Ele também questionou a forma utilizada para redigir os relatórios sobre o Leandro, com expressões como “transferido a bem da disciplina”, dentre outras. Entre lágrimas, a oficial disse que cumpriu sua obrigação profissional e ética e admitiu a pressão existente dentro dos quartéis.

 

 

 

CONVIDADOS

 

Cristiane Santos, psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Pscologia, após ouvir todos os relatos, afirmou não ter dúvida de que a lógica institucional da PM sobre procedimentos e condutas de saúde precisa ser questionada. “A necessidade de validação por um militar, de um laudo ou perícia emitida por um profissional credenciado para tal, gera um embaraço ético, além de outros questionamentos possíveis. Esse procedimento precisa ser repensado. Policial não é super-herói! Ele é humano; adoece e entra em sofrimento”, afirmou.

 

Representando a corporação, a Tenente psicóloga Joyce Lima Carvalho de Paula, falou sobre as mudanças que estão ocorrendo visando melhor apoio à saúde emocional dos militares e de seus dependentes. Atualmente, são 47 psicólogos em todo o Estado, mas está sendo elaborado um levantamento de todos os profissionais da rede orgânica e credenciados para, em parceria com o IPSM, ampliar o atendimento. Ela ressaltou a importância de atuar no campo da prevenção, além de manter uma rede de apoio e acompanhamento em casos de estresse pós-traumático.

 

As entidades de classe dos servidores da segurança pública, ASPRA, CSCS e ASCOBOM, estiveram presentes e reforçaram as denúncias e questionamentos em relação aos critérios das punições administrativas. Todos manifestaram a necessidade de se criar, ao menos, critérios para as transferências. O presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados, cabo Coelho, sugeriu que a transferência do policial em relação à sua residência seja para uma unidade localizada a um limite entre 50 e 60 km, ideia apoiada e reforçada pelo deputado Sargento Rodrigues.

 

 

 

DESDOBRAMENTOS DA AUDIÊNCIA

 

Além de levar o caso à justiça, tanto na esfera administrativa quanto cível, o deputado Sargento Rodrigues anunciou que irão propor alterações na legislação. Para ele, ficou evidente a necessidade de se revisar as diretrizes internas da PM, de forma a sanar práticas abusivas, que levam ao adoecimento dos policiais e seus familiares. Dentre as críticas, está o poder concedido pelo Código de Ética aos comandantes para transferir, punitivamente, seus subordinados da maneira que lhe convier, sem que sejam observados e respeitados conceitos básicos envolvendo a família. “Até mesmo os presos têm assegurado, pelo Código Penal, o direito a cumprir pena próximo aos seus familiares, além de ser vetada a dupla punição pelo mesmo crime. Hoje, tivemos um exemplo de que esses dois direitos podem ser violados, quando envolve militares. O cabo Leandro foi punido duas vezes e afastado 230km da sua família”, exemplificou o deputado, afirmando que o gatilho para o suicídio do policial foi a sua transferência e o sentimento de injustiça. “Claro que outros motivos podem ter contribuído para isso, mas, não há dúvida de que a situação se agravou em razão dos últimos acontecimentos”.

 

A sugestão trazida pela representante do Conselho Regional de Psicologia, reforçada pela representante da PM, para se discutir o tema e apresentar aos deputados sugestões, foi prontamente recebida pelo presidente da Comissão, que ressaltou que a integridade física e moral é direito do policial e precisa ser assegurada pela corporação. “O apoio dos profissionais da saúde será fundamental para tratarmos a atual realidade de adoecimento emocional que tem acometido os profissionais da área de segurança”, afirmou Sargento Rodrigues.

https://www.sargentorodrigues.com.br/index.php/noticias/4044-conduta-da-pm-em-caso-de-suicidio-de-militar-e-questionada-pela-comissao-de-seguranca-publica

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