Na suposta interação, Bolsonaro teria alegado que já haviam
conseguido interceptar mensagens trocadas entre o ministro e servidores do
Judiciário
Walter Delgatti Neto, o hacker que invadiu o Telegram da Lava Jato. Foto: Reprodução
POR CARTACAPITAL | 06.02.2023 18H33
O hacker Walter Delgatti Neto, cuja fama nasceu da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, teria sido acionado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), em setembro de 2022, para grampear ilegalmente Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal. A informação é da revista Veja.
Na suposta interação com Delgatti, diz o veículo, Bolsonaro teria alegado que já haviam conseguido interceptar mensagens trocadas entre Moraes e servidores do Poder Judiciário sobre urnas e eleições. O hacker, então, teria ficado à espera de novas instruções.
Enquanto isso, Delgatti teria procurado um funcionário da operadora Tim a fim de obter ajuda para executar o grampo ilegal de Moraes. A tática se basearia na obtenção de um chip com o mesmo número usado pelo ministro, mas o interlocutor não teria aceitado participar da trama. Um trecho do suposto diálogo, gravado sem o conhecimento do hacker, foi divulgado nesta segunda.
A reportagem também liga Delgatti à invasão dos sistemas do
Conselho Nacional de Justiça, em janeiro, por meio da qual foi “expedido” um
falso mandado de prisão de Alexandre de Moraes. Outras consequências que não
haviam sido divulgadas envolvem a emissão de mais dois documentos falsos: uma
ordem de bloqueio de bens de Moraes e uma quebra de sigilo do magistrado. O CNJ
e a Polícia Federal investigam o episódio.
Em agosto passado, o advogado de Delgatti, Ariovaldo
Moreira, confirmou que seu cliente esteve em Brasília e se encontrou com o
presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido. De acordo com o
defensor, os dois foram levados ao local por Carla Zambelli. À época, fotos
apontaram que Delgatti também teria se encontrado com Bolsonaro, no Palácio da
Alvorada.
O envolvimento de Walter Delgatti com Bolsonaro teria
ocorrido três meses antes do suposto plano golpista desenvolvido pelo então
presidente e pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). A trama teria sido
relatada em dezembro ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), que prestou
depoimento à Polícia Federal na última quinta 2. A ideia seria grampear
ilegalmente Alexandre de Moraes, a fim de que a gravação servisse para prender
o magistrado e viabilizar um golpe de Estado.
Na última sexta 3, Moraes determinou a abertura de uma
apuração contra Marcos do Val. O ministro do STF considerou que, diante das
diferentes versões apresentadas pelo parlamentar, deve-se apurar se ele cometeu
os crimes de falso testemunho,
denunciação caluniosa e coação.

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