Por Isabela Camargo, Fernando Zuba, Camila Bomfim e Pedro Alves Neto, TV Globo e g1 DF
Oito pessoas são alvos de prisão durante a primeira fase da operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20) e que mira financiadores e participantes de atos terroristas ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro.
Até a última atualização desta reportagem, cinco pessoas
tinham sido presas:
Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, conhecido como Ramiro dos
Caminhoneiros
Randolfo Antonio Dias, em Minas Gerais
Renan Silva Sena, no DF
Soraia Bacciotti, do Mato Grosso do Sul
Leonardo Alves Fares
Um dos alvos, Raif Gibran Filho, estava em casa quando os
policiais chegaram, mas fugiu pela janela da residência e não foi mais
encontrado. Todos incitavam atos golpistas nas redes sociais (veja detalhes
sobre os detidos abaixo).
Os outros dois alvos são:
Rieny Munhoz Marcula
Diogo Arthur Galvão
A ação foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, que
também expediu 16 mandados de busca e apreensão. As ordens estão sendo
cumpridas nos seguintes locais:
Distrito Federal: 5 ordens de busca e apreensão e 2 prisões;
Goiás: 1 de busca e apreensão;
São Paulo: 7 de busca e apreensão e 3 prisões;
Rio de Janeiro: 1 de busca e apreensão e 1 prisão;
Minas Gerais: 1 de busca e apreensão e 1 prisão;
Mato Grosso do Sul: 1 de busca e apreensão e 1 prisão.
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Quem são os alvos?
Ramiro dos Caminhoneiros:
Ramiro dos Caminhoneiros convoca para atos golpistas em Brasília — Foto: Instagram/Reprodução
Preso nesta sexta, Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior
publicou imagens dos atos terroristas nas redes sociais.
Ele também esteve em Brasília e, após o desmonte do
acampamento golpista no Quartel-General do Exército, chegou a visitar o ginásio
da PF onde os detidos eram mantidos. Ele disse que conseguiu entrar no local
"miraculosamente".
"Quando eu cheguei aqui, abriram a cancela
miraculosamente. Eu não tenho palavras para descrever isso, coisa de
Deus."
Ramiro, que é filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair
Bolsonaro, foi candidato a deputado estadual pelo estado de São Paulo. Segundo
dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele recebeu R$ 150 mil em recursos
da sigla. No entanto, não se elegeu.
Nas redes sociais, onde tem mais de 70 mil seguidores, o
golpista incitava atos antidemocráticos com frequência e é citado como um dos
organizadores desses grupos.
No dia 3 de janeiro, ele publicou um vídeo convocando
golpistas para irem a Brasília. Na gravação, disse que "a coisa vai
começar nos próximos dias" e escreveu a legenda: "09/01/2023 em
diante o Brasil vai parar".
Randolfo Antonio Dias, preso em operação contra atos terroristas — Foto: Reprodução
Segundo as investigações, ele participava do acampamento
golpista em frente ao QG do Exército em Belo Horizonte (MG).
Em grupos de mensagens, ele incitava ações ilegais, como
bloqueio de refinarias, e enviava áudios desejando pela morte do presidente
Lula e do ministro do STF Alexandre de Moraes. De acordo com a apuração,
Randolfo não tinha antecedentes criminais.
Renan Silva Sena
Ex-funcionário terceirizado do governo, Renan usava seu
canal em uma rede social para incitar os atos na Esplanada dos Ministérios. Em
um vídeo, publicado do QG do Exército no dia 6 de janeiro, ele chamava para uma
"grande ação neste fim de semana".
Renan Silva Sena foi preso em casa, no DF, onde os agentes
encontraram R$ 22 mil em espécie.
Em 2020, ele já tinha sido levado à delegacia pelos crimes
de calúnia e injúria, após divulgar vídeo com ofensas contra autoridades dos
Três Poderes e o governador Ibaneis Rocha (MDB). Ele foi liberado após assinar
um termo de comparecimento em juízo.
Alguns meses antes, no mesmo ano, ele xingou e agrediu duas
enfermeiras durante um ato pelo isolamento social, em Brasília.
Soraia Bacciotti:
Soraia Bacciotti, presa durante operação contra atos golpistas — Foto: Instagram/Reprodução
Intérprete de libras, Soraia é do Mato Grosso do Sul e
também participava de ações de bolsonaristas radicais.
Raif Gibran Filho
Raif Gibran Filho foi alvo da operação Lesa Pátria, da PF — Foto: Twitter/Reprodução
Em uma rede social, Raif aparece nos ataques do último dia
8, chamando as pessoas para participarem das ações e xingando aqueles que não
estavam na Esplanada dos Ministérios. Durante o cumprimento do mandado da PF,
ele fugiu do local.
Leonardo Alves Fares
Leonardo Alves Fares, após invadir o plenário do Senado (8)
— Foto: Reprodução
Rieny Munhoz Marçula
Rieny Munhoz Marçula, de Campinas (SP), esteve nos atos golpistas em Brasília e segundo a AGU financiou um ônibus para bolsonaristas — Foto: Reprodução
Rieny Munhoz Marçula, de Campinas (SP) foi uma das
empresárias que teve os bens bloqueados após ser apontada como uma das
financiadoras do transporte de envolvidos nos atos de terrorismo em Brasília
(DF), no dia 8 de janeiro.
Segundo documentos encaminhados à AGU pela Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT), Rieny financiou a contratação de um ônibus
com placas de Jundiaí (SP) que saiu de Campinas (SP) com 39 pessoas rumo a
Brasília (DF).
Investigação
Os alvos são investigados pelos seguintes crimes:
abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
golpe de Estado;
dano qualificado;
associação criminosa;
incitação ao crime;
destruição;
deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Segundo a corporação, as investigações continuam. A Polícia
Federal pede para que, caso alguém tenha informações sobre pessoas que
participaram, financiaram ou fomentaram os ataques do último dia 8, encaminhe a
identificação para o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br.
Salão térreo do Palácio do Planalto após atos de vandalismo
— Foto: Adriano Machado/Reuters
Atos golpistas e criminosos em Brasília
Bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso
Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da
Presidência da República, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
O ataque às sedes dos Três Poderes e à democracia foi sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros,
ainda não foi calculado. Ao todo, mais de 1,8 mil foram detidas e 1,4 mil
permaneceram presas.
Bolsonaristas golpistas invadem Planalto, Congresso e STF —
Foto: AP Photo/Eraldo Peres
Liberados
Nesta quinta-feira (19), a Secretaria de Administração Penitenciária
do Distrito Federal (Seape-DF) começou a instalação das tornozeleiras
eletrônicas nos bolsonaristas radicais soltos após determinação do ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Até esta quarta-feira (18), 200 pessoas tinham sido
liberadas por decisão do ministro, relator do caso na Corte. Outras 354 tiveram
a prisão convertida em preventiva e vão ficar detidas por tempo indeterminado.
Segundo a última atualização, faltavam analisar 885 casos.
De acordo com a decisão, as pessoas que foram soltas
continuam sendo investigadas e são consideradas suspeitas. Além do uso de
tornozeleira eletrônica, Alexandre de Moraes determinou que os bolsonaristas
soltos cumpram as seguintes medidas:
proibição de ausentar-se da comarca;
recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de
semana;
obrigação de se apresentar à Justiça quando forem convocados
e todas as segundas-feiras;
proibição de sair do país
cancelamento de todos passaportes emitidos no Brasil;
suspensão de qualquer documento de porte de arma de fogo e
de certificados de registro para realizar atividades de colecionamento de
armas;
proibição do uso de redes sociais;
proibição de se comunicar com outros investigados por
qualquer meio.
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