O acidente foi no bairro Bom Jardim
Profissão professor: livro discute como recuperar o
prestígio
Desvalorização começou entre décadas de 1960 e 1980;
reformas educacionais sistêmicas podem reverter o quadro
Salvar
Professor em Sala de Aula
Foto: Getty Images
Até a metade do século 20, o docente era reconhecido nos
países da América Latina como intelectual e pela liderança social. Porém,
segundo o livro Profissão Professor na América Latina: Por que a docência
perdeu prestígio e como recuperá-lo? (faça o download do livro na íntegra)
alguns fatores contribuíram para esse prestígio diminuir.
Os autores da obra, Gregory Elacqua e Emiliana Vegas, Diana
Hincapié e Mariana Alfonso, coletaram dados em países como Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.
O livro, lançado recentemente como iniciativa da Divisão de
Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e apoio do Todos pela
Educação, aponta dois fatores que contribuíram para a diminuição do prestígio
dos professores.
LEIA MAIS Base: reflexões sobre a formação de professores no
Brasil
Entre 1960 e 1980, quando houve rápida expansão de
atendimento de estudantes, também foi necessário o aumento do número de
docentes. A qualidade da formação inicial dos educadores e as condições de
trabalho foram prejudicadas, o salário diminuiu e, consequentemente, houve
perda do prestígio da profissão.
O outro fator apontado pelos autores da obra foi que as
mulheres passaram a ter melhores oportunidades de estudo e emprego, migrando
para outras áreas. Com isso, embora a docência ainda tenha expressiva
participação feminina, deixou de ser atrativa.
“É óbvio que essa situação é, em si, positiva, mas a mudança
trouxe impacto na profissão docente”, afirmou Gregory Elacqua.
Uma pesquisa recente, a "Profissão Docente", feita
no Brasil em parceria pelo Todos pela Educação e pelo Itaú Social, indica que a
profissão não seria recomendada por muitos professores.
LEIA MAIS Somente 23% dos professores recomendariam a
profissão aos jovens
Realizada pelo Ibope Inteligência em parceria com a
Conhecimento Social, a pesquisa traçou um panorama da profissão com questões
relacionadas ao salário e à valorização.
Quando perguntados se indicariam a profissão docente aos
jovens, 48% de mais de 2 mil professores disseram que não, e apenas 23%
recomendariam. Desses, a maioria trabalha nas etapas iniciais da Educação
Básica e tem até 10 anos de carreira.
Reformas educacionais
O livro apontou experiências de reformas educacionais
sistêmicas realizadas em cinco países (Chile, Colômbia, Equador, México e Peru)
nas últimas duas décadas e que podem ser referência para a melhoria das
condições e qualidade do trabalho – e consequente aumento do prestígio docente
a médio e longo prazos.
O primeiro ponto destacado pelos autores, foi como atrair as
pessoas para a profissão de professor. Para que estudantes talentosos escolham
a docência como profissão, os países analisados têm aumentado salários,
estabelecido plano de carreira baseado em mérito, regulamentação do tempo não
letivo na jornada de trabalho, incentivos para atrair professores para as
escolas que mais necessitam.
“Há poucos interessados em ser professor. Nos países
estudados, o Peru é o caso mais extremo: menos de 3% dos alunos de 15 anos
declaram querer a profissão. No Brasil, são 5%, contra 21% se comparado com o
curso de engenharia. Apesar disso, 20% dos que fazem cursos superiores,
matriculam-se em programas de educação, como pedagogia. Acaba sendo refúgio
para quem precisa de diploma e vê na área da educação uma alternativa viável.
”, comenta Elacqua.
Outro ponto de destaque é a formação: programas de formação
inicial com níveis de qualidade elevados são essenciais para que o profissional
esteja qualificado para a função. Nos países analisados, há maiores requisitos
para o ingresso em programas de formação inicial docente, incentivos econômicos
para candidatos talentosos, regulamentação do conteúdo, sistemas de certificação,
financiamento de projetos de melhoria.
A seleção dos professores foi o terceiro ponto destacado no
livro. Entre os estudantes formados, os cinco países fomentam uma seleção de
educadores pautada no mérito e apoio no início da carreira, com concursos de
ingresso na rede pública, programas de integração e períodos probatórios. “É
comum o incentivo ao bom desempenho e a punição a quem não mostra resultados
nas avaliações docentes”, diz Elacqua.
A publicação traz ainda o detalhamento das políticas
públicas realizadas no Equador (Lei Orga?nica de Educac?a?o Intercultural),
Peru (Carreira Pu?blica Magisterial e Lei de Reforma do Magiste?rio), Chile
(Sistema de Desenvolvimento Profissional Docente), México (Lei Geral do Serviço
Profissional Docente) e Colômbia (Estatuto de Profissionalizac?a?o Docente).
Veja aqui o vídeo das discussões com Adriana Guimas (coordenadora do Programa de Tutoria Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Manaus), Cláudia Santa Rosa (Secretária Estadual de Educação do Rio Grande do Norte), Gabriela Moriconi (pesquisadora da Fundação Carlos Chagas) e Katia Smole (Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação). Claudia Costin (Diretora do CEIPE, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro) para o lançamento do livro.
*Este texto foi publicado originalmente na plataforma Conviva Educação e adaptado para o site de Gestão Escolar
Conviva Educação é uma iniciativa da Undime e 12
instituições criada em 2013 para apoiar os Dirigentes Municipais de Educação no
trabalho cotidiano. Há conteúdos, ferramentas e áreas de trocas de experiências
disponibilizadas gratuitamente. Para conhecer, acesse: www.convivaeducacao.org.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário