quarta-feira, 31 de julho de 2019

"Moro era o chefe da força-tarefa da Lava-Jato", diz Glenn Greenwald em audiência na Câmara dos Deputados

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
Greenwald, jornalista fundador do site que publica supostas conversas de Moro, diz que há mais conteúdo a ser revelado
Fundador do site The Intercept Brasil, que publicou diálogos atribuídos ao ex-juiz e ministro da Justiça e ao procurador da República Deltan Dallagnol, foi convidado para falar a parlamentares

O jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, falou nesta terça-feira (25) na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados sobre os vazamentos de mensagens atribuídas ao ex-juiz e ministro Sergio Moro e a procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. Para ele, as trocas de mensagens reveladas pelo site mostram que Moro era o "chefe da força-tarefa da Lava-Jato".

 O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava-Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele (Moro) está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material ainda — declarou o jornalista, em audiência pública.
O site fundado por Greenwald tem publicado mensagens atribuídas a integrantes da força-tarefa e a Moro. De acordo com o The Intercept Brasil, as conversas indicam que o ministro, enquanto juiz responsável pelos casos da Lava-Jato, teria interferido na atuação dos procuradores, sugerindo que eles invertessem a ordem de operações e dando pistas de investigações.
Reportagem da Folha de S.Paulo e do The Intercept Brasil neste domingo (23) afirmou que procuradores da Operação Lava-Jato supostamente se articularam para proteger Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016.
Moro diz não reconhecer a autenticidade das mensagens obtidas pelo Intercept e nega ter cometido ilegalidades na condução da Lava-Jato.
— Nos Estados Unidos, é impensável que um juiz consiga fazer isso — disse o jornalista nesta terça-feira.
Segundo ele, em outros países democráticos, juízes que tenham tido atuação semelhante perderiam o cargo e seriam proibidos de exercer suas funções.
A audiência pública na Câmara dos Deputados teve a presença principalmente de parlamentares da oposição. Uma das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre (PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso.
— Quem deveria ser julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker cometeu crime — disse a parlamentar.

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