terça-feira, 6 de junho de 2023

Alvos da operação da PF em MG contra migração ilegal exploravam o 'sonho' das pessoas, diz delegado

 Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (5), a Operação Terminus-México, em cidades do Leste de Minas.

Por g1 Vales de Minas Gerais

 05/06/2023 16h23  Atualizado há 13 horas



 A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (5), a Operação Terminus-México, em cidades do Leste de Minas. — Foto: Polícia Federal

 

O delegado da Polícia Federal, Daniel Fantini, disse, na manhã desta segunda-feira (5), que a operação Terminus-México não vai criminalizar as pessoas que sonhavam migrar, e sim, o grupo que explorava a "aspiração legítima" das pessoas de ter uma vida nos EUA. A polícia cumpriu 11 mandados em cidades do Leste mineiro e em São Paulo na manhã desta segunda contra um grupo que promovia migração ilegal.

 

A lei proíbe a exploração da de forma econômica, ressaltou o delegado.

 

"A migração é um desejo, muitas vezes, de a pessoa melhorar de vida. É um sonho. Isso não é criminalizado. O que está sendo criminalizado é a exploração desse sonho"

 

 

"Migrar não é crime. Às vezes é até uma aspiração legítima da pessoa, mas a exploração econômica desse sonho, dessa vontade, desejo de ir para ter uma vida em outro lugar, aí isso sim é criminalizado. O migrante vai para os EUA e ele se obriga a pagar uma dívida de em torno R$100mil, sem nenhuma garantia que isso vá se concretizar ou que ele vá permanecer no território norte americano por muito tempo"; disse.

O delegado Daniel ainda ressaltou, que o migrante é tratado como "mercadoria", por se tratar de uma viagem perigosa, sem proteção, alguns morrem, pegam doenças, ficam perdidos e não conseguem chegar ao destino. "Ficam nas mãos de pessoas que praticam todo tipo de violência"; afirmou. "Às vezes, a pessoa paga uma parte [para migrar], entrega um veículo, um sinal e se compromete a pagar o resto quando consegue chegar lá."

 

O delegado disse que a operação começou depois de várias denúncias de migrantes, informando que estavam sendo ameaçados, assim como os familiares a pagar os valores exigidos pelas quadrilhas para promover a viagem.

 

"Eram ameaças no sentido caso eles não efetuassem o pagamento, sofreriam consequências com os familiares que ficaram no Brasil. Essas quadrilhas sabem onde as pessoas e os familiares residem e a partir dali eles começam a dizer ou a insinuar que os parentes vão sofrer algum tipo de consequência se não pagar"; contou.

 

De acordo com as investigações, crianças e adolescentes estão sendo usadas no esquema para a possibilitar a migração.

 

"O número de crianças é elevado. Dos 250 migrantes que identificamos, 100 destes são crianças, então, quando chega lá, elas não podem ser levadas a nenhum centro de detenção obviamente e concede provisoriamente um direito aquela família de permanecer no território americano, até que se decida o que fazer"; afirmou.

Ainda de acordo com o delegado, os mineiros são os principais imigrantes para os EUA. Dentre as regiões são Vale do Aço, Governador Valadares. Ainda existe uma cultura, das pessoas irem para lá; os números não diminuíram, continuam no mesmo nível. As causas são desconhecidas.

 

O delegado ressaltou a importância do cuidado de entrar no país de forma legal, natural, com visto e que não seja por meia da travessia do deserto.

 

"Refletir melhor para ver se vale realmente a pena tentar realizar o sonho dessa maneira. Não é uma questão policial, não é a polícia que vai dar uma resposta para essas pessoas, mas precisam procurar outros meios, submeter as regras, como ter o visto e acredito que muitos tentam essa via sem mesmo tentar a via legal"; finalizou.

 

Vídeos do Leste e Nordeste de Minas

 

https://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2023/06/05/alvos-da-operacao-da-pf-em-mg-contra-migracao-ilegal-exploravam-o-sonho-das-pessoas-diz-delegado.ghtml

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