Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (5), a Operação Terminus-México, em cidades do Leste de Minas.
Por g1 Vales de Minas Gerais
O delegado da Polícia Federal, Daniel Fantini, disse, na
manhã desta segunda-feira (5), que a operação Terminus-México não vai
criminalizar as pessoas que sonhavam migrar, e sim, o grupo que explorava a
"aspiração legítima" das pessoas de ter uma vida nos EUA. A polícia
cumpriu 11 mandados em cidades do Leste mineiro e em São Paulo na manhã desta
segunda contra um grupo que promovia migração ilegal.
A lei proíbe a exploração da de forma econômica, ressaltou o
delegado.
"A migração é um desejo, muitas vezes, de a pessoa
melhorar de vida. É um sonho. Isso não é criminalizado. O que está sendo
criminalizado é a exploração desse sonho"
"Migrar não é crime. Às vezes é até uma aspiração
legítima da pessoa, mas a exploração econômica desse sonho, dessa vontade,
desejo de ir para ter uma vida em outro lugar, aí isso sim é criminalizado. O
migrante vai para os EUA e ele se obriga a pagar uma dívida de em torno
R$100mil, sem nenhuma garantia que isso vá se concretizar ou que ele vá
permanecer no território norte americano por muito tempo"; disse.
O delegado Daniel ainda ressaltou, que o migrante é tratado
como "mercadoria", por se tratar de uma viagem perigosa, sem
proteção, alguns morrem, pegam doenças, ficam perdidos e não conseguem chegar
ao destino. "Ficam nas mãos de pessoas que praticam todo tipo de
violência"; afirmou. "Às vezes, a pessoa paga uma parte [para
migrar], entrega um veículo, um sinal e se compromete a pagar o resto quando
consegue chegar lá."
O delegado disse que a operação começou depois de várias
denúncias de migrantes, informando que estavam sendo ameaçados, assim como os
familiares a pagar os valores exigidos pelas quadrilhas para promover a viagem.
"Eram ameaças no sentido caso eles não efetuassem o
pagamento, sofreriam consequências com os familiares que ficaram no Brasil.
Essas quadrilhas sabem onde as pessoas e os familiares residem e a partir dali
eles começam a dizer ou a insinuar que os parentes vão sofrer algum tipo de
consequência se não pagar"; contou.
De acordo com as investigações, crianças e adolescentes
estão sendo usadas no esquema para a possibilitar a migração.
"O número de crianças é elevado. Dos 250 migrantes que
identificamos, 100 destes são crianças, então, quando chega lá, elas não podem
ser levadas a nenhum centro de detenção obviamente e concede provisoriamente um
direito aquela família de permanecer no território americano, até que se decida
o que fazer"; afirmou.
Ainda de acordo com o delegado, os mineiros são os
principais imigrantes para os EUA. Dentre as regiões são Vale do Aço,
Governador Valadares. Ainda existe uma cultura, das pessoas irem para lá; os
números não diminuíram, continuam no mesmo nível. As causas são desconhecidas.
O delegado ressaltou a importância do cuidado de entrar no
país de forma legal, natural, com visto e que não seja por meia da travessia do
deserto.
"Refletir melhor para ver se vale realmente a pena
tentar realizar o sonho dessa maneira. Não é uma questão policial, não é a
polícia que vai dar uma resposta para essas pessoas, mas precisam procurar
outros meios, submeter as regras, como ter o visto e acredito que muitos tentam
essa via sem mesmo tentar a via legal"; finalizou.
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