terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Goleiro Bruno é condenado por falta grave e só deve ter direito a progressão de pena em 2023, diz defesa

Decisão foi tomada em cima de denúncia por encontro com mulheres em suposto bar em Varginha; advogado diz que vai recorrer.



Por Régis Melo — Varginha, MG

Bruno se apresenta à polícia no Sul de Minas, mas é liberado por falta de mandado — Foto: Reprodução/TV Globo

Bruno se apresenta à polícia no Sul de Minas, mas é liberado por falta de mandado — Foto: Reprodução/TV Globo.


O goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza foi condenado por uma falta grave e só deve obter o direito à progressão de pena para o semiaberto em 2023, diz a defesa do jogador. A decisão foi publicada nesta segunda-feira segundo o advogado Fábio Gama, que afirmou ainda que vai recorrer.


Bruno, que está preso em Varginha (MG), foi condenado em um processo que analisou a denúncia de que ele havia tido um encontro com mulheres e bebidas alcoólicas em um bar da cidade. Apesar do goleiro ter sido absolvido no Processo Administrativo Disciplinar (PAD) interno do presído, a decisão da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha é jurídica e deve ser aplicada no atestado de pena.


Bruno Fernandes das Dores de Souza foi preso em 2010 e depois condenado pelo homicídio de Eliza Samúdio e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Desde abril de 2017, o goleiro está preso em Varginha, onde exercia trabalho externo na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado. Foi durante o período em que estava no Apac em que foi gravado no pátio de uma associação anexa ao local e que funcionaria como bar.

Agora, com a decisão desta segunda-feira, Bruno perde o direito de pedir que já havia obtido, devido ao tempo de pena cumprido, de pedir a progressão para o regime semiaberto.

G1 procurou a 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) de Minas Gerais para mais detalhes sobre o caso, mas até esta publicação não havia obtido retorno.

Apac negou que local em que Bruno teria se encontrado com mulheres seja um bar — Foto: Reprodução EPTV

Apac negou que local em que Bruno teria se encontrado com mulheres seja um bar — Foto: Reprodução EPTV

Denúncia




A denúncia foi feita em uma reportagem que mostrou Bruno na companhia de duas mulheres durante o horário de trabalho externo na Apac. Na mesa em que eles estavam, havia uma lata de cerveja, mas o vídeo não mostra o goleiro ingerindo bebida em nenhum momento. A reportagem também exibiu um diálogo por meio de mensagens em um aplicativo de celular entre o goleiro


No entanto, após o vídeo ser divulgado, a Apac de Varginha, onde Bruno realizava trabalho externo, negou que o local fosse um bar e afirmou que o espaço é usado normalmente pelos detentos, com conhecimento da associação.

O Processo Administrativo Disciplinar então foi realizado, com depoimentos de funcionários e demais envolvidos na denúncia, e Bruno foi absolvido. No entanto, desde então, a decisão era somente administrativa, cabendo à Justiça "a decisão no âmbito processual jurídico", como afirmou a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) na ocasião.

Goleiro Bruno trabalhou na Apac em Varginha — Foto: Reprodução/EPTV
Goleiro Bruno trabalhou na Apac em Varginha — Foto: Reprodução/EPTV

Crimes



Bruno foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu. As penas somadas chegaram a 20 anos e 9 meses de prisão.


Em 2017, o goleiro chegou a ser solto por uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) e voltou a jogar futebol, atuando no Módulo 2 do Campeonato Mineiro pelo Boa Esporte, mas depois teve a medida revogada e um pedido de habeas corpus negado. Em 27 de abril de 2017, Bruno se apresentou à polícia em Varginha, onde foi preso e levado para o presídio da cidade.

Em junho de 2018, ele passou a trabalhar na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) da cidade, após decisão da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais. Desde então, cumpria pena e trabalhava na unidade, mas teve o direito cassado quando a denúncia veio a público e voltou a ficar somente no presídio.

Eliza Samúdio e o ex-goleiro Bruno — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo
Eliza Samúdio e o ex-goleiro Bruno — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo

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