quinta-feira, 29 de julho de 2021

Onça-pintada vista com filhote é boa notícia para Mata Atlântica

Onça-pintada vista com filhote é boa notícia para Mata Atlântica | Hypeness  – Inovação e criatividade para todos.

 Vitor Paiva - 29/07/2021

vídeo dura meros 15 segundos, mas suficientes para alegrar pesquisadores de dois institutos paulistanos. Nas imagens, uma onça-pintada passeia por um trecho da Mata Atlântica acompanhada por seu filhote, em trecho de floresta localizado na Serra do Mar paranaense, e o registro renovou as esperanças de cientistas do Instituto Manacá e do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), em São Paulo, responsáveis pelo Programa Grandes Mamíferos, que monitora alguns animais nas matas da região.



Estima-se que existam ainda 300 onças-pintadas na região © reprodução/vídeo

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O programa, iniciado em novembro do ano passado, coleta informações para planejar a conservação de espécies e recuperação de populações na Mata Atlântica da Serra do Mar, e foca principalmente na onça-pintada, mas também a anta e o porco-do-mato conhecido como queixada em uma área de cerca de 17 mil quilômetros quadrados.


A presença dos dois animais no vídeo serviu como indício de que a conservação da Mata Atlântica vem também ajudando a conservar o habitat dos animais e, com isso, da própria onça-pintada, espécie em intensa ameaça de extinção.Imagens Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar | Onça-pintada e filhotes

23 de jul. de 2021


“Com toda a pressão que a Mata Atlântica vem sofrendo com desmatamentos, mudanças, climáticas e caça ilegal, este registro é superimportante”, afirmou Roberto Fusco, responsável técnico do programa, em comunicado.

“Indica que a região apresenta condições saudáveis, permitindo não só a sobrevivência da espécie na área, mas também a reprodução”, afirmou o cientista. Como um animal no topo da cadeia alimentar, a eventual extinção da onça-pintada ameaça o equilíbrio de toda a fauna e a flora da região – a onça na região atualmente vive em uma área com apenas 15% do tamanho original de seu habitat.

jovem onça-pintada na Serra do Mar parananense
A parte traseira da onça-pintada adulta que aparece rapidamente © reprodução/vídeo

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“O desaparecimento da onça pode gerar impacto em todo o ecossistema, por meio de um efeito cascata, que começa com o aumento de suas presas, geralmente herbívoros, que por sua vez impactam a composição e estrutura da vegetação”, explicou o biólogo, lembrando que o desaparecimento da espécie pode “trazer efeitos imprevisíveis como a perda de biodiversidade, alteração na composição do solo, aumento de espécies exóticas e até mesmo liberar patógenos que afetam a saúde humana”.

Serra do Mar

O programa monitora 17 mil quilômetros quadrados na Serra do Mar © Wikimedia Commons


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O registro em vídeo foi feito em janeiro de 2021, e mostra a parte traseira da mãe passando diante da câmera, sendo seguida por um filhote que aparece por inteiro nas imagens.

“A preocupação é pela viabilidade das espécies a longo prazo, que já estão ameaçadas de extinção. Grandes mamíferos são extremamente vulneráveis à perda de habitat e à pressão de caça, sendo os primeiros a desaparecerem, o que pode gerar um enorme impacto. Essa bagunça no ecossistema pode trazer efeitos imprevisíveis, como a perda de biodiversidade, alteração na composição do solo, aumento de espécies exóticas e até mesmo liberar patógenos que afetam a saúde humana”, conclui o comunicado.

onça-pintada

O corpo inteiro da jovem onça registrada © reprodução/vídeo





                                                               

PESQUISADORA ENCONTRA CARTA DE BOLSONARO PUBLICADA EM SITES NEONAZISTAS EM 2004

A antropóloga Adriana Dias é uma das maiores autoridades em neonazismo no Brasil. Carta e banner que levava a site de Bolsonaro reforçam ideia de que a base bolsonarista é neonazista.


Leandro Demori



28 de Julho de 2021, 19h28

 FOI POR ACASO que a antropóloga Adriana Dias encontrou provas de que neonazistas brasileiros apoiam Jair Bolsonaro há pelo menos 17 anos.

Dias estava em casa se preparando para uma palestra e precisou consultar uma parte do vasto material que armazena em Campinas, onde vive e trabalha. Há 20 anos pesquisando a movimentação de grupos neonazistas no Brasil, a professora convidada da Fiocruz pediu para que o marido buscasse um site que ela havia fisicamente impresso no longínquo ano de 2006.

Doutora em antropologia social, Dias já imprimiu milhares de páginas de dezenas de sites neonazistas em língua portuguesa – isso antes de derrubá-los para sempre. Adriana Dias é uma caçadora digital de nazistas.

Sempre que encontra um desses sites, ela pede aos provedores para que o conteúdo seja tirado do ar. Antes, no entanto, imprime todas as páginas para arquivar em sua pesquisa e tê-los como prova. “Eu abri em uma página aleatória e ali estava o nome de Jair Bolsonaro”.

 

O material é uma prova irrefutável do apoio de neonazistas brasileiros a Bolsonaro quando o hoje presidente da República era apenas um barulhento e improdutivo deputado. A base bolsonarista é, há quase duas décadas, composta por neonazistas.

Três sites diferentes de neonazistas trazem um banner com a foto de Bolsonaro – com link que leva diretamente ao site que o político tinha na época – e uma carta em que o parlamentar afirmava: “Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam, votos ostensivos aos familiares”.

 Imagem de Bolsonaro fardado no site Econac em 2004, além de um banner para seu site. É a única menção a um político no site neonazista

 

Imagem: Reprodução/Web Archive

O melhor vinha depois: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato.”

Nós não conseguimos descobrir se Bolsonaro enviou a carta, via gabinete em Brasília, apenas para as pessoas que administravam os sites neonazistas. Mas uma coisa chamou atenção da pesquisadora Adriana Dias: a mensagem não foi publicada em canto nenhum da internet além dessas páginas.

Eu pedi para que nosso repórter em Brasília, Guilherme Mazieiro, fosse atrás da história. Ele conversou com um servidor de carreira que ocupou um cargo de comando na administração da Câmara para saber como a casa arquiva e-mails enviados e recebidos por parlamentares e como, eventualmente, poderíamos legalmente acessá-los.

A fonte explicou que o conteúdo dos e-mails é tratado como informação pessoal e, portanto, não passível de ser obtido via Lei de Acesso à Informação, mas apenas em casos de decisão judicial, como busca e apreensão. A resposta foi confirmada em pedido de informação oficial que Mazieiro fez à Câmara. Mas o backup existe, segundo a fonte, desde 1995.

Tentamos também outro caminho. Há um processo na Justiça Federal em Minas Gerais sobre um neonazista preso por ter registrado, em foto, o momento em que ele simula o enforcamento um morador de rua. Durante a busca e apreensão em sua casa, policiais encontraram uma carta enviada a ele por Jair Bolsonaro. Tentamos acesso à carta, para compará-la àquela estampada nos sites neonazistas.

Mazieiro enviou e-mails em 29 de abril e 7 de junho ao procurador Carlos Alexandre Ribeiro de Souza Menezes para conversar. Não tivemos resposta. O processo corre no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Em sigilo.

Jair Bolsonaro já elogiou as qualidades de Hitler, já tirou foto com sósia de Hitler, já disse que o holocausto poderia ser perdoado. Seu ex-secretário especial da Cultura reproduziu, no início de 2020, em discurso, falas, ambientação e postura, um vídeo copiando o político nazista Joseph Goebbels. Seu assessor especial, Filipe Martins, é réu por fazer um gesto de white power em uma sessão do Senado.

Na semana passada, Bolsonaro e vários membros de seu governo receberam sorridentes a deputada alemã Beatrix von Storch, do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), neta do ministro das Finanças de Hitler, o homem que liderou o confiscos dos bens dos judeus enviados para os campos de concentração e extermínio durante a ditadura do Partido Nazista.

Agora, tornamos público o fato de que neonazistas brasileiros apoiam Jair desde, pelo menos, 2004. Que não se trate isso mais como especulação, coincidência ou provocação. A base do bolsonarismo é nazista. E sabemos onde pode haver provas que confirmem a ligação do presidente com a ideologia de Hitler: basta que a Câmara dos Deputados abra seus arquivos – se não à população brasileira, a alguma autoridade interessado em rastrear o neonazismo por aqui – e que o procurador Carlos Alexandre Ribeiro de Souza Menezes preste contas de um processo fundamental para a história do país.

A bola está com Artur Lira e o com Ministério Público Federal. E com o Supremo Tribunal Federal, que já mandou investigar, no passado, ameaças à democracia brasileira.

Correção: 4 de agosto, 17h24


Uma versão anterior deste texto afirmava que Adriana Dias era professora da Unicamp. Ela é, na verdade, professora convidada da Fiocruz. A informação foi corrigida.


https://theintercept.com/2021/07/28/carta-bolsonaro-neonazismo/

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