Supremo Tribunal Federal também foi retirado da lista. Exclusão das Forças Armadas ocorre após o Ministério da Defesa, em 2022, ter sugerido sem provas que poderia haver falhas na segurança do sistema.
Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
26/09/2023
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta
terça-feira (26), por unanimidade, retirar as Forças Armadas da lista de
entidades fiscalizadoras do processo eleitoral.
As entidades fiscalizadoras são aquelas autorizadas, por
exemplo, a ter acesso aos sistemas eleitorais desenvolvidos pelo tribunal e ao
código-fonte, um conjunto de linhas de programação de um software com as
instruções para que o sistema funcione.
Esse acesso é feito sempre no período de um ano antes do
primeiro turno das eleições e tem como objetivo fiscalizar e auditar o sistema
eleitoral.
Até então, a resolução que tratava do tema previa, além da
participação das Forças Armadas, a atuação de partidos políticos, federações e
coligações; da OAB; Ministério Público; Congresso Nacional; Controladoria-Geral
da União; Polícia Federal; Conselho Nacional de Justiça; Conselho Nacional do
Ministério Público, entidades de classe, entidades sem fins lucrativos que
atuam na fiscalização e transparência da gestão pública.
Justificativas
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, disse que o STF já analisa recursos de ações no TSE. Por isso, não precisa estar entre as entidades fiscalizadoras das eleições.
No caso das Forças Armadas, o ministro afirmou que a participação delas não se mostrou necessária, eficiente e razoável.
Os militares continuarão no apoio logístico das eleições.
Eleições de 2022
A mudança ocorre após as eleições de 2022, em que o
Ministério da Defesa, fazendo coro ao então presidente Jair Bolsonaro, adotou
uma posição que sugeria dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral.
Depois, os militares entregaram um relatório ao TSE, que pretendia ser uma avaliação própria da Defesa, mas que não apontou nenhuma irregularidade.
Hacker diz a CPI que Bolsonaro tinha plano contra urnas e grampo de Moraes
A posição do Ministério da Defesa, sugerindo dúvidas sobre a isenção das urnas, divergiu de todas as demais entidades fiscalizadoras nacionais e internacionais. Essas entidades foram unânimes em comprovar que a urna eletrônica é segura e que as eleições foram limpas.
O relatório da Defesa foi algo inédito nas eleições de 2022, criado após pressão do então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro – que insistiu pela participação das Forças Armadas como entidades fiscalizadoras do processo. A inclusão dos militares no rol de entidades fiscalizadoras foi em 2021.
Posteriormente, em depoimento à CPI Mista dos Atos
Golpistas, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que orientou o conteúdo do
documento.
A resolução também incorpora os procedimentos para o uso da
biometria de eleitores voluntários no teste de integridade das urnas realizado
nos dias de votação. O objetivo é confirmar se o voto inserido é o mesmo
contabilizado. O mecanismo foi testado nas eleições do ano passado.
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