Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou quando a vítima foi até o CAPS para pegar os medicamentos que toma, de uso controlado. No local, ele teve um desentendimento com funcionários e ameaçou as pessoas com uma faca.
Por Fran Ribeiro , g1 Vales de Minas Gerais
27/09/2023
Um paciente, de 25 anos, do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Ipaba, morreu nessa terça-feira (26), após um confronto com policiais militares. O momento do disparo, feito por um soldado, foi registrado por câmeras de segurança, às 12h26. (Veja o vídeo acima)
Nas imagens, é possível ver o militar com a arma apontada
para Ademir Otávio do Carmo, que o persegue com uma faca. Para controlar o
homem, o soldado atira na região da barriga. A vítima cai, joga a faca em
direção a outro policial, chega a se levantar, mas fica ferido no chão.
Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou quando Ademir, conhecido como Tavinho, foi até o CAPS buscar medicamentos de uso controlado. No local, ele teve um desentendimento com funcionários e ameaçou as pessoas com uma faca.
No boletim de ocorrência consta que os militares foram
acionados durante o tumulto. Um cabo e um soldado foram até o Centro e um dos
policiais tentou conversar com o paciente que estava surto psicótico e bastante
exaltado.
O PM ordenou que ele soltasse a faca mas Ademir não acatou a
ordem e começou a correr armado atrás do soldado.
Nesse momento, contou o cabo, ele sacou a pistola de emissão
de impulsos elétricos (PEIE), mas não conseguiu acertar Tavinho que corria em
direção ao outro militar. O soldado então atirou na vítima.
Conforme o boletim, Ademir chegou a receber os primeiros
socorros por uma equipe de saúde da cidade. Ele foi levado por uma ambulância
do município até o Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga onde segundo o boletim
médico, ele deu entrada com perfurações no tórax. Foram feitos os procedimentos
para reanimação e drenagem do tórax, mas a vítima não resistiu.
A perícia da Polícia Civil compareceu ao local e recolheu dois projéteis e sete cartuchos deflagrados, que foram encontrados na rua.
Uma testemunha contou para os militares que Ademir Otávio fazia tratamento no CAPS, por ter o diagnóstico de esquizofrenia e retardo mental, e havia comparecido ao Centro muito exaltado, ameaçado uma assistente social e uma psicóloga, afirmando que pegaria uma faca e voltaria para agredi-las.
Ainda conforme registrado no boletim de ocorrência, a
testemunha relatou que quando as servidoras se reuniram para decidir como
tratariam o caso do paciente, o vigia gritou que Ademir Otávio estava voltando.
Nesse momento, ela afirmou que viu o jovem descer da bicicleta com a faca na
mão e falando que iria "furar todo mundo". Então decidiram correr
para os fundos do CAPS, enquanto o vigia tentava impedir que o paciente
acessasse o interior do imóvel.
As servidoras se trancaram nos fundos. Ademir foi até a
janela, ameaçou as mulheres e tentou entrar. Elas contaram que tentaram acalmar
o paciente, que após alguns minutos deixou o local dizendo que iria agredir o
vigia. Nesse momento, os militares chegaram.
Antes da confusão, segundo boletim, a vítima não conseguia
ter falas coerentes e tomou a medicação de costume na unidade, acompanhado pelo
vigilante.
Após o registro da ocorrência, foi dada voz de prisão ao
soldado. O armamento e munições foram apreendidos. O militar informou que se
encontrava armado com trinta munições, sendo quatorze no carregador reserva e
16 no carregador da arma, restando oito cartuchos intactos no carregador da
arma de fogo. Teriam sido realizados oito disparos contra Ademir Otávio,
segundo o BO.
Em nota enviada ao g1, o 14º Batalhão da Polícia Militar informou que "as providências de Polícia Judiciária Militar estão sendo adotadas pelo comando da Unidade".
A prefeitura de Ipaba divulgou uma nota de pesar lamentando
a morte.
Nota de ´pesar divulgada pela prefeitura — Foto: Redes sociais
Durante a noite dessa terça-feira, moradores fizeram
manifestação na cidade pedindo justiça.
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