quinta-feira, 3 de maio de 2018

R$ 50 mil por mês era a mesada de Aécio, disse Joesley em delação


Durante dois anos, o senador Aécio Neves (PSDB) teria recebido uma mesada de R$ 50 mil por mês de Joesley Batista, sócio do frigorífico JBS. A afirmação é do próprio empresário e consta de um anexo entregue em agosto de 2017 à Procuradoria-Geral da República (PGR), como parte de sua delação.
O relato foi obtido pela “Folha de S.Paulo” e publicado nesta sexta (20) pelo jornal paulista. Segundo Joesley, Aécio teria solicitado os pagamentos num encontro no Rio de Janeiro, para o “custeio mensal de suas despesas”.
O empresário, diz a “Folha”, entregou à PGR 16 notas fiscais emitidas entre 2015 e 2017 pela Rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan em Belo Horizonte, relativas a “serviço de publicidade”, de “patrocínio do Jornal da Manhã”, um programa da emissora. Na soma dessas notas, a JBS pagou R$ 864 mil à rádio, que pertence à família de Aécio – em setembro de 2016, o senador vendeu sua participação a Andrea Neves, sua irmã.
Joesley Batista não soube dizer se a rádio de fato veiculou publicidade para a JBS, como informam as notas, mas reforçou que o objetivo era repassar R$ 50 mil mensais a fim de manter bom relacionamento com o senador.
Em denúncia aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR afirma, com base em relações dos sócios da JBS, que o frigorífico repassou R$ 60 milhões a empresas indicadas por Aécio Neves, além de ter pago políticos para participarem da coligação do tucano, que naquele ano disputou a eleição para a Presidência da República, sendo derrotado pela petista Dilma Rousseff.
Com base na denúncia da PGR, que também menciona suposta propina de R$ 2 milhões paga por Joesley para Aécio, o senador virou réu nesta semana, suspeito de corrupção passiva e obstrução à Justiça. Ele responde ainda a outros oito inquéritos no STF.

Outro lado

O advogado de Aécio Neves, Alberto Toron, disse à “Folha de S.Paulo” que Joesley se aproveita de uma “relação comercial lícita” para “forjar mais uma falsa acusação”. Toron confirmou a relação entre a JBS e o senador, mas negou ter havido pedido para custeio de despesas pessoais do tucano.
Ainda segundo a “Folha”, Toron apontou que “a falta de credibilidade e as sucessivas mentiras e omissões praticadas pelo delator levaram a PGR a pedir a rescisão dos benefícios de sua delação e contribuem para desqualificar mais uma mentira desse cidadão”.
A Rádio Arco Íris disse que a relação com a JBS era “estritamente comercial, comprovadamente correta, legal e legítima na prestação de serviços publicitários”. E afirmou que tal relação está documentada em trocas de e-mails com setores de marketing de marcas como Vigor, Itambé e Seara, que pertencem à JBS. Também encaminhou à “Folha” cinco comerciais veiculados em sua programação.

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