Mais de 12 horas após a queda, há mais perguntas do que respostas sobre a tragédia. O UOL reuniu o que já se sabe sobre o desmoronamento do prédio, que pertencia ao governo federal, estava cedido à Prefeitura e era ocupado de forma irregular por centenas de pessoas.
O que causou o incêndio?
A causa do incêndio ainda não foi divulgada pelas autoridades. Um dos sobreviventes, o ajudante-geral Gabriel Archângelo, 24, que morava no sexto andar do prédio, contou ao UOL que ouviu um estrondo no começo da madrugada vindo do andar de baixo --onde um casal com histórico de desavenças discutia. A versão, porém, é contestada por outros moradores. O barulho de explosão, entretanto, foi confirmado por outros sobreviventes.
O que causou o desabamento?
O prédio desmoronou por volta das 2h20, após cerca duma hora sendo consumido pelo fogo. De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Guilherme Derrite, a temperatura nesses casos atinge 600ºC, 700ºC no local onde está o fogo, em um local confinado. A alta temperatura danifica seriamente a estrutura do imóvel porque "prejudica o concreto" e provoca rachaduras.
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Quantas mortes?
Nenhuma morte foi confirmada pelas autoridades até o momento.
Quantos desaparecidos?
Segundo o Corpo de Bombeiros, há uma vítima desaparecida. Trata-se de um homem que estava sendo resgatado no momento que o prédio desabou. Com o desmoronamento, a corda do resgate se rompeu e ele caiu. Os bombeiros ainda o procuram com vida.
Segundo a corporação, outras 45 pessoas registradas no cadastro de moradores do prédio ainda não foram encontradas pela Prefeitura, mas não se sabe se elas estavam no local. Moradores relatam, entretanto, que ao menos três pessoas desapareceram durante o incêndio, sendo duas crianças gêmeas.
Quanto tempo vai durar o resgate?
Nas primeiras 48 horas, os bombeiros farão um trabalho manual, de rescaldo na área dos escombros, ainda em busca de vítimas. Após esse período, começarão a ser utilizados retroescavadeiras, para retirar os entulhos, e cães farejadores, à procura de sobreviventes. Os bombeiros estimam que o trabalho total de rescaldo dure ao menos uma semana, inclusive com trabalho noturno.
Quantas famílias moravam no local?
Em março deste ano, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social cadastrou cerca de 150 famílias morando no local, com aproximadamente 400 pessoas. Nesta terça-feira, o número informado foi de 118 famílias e 317 pessoas, 46 delas estrangeiras. Não é possível estimar ainda quantas pessoas estavam dentro do edifício no momento do incêndio.
Para onde vão as famílias?
A Prefeitura de São Paulo informou no fim da manhã desta terça que encaminhará ao menos 248 pessoas, de 92 famílias que estavam no prédio, para abrigos municipais. Os moradores, no entanto, relutam em ir para aos locais, em geral destinados a pessoas em situação de de rua.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que a orientação é que as famílias sejam mantidas juntas nos mesmos espaços de acolhimento. Além disso, Covas informou que será oferecido aluguel social para as famílias com recursos do governo estadual, como afirmou o governador do Estado, Márcio França (PSB).
Ele informou que as famílias receberão R$ 1.200 no primeiro mês e R$ 400 a partir do segundo, durante doze meses. "O atendimento habitacional definitivo será definido futuramente com a administração municipal", diz o governo do Estado.
O que funcionava no prédio antes da ocupação?
Inaugurado em 1966, o Edifício Wilton Paes de Almeida foi sede da antiga Companhia Brasileira de Vidro e abrigou o INSS e a Polícia Federal em São Paulo. Na época de sua construção, o prédio foi considerado um símbolo de modernidade.
De acordo com o Ministério do Planejamento, o imóvel foi cedido provisoriamente pela Secretaria do Patrimônio da União à prefeitura do município de São Paulo, no ano passado, com a previsão de que seria utilizado para acomodar as novas instalações da Secretaria de Educação e Cultura de São Paulo.
Existem outros prédios nessa condição em São Paulo?
De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, 206 imóveis na cidade estão ocupados com sem-teto, somando 46 mil famílias. Somente no centro da capital paulista, ao menos 70 prédios estão ocupados por cerca de 4.000 famílias, segundo estimativa da prefeitura.
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