Governador de minas Gerais contando piada... e tem pessoas aqui na cidade que acham que o culpado e sucupira....
Sérgio Camargo chama movimento negro de 'escória maldita'
2 de jun. de 2020
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, classificou o movimento negro como "escória maldita", que abriga "vagabundos", e chamou Zumbi de "filho da p.. "que escravizava pretos
Sérgio Camargo chama movimento negro de 'escória maldita'
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo,
classificou o movimento negro como "escória maldita", que abriga
"vagabundos", e chamou Zumbi de "filho da p.. "que
escravizava pretos
A portas fechadas, Camargo também manifestou desprezo pela
agenda da "Consciência Negra" e prometeu botar na rua diretores da
autarquia que não tiverem como "meta" a demissão de um
"esquerdista".
As afirmações do presidente da Fundação Palmares foram
feitas durante reunião com dois servidores, no dia 30 de abril. O Estadão teve
acesso ao áudio da conversa e apurou que o encontro ocorreu, na tarde daquele
dia, para tratar do desaparecimento do celular corporativo de Camargo. Ao ser
cobrado pelo ressarcimento do telefone, ele ficou irritado e alegou que o
aparelho sumiu no período em que estava afastado do cargo, por decisão
judicial.
No diálogo, Camargo diz que havia deixado o celular numa
gaveta da fundação e insinua que o furto pode ter sido proposital, com o
intuito de prejudicá-lo. É nesse momento que ele se refere ao movimento negro
de forma pejorativa. "Eu exonerei três diretores nossos (...). Qualquer um
deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadir
esse prédio para me espancar, invadir com a ajuda de gente daqui... O movimento
negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita", disse o
presidente da Fundação Palmares. "Agora, eu vou pagar essa merda aí",
completou, numa referência ao telefone.
A gravação veio à tona na esteira dos protestos
antirrascistas nos EUA após a morte do segurança George Floyd, asfixiado por um
branco. Discípulo do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, Camargo
se apresenta no Twitter como um "negro de direita, antivitimista, inimigo
do politicamente correto, livre".
Jornalista de formação, ele coleciona polêmicas. Em um post
recente, após o assassinato de Floyd - vítima da brutalidade policial
norte-americana -, Camargo afirmou, por exemplo, que "nosso inútil
movimento negro tenta importar para o Brasil os atos anarquistas e criminosos
do Black Lives Matter, a antifa negra dos EUA".
Na conversa com os dois servidores da Palmares, um deles
coordenador de gestão, Camargo afirmou que seu afastamento da autarquia, por
três meses, ocorreu porque suas opiniões em redes sociais foram censuradas. Na
época, a Justiça considerou suas declarações, minimizando o crime de racismo,
incompatíveis com o cargo. Camargo relatou que, por causa dessa suspensão,
teria de devolver o salário de dezembro e tentaria parcelar o débito em dez
vezes. Logo depois, ameaçou fazer retaliações.
Entre um palavrão e outro, o presidente da Fundação Palmares
afirmou que o processo para tirá-lo da instituição "não vai dar em
nada" porque teria havido "usurpação" do poder do presidente
Jair Bolsonaro. "Esses filhos da puta da esquerda não admitem negros de
direita. Vou colocar meta aqui para todos os diretores cada um entregar um
esquerdista. Quem não entregar esquerdista vai sair. É o mínimo que vocês têm
que fazer".
Expressão
Sob o argumento de que suas opiniões refletem
"liberdade de expressão", Camargo mais uma vez criticou Zumbi dos
Palmares, que dá nome à autarquia. "Não tenho que admirar Zumbi dos
Palmares, que, para mim, era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho
que apoiar agenda consciência negra. Aqui não vai ter, vai ter zero da
consciência negra".
O Ministério Público Federal encaminhou representação à
Procuradoria da República no Distrito Federal, no mês passado, pedindo que o
presidente da Fundação Palmares responda na Justiça por improbidade
administrativa. A iniciativa foi tomada depois de Camargo ter determinado, no
dia 13 de maio - data da abolição da escravatura -, a publicação de uma série
de artigos depreciativos sobre Zumbi, nas redes e no site da instituição.
'Macumbeira'
No áudio ao qual o Estadão teve acesso, Camargo também se
referiu a uma mãe de santo como "macumbeira" e avisou que não daria
verba para terreiros. "Tem gente vazando informação aqui para a mídia,
vazando para uma mãe de santo, uma filha da puta de uma macumbeira, uma tal de
Mãe Baiana, que ficava aqui infernizando a vida de todo mundo", disse ele,
numa referência a Adna dos Santos.
Conhecida como Mãe Baiana, Adna é uma das lideranças mais
atuantes do candomblé no Distrito Federal. "Não vai ter nada para terreiro
na Palmares enquanto eu estiver aqui dentro. Nada. Zero. Macumbeiro não vai ter
nem um centavo", garantiu Camargo.
Em outro trecho, ele trata com desdém a cultura
afrodescendente. "Eu não vou querer emenda dessa gente aqui. Para promover
capoeira? Vai se ferrar", esbravejou.
A Defensoria Pública da União (DPU), que analisa recurso
contra a nomeação de Camargo, é definida por ele como um órgão
"miserável" e "totalmente aparelhado, (...) de esquerda".
Em nota divulgada nesta terça, Camargo lamentou o que chamou
de "gravação ilegal" de uma reunião interna. Afirmou que a Fundação
Palmares está em "sintonia" com o governo Bolsonaro e sob um novo
modelo de comando, voltado para a população. "(...) Não apenas para
determinados grupos que, ao se autointitularem representantes de a toda
população negra, histórica e deliberadamente se beneficiaram do dinheiro
público", escreveu. "Infelizmente, ainda existem, na gestão pública,
pessoas que não assimilaram esta mudança e tentam desconstruir o trabalho sério
que está sendo desenvolvido."
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