sexta-feira, 28 de maio de 2021

Médico de Uberlândia é denunciado por venda de laudo falso para vacinação

 Ex-vereador, cardiologista foi flagrado por reportagem vendendo laudo por R$ 200 para que paciente sem comorbidade furasse fila da vacinação contra a COVID-19

O médico Bauer Dias da Silva é acusado de vender um laudo falso por R$ 200
(foto: Reprodução/redes sociais)
O Conselho Regional de Medicina (CRM) analisa a denúncia contra o médico cardiologista e ex-vereador Bauer Dias da Silva. Ele é acusado de vender laudos para pacientes sem comorbidades para que eles possam furar a fila da vacinação contra a COVID-19 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

A Prefeitura de Uberlândia também informou que vai investigar a situação e apresentar o caso ao conselho de classe e ao ministérios públicos de Minas Gerais (MPMG) e Federal (MPF).
 
A denúncia partiu de uma ex-funcionária do médico, que foi apurada pela TV Paranaíba, afiliada da Record TV.

Na reportagem, o médico é filmado fazendo um laudo para o repórter, que se passou por paciente e informou expressamente que queria se vacinar para sair do país, mas não tinha comorbidade.

Ele paga R$ 200 a mais pelo documento e é orientado a dizer que tem asma e bronquite quando fizer o cadastro e, posteriormente, ao ser imunizado contra o coronavírus.
 
A reportagem chegou a procurar o médico na clínica em que a consulta foi feita, mas, além de reter o laudo do falso paciente, o médico se recusa a dar entrevista.

A secretária de Bauer Dias também foi filmada dando orientações quanto ao procedimento para recebimento do laudo. Quando confrontada pela reportagem, ela negou qualquer envolvimento.
 
Ao Estado de Minas, o CRM informou ter ciência do caso e que “adotará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos, em conformidade com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório. Ainda conforme o CPEP, todos os procedimentos correm em sigilo”.
 
Segundo o conselho, entre as penalidades possíveis em caso de culpa comprovada estão advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e a cassação do exercício profissional.

“Qualquer uma das penalidades pode ser aplicada após processo ético-profissional, sempre proporcionalmente à infração cometida”, informou o CRM por meio de nota.
 
Dias ainda pode responder criminalmente pelos laudos expedidos sem comprovação de comorbidade. Se esse for caso, ele pode receber pena de um mês a um anos de prisão, além de multa.
 
Procurado pelo Estado de Minas em seu telefone particular e de sua clínica, além de aplicativo de mensagens, Bauer Dias não foi encontrado e não respondeu à reportagem até a finalização deste texto.

Além de médico cardiologista e clínico geral, ele foi vereador em Uberlândia por dois mandatos, entre 1992 e 2000. No último pleito municipal, ele tentou novamente o cargo no Legislativo local, mas não foi eleito.

Prefeitura vai fazer 'pente fino'

Com a denúncia, a prefeitura de Uberlândia disse que vai analisar não só os laudos do médico quanto fazer um “pente fino” em laudos expedidos em quantidades que possam parecer suspeitas.

De acordo com coordenador da rede de urgência e emergência do município, Cauber Lourenço, a denúncia já foi levada à promotoria e à procuradoria da República.

“(Se comprovado) Isso desrespeita a vida. A prefeitura vai investigar a emissão dos atestados. A gente não quer uma caça às bruxas, mas pacientes poderão ser ouvidos, pois tanto o médico quanto o paciente que participam desse tipo de ação podem ser responsabilizados cível e criminalmente”, disse.

Lourenço salientou que a investigação vai levar em consideração especificidades, como clínicas que têm especialização em problemas de saúde que se encaixam nas regras do plano de vacinação e por isso emitem mais laudos para quem pode se vacinar.

Contudo, haverá um cuidado maior com relação a possíveis fraudes.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas

[VIDEO4]

 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: 
O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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