Ele foi socorrido, mas morreu no hospital. Investigação mostrou que policial apresentou uma de suas armas e falou que era do suspeito morto.
Por Léo Arcoverde e Isabela Leite, GloboNews, São Paulo
Imagens obtidas pela GloboNews mostram um policial atirando contra um suspeito de tentativa de roubo, após perseguição na Zona Sul de São Paulo. Segundo laudo médico, o rapaz foi ferido por seis tiros, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. O caso aconteceu no dia 19 de maio.
Nas imagens, é possível observar a PM perseguindo um carro branco com três suspeitos. Na sequência, um dos suspeitos desce do carro, o soldado aponta a arma e atira. O homem se curva, vira e é atingido por outro disparo.
O soldado disse que o suspeito desceu armado do carro e que atirou em legítima defesa. Após uma investigação interna da Corregedoria da PM, o soldado foi preso e solto cerca de um mês depois. A Promotoria denunciou o policial por homicídio qualificado e ele foi suspenso das funções públicas, além de ter entregue a arma. A Justiça vai avaliar se ele irá a júri popular.
Para justificar a ação, o policial apresentou um revolver com numeração raspada como se fosse do suspeito, mas investigação da Corregedoria da PM apurou que o revolver não estava com a vítima, e sim dentro do baú do PM acusado de homicídio.
“Não havia necessidade de disparo contra um indivíduo que estava saindo do carro desarmado, com as mãos para cima, em posição de rendição. Esses disparos são totalmente desnecessários. O certo seria ele ser detido e responder pelo crime praticado, que era uma tentativa de roubo que não trouxe qualquer lesão para a vítima”, explica o promotor de Justiça, Felipe Zilberman.
“O crime do policial militar é muito mais grave e está sujeito a uma pena mais alta do que o crime praticado pela vítima. Há imagens que mostram o PM efetuando disparos contra um indivíduo se rendendo, desarmado”, continua o promotor.
Letalidade policial
No primeiro semestre de 2017, policiais mataram o maior número de pessoas nos últimos 14 anos no estado de São Paulo se comparado com os primeiros seis meses dos anos anteriores.
Dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP) compilados pelo G1 e por Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que policiais militares e civis mataram 459 pessoas nos primeiros seis meses do ano, número inferior apenas ao do ano de 2003, quando 487 pessoas foram assassinadas.
Essas mortes são consideradas como reações ou oposições à intervenção policial e não entram na estatística de homicídio.
De janeiro a junho, 30 policiais civis e militares foram mortos em serviço e de folga no estado. Para cada policial que morreu em serviço nesse primeiro semestre, a polícia matou 36,88 pessoas, a maior taxa de toda a série histórica, desde 2001.
O número de mortos por policiais de folga também chama atenção: é o maior para o semestre em toda a série histórica. No total, 127 pessoas foram mortas por policiais militares e civis fora de serviço. Em 2016, o estado já havia atingido a maior marca de pessoas mortas por policiais de folga da história.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que "desenvolve ações para reduzir a letalidade e que, na maioria das vezes, ocorre a partir da ação de agentes de segurança para frustrar crimes contra o patrimônio".
Dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP) compilados pelo G1 e por Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que policiais militares e civis mataram 459 pessoas nos primeiros seis meses do ano, número inferior apenas ao do ano de 2003, quando 487 pessoas foram assassinadas.
Essas mortes são consideradas como reações ou oposições à intervenção policial e não entram na estatística de homicídio.
De janeiro a junho, 30 policiais civis e militares foram mortos em serviço e de folga no estado. Para cada policial que morreu em serviço nesse primeiro semestre, a polícia matou 36,88 pessoas, a maior taxa de toda a série histórica, desde 2001.
O número de mortos por policiais de folga também chama atenção: é o maior para o semestre em toda a série histórica. No total, 127 pessoas foram mortas por policiais militares e civis fora de serviço. Em 2016, o estado já havia atingido a maior marca de pessoas mortas por policiais de folga da história.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que "desenvolve ações para reduzir a letalidade e que, na maioria das vezes, ocorre a partir da ação de agentes de segurança para frustrar crimes contra o patrimônio".
"No entanto, é importante ressaltar que a opção pelo confronto é sempre do criminoso", diz a nota da SSP. "Houve, nos primeiros seis meses do ano, 1.850 pessoas que se envolveram em confrontos apenas com PMs em serviço. O índice de criminosos que morrem após reação da polícia para combater crimes foi de 17%. Ou seja, na grande maioria dos casos, o confronto não resulta em óbito. No primeiro semestre de 2017, 58,3% dos casos que resultaram em morte foram originados de ocorrências de roubo".
"Todos os casos registrados são rigorosamente apurados para constatar se a ação policial foi realmente legítima. Para dar maior qualidade às investigações que envolvem agentes de segurança, foi implementada a Resolução SSP 40/2015, que exige o comparecimento da Corregedoria, do comando local e de uma equipe de perícia específica, além do acionamento do Ministério Público. A decisão de dar seguimento ou de arquivar os inquéritos é do Judiciário, após manifestação do Ministério Público."
O coronel Marcelino Fernandes, corregedor da PM de SP, disse que a letalidade no estado de São Paulo é a menor do Brasil. "Não chegamos a 9 pessoas a cada 100 mil habitantes. Casos como esses são apurados com o rigor da lei. No final do processo crime também é feito um processo administrativos, se não apresentar justificativa os policiais são demitidos e expulsos", afirmou.
"Pegamos esses casos para estudar porque ele não agiu dentro dos parâmetros que as histórias em formação passam. A nossa estatística tende a zero."
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