BRASÍLIA — O folclore continua na 1ª vice-presidência da Câmara: sai Waldir Maranhão (PP-MA) e entra Fábio Ramalho (MG), o popular Fabinho Liderança, como é chamado em Brasília. Se o primeiro tornou-se conhecido por ter tentado anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff depois de um jantar regado a uísque com aliados da petista; o segundo é famoso pelas festas oferecidas em seu apartamento funcional, regadas a comida mineira e com a presença de mulheres jovens e bonitas.
Todos os parlamentares são bem-vindos aos eventos, mas há uma espécie de senha quando é momento de as deputadas partirem para, então, começar a segunda etapa da festa, chamada de “a ordem do dia”.
Deputados que apoiaram Fabinho brincam que ele ganhou o povo pela barriga e pelas leitoas na pururuca que serve em seu imóvel funcional. Algumas vezes, as festas já foram transferidas para o cafezinho do plenário da Câmara. Durante a votação da MP dos Portos, quando Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) presidia a Casa e as sessões entravam a madrugada, Fabinho providenciou uma galinhada e leitoa a pururuca para matar a fome dos deputados. Só sucesso.
Neste ritmo, com candidatura avulsa que tinha mais jeito de brincadeira já que ele é um dos melhores amigos de Lúcio Vieira Lima, candidato oficial do PMDB que acabou derrotado, Fabinho liderou o primeiro turno, com 192 votos. No segundo turno, ele acabou vencendo, com 265 votos contra 204 de Osmar Serraglio (PMDB-PR).
A 1ª vice-presidência da Câmara ganhou importância especial após o impeachment de Dilma. Sem um vice-presidente da República na linha sucessória, o presidente da Casa acaba sendo mais solicitado a assumir o Palácio do Planalto e deixa a Casa sob comando do vice.
SURPRESA EM COMITIVA DE TEER
A fama de Fabinho é tanta que na primeira viagem oficial do presidente Michel Temer para a China, logo após a posse definitiva, auxiliares palacianos se surpreenderam ao saber que o deputado participaria da comitiva.
— Será que dona Marcela sabe disso? — brincavam.
No começo da atual Legislatura, em 2014, havia quem ainda não conhecia o folclore em torno da figura. Foi então que uma deputada de primeiro mandato ficou sabendo de uma festa na casa de Fabinho. Quando chegou, percebeu que o ambiente não era dos mais familiares. Saiu de fininho.
“O amigo de todos” foi o slogan de sua campanha. Com uma foto em que aparenta bem menos peso do que ao vivo, prometia fazer “muito mais pelos parlamentares”.
Mas não é só o primeiro vice-presidente que chama atenção. O segundo vice-presidente eleito ontem é o deputado André Fufuca (PP-MA), aliado de primeira hora do ex-deputado, hoje detento, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pouco após assumir seu primeiro mandato de deputado federal, no início de 2015, Fufuca fez parte da comissão enviada por Cunha ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em março, para atestar o real estado de saúde do então ministro da Educação, Cid Gomes, outro desafeto do ex-presidente da Câmara. Graças a esse papel, Fufuca ganhou a relatoria da CPI das Órteses e Próteses.
Quando o processo contra Cunha se arrastava no Conselho de Ética, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticou sua escolha para o órgão, afirmando que Fufuca costumava usar um termo carinhoso para se referir a Cunha: “papi”. Fufuca reagiu irritado. Chamou o colega de canalha e foi categórico: “pápi” é um termo afeminado e incomum em seu estado, o Maranhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário