quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Eleito vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho é famoso pelas festas oferecidas em seu apartamento funcional

Deputados se esbaldam com leitoa oferecida por Fábio Ramalho, durante votação no plenário
Deputados se esbaldam com leitoa oferecida por Fábio Ramalho, durante votação no plenário Foto: Dida Sampaio / Dida Sampaio
imone Iglesias e Eduardo Bresciani - O Globo
BRASÍLIA — O folclore continua na 1ª vice-presidência da Câmara: sai Waldir Maranhão (PP-MA) e entra Fábio Ramalho (MG), o popular Fabinho Liderança, como é chamado em Brasília. Se o primeiro tornou-se conhecido por ter tentado anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff depois de um jantar regado a uísque com aliados da petista; o segundo é famoso pelas festas oferecidas em seu apartamento funcional, regadas a comida mineira e com a presença de mulheres jovens e bonitas.
Todos os parlamentares são bem-vindos aos eventos, mas há uma espécie de senha quando é momento de as deputadas partirem para, então, começar a segunda etapa da festa, chamada de “a ordem do dia”.
Deputados que apoiaram Fabinho brincam que ele ganhou o povo pela barriga e pelas leitoas na pururuca que serve em seu imóvel funcional. Algumas vezes, as festas já foram transferidas para o cafezinho do plenário da Câmara. Durante a votação da MP dos Portos, quando Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) presidia a Casa e as sessões entravam a madrugada, Fabinho providenciou uma galinhada e leitoa a pururuca para matar a fome dos deputados. Só sucesso.
Neste ritmo, com candidatura avulsa que tinha mais jeito de brincadeira já que ele é um dos melhores amigos de Lúcio Vieira Lima, candidato oficial do PMDB que acabou derrotado, Fabinho liderou o primeiro turno, com 192 votos. No segundo turno, ele acabou vencendo, com 265 votos contra 204 de Osmar Serraglio (PMDB-PR).
A 1ª vice-presidência da Câmara ganhou importância especial após o impeachment de Dilma. Sem um vice-presidente da República na linha sucessória, o presidente da Casa acaba sendo mais solicitado a assumir o Palácio do Planalto e deixa a Casa sob comando do vice.
SURPRESA EM COMITIVA DE TEER
A fama de Fabinho é tanta que na primeira viagem oficial do presidente Michel Temer para a China, logo após a posse definitiva, auxiliares palacianos se surpreenderam ao saber que o deputado participaria da comitiva.
— Será que dona Marcela sabe disso? — brincavam.
No começo da atual Legislatura, em 2014, havia quem ainda não conhecia o folclore em torno da figura. Foi então que uma deputada de primeiro mandato ficou sabendo de uma festa na casa de Fabinho. Quando chegou, percebeu que o ambiente não era dos mais familiares. Saiu de fininho.
“O amigo de todos” foi o slogan de sua campanha. Com uma foto em que aparenta bem menos peso do que ao vivo, prometia fazer “muito mais pelos parlamentares”.
Mas não é só o primeiro vice-presidente que chama atenção. O segundo vice-presidente eleito ontem é o deputado André Fufuca (PP-MA), aliado de primeira hora do ex-deputado, hoje detento, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pouco após assumir seu primeiro mandato de deputado federal, no início de 2015, Fufuca fez parte da comissão enviada por Cunha ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em março, para atestar o real estado de saúde do então ministro da Educação, Cid Gomes, outro desafeto do ex-presidente da Câmara. Graças a esse papel, Fufuca ganhou a relatoria da CPI das Órteses e Próteses.
Quando o processo contra Cunha se arrastava no Conselho de Ética, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticou sua escolha para o órgão, afirmando que Fufuca costumava usar um termo carinhoso para se referir a Cunha: “papi”. Fufuca reagiu irritado. Chamou o colega de canalha e foi categórico: “pápi” é um termo afeminado e incomum em seu estado, o Maranhão.

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