Polícia analisa incompatibilidade entre salário e carro
usado por bombeiro que atirou em atendente do McDonald’s
Policiais também querem saber por qual motivo o veículo
estava sem placa. Os investigadores afirmam que ele alegou ter comprado o
veículo em um leilão e que a placa foi perdida em uma ventania.
Por Anna Beatriz Lourenço, Bom Dia Rio
11/05/2022 08h21
Atualizado há 3 semanas
Polícia analisa incompatibilidade entre salário e carro usado por bombeiro que atirou em atendente do McDonald’s
A Polícia Civil apura se existiria uma incompatibilidade
entre o salário e os bens do sargento do Corpo de Bombeiros que atirou contra o
atendente de uma lanchonete do McDonald’s na Taquara, na Zona Oeste do Rio. As
investigações tentam saber como Paulo César de Souza Albuquerque, que possui um
salário de cerca de R$ 8 mil, poderia ter uma Mercedes como aparecem nas
imagens de câmeras de segurança.
Os policiais também querem saber por qual motivo o carro
estava sem placa. Os investigadores afirmam que ele alegou ter comprado o
veículo em um leilão e que a placa foi perdida em uma ventania.
Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, segue internado no
CTI do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. De acordo com a família,
ele perdeu o rim esquerdo e ainda deve passar por uma nova cirurgia para
reconstruir o intestino. O quadro de saúde é estável. A família nega a versão
da defesa.
“Não teve um disparo acidental. Ele está bem consciente e
sabe muito bem o que aconteceu. E não foi acidental. Isso mexeu muito com ele.
Ele tem medo e não sabe como vai ser quando voltar. Ele pensa no voltar ao trabalho”,
disse Marcela Costa, tia do jovem.
O McDonald’s afirma que está colaborando com as
investigações e prestando assistência aos familiares do funcionário.
O atendente Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, foi baleado por cliente no McDonald's da Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo
O atendente Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos, foi
baleado por cliente no McDonald's da Taquara, na Zona Oeste do Rio de Janeiro —
Foto: Reprodução/TV Globo
Pedido de prisão
No começo da tarde de terça (10), o Corpo de Bombeiros
afirmou que endossou o pedido de prisão preventiva do militar. A corporação
informou que também foi aberto um processo no conselho disciplinar, que pode
levar à expulsão. Os bombeiros informaram ainda que repudiam qualquer ato
criminoso e condutas ilícitas dos seus integrantes.
Um pedido de prisão contra o sargento, feito pela Polícia
Civil em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), já foi
negado.
Paulo César tem outras passagens pela polícia. Em 2012, por
lesão corporal e ameaça contra uma mulher. E em 2018, por violação de domicílio
e invasão de um terreno.
Sargento que aparece em imagens de câmeras de segurança atirando em atendente de lanchonete tem outros registros na polícia — Foto: Reprodução/ TV Globo
Os bombeiros informaram que as anotações não estão nos
registros funcionais do militar. A corporação afirma que isso pode ocorrer
pois, muitas vezes, quando o militar comete atos ilícitos, ele não informa a
condição funcional ao ser fichado na delegacia. A omissão teria como objetivo
evitar sanções.
Ainda de acordo com a corporação, o porte e posse de armas
foi suspenso, atendendo um pedido feito pelo comandante-geral dos bombeiros.
O caso é tratado pela 32ªDP (Taquara), que investiga o caso
como tentativa de homicídio. A Polícia Civil pretende ouvir outros funcionários
da lanchonete.
Testemunhas
Imagens de câmeras de segurança mostram o sargento parando
no drive-thru da lanchonete e dando um soco no atendente, que revidou. Depois
ele vai até a loja com uma arma na mão e empurra dois funcionários, um deles o
segurança. Em seguida, Paulo César vai até a cabine onde Mateus estava e atira
contra ele.
Segundo testemunhas, a discussão aconteceu por causa de um
cupom de desconto.
“Eu estava lanchando e, quando ele chegou na frente da loja
e pediu para falar comigo, como um cliente normal, eu abri a porta. Ele
perguntou se eu era polícia e falei que não. Aí ele puxou a arma. Eu tentei
conter ele, conversar, mas ele não quis conversa. Daí em diante ele entrou pela
cozinha e aconteceu o fato da agressão contra o funcionário, o disparo de arma
de fogo”, afirmou Rafael Mendonça, segurança da loja.
De acordo com ele, o bombeiro não quis diálogo.
“Quando eu o segurei para tentar falar com ele: ‘Vamos
conversar que não é assim não. O que houve?’ E ele: ‘tira a mão de mim que eu
vou te dar um tiro’. Infelizmente, eu não pude botar o peito na frente”,
contou.





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