Em caso de reeleição de Bolsonaro, ministro Paulo Guedes pretende desvincular a correção do salário mínimo da inflação, ou seja, o valor vai ficar menor do que já ficou nesta gestão
Publicado: 21 Outubro, 2022 - 09h53 | Última modificação: 21 Outubro, 2022 - 10h17
Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
A proposta do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, de acabar com a correção do salário mínimo pela inflação oficial do Brasil, o que reduz o poder de compra de aposentados, pensionistas e trabalhadores que ganham o piso nacional, ficou entre os temais mais comentados das redes sociais desta quinta-feira hoje (20), ao lado de “Eleição comprada“.
Até a noite de ontem , a expressão “NÃO MEXA NO MEU SALÁRIO” ocupava as primeiras colocações nos trending topics (temas mais comentados), com mais de 140 mil menções.
Políticos, economistas e internautas criticaram a proposta em análise no ministério que deve rebaixar ainda mais o salário mínimo, que não teve aumento real nos últimos quatro anos. Se o presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger e mantiver Guedes no cargo, como disse que faria, o ministro quer desindexar a economia, ou seja, não reajustar salários de acordo com os índices oficiais de inflação.
De acordo com o plano do ministro do presidente Jair Bolsonaro, o reajuste do mínimo seria calculado “pela meta de inflação”. Dessa forma, o governo reajustaria as aposentadorias e pensões abaixo da inflação, diminuindo o poder de compra da população mais pobre. São cerca de 30 milhões de brasileiros, entre trabalhadores, aposentados e pensionistas, que recebem salário mínimo.
Bomba no colo dos mais pobres
“Guedes está com uma artimanha para fazer com que o salário mínimo seja reajusta abaixo da inflação. Olha o caos”, denunciou o economista Eduardo Moreira. A “desculpa” de Guedes, de acordo com o economista, seria acabar com a indexação do mínimo para abrir espaço fiscal para investimentos. “O que ele quer é atender aos interesses dos amiguinhos deles, donos de construtoras, de fábricas, para ganhar mais ainda em cima do cara que ganha o mínimo”.
Em transmissão do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Moreira fez uma projeção caso a proposta já estivesse em vigor. Em 2022, por exemplo, o salário mínimo seria de apenas R$ 1.094,74, ante aos atuais R$ 1.212 – uma redução de R$ 117, 26.
“Quase 10% abaixo do que é hoje, que já perde para inflação de alimentos, sem ganho real nenhum. Antigamente, a cesta básica equivalia a 33% do salário mínimo, hoje é 50%”, comparou o economista. “Guedes está com uma bomba para explodir no colo dos aposentados, das empregadas domésticas, dos trabalhadores da construção, de todo mundo que tem o salário vinculado ao mínimo”.
Conta da farra eleitoral
Até o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, de tradição liberal, responsável, por exemplo, pela implementação do Teto de Gastos no governo Temer, criticou o plano de Guedes. “O plano fiscal do atual governo para um próximo mandato joga nas costas da população a conta pelas medidas eleitoreiras deste ano”, tuitou. “Se o governo não cumprir a meta, a correção ficará abaixo da inflação”, acrescentou.
Nesse sentido, Meirelles destacou que essa medida liberaria cerca de R$ 100 bilhões anuais no Orçamento da União. Desse modo, serviria pra acomodar gastos que Bolsonaro criou neste ano, com o objetivo de tentar vencer as eleições. “A população mais pobre receberia menos para pagar pelas medidas eleitoreiras.”
Confira as principais manifestações contra a “bomba” de Guedes:
Moraes determina remoção de vídeo de Latino com fake news sobre Lula
Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), cantor fez uma publicação na qual insua que, caso o petista seja eleito, banheiros serão unissex
atualizado 21/10/2022 12:06

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou nesta sexta-feira (21/10) que as redes sociais Youtube e Twitter retirem do ar uma publicação do cantor Latino, na qual ele publica notícias falsas sobre o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No conteúdo, o artista apoiador de Jair Bolsonaro (PL) afirma que, caso o petista seja eleito, meninas e meninos passarão a frequentar o mesmo banheiro nas escolas. O candidato do PT já se posicionou contra essa prática em algumas ocasiões, inclusive dizendo que a ideia de banheiro unissex “saiu da cabeça do Satanás”.
A decisão de Moraes atende a pedido protolocado pela campanha de Lula no TSE. No documento, o ministro argumenta que a publicação busca “desinformar a população acerca de temas sensíveis”.
“A Constituição Federal não autoriza, portanto, a partir de mentiras, ofensas e de ideias contrárias à ordem constitucional, a Democracia e ao Estado de Direito, que os pré-candidatos, candidatos e seus apoiadores propaguem inverdades que atentem contra a lisura, a normalidade e a legitimidade das eleições”, escreveu Moraes.
Apoiadores do candidato à reeleição tem apostado na pauta de costumes, em especial aos temas ligados à religião, para tentar afastar o adversário do eleitorado e ampliar a vantagem sobre ele no segundo turno.
Após as ofensivas, Lula publicou, nessa quinta-feira (20), uma carta aos evangélicos, na qual defende que é contra o aborto e que prega liberdade religiosa.
Fake news
O TSE aprovou por unanimidade, nessa quinta-feira (20/10), uma resolução que aumenta o poder de polícia da Justiça Eleitoral. No pacote de medidas adotadas, as plataformas devem fazer a imediata remoção dos conteúdos considerados irregulares pela Corte.
O prazo máximo a partir de agora é de duas horas. Às vésperas da eleição, será de uma hora. A Justiça Eleitoral também fica autorizada a agir, mesmo sem ser acionada, e decidir pela remoção de conteúdos.
Na prática, se a Justiça determinou a remoção de um conteúdo, a plataforma digital o fez, mas ele foi republicado, não há necessidade de nova representação ou julgamento para remoção.



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