segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Irmão de deputado é preso suspeito de envolvimento no escândalo do lixo hospitalar

Luiz Olinto foi preso em Palmas em cumprimento a um mandado de prisão. Ele também é investigado pela polícia por ter sido encontrado com R$ 500 mil em uma mala nas vésperas da eleição.


Luis Olinto foi preso com mala de dinheiro em Araguaína — Foto: Reprodução/Facebook

Luis Olinto foi preso com mala de dinheiro em Araguaína — Foto: Reprodução/Facebook

Por G1 Tocantins


A Polícia Civil prendeu na tarde deste domingo (25) em Palmas o advogado Luiz Olinto, irmão do deputado estadual Olyntho Neto (PSDB). Ele teve a prisão decretada na semana passada por suspeita de envolvimento com o escândalo do lixo hospitalar encontrado em um galpão no Distrito Agroindustrial de Araguaínano começo de novembro. As investigações sobre o caso estão sendo feitas pelo 4º DP de Araguaína. Neste sábado (24), a polícia encontrou resíduos hospitalares enterrados em uma fazenda da família Olinto.



Luiz Olinto foi preso na região central de Palmas e foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. O mandado de prisão foi emitido pela 1ª Vara Criminal de Araguaína.



O advogado Antonio Ianowich negou que Luiz Olinto tenha envolvimento no caso. "Nós vamos nos inteirar do processo, não sabemos os motivos que levaram a essa prisão até porque o Luiz foi preso agindo normalmente aqui em Palmas, ele não estava escondido, não tinha conhecimento de mandado e não tem porque se esconder. Apenas vamos nos inteirar do que está acontecendo e vamos solicitar ao judiciário que reverta essa decisão que é totalmente desnecessária"

De acordo com o delegado Romeu Fernandes, que responde pelas investigações, o advogado seria responsável por fazer pagamentos da empresa Sancil Sanantonio. Segundo as investigações, a empresa era do pai dele, o ex-juiz eleitoral e advogado João Olinto, e seria a responsável por despejar quase 200 toneladas de lixo no galpão.




Além disso, Luiz Olinto teria financiado a fuga de duas mulheres, que aparecem como sócias da empresa, e dos motoristas que transportavam o lixo.


"Ele efetuava o pagamento de despesas dessas empresas, sobretudo da Sancil, participava diretamente dos atos de gestão. Também financiou a fuga das meninas e dos motoristas. Teve toda uma participação ativa, sobretudo na tentativa de frustrar que a polícia localizasse as testemunhas e obtivesse provas", explicou o delegado.



Ainda segundo a polícia, Luiz Olinto foi o mentor da tentativa de retirar o lixo hospitalar do galpão logo após a primeira tentativa de fiscalização feita por agentes da Vigilância Sanitária, Defesa Civil e Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Araguaína. Na época, o pai dele, João Olinto, impediu a entrada dos fiscais.

O advogado deve passar por exame no IML e será levado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas. Depois, será transferido para Araguaína.


Mala com dinheiro





Luiz Olinto também é investigado pela polícia por ter sido encontrado em um carro com R$ 500 mil em dinheiro, nas vésperas da eleição. Na época, ele foi encontrado junto com um policial militar que prestava serviço no gabinete do deputado Olyntho Neto (PSDB). Eles estavam em um carro da Assembleia Legislativa cedido pra o parlamentar.



Em depoimento, o advogado disse que o dinheiro seria da avó dele e serviria para comprar gado.


Escândalo do lixo






A polêmica envolvendo o lixo hospitalar de hospitais públicos do Tocantins começou no início de novembro, depois que fiscais da Prefeitura de Araguaína encontraram um galpão com quase 200 toneladas de resíduos. O local foi ligado a duas empresas do deputado Olyntho Neto. O deputado negou envolvimento no caso.






A empresa responsável por despejar o lixo no local seria do pai do deputado, o ex-juiz eleitoral e advogado João Olinto, segundo a Polícia Civil. A Secretaria Estadual de Saúde disse que contratou a Sancil Sanantonio em caráter emergencial e sem licitação. Seriam pagos R$ 557 mil por mês, mais de R$ 6 milhões por ano, pelo serviço.



Porém, durante entrevista, o secretário Renato Jayme reconheceu que a empresa não tinha capacidade técnica para o trabalho. A empresa deveria coletar resíduos de 13 hospitais, mas um relatório apontou que o serviço tinha várias falhas.



Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o ex-juiz eleitoral impedindo a entrada de fiscais da Prefeitura de Araguaína no galpão no distrito agroindustrial da cidade.



João Olinto e duas sócias da empresa tiveram a prisão decretada. Porém, a prisão das duas mulheres foi revogada. Uma delas prestou depoimento na semana passada e a outra deve se apresentar nos próximos dias.

Repercussão na segurança





Uma semana depois do galpão ser descoberto, 12 delegados regionais do Tocantins foram exonerados dos cargos de chefia. Um dos afetados foi o delegado regional de Araguaína, Bruno Boaventura. Ele estava coordenando as investigações sobre o lixo hospitalar. O delegado disse estar sofrendo retaliação por parte do governo.




Nesta segunda-feira (19), dois inquéritos foram abertos pelo Ministério Público para apurar a exoneração dos delegados regionais da Polícia Civil. Uma das investigações foi aberta pela promotoria de justiça em Palmas e a outra em Gurupi.



Depois disso, durante a tarde, toda a cúpula da Secretaria de Segurança Pública resolveu entregar os cargos. Após sete saídas, o governo determinou que o responsável pela Secretaria de Cidadania e Justiça, Heber Luis Fidelis Fernandes, vai responder interinamente pela SSP.

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