Um abraço emocionado simboliza o reencontro de Eduardo Gomes Moraes, de 36 anos, e seu pai após três dias de angústia. Eduardo estava desaparecido desde a tarde de sábado (22/12/2018), quando um fenômeno da natureza conhecido como “chuva de cabeceira” atingiu o curso d’água acima da Cachoeira do Zé Pereira, no município de São João Batista do Glória, no Sul de Minas Gerais.
Cinco pessoas morreram. Os corpos de Mariana de Melo Almeida, de 25 anos, Alexsandro Antônio Pereira de Souza, de 32, Maurílio de Pádua Silveira, que praticavam rapel, e Pollyana Laine Diniz Furtuoso dos Reis, de 26, que nadava no local foram encontrados no domingo (23).
Na segunda-feira (24), bombeiros retomaram buscas no local, inclusive com o auxílio de um helicóptero, e localizaram a quinta vítima, identificada como Gustavo Alfredo Godinho Lemos Ferreira, de 26 anos, que também estava no grupo que praticava rapel.
Já Eduardo Gomes Moraes, banhista que acompanhava Pollyana, reapareceu sozinho nessa terça-feira (25) de Natal. “Eu não esperava, eu não esperava”, disse o pai ao abraçar o filho e aconselhar: “Muda, agora. É hora para mudar. Escutou?”, disse. “Escutei, pai”, respondeu.
Confira o vídeo do reencontro:
Como escapou?
Eduardo Gomes disse que se agarrou a uma pedra enquanto a forte correnteza passava, escalou um barranco e andou pela mata. Ao encontrar uma fazenda, foi levado para casa, onde chegou, sem ferimentos, no início desta noite de ontem. “Peguei sol e chuva todos os dias. Meu santo é forte”, disse.
Chuva de cabeceira
Na tarde de sábado (22), um temporal na Serra da Canastra, onde nascem afluentes que chegam a diversos rios na região, gerou o grande volume de água que surpreendeu oito pessoas em cursos d’água nas cidades de São João Batista do Glória, no Sul de Minas, e São Roque de Minas, no Centro-Oeste do Estado. Embora em regiões distintas, os municípios são vizinhos e ficam na área de influência do Parque Nacional da Canastra.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, em São João Batista do Glória, as consequências do temporal surpreenderam seis pessoas que estavam na Cachoeira do Zé Pereira. Quatro delas (Mariana, Alexsandro, Maurílio e Gustavo) praticavam rapel e, possivelmente, segundo o sargento Anderson Marcos, da 2ª Companhia de Bombeiros de Passos, foram pegas pela correnteza quando desciam um paredão de 20 metros, próximo à queda d’água. Já o casal Pollyana e Eduardo nadavam em um poço acima da cachoeira quando foram arrastados.
O sargento Anderson Marcos explicou que o primeiro chamado foi gerado em relação a Pollyana. Uma testemunha viu quando ela foi arrastada pela água. Eduardo tentou resgatá-la, mas não conseguiu. “Eduardo ficou preso nas pedras e não conseguia sair. A testemunha, em uma área mais distante, deixou o local para buscar algum tipo de socorro. Quando voltou, já não viu mais Eduardo”, explicou o militar. “Os banhistas estavam em uma área de risco, muito escorregadia”, afirmou. Durante esta busca que os militares souberam do grupo que praticava rapel.
Ainda segundo apuração dos bombeiros, a cachoeira onde o grupo estava é um local particular, de acesso proibido, e não há avisos sobre os riscos de nadar na área em caso de chuva.
Mortes em São Roque
Segundo o sargento Anderson Marcos, a mesma tempestade atingiu São Roque de Minas. Na cidade, a Polícia Militar foi acionada por populares e encontrou os corpos de duas adolescentes que desapareceram em uma região conhecida como Rio do Peixe: Bethânia de Matos Reis, de 13 anos, e Raphaela Matos dos Santos, de 14.
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