quarta-feira, 19 de junho de 2013

Investigador Fabrício e vereador

Detetive Elton são presos...



O vereador de Santana do Paraíso, Detetive Elton  e o investigador Fabrício Quenupe/Foto: Jornal Vale do Aço
IPATINGA - Foi preso nessa sexta-feira (10) o investigador Fabricio Quenupe. Morador de Ipatinga e a serviço da Polícia Civil no Vale do Aço, ele foi transferido para a região metropolitana de Belo Horizonte, em junho de 2012.
A transferência de Fabrício Quenupe e outros dois investigadores foi solicitada pela Corregedoria da Polícia Civil, após as denúncias do delegado aposentado Francisco Lemos, que afirmou existir um esquema de corrupção que envolvia, entre outros, investigadores e delegados. Fabrício foi então designado para o plantão em uma delegacia de Nova Lima na grande BH.
A prisão de Fabrício Quenupe advém do possível envolvimento em um crime de duplo homicídio ocorrido em 2010. Na época, Quenupe era investigador na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga. O colega dele, Ronaldo Correa, que já se encontra preso em Belo Horizonte, na Casa dos Policiais, também é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por possível participação nos homicídios.
A assessoria de comunicação da Polícia Civil confirmou em nota a prisão de Fabrício, o que também foi confirmado pelo chefe do Departamento de Investigação de Homicídio e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte (DIHPP), Vagner Pinto.
Chefe do Departamento de Investigação de Homicídio e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte (DIHPP), Vagner Pinto
Ao todo, são sete os agentes de segurança detidos na operação que busca apurar a morte do jornalista Rodrigo Neto e outros crimes denunciados por ele. Um dos investigados foi solto por determinação judicial.
O duplo homicídio
Os homicídios, pelos quais recaem sobre os investigadores as suspeitas, vieram a público em julho de 2010, quando os corpos de dois jovens foram encontrados às margens de uma  estrada vicinal próxima ao Córrego Boa Vista, em Ipabinha, em meio a um matagal. As marcas deixaram evidenciavam que os jovens, encontrados nus, foram executados com tiros na cabeça.
Foto: Jornal Vale do Aço
Um dos executados se chamava Glauco Antônio Lourenço, de 22 anos, acusado de ter invadido um sacolão no bairro Canaãzinho e matado o aposentado Domingos Couto de Barros, 78 anos, com um tiro no peito em um assalto.
O outro corpo era do lavador de carros Marcos Vinícius Lopes de Oliveira, de 18 anos, que estava desaparecido desde o dia 25 de junho daquele ano. Na época, algumas pessoas disseram que ele foi visto vivo pela última vez ao ser conduzido para a delegacia no centro de Ipatinga, onde atuavam os investigadores agora presos.
Vereador também na prisão
A justiça também expediu um mandado de prisão para o vereador de Santana do Paraíso, Detetive Elton Correa (PT), também investigador da Polícia Civil, eleito na última eleição.
Segundo informações de pessoas ligadas ao detetive vereador, ele informou que se apresentará à Polícia Civil de Belo Horizonte neste sábado.
Apreensão
A população da região do Vale do Aço tem vivido momentos de apreensão, exacerbada desde o último dia 8 de março, quando o jornalista Rodrigo Neto foi executado a tiros em uma avenida do bairro Canaã em Ipatinga.
Outro momento auge deste clima de receio, ante as iminências de que uma máfia atuante na região teria como alguns integrantes justamente os que deveriam proteger a leis, foi o pronunciamento do ex-vereador e delegado aposentado Francisco Lemos.
No plenário da Câmara de Vereadores de Coronel Fabriciano, da qual era o presidente, Lemos acusou nominalmente alguns integrantes da Polícia Civil de serem membros de tal grupo criminoso.
O pronunciamento foi registrado pelo PLOX, sendo um dos vídeos mais acessados do canal. Por ser uma reportagem na qual pode ser assistida toda a oratória do denunciante, a exibição do vídeo foi impactante e seguida de várias mudanças - transferência, aposentadoria, substituição - da Polícia Civil, desde os altos escalões até aos detetives agora detidos.
Clique para assistir ao depoimento de Lemos

Caso Soldador Natanael
Segundo declarações de Francisco Lemos, o caso do soldador Natanael Alves, 25 anos, foi o “estopim” para que ele convocasse a imprensa e fizesse as denúncias. O soldador foi apresentado por Lemos como uma vítima de policiais civis que, de acordo com Lemos, estavam tentando fazer uma “armação” para incriminar alguns policiais militares responsáveis pela prisão em fragrante de uma advogada, que, de acordo com a PM, teria oferecido R$10.000 de suborno para liberar um traficante.
Clique para ver a entrevista de Natanael e reportagem sobre a sua execução a tiros
Após a fala de Lemos, o soldador Natanel conversou com a imprensa e confirmou as acusações dizendo que fora intimidado para que mentisse e acusasse os policiais militares de tê-lo torturado.
O delegado regional na época, João Xingó, alvo direto das acusações de Lemos, anunciou que ficaria afastado de seu cargo, o que seria só por alguns dias, mas não voltou a atividade, indo para a aposentadoria.
Delegado Xingó, ladeado por delegados que atuavam em Coronel Fabriciano
Ele negou as acusações feitas por Lemos e disse não entender por que o vereador que outrora o elogiava, naquele ato, chamou-o publicamente de “bandido”.
O investigador Fabrício Quenupe, preso ontem, chegou a Câmara de Vereadores minutos após Lemos começar sua fala com as acusações. A Casa do Legislativo funcionava em um prédio perto da Delegacia de Polícia. Ele e alguns colegas da Polícia que o acompanhavam interromperam o pronunciamento do vereador e trocaram acusações com ele.
IpatinhaO investigador Fabrício Quenupe (camiseta rosa) e os seus colegas chegaram durante a fala de lemos
O clima ficou tenso. Os jornalistas chegaram a temer por um enfrentamento a tiros, já que tanto o denunciante como os denunciados estavam armados.
O soldador Natanael foi assassinado com vários tiros no dia 28 de outubro do ano passado em um bairro de Coronel Fabriciano. Os crimes que culminaram com sua morte entraram para o “time” dos vários para os quais a Polícia não apontou solução.
O inquérito  que apura a morte do soldador está sendo conduzido por uma equipe da Delegacia de Homicídios de Betim. De acordo com as últimas informações da Assessoria de Imprensa da Polícia Civil, as investigações, que correm em segredo, estavam avançadas.
 

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