Entre as medidas propostas pela reforma da Previdência está a que estabelece idade mínima de 65 anos para aposentadoria e fixa o tempo mínimo de contribuição em 25 anos. Contribuindo pelo período mínimo, o trabalhador teria direito a uma aposentadoria no valor de 76% de seu salário médio. A cada ano de trabalho adicional, faria jus a mais 1 ponto percentual. Dessa forma, para se aposentar com 100% do benefício, seria preciso trabalhar 49 anos.
A proposta tramita na Câmara dos Deputados e já recebeu mais de 140 emendas. Para a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, não é possível melhorar a proposta apresentada. “Essa reforma impossibilitaria o direito à aposentadoria. O problema dela é estrutural. Foi elaborada por quem não conhece a realidade da população brasileira.”
Ela também não concorda com o fim de especificidades das aposentadorias dos trabalhadores rurais, dos professores e de profissionais que têm risco de vida, como os eletricitários e policiais civis.
A reforma da Previdência é justificada pelo governo federal como uma necessidade diante do déficit que o sistema enfrenta. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, as despesas com benefícios previdenciários estão crescendo de forma insustentável.
Leonardo Péricles, integrante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e líder da Frente Povo Sem Medo, rebate os argumentos do ministro e diz que não há déficit. “Há superávit. E a prova disso é que, nos últimos anos, recursos da Previdência foram retirados até para pagar a dívida pública e os juros aos bancos.”
Segundo Péricles, haverá outros atos para pressionar os deputados a votar contra a proposta “A aprovação da reforma impossibilitará muita gente de se aposentar. Quem consegue trabalhar desde os 17 anos sem nunca ficar um, dois ou dez anos desempregado ou empregado mas sem carteira assinada?”, questionou.
Trabalhadores protestam contra a reforma em BH (Foto: João Felipe Lolli/Itatiaia)
Paralisação
Diversas categorias de trabalhadores paralisaram as atividades hoje para participar do ato. A manifestação teve adesão de professores das redes públicas e privada, metroviários, eletricitários, trabalhadores da saúde, servidores da Universidade Federal de Minas Gerais e funcionários dos Correios, entre outros.
As 19 estações de metrô da capital mineira não abriram. O metrô tem apenas uma linha, que liga a região de Venda Nova até o município de Contagem, na região metropolitana, passando pelo centro da capital. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), diariamente cerca de 240 mil pessoas utilizam o metrô.
A CBTU, responsável pela gestão do metrô, havia obtido uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho para garantir a operação de pelo menos 80% dos trens, das 5h30 às 10h e das 16h às 20h, e de 50% nos demais horários. Até a noite de ontem (14), o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais informou que não havia sido notificado da decisão. A reportagem tentou contato hoje com a entidade, mas não obteve sucesso.
Ato contra a Reforma da Previdência reúne milhares nas ruas do Centro de Belo Horizonte |
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