Por Max Rocha
O Engenheiro automobilístico Louis Réard herdou uma confecção de lingerie da sua mãe e em junho de 1947 lançou uma roupa de praia com 2 peças, que decidiu batizar de "biquíni" - alusão aos testes atômicos dos EUA no Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall. Apesar do sucesso inicial do vestuário na França, as mulheres do mundo continuaram fiéis aos trajes de banho tradicionais de 1 peça. Por isso, Réard voltou a projetar e vender calçolões.
Para a estilista Diana Vreeland, "o biquíni foi a invenção mais importante do século XX, depois da bomba atômica". O próprio Réard o descreveria, mais tarde, como "um traje de banho (de 2 peças) que revela tudo sobre uma garota - com exceção do nome de solteira da mãe". Rendeu polêmicas e censuras. Na época, a Revista de moda 'Modern Girl Magazine' afirmou que "é inconcebível que qualquer garota, com tato e decência, use tal indecência".
A foto de 1957 mostra uma banhista de biquíni na Praia em Rimini, na costa do Mar Adriático, na Itália. Na época, o país proibiu o uso do traje revelador e "indecente", “impróprio” para ser usado em público. Na imagem, o policial parece disfarçar um leve sorriso (perversidade ou felicidade?) enquanto anota uma multa para a beldade, e seu traje de banho considerado “ofensivo”.
O biquíni foi banido das praias e lugares públicos também no litoral francês, espanhol, português, etc. Ainda foi proibido ou desencorajado em vários estados norte-americanos. O Vaticano, por sua vez, declarou-o “pecaminoso”. O Código de produção de Filmes dos EUA (Código Hays), aplicado a partir de 1934, permitia roupas de duas peças, mas proibia a exibição do umbigo nos filmes de Hollywood.
Popularidade na TV e na moda
Com o tempo fotos “glamourizadas” e cada vez mais comuns de atrizes e modelos foram decisivas na popularização do biquíni. Estrelas como Ava Gardner, Rita Hayworth, Lana Turner, Elizabeth Taylor, Tina Louise, Marilyn Monroe, Esther Williams e Betty Grable aproveitaram a publicidade "risqué" (indecente ou sexualmente sugestiva) associada ao biquíni para posar com o traje.
No cinema, a loiraça curvilínea Jayne Mansfield usou e abusou do traje de banho. A icônica atriz e modelo Brigitte Bardot apareceu de biquíni no filme "E Deus Criou a Mulher", levou a peça ao estrelato e um hit de moda nas décadas seguintes, no embalo do rock n’roll e do movimento hippie. Em 1962, no filme "007 Contra o Satânico Dr. No", a atriz Ursula Andress inovou no biquíni com cinto.
Em 1970, a atriz brasileira Leila Diniz causou polêmica ao posar grávida com um biquíni. No entanto, as praias cariocas já vislumbravam os biquínis, que ficaram cada vez menores com o passar dos anos, ganhando uma versão mais cavada, de cintura baixa, a "tanga". Nas praias cariocas, como Copacabana, as banhistas começaram a desfilar com esse e outros formatos de tamanhos diminutos.
Na década de 1980, o Brasil estreou um modelo de biquini mais alto nas laterais, o "asa-delta", e a versão tipo "cortininha". Pouco depois o biquini “fio-dental” ganhou as praias brasileiras (mas o modelo ousado não caiu nas graças do público, em outras partes do mundo). Nos anos 90 o biquini passou a estrelar ensaios de moda e virou item essencial na TV.
Emancipação das mulheres
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