A ação é referente a uma fala de Pietra Bertolazzi durante um programa da emissora no ano passado. Na ocasião, a comentarista disse que Janja usava maconha
Defesa diz que hematomas e vídeo provam que policiais
rodoviários espancaram lanterneiro
Jairon Pereira de Souza da Silva fez exame de corpo de
delito poucas horas após ocorrência e IML concluiu que não houve sinais de
agressão.
Por g1 Tocantins e TV Anhanguera
Momento em que equipe é da PRF agride homem negro em Palmas — Foto: Divulgação
Depois que o laudo pericial não identificou sinais de
agressão contra Jairon Pereira de Souza da Silva, de 36 anos, a defesa da
vítima contestou o resultado do exame de corpo de delito feito pelo Instituto
Médico Legal de Palmas (IML) já que ele ficou com hematomas e há imagens da
ação. A vítima foi abordada por policiais rodoviários federais em um posto da
região sul de Palmas.
Na noite de 6 de janeiro deste ano, Jairon estava trafegando pela BR-010, em Taquaralto, aparentemente sob efeito de álcool e uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deu sinal de parada.
Laudo do IML diz que agentes da PRF não agrediram lanterneiro; defesa da vítima contesta
Por também estar com a documentação irregular, não obedeceu
e só foi parar em um posto de combustível no Aureny I. No local, pelo menos
dois policiais rodoviários o tiraram do veículo e o agrediram com chutes e
socos. Imagens do momento da abordagem circularam nas redes sociais.
O resultado desse exame pericial, concluído no dia 9 de janeiro e assinado pelo médico legista Sergio de Moraes, cita o relato de Jairon sobre chutes nas costas e na coxa esquerda. Entretanto, a conclusão é que não houve sinais externos de agressão física e lesão corporal.
“Nas imagens do vídeo, as fotos dos hematomas elas mostram
claramente as agressões que o Jairon sofreu. Não resta dúvida de que ele sofreu
uma violência física por parte dos policiais rodoviários federais, então é uma
grande surpresa o laudo de lesões corporais não identificar nenhuma lesão à na
vítima”, disse.
Maria de Fátima também afirmou que vai usar outros elementos
do inquérito para provar que houve lesão corporal. “Vai ser basicamente através
de depoimento testemunhal, fotografias e o próprio vídeo né que mostra quando
ele foi agredido”.
A advogada ainda citou que a investigação enfrenta mais um
problema grave, já que os policiais rodoviários tentaram mudar depoimento na
delegacia e fraudar o boletim de ocorrência depois que a situação no posto de
combustível foi flagrada.
Trecho do documento emitido pelo IML no dia 9 de janeiro deste ano — Foto: Divulgação
O que diz o IML
O diretor do IML de Palmas, Eduardo Godinho, disse que o
resultado pode ter sido prejudicado pelo curto período de tempo entre a chegada
à delegacia e a hora da análise.
“Da lesão, a delegacia, a fazer o exame cautelar, o exame de
lesão corporal, ela demorou mais ou menos duas horas e quarenta e três horas.
Nesse período ainda não apresenta lesões visíveis para que o perito possa
determinar que há lesão, ou hematoma ou qualquer outra coisa dessa natureza”,
disse.
Godinho também afirmou que Jairon poderá voltar ao IML para
fazer novos exames periciais relacionados à agressão. “Ele poderia vir aqui e
fazer o exame complementar. Ele poderia ir na delegacia solicitar o exame
complementar. E não que não possa ser feita hoje também. Nós aqui, aguardamos
ele, se ele tiver interesse de vir ao IML para fazer exames complementares”.
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Lanterneiro espancado por policiais rodoviários federais é
indiciado por embriaguez ao volante
Marcas
Apesar do resultado do exame, em entrevista à TV Anhanguera
no dia 11 de janeiro, o lanterneiro contou o que aconteceu na noite de
agressões. Explicou que realmente havia ingerido bebida alcoólica e que estava
com a documentação irregular. Mas achou que houve exagero na abordagem
policial.
“Eu errei porque tentei escapar para eles não pegarem.
Peguei a 010 [BR] porque eu moro em Taquaralto. Eu queria parar, mas já tinha
fugido e eles atrás [...] e fui parar em um lugar claro”, disse.
Os quatro policiais rodoviários envolvidos na ocorrência são
Matheus Fernandes de Brito, Walley Xavier Ramalho, Leonardo Leopoldino Torres e
Danilo Campos Teixeira. Segundo a PRF, eles ainda estão afastados das
atividades nas ruas. Todos são investigados pela corregedoria e também em um
inquérito da Polícia Federal.
Vídeo mostra homem sendo agredido durante abordagem da PRF
em Palmas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Relembre o caso
Segundo boletim de ocorrência registrado sobre o caso, os
policiais teriam dado ordem de parada para a vítima ainda na BR-010, em
Taquaralto. Isso porque o homem aparentava embriaguez e ainda trafegou pela
contramão. Quando chegou ao posto do Aureny I, eles o abordaram e o agrediram.
Quatro policiais rodoviários levaram o homem para a 1ª
Central de Atendimento por volta das 23h. Eles alegaram os crimes de embriaguez
ao volante, desobediência e pelo menos oito infrações de trânsito.
Segundo a Polícia Civil, o delegado plantonista estipulou
uma fiança, que foi paga, e encaminhou a vítima para o Instituto Médico Legal
(IML) para fazer exame de corpo de delito, já que ele falou dos socos e chutes
que recebeu. Depois disso, foi liberado.
O delegado Thiago Vaz Resplandes, que atendeu a ocorrência,
chegou a informar a Justiça que os policiais rodoviários tentaram mudar
depoimento e fraudar o boletim de ocorrência após um vídeo de agressão
viralizar na internet.
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