Diogo Coutinho Chao Villar, 18 anos, foi um dos quatro mortos na queda do ônibus. CBF manifestou pesar em nota.
Por Cristina Boeckel, Eliane Santos e Elza Gimenez, g1 Rio e
TV Globo
31/01/2023 09h28
Atualizado há 9 horas
Selfie tirada na ida para o torneio — Foto: Reprodução
Treinador do Esporte Clube Vila Maria Helena, Diogo Coutinho
Chao Villar, 18 anos, clicou em uma selfie a ida do time para Ubaporanga, onde
disputariam — e ganhariam — um torneio. A foto é um dos últimos registros de
Diogo, um dos quatro mortos no acidente no mesmo coletivo, que caiu de uma
ponte, na madrugada de segunda-feira (30).
O sonho de Diogo era treinar seu time de coração, o Vasco da
Gama.
Além de Diogo, perderam a vida os atletas:
Andrei Viana da Costa Silva, 15 anos, morador de Duque de
Caxias;
Kailon da Silva Paixão, 13 anos, morador de Magé;
Thyago Ramos de Oliveira Dias, 15 anos, de Duque de Caxias.
Outras 29 pessoas ficaram feridas. Na noite de segunda, uma
homenagem foi feita para a equipe no campo em que treinavam, na Baixada
Fluminense.
Três corpos seriam enterrados nesta terça: o de Diogo, o de
Andrei e o de Kailon.
Atletas vão a velório
Gustavo Luiz, lateral direito do Vila Maria Helena, no
velório de Diogo — Foto: Cristina Boeckel/g1
Amigos e familiares estiveram no velório do corpo de Diogo,
em uma igreja evangélica em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, na manhã desta terça-feira (31).
Rodrigo Marquiz, tio de Diogo, resume as aspirações do
sobrinho.
“Ele não tinha apenas o sonho de ser alguma coisa no
futebol. Ele queria que os garotos que ele treinava conquistassem alguma coisa.
Sempre levava os meninos para fazer teste. Levou no Duque de Caxias, no Tigres,
no Volta Redonda”, contou.
Gustavo Luiz, lateral direito do time, de 13 anos, estava no
ônibus e fez questão e se despedir.
“Eu me sinto muito mal pelos meus amigos. Passa muita coisa
pela minha cabeça. Eu tive sonhos repetindo o que aconteceu, o momento foi
muito triste. Eu perdi amigos, perdi meu treinador. Ele foi bem meu amigo”,
disse Gustavo, emocionado.
O pai de Gustavo, o motorista de aplicativo André Luiz Dias
de Arouche, elogiou o trabalho de Diogo com as crianças e adolescentes da
região.
“Ele era alguém que tinha o sonho de fazer os meninos
realizarem os sonhos deles. De fazê-los jogar em um clube. E esses sonhos foram
interrompidos”, afirmou.
Alexandre de Souza, conhecido na região como Alexandre
Ratinho, é tio de Diogo e conta que este ano ele daria mais um passo rumo à
profissionalização como técnico.
“Tínhamos um projeto muito legal aqui no bairro. Aonde ele
ia, ele gostava de ser treinador. E a gente ia pegá-lo para seguir realmente
essa carreira. No fim do ano passado, ele conseguiu alcançar um objetivo, que
foi um título aqui no bairro. E, nesse começo de ano, ele foi para Minas e
disse: ‘Nós vamos ganhar esse título’. E eles foram. Nós estamos muito
tristes”, disse.
Ratinho conta que, desde cedo, Diogo era uma liderança entre
as crianças e adolescentes da região.
“Ele queria seguir ajudando as crianças, que era o que ele
fazia. As crianças de 8, 9 anos o chamavam de pai, de paizão”, contou.
Alexandre Ratinho, tio de Diogo — Foto: Cristina Boeckel/g1
O tio conta que Diogo sempre foi apaixonado pelo futebol, e
vários membros da família possuem relações com projetos sociais e times
amadores.
Como, segundo ele, desde cedo Diogo percebeu que talvez não
tivesse tanta habilidade para seguir como jogador, começou a investir na
carreira de treinador.
“A gente fica feliz porque ele deixa um legado tão novo, mas
com o coração quebrado pela perda da família”, falou o tio.
Gilcimar de Oliveira de Moraes, pai de Pedro Henrique de
Moraes, de 17 anos, um dos jogadores que estavam no ônibus, contou que foi até
o velório prestar condolências pela família. O filho está em casa, abalado com
a tragédia.
O adolescente foi um dos que estavam acordados durante o
acidente e conseguiu sair do ônibus, para auxiliar os colegas.
“Ontem [segunda-feira] à noite, mais tarde, ele ficou
sabendo dos óbitos e foi caindo a ficha, ficando muito nervoso, aquela agonia.
Somos pais, e é um sofrimento muito grande com os outros garotos”, disse
Gilcimar.
CBF manifesta pesar
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) fez uma postagem
nas redes sociais em que, “com profundo pesar”, lamenta o falecimento dos
esportistas.
“Prematuramente, um trágico acidente de ônibus interrompeu
os sonhos destes jovens e deixou outros 29 feridos”, escreveu.
A nota cita uma declaração de Ednaldo Rodrigues, presidente
da entidade:
“Recebemos com muita tristeza a notícia da morte destes
jovens que trilhavam seus passos e viveram a paixão pelo esporte. Em nome de
todos os colaboradores da CBF, me solidarizo com os familiares e amigos pela
perda irreparável de seus entes queridos. E desejo a todos os demais atletas um
pronto restabelecimento.”
‘Vou continuar o meu sonho por eles’, diz sobrevivente
Luan Paiva, atacante do time de adolescentes de Duque de
Caxias que sobreviveu ao acidente, afirmou que seguirá com o sonho de se
profissionalizar como jogador de futebol em homenagem aos quatro colegas que
morreram.
“Eu vou continuar no sonho. Eu vou continuar para realizar,
por eles, o que eles não conseguiram. Vou me esforçar mais ainda. Vou dar mais
ainda de mim”, disse Luan.
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