Patrik Camporez
Imagens do relatório do interventor do Distrito Federal, Ricardo Capelli, apresentado nesta sexta-feira ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mostram detalhes inéditos do funcionamento do acampamento que serviu de base para as manifestações golpistas do dia 8 de janeiro, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. A estrutura do local contava com itens como painéis solares para fornecer energia e rede de internet Wi-Fi. Nas palavras de Capelli, tratava-se de uma “verdadeira mini-cidade golpista e terrorista”. O acampamento foi desmontado no dia 9 de janeiro, um dias após os atos golpistas.
Relatório: Em dois meses, 73 crimes foram registrados em acampamento no DF
Flávio Bolsonaro: 'Pode ser amanhã ou nunca', diz senador sobre data de retorno do pai ao Brasil
Uma das imagens mostra um gerador de energia instalado em cima de uma caminhonete, enquanto outra revela uma estação de carregamento de celulares funcionando a todo vapor. Os golpistas também tinham acesso a banho quente e restaurantes em que as refeições eram servidas sem custos aos acampados.
“Haviam estruturas montadas para apoio de refeições e carro de som para disseminação de informações e coordenação dos manifestantes, evidenciando que o acampamento, desde sua instalação, foi elemento crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública que culminaram nos atos do dia 08 de janeiro de 2023”, diz trecho do relatório.
O documento destaca que o acampamento contava com uma “complexa e engenhosa” organização. A distribuição das tendas era feita em setores específicos, da cozinha e despensa, passando pela tenda de atendimento médico e fornecimento de energia por geradores. “Havia acesso à internet, informações, local para realização de cultos religiosos e diversas outras organizações internas”, diz o documento assinado pelo interventor.
A Polícia Federal atua em quatro linhas de investigação sobre os atos golpistas e o envolvimento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma delas é quem eram os financiadores e os agentes públicos que ajudaram a manter a estrutura, que começou a ser montada na semana seguinte à eleição, ainda em novembro do ano passado.
As imagens mostram imensas cozinhas coletivas, fileiras de banheiros químicos e até uma central de doações que também funcionava como achados e perdidos. “Constatou-se no acampamento diversos pedidos de doações, especialmente financeiras, as quais seriam destinadas ao pagamento de estruturas tais como tendas, banheiros químicos, carros de som, alimentação, dentre outros”, acrescenta o relatório.
O relatório
No relatório apresentado a Moraes, o interventor federal na segurança pública do Distrito Federal apontou as provas de que houve "falha operacional" na atuação das forças policiais no dia 8 de janeiro. Segundo ele, o documento também revela a ação "programada" de "profissionais treinados" na invasão às sedes dos Três Poderes da República em 8 de janeiro.
Um dos trechos mostra que, dois dias antes dos atos golpistas em Brasília, a Secretaria de Estado de Segurança do Distrito Federal, então comandada por Anderson Torres, ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, recebeu um relatório de inteligência apontando risco de invasão do Poder Legislativo em 8 de janeiro.
“As divulgações apresentam-se de forma alarmante, dada a afirmação de que a "tomada de poder" ocorreria, principalmente, com a invasão do Congresso Nacional”, segundo trecho do documento.
O relatório de inteligência produzido no dia 6 de janeiro também indica que entre os golpistas havia "adultos em boa condição física" e "Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs)" que faziam postagens ameaçando "sitiar Brasília".
O que tinha no acampamento golpista descrita no relatório do interventor:
Barracas de camping e de lona;
Tendas;
Cozinhas coletivas;
Banheiros químicos;
Banheiros com chuveiro quente;
Geradores de energia;
Placas solares;
Som mecânico;
Caminhão utilizado como palco;Carro de som (trio elétrico).
https://br.noticias.yahoo.com/rede-wi-fi-e-placas-170534429.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário