Em Teófilo Otoni, a companhia In-Cena atraiu 7 mil pessoas ao festival de artes cênicas que promove
Carolina Braga - EM Cultura
Publicação:19/10/2014 10:00Atualização: 19/10/2014 10:48
Grupos de teatro vão à luta no interior para apresentar peças e formar plateias | Divirta-se
Quem acompanha André Luiz Dias pelo
A In-Cena faz turnê com a peça 'Em verdade vos digp' e acaba de estrear o infantil 'Uma história sem pé nem cabeça'. Toda essa movimentação, surpreendentemente, não se dá em nenhuma grande cidade. O In-Cena funciona em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a 452 quilômetros de Belo Horizonte.
“Não é porque a gente é do interior que nosso teatro é feito de qualquer jeito”, avisa André Luiz Dias. E não apenas ele pensa assim. Minas Gerais conta com várias iniciativas bem-sucedidas, como o aclamado grupo barbacenense Ponto de Partida e trupes profissionais que proliferam longe das metrópoles. É difícil calcular quantos coletivos surgiram, pois não há coleta de dados referentes ao setor. Certo é que eles vão aparecendo em novos festivais, lotando salas em suas cidades e nos municípios vizinhos.
Curador do 24º Encontro Sesi de Artes Cênicas de Araxá, o diretor Juarez Guimarães Dias tem observado o quanto a cena local é importante para formar público. “Como os atores estão na cidade, acabam se aproximando da comunidade. Os grupos locais contribuem bastante, até mesmo porque precisam batalhar para manter o seu trabalho”, diz Juarez. Com o tema “Arte e realidade”, o próximo Encontro Sesi contará com coletivos de Uberaba, Uberlândia e Araxá. O evento vai de 31 deste mês a 8 de novembro.
Oficina
A jovem Cia. Valentina de Teatro tem tudo a ver com essa história. Fundada em 2010 pelo ator e diretor Leo Ortiz e pela atriz Luciana Antunes, ela é fruto do Encontro Sesi de Artes Cênicas. Leo foi a Araxá ministrar uma oficina e, depois de algum tempo, percebeu que a cidade do Alto Paranaíba oferecia-lhe condições suficientes para seguir adiante com o teatro.
“É bem diferente de Belo Horizonte. Entre os pontos positivos, está a maior abertura da população e o fato de a gente conseguir reconhecimento. Muitas vezes, enchemos salas de médio porte, com 300 lugares”, revela. Realmente, lotar teatros de médio porte na capital é um grande desafio para jovens grupos. Atualmente, a Valentina oferece duas montagens em seu repertório: 'Pequenas grandes lembranças' e 'Lepatoputz', dedicada ao público infantojuvenil.
Geralmente, companhias com sede no interior não contam com o apoio das leis de incentivo à cultura. Sobrevivem da venda de espetáculos para cidades vizinhas. A Valentina e a In-Cena mantêm também escolas de formação profissional. No caso do grupo do Vale do Mucuri, ocurso antecedeu a companhia. “Os atores profissionais que estão comigo foram meus alunos em 2007, 2008 e 2009. Nós mudamos a realidade daqui”, diz André.
O diretor dá aulas de interpretação em cinco municípios do Vale do Mucuri, além da cidade-sede. A circulação das peças paga as contas e, além disso, o In-cena promove anualmente o Festto – Festival de Teatro de Teófilo Otoni. Realizado em junho, o evento apresenta espetáculos nacionais e internacionais com entrada franca. A última edição atraiu a impressionante marca de sete mil espectadores em quatro dias.
Para André, as companhias enfrentam um “ranço”: o preconceito em relação ao que é feito fora da capital. Outro desafio: derrubar a falácia de que peças produzidas no interior não têm qualidade. “Estamos atentos a linguagens, à dramaturgia. Faço cursos com Roberto Alvim, em São Paulo, e com Márcio Abreu, da Cia. Brasileira, em Curitiba. Essa rede vai sendo tecida”, explica.
De acordo com o diretor, o diálogo entre as companhias existe dentro e fora do estado. Em maio, a In-Cena foi convidada para se apresentar no Teatro Espanca!, em BH. A próxima edição do Festto poderá contar com a Cia. Luna Lunera, da capital mineira. Há parcerias com a Cia. de Truões e com os atores do Grupo Giz, ambos de Uberlândia.
Estreia em Congonhas
“Os grupos do interior são fortalecidos pelos relacionamentos”, garante José Felix Junqueira, o Zezeca, um dos diretores da companhia Dez Pras Oito, de Congonhas, na Região Central de Minas.
Lá se vão 30 anos desde que a trupe estreou a montagem amadora de 'A aurora da minha vida'. O tempo passou, muitos integrantes desistiram da caminhada, mas o trabalho continua.
Em 14 de novembro, tem estreia. O Dez Pras Oito vai apresentar 'Aleijadinho – Criador e criatura', no encerramento das homenagens ao tricentenário de morte do mestre do barroco.
Encontro em novembro
Dia 31, em Araxá, começa o Encontro Sesi de Artes Cênicas. Até 8 de novembro, 26 espetáculos serão apresentados na cidade do Alto Paranaíba. Na abertura, o público poderá conferir o musical carioca 'Deixa Clarear', inspirado na trajetória da cantora Clara Nunes e dirigido por Isaac Bernat. Informações:www.encontroartescenicasaraxa.blogspot.com.
Do curral para o palco
Quando desistiu do cinema, Braz Chediak tentou viver da pecuária em Três Corações, no Sul de Minas, sua cidade natal. Não deu certo. “A vaca podia ser péssima, mas olhava para ela, achava mansinha e não conseguia fazer negócio”, diverte-se o diretor do longa 'Bonitinha mas ordinária', adaptação do texto de Nelson Rodrigues.
Desde que fracassou como fazendeiro e decidiu voltar para a arte – em especial para a música e o teatro –, o ex-diretor Braz dedica boa parte de sua rotina à administração do Projeto Seu Elias, batizado em homenagem ao pai, fã do cinema e de Charles Chaplin. Financiada pela Prefeitura de Três Corações, a entidade oferece aulas de interpretação, dança e música para cerca de 30 jovens de 9 a 15 anos.
Além disso, Chediak mantém banda com 50 integrantes. “Quando montei isso, pensei: deve ser algo que me satisfaça. Se não for assim, não dá”, conta. Nos últimos 14 anos, ele trabalhou com diversas gerações de Três Corações, encenando versões para 'Pluft', o fantasminha, de Maria Clara Machado, e Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Atualmente, seu grupo apresenta a montagem amadora 'Os saltimbancos'. São 15 atores em cena, além de integrantes da banda. Braz Chediak calcula que cinco mil pessoas, entre crianças e adultos, já viram a peça.
Grupos de teatro vão à luta no interior para apresentar peças e formar plateias | Divirta-se
O diretor e ator Leo Ortiz, da Cia. Valentina de Teatro, ajudou a construir em Araxá, cidade do Alto Paranaíba, um mercado para as artes cênicas
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percebe o quanto a agenda do diretor está agitada. A cada dia, ele e o grupo In-Cena, do qual é um dos fundadores, praticamente acordam numa cidade diferente – de Buenos Aires, na Argentina, a Ipatinga, no interior mineiro, passando pelo Rio de Janeiro e por Santiago, capital do Chile. O diretor e a trupe não param: participam de debates, oficinas e apresentações. A In-Cena faz turnê com a peça 'Em verdade vos digp' e acaba de estrear o infantil 'Uma história sem pé nem cabeça'. Toda essa movimentação, surpreendentemente, não se dá em nenhuma grande cidade. O In-Cena funciona em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a 452 quilômetros de Belo Horizonte.
“Não é porque a gente é do interior que nosso teatro é feito de qualquer jeito”, avisa André Luiz Dias. E não apenas ele pensa assim. Minas Gerais conta com várias iniciativas bem-sucedidas, como o aclamado grupo barbacenense Ponto de Partida e trupes profissionais que proliferam longe das metrópoles. É difícil calcular quantos coletivos surgiram, pois não há coleta de dados referentes ao setor. Certo é que eles vão aparecendo em novos festivais, lotando salas em suas cidades e nos municípios vizinhos.
Curador do 24º Encontro Sesi de Artes Cênicas de Araxá, o diretor Juarez Guimarães Dias tem observado o quanto a cena local é importante para formar público. “Como os atores estão na cidade, acabam se aproximando da comunidade. Os grupos locais contribuem bastante, até mesmo porque precisam batalhar para manter o seu trabalho”, diz Juarez. Com o tema “Arte e realidade”, o próximo Encontro Sesi contará com coletivos de Uberaba, Uberlândia e Araxá. O evento vai de 31 deste mês a 8 de novembro.
Oficina
A jovem Cia. Valentina de Teatro tem tudo a ver com essa história. Fundada em 2010 pelo ator e diretor Leo Ortiz e pela atriz Luciana Antunes, ela é fruto do Encontro Sesi de Artes Cênicas. Leo foi a Araxá ministrar uma oficina e, depois de algum tempo, percebeu que a cidade do Alto Paranaíba oferecia-lhe condições suficientes para seguir adiante com o teatro.
“É bem diferente de Belo Horizonte. Entre os pontos positivos, está a maior abertura da população e o fato de a gente conseguir reconhecimento. Muitas vezes, enchemos salas de médio porte, com 300 lugares”, revela. Realmente, lotar teatros de médio porte na capital é um grande desafio para jovens grupos. Atualmente, a Valentina oferece duas montagens em seu repertório: 'Pequenas grandes lembranças' e 'Lepatoputz', dedicada ao público infantojuvenil.
Geralmente, companhias com sede no interior não contam com o apoio das leis de incentivo à cultura. Sobrevivem da venda de espetáculos para cidades vizinhas. A Valentina e a In-Cena mantêm também escolas de formação profissional. No caso do grupo do Vale do Mucuri, o
O diretor dá aulas de interpretação em cinco municípios do Vale do Mucuri, além da cidade-sede. A circulação das peças paga as contas e, além disso, o In-cena promove anualmente o Festto – Festival de Teatro de Teófilo Otoni. Realizado em junho, o evento apresenta espetáculos nacionais e internacionais com entrada franca. A última edição atraiu a impressionante marca de sete mil espectadores em quatro dias.
Para André, as companhias enfrentam um “ranço”: o preconceito em relação ao que é feito fora da capital. Outro desafio: derrubar a falácia de que peças produzidas no interior não têm qualidade. “Estamos atentos a linguagens, à dramaturgia. Faço cursos com Roberto Alvim, em São Paulo, e com Márcio Abreu, da Cia. Brasileira, em Curitiba. Essa rede vai sendo tecida”, explica.
De acordo com o diretor, o diálogo entre as companhias existe dentro e fora do estado. Em maio, a In-Cena foi convidada para se apresentar no Teatro Espanca!, em BH. A próxima edição do Festto poderá contar com a Cia. Luna Lunera, da capital mineira. Há parcerias com a Cia. de Truões e com os atores do Grupo Giz, ambos de Uberlândia.
Estreia em Congonhas
“Os grupos do interior são fortalecidos pelos relacionamentos”, garante José Felix Junqueira, o Zezeca, um dos diretores da companhia Dez Pras Oito, de Congonhas, na Região Central de Minas.
Lá se vão 30 anos desde que a trupe estreou a montagem amadora de 'A aurora da minha vida'. O tempo passou, muitos integrantes desistiram da caminhada, mas o trabalho continua.
Em 14 de novembro, tem estreia. O Dez Pras Oito vai apresentar 'Aleijadinho – Criador e criatura', no encerramento das homenagens ao tricentenário de morte do mestre do barroco.
Encontro em novembro
Dia 31, em Araxá, começa o Encontro Sesi de Artes Cênicas. Até 8 de novembro, 26 espetáculos serão apresentados na cidade do Alto Paranaíba. Na abertura, o público poderá conferir o musical carioca 'Deixa Clarear', inspirado na trajetória da cantora Clara Nunes e dirigido por Isaac Bernat. Informações:www.encontroartescenicasaraxa.blogspot.com.
Banda reúne jovens em Três Corações, no Sul de Minas Gerais
Quando desistiu do cinema, Braz Chediak tentou viver da pecuária em Três Corações, no Sul de Minas, sua cidade natal. Não deu certo. “A vaca podia ser péssima, mas olhava para ela, achava mansinha e não conseguia fazer negócio”, diverte-se o diretor do longa 'Bonitinha mas ordinária', adaptação do texto de Nelson Rodrigues.
Desde que fracassou como fazendeiro e decidiu voltar para a arte – em especial para a música e o teatro –, o ex-diretor Braz dedica boa parte de sua rotina à administração do Projeto Seu Elias, batizado em homenagem ao pai, fã do cinema e de Charles Chaplin. Financiada pela Prefeitura de Três Corações, a entidade oferece aulas de interpretação, dança e música para cerca de 30 jovens de 9 a 15 anos.
Além disso, Chediak mantém banda com 50 integrantes. “Quando montei isso, pensei: deve ser algo que me satisfaça. Se não for assim, não dá”, conta. Nos últimos 14 anos, ele trabalhou com diversas gerações de Três Corações, encenando versões para 'Pluft', o fantasminha, de Maria Clara Machado, e Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Atualmente, seu grupo apresenta a montagem amadora 'Os saltimbancos'. São 15 atores em cena, além de integrantes da banda. Braz Chediak calcula que cinco mil pessoas, entre crianças e adultos, já viram a peça.
Grupos de teatro vão à luta no interior para apresentar peças e formar plateias | Divirta-se
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