Dinheiro público em terras privadas não é novidade em Minas
Falamos aqui e aqui sobre o aeroporto que Aécio construiu, com dinheiro público, em terras de sua família, quando era governador de Minas Gerais. Não foi a primeira vez que ações do tipo acontecem, envolvendo o governo do estado. Em 1983, quando Tancredo Neves era governador, foi construída uma pista de voo na mesma fazenda, pertencente à família de Aécio - aquela pista que o presidenciável disse ter sido reformada, o que não condiz exatamente com a realidade – também com dinheiro público. Tancredo destinou 30 milhões de Cruzeiros, em 1983 (o equivalente a 50 mil dólares na época) para que o então prefeito, a figura famosa Múcio Tolentino, construísse em suas terras particulares.
18 anos depois, em 2001, o Ministério Público Estadual moveu uma ação civilsobre o repasse de verba pública para a construção da pista de terra na propriedade de Múcio Tolentino. Foram pedidos o bloqueio dos bens de Múcio – incluindo a fazenda em que está o aeroporto -, a quebra do sigilo bancário e a condenação do ex-prefeito por improbidade. Os crimes já prescreveram. Hoje, só é possível manter a reparação de danos erários, referente ao uso de verbas públicas.
Em depoimento, Múcio disse que tinha um “acordo verbal” com Tancredo Neves, que previa a posterior desapropriação das terras. Vale lembrar que não houve nenhuma licitação para a realização da obra ou fiscalização pela Câmara de Claudio, cidade em que está localizada a propriedade. Como sabemos, o processo de desapropriação foi iniciado apenas 25 anos depois, em 2008, e ainda não foi concluído. Aécio tenta explicar as denúncias todos os dias, em seus canais oficiais de comunicação, e acaba de confundindo mais do que explicando. A última, em sua página do Facebook, diz que “uma coisa não tem nada a ver com a outra”. Como assim, Senador? Aécio já sabia de todo o processo quando destinou os recursos para nova obra na fazenda da família e começou a ação de desapropriação.
Na mesma nota, ele explica o porque de o dinheiro recebido por Múcio estar bloqueado e acaba se comprometendo ainda mais: “Porque em 1983 o Estado fez um repasse de recursos à Prefeitura de Cláudio para a construção de uma pista de pouso de terra no município. Na época, o antigo proprietário da área do aeroporto, Múcio Tolentino, era o prefeito. Ele recebeu o recurso e construiu a pista de pouso em terreno particular. O Ministério Público entrou com uma ação civil pública contra ele, pedindo que devolva ao município o valor investido na pista.”
Em 2009, com a construção do aeroporto particular com recurso público, o estado gastou mais R$13,9 milhões do povo de Minas com a família de Aécio. E, só pra colocar a cereja no bolo, uma lei promulgada por Aécio Neves quando era governador de Minas Gerais em 2009 dá o nome do tio-avô do presidenciável, Deputado Oswaldo Tolentino, ao aeroporto construído no município de Cláudio. Tudo em família.
Reportagem veiculada no 'Jornal Nacional', da Rede Globo, em 21 de julho de 2014
Aeroporto de Claudio MG Para isso que serve o aeroporto do Aécio Neves
Nenhum comentário:
Postar um comentário