segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A Educação e o ministro sem educação

O conhecimento destrói mitos. Essa assertiva presente em cartazes das manifestações contra o corte de verbas da Educação em todo o país é a melhor imagem desse trágico cenário criado pelo governo Bolsonaro.

A ação perspicaz do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) que requereu a presença do ministro Abraham Weintraub na Câmara dos Deputados no dia dos grandes atos de protesto contribuiu muito para que mais mitos fossem lançados por terra, como a falácia de que a prioridade é a educação básica, posta a pique por uma contundente intervenção da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Weintraub: o pior ministro da História | ANPEd
Orlando Silva também pegou o ministro em contradição, mostrando o que ele chamou de "manobra contábil" usada para dizer que o corte nas universidades federais foi de 3,5%. A conta de Weintraub considera a verba total, o que inclui a parte que não é passível de contingenciamento. Na verdade, o montante de recursos que pode ser bloqueado, chamados de discricionários, chega a 30%, segundo o próprio Ministério da Educação (MEC). “Aliás, o ministro é professor de contabilidade”, ironizou o deputado.
Essas e outras questões foram respondidas pelo ministro com a sua habitual retórica limitada à adjetivação e à tergiversação, sempre com o ranço da ideologia da extrema direita, uma afronta à civilização e à civilidade. Faltou, para Weintraub — como sempre —, espírito de urbanidade, um mínimo de esforço de coexistência pacífica e respeito ao contraditório, regras básicas e clássicas da democracia como um valor essencial, cravado fundo na alma da Constituição brasileira. Democracia é, acima de tudo, reconhecer os direitos do outro.
O ministro apenas repetiu o comportamento de um governo guiado pelo passado obscurantista de um tempo que antecedeu as luzes da civilização, oposto ao conhecimento científico que hoje têm como centro irradiador as universidades e as instituições de ensino em geral. Não há, para esse governo, a perspectiva de uma base social fundada nas premissas do desenvolvimento, com trabalhadores capacitados, socialmente integrados, e cientistas produzindo tecnologia, conhecimento e desenvolvimento. Numa definição: desenvolvimento soberano e progresso social.
Outra confirmação desse embotamento foi a manifestação do presidente Jair Bolsonaro que, com sua reiterada prática de agredir o que não lhe convém, chamou os manifestantes contra o corte de verbas para a Educação de "massa de manobra" e " idiotas úteis". Nessas categorias, segundo o rude e chulo dicionário de Bolsonaro, estão cientistas renomados, lideranças políticas e especialistas que dedicam a vida à busca de qualidade para a educação. Além, óbvio, da multidão de estudantes que compreenderam a gravidade dessa medida para eles, para a sociedade e para o país.
Esse quadro de hoje é a um só tempo uma fotografia do que o Brasil tem sido com a marcha golpista que pavimentou o caminho da extrema direita e do que pode vir a ser. Os estudantes, sobretudo, merecem o mais entusiasmado reconhecimento e apoio por esse ato inaugural, pode-se dizer assim, de oposição de massas ao bolsonarismo.
Com eles estiveram docentes, trabalhadores e muitas outras categoriais, mas coube, mais uma vez, ao movimento estudantil — liderado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes secundaristas (UBES) —, de larga e histórica tradição de luta, dar esse passo de enorme significado. Como se diz, os passos dados vão criando o caminho.

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Após dois anos da chacina das Cajazeiras, criminosos ainda não foram julgados

Maior massacre registrado no Ceará deixou 14 mortos em uma casa de shows

A chacina ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2018 em uma casa de shows conhecida como "Forró do Gago", na comunidade Barreirão, Cajazeiras

Após dois anos da chacina das Cajazeiras, criminosos ainda não foram  julgados

Por : Fernando Ribeiro

27/01/20 12:23

Dois anos após a maior chacina já registrada no Ceará, com 14 pessoas executadas a tiros, nenhum dos suspeitos de envolvimento no massacre foi julgado. O crime ocorreu exatamente na madrugada do dia 27 de janeiro de 2018 em uma casa de shows conhecida como “Forró do Gago”, na comunidade Barreirão, no bairro Cajazeiras, na Capital.

  

Ao menos, 15 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MP-CE) como  envolvidas  no massacre. Destas, 12 estão presas, sendo seis em presídios federais de segurança máxima em outros estados do país.  Sete permanecem no Sistema Penitenciário do Cear[a  Outra continua foragida e o 14º suspeito morreu no ano passado acometido de tuberculose em um presídio da Grande Fortaleza.

 

 A chacina do “Forró do Gago” ou das Cajazeiras aconteceu no momento em que ocorria um baile funk patrocinado pela facção criminosa Comando Vermelho (CV).  Dezenas de pessoas, a maioria mulheres jovens e adolescentes, estavam no local quando surgiram vários homens armados com fuzis, submetralhadoras, pistolas e espingardas de calibre 12.  Eles desceram de vários carros na Rua Madre Teresa de Calcutá já disparando as armas. Eram criminosos da facção rival ao CV, ou seja, da  Guardiões do Estado (GDE).

 Algumas pessoas que estavam na porta da casa de shows ou que simplesmente passavam na hora acabaram sendo também  executadas ou baleada. No total, 14 pessoas (oito mulheres e seis homens) estavam mortas e outras seis ficaram feridas, sendo socorridas para hospitais daquela região da cidade. Os maios graves foram encaminhados ao Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro), onde permaneceram internadas sob escolta da Polícia Militar.

 Meses de investigações sigilosas levaram a Polícia a indicar os 15 envolvidos na matança ordenada pelo chefe da GDE no Barroso e na comunidade Babilônia: Auricélio Sousa de Freitas, o “Celim Babilônia”, apontado como de altíssima periculosidade e que acabou preso meses depois da chacina, numa operação de policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) liderada pessoalmente pelo seu comandante, coronel PM Cícero Henrique Bezerra.

 

Criminosos identificados

 

Além de “Celinho da Babilônia”, também foram indiciados pela Polícia como envolvidos na matança coletiva os seguintes acusados: Dijair de Sousa Silva, o “De Deus”; Noé de Paula Moreira, o “Gripe Suína”; Misael de Paula Moreira, o “Afeganistão”; Francisco de Assis Fernandes da Silva, o “Barrinha”; e Zaqueu Oliveira da Silva, o “Macumbeiro”. Todos estão, atualmente, recolhidos em penitenciárias federais de segurança máxima em outros estados brasileiros, como a de Catanduvas, no Paraná; e a de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

 

Outros sete suspeitos continuam presos em unidades do Sistema Penitenciário do Ceará. São eles: Ruan Dantas da Silva, o “RD”; Francisco Kelson do Nascimento, o “Susto”; Joel Anastácio de Freitas, o “Gaspar”; João Paulo Félix Nogueira, o “Paulo Caxias”, Eduardo dos Santos  Lima, o “Aço”; e Fernando Alves de Santana, o “Baiano”, além de Victor Matos de Freitas.

 

Continua foragido o suspeito identificado por Ayalla Duarte Cavalcante, o “Zóio”.  Já Renan Gabriel da Silva, o “RG”, morreu no ano passado, acometido de tuberculose na cadeia.

 

Morreram na chacina das Cajazeiras as seguintes pessoas:

 

1 – Maíra Santos da Silva, 15 anos;

 

2 – Maria Tatiana da Costa Ferreira 17 anos;

 

3 – Brenda Oliveira de Menezes, 19 anos;

 

4 – José Jefferson de Souza Ferreira, 21 anos;

 

5 – Raquel Martins Neves, 22 anos;

 

6 – Luana Ramos Silva, 22 anos;

 

7 – Wesley Brendo Santo Nascimento, 24 anos;

 

8 – Natanael Abreu da Silva, 25 anos;

 

9 – Antônio Gilson Ribeiro Xavier, 31 anos;

 

10 – Renata Nunes de Sousa, 32 anos;

 

11 – Mariza Mara Nascimento da Silva, 37 anos;

 

12 – Edneusa Pereira de Albuquerque, 38 anos;

 

13 – Raimundo da Cunha Dias, 48 anos;

 

14 – Antônio José Dias de Oliveira, 55 anos.

https://cn7.com.br/apos-dois-anos-da-chacina-das-cajazeiras-criminosos-ainda-nao-foram-julgados/

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