Segundo a polícia, menor contou que, antes do crime, pesquisou na internet "como matar uma pessoa usando faca"
Primo de Anastasia será julgado por fraude em obra do
Governo de MG
Waldemar Anastasia era sócio da CWP Engenharia, que recebeu
R$ 166 milhões para executar obras públicas durante gestão do então governador
MINAS GERAIS | Ezequiel Fagundes, da RecordTV Minas
12/02/2020 - 19H08 (ATUALIZADO EM 12/02/2020 - 20H04)
Primo do ex-governador Antonio Anastasia, o empreiteiro Waldemar Anastasia Polizzi, vai a julgamento neste mês por fraude em licitação envolvendo obras públicas durante o mandato do parente, entre 2011 e 2012.
Em ligações interceptadas pelo Ministério Público de Minas
Gerais, Polizzi conta como atuou para conquistar contratos públicos com o
Governo de Minas.
O empreiteiro é ex-sócio da CWP Engenharia, empresa contratada para fazer grandes obras no Estado em 2011 e 2012, durante o governo de Antonio Anastasia. Waldemar é primo do ex-governador, afilhado político do deputado federal Aécio Neves. Contratado para fazer obras que já consumiram milhões de reais e estão inacabadas, ele começa a ser julgado este mês.
As obras investigadas são os hospitais regionais de Sete
Lagoas, a 70 km de Belo Horizonte e Juiz de Fora, a 266 km da capital mineira,
além do complexo "Cidade das Águas", em Frutal, na região do
Triângulo Mineiro. Nenhuma das três obras foi concluída. Mesmo assim, a CWP
Engenheria recebeu R$ 166 milhões durante a gestão tucana em Minas. O
ex-governador Antonio Anastasia não está entre os investigados.
Em conversa com um outro empreiteiro, Waldemar Anastasia diz
que saiu do quadro societário da CWP Engenharia para participar das licitações
públicas atuando como responsável técnico das obras.
"Eu combinei com eles que eu ia fazer, cê lembra disso?
Eu tinha combinado, tá bom, eu entro lá porque senão cês não conseguem entrar
na obra, né? Mas depois tem que tirar meu nome."
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, a conversa
indica que Waldemar Anastasia "atuou como responsável técnico da empresa
para participação em licitação, função essencial para a prática dos desvios,
eis que as exigências de capacidade técnica da licitação visavam a limitar a competitividade
através de direcionamento para os atributos técnicos do Waldemar."
O diálogo, segundo o MP, "confirma o acordo espúrio
para conseguir entrar na obra.
Em seguida, o interlocutor pergunta se Waldemar Anastasia
está se referindo à obra do Hospital Regional de Sete Lagoas. Ele responde que
esta seria uma delas, juntamente com o projeto Cidade das Águas, em Frutal.
Em outro trecho da conversa, Waldemar Anastasia Polizzi
demonstra preocupação com as investigações da Controladoria Geral do Estado.
"Estão atrás de coisa errada nossa"
O empreiteiro diz que "não deve absolutamente nada e
seria o homem mais honesto que Deus pôs na terra". A conversa termina com
o interlocutor de Waldemar Anastasia dizendo que estariam querendo "ferrar
o nosso primo."
Denúncia
Por conta de irregularidades nas obras da Cidade das Águas,
Waldemar Anastasia foi denunciado pelo Ministério Público junto com outras nove
pessoas em 2016. Entre os réus, está o ex-deputado federal e ex-presidente do
PSDB de Minas, Narcio Rodrigues, que ficou preso na penitenciária Nelson
Hungria em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte, entre maio e
agosto de 2016 e, hoje, responde ao processo em liberdade.
O projeto Cidade das Águas chegou a ser inaugurado pelo
ex-governador Antonio Anastasia. No entanto, a obra nunca foi concluída, mas
até equipamentos eletrônicos de última geração foram comprados.
Julgamento
Quatro anos depois da denúncia, o processo envolvendo o
projeto Cidade das Águas começa a ser julgado ainda neste mês na Justiça Federal
em Belo Horizonte. Em relação à investigação das obras do Hospital Regional de
Sete Lagoas, o Ministério Público prorrogou por mais um ano o inquérito. Os
promotores de Justiça aguardam a conclusão de uma auditoria da CGE
(Controladoria Geral do Estado), que ficará pronta no segundo semestre deste
ano.
A construção já consumiu R$ 50 milhões e se encontra
totalmente paralisada, sem data para conclusão.
Outro lado
O advogado de Waldemar Anastasia Polizzi não comentou o teor
das conversas e alegou que ele foi excluído do processo, apesar do seu nome
constar como réu no site da Justiça Federal.
Em nota, o senador Antonio Anastasia disse que não é sequer
citado nos documentos e desconhece a investigação do Ministério Público. De
toda forma, ele considera que a apuração deve ocorrer, na forma da lei.
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