Três homens são assassinados a tiros em Governador
Valadares; um deles participava de uma confraternização em um bar
Crimes foram nessa terça-feira (10) nos Bairros Santa
Helena, Jardim Ipê e Nossa Senhora das Graças; número de mortos em quatro dias
na cidade já chega a nove.
Por G1 Vales de Minas Gerais
Homem de 48 anos foi morto no Bairro Jardim Ipê — Foto: Roberto Higino/ Arquivo pessoal
Minutos depois, um homem de 48 anos foi morto a tiros no
Bairro Jardim Ipê. O corpo de Rogeri Pereira do Nascimento foi encontrado na
Rua Sapucaia e dois suspeitos foram presos.
Na casa de um deles, a PM encontrou um revólver, drogas,
balança de precisão e dinheiro. O dono da casa confessou o crime e disse que
havia matado Rogeri por conta de uma dívida de drogas no valor de R$ 200.
Segundo a perícia, a vítima foi morta com quatro tiros. O
corpo foi encaminhado a Instituto Médico Legal (IML).
Materiais foram encontrados na casa de um dos suspeitos — Foto: Roberto Higino/ Arquivo pessoal
Nossa Senhora das Graças
O terceiro homicídio foi por volta das 23h, no Bairro Nossa
Senhora das Graças. Um homem de 26 anos foi baleado com quatro tiros enquanto
participava de uma confraternização em um bar na Rua Tarumirim.
Rômulo Vinicius de Assunção Moreira chegou a ser socorrido
por populares, mas não resistiu. Até o momento ninguém foi preso e a motivação
é desconhecida.
Onda de violência
Desde o último final de semana, a polícia tem registrado
vários homicídios na cidade. Na madrugada do último sábado (7), um homem de 49
anos foi morto no Distrito de Xonin de Cima. Geraldo Damas Santos foi atingido
com três tiros na testa e nas mãos. Mais tarde, por volta das 19h30, um
bombeiro militar foi morto em uma emboscada, no centro da cidade. Um jovem de
25 anos confessou que matou devido a uma dívida de R$ 20 mil que teria com a
vítima.
Já no domingo (8), três jovens, de 19, 22 e 24 anos, foram
assassinados a tiros. O primeiro foi na Rua Itabirito, no Bairro Turmalina, por
volta das 10h30. Às 15h50, o corpo de um rapaz de 19 anos foi encontrado na Rua
Orquídeas, no Bairro Primavera. E o último homicídio foi por das 18h20 na Rua
São Francisco Xavier, no Conjunto Sotero Inácio Ramos (SIR).
Na segunda (9), no bairro Jardim Ipê, um homem foi morto com
um tiro na cabeça, na rua Augusto da Cunha. Não há informações sobre autoria e
motivação.
Veja mais notícias da região no G1 Vales de Minas.
Jovem é morto com mais de 30 tiros no quintal de casa, em
Governador Valadares
Segundo as primeiras informações da Polícia Militar, dois
suspeitos foram detidos. PM informou que o homicídio pode ter sido motivado por
um acerto de contas.
Por G1 Vales de Minas Gerais
Bombeiros estiveram no local, mas jovem morreu no quintal de casa — Foto: Roberto Higino / Arquivo Pessoal
Um jovem de 18 anos foi morto ao ser atingido por mais de 30
tiros no Bairro Santa Helena, em Governador Valadares (MG), nesta terça-feira
(10). Segundo as primeiras informações da Polícia Militar, dois suspeitos foram
detidos.
De acordo com a PM, um criminoso invadiu a casa de Breno
Batista Correia da Silva e disparou várias vezes. O rapaz morreu no quintal da
residência, que fica na região conhecida como Morro do Querosene.
A PM informou que o homicídio pode ter sido motivado por um
acerto de contas. O rapaz tinha várias passagens por envolvimento com o tráfico
de drogas.
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de
Governador Valadares.
Veja mais notícias da região no G1 Vales de Minas.
Marielle, Bolsonaro e a milícia: os fatos que escancaram o submundo do presidente
Dois anos após a morte da vereadora, investigações expõem
relações de Bolsonaro com criminosos
Igor Carvalho
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 14 de Março de 2020 às
09:03
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bolsonaro bope
O atual presidente nunca escondeu sua relação próxima com
agentes das forças de segurança - Reprodução/Twitter
Neste sábado (14), a execução da vereadora Marielle Franco
(PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, completa dois anos. Neste período, a
apuração do crime avançou em alguns aspectos, mesmo que lentamente. No mapa da
investigação, ainda que de forma confusa, milicianos das forças de segurança e
políticos do Rio de Janeiro figuram como suspeitos. Uma leitura atenta sobre os
nomes divulgados, revela a relação intrínseca dos acusados com a família
Bolsonaro.
Desde 14 de março de 2019, o policial reformado Ronnie Lessa
e o ex-policial militar Élcio Queiroz estão detidos, acusados de serem os
executores de Marielle Franco. No dia 26 de outubro do mesmo ano, em seu último
ato à frente da Procuradoria Geral da República (PGR), Raquel Dodge apresentou
uma denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) apontando Domingos Inácio
Brazão, ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, como
mandante do assassinato da vereadora.
Essa primeira informação, da prisão dos suspeitos, já fez o
país atentar para a relação entre os milicianos, o assassinato de Marielle
Franco e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Lessa é vizinho do presidente
no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de
Janeiro. Nas redes sociais, Élcio Queiroz exalta o mandatário brasileiro e
expõe fotos com ele.
:Bolsonaro dá passaporte diplomático a parentes de suspeito da morte de Marielle::
::Bolsonaro dá passaporte diplomático a parentes de suspeito da morte de Marielle::
Federalização
Na mesma ocasião da denúncia contra Brazão, Dodge recomendou
que o caso fosse federalizado. Isso significa que a investigação sairia das
mãos da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(MPRJ) e iria para a Polícia Federal (PF). A federalização do processo é uma
reivindicação antiga da família de Marielle Franco. Porém, com a chegada
Bolsonaro à presidência, os parentes da vereadora mudaram de ideia.
“Acreditamos que [o ministro da Justiça e Segurança Pública]
Sérgio Moro contribuirá muito mais se ele permanecer afastado das apurações”,
afirmou a família em nota divulgada à imprensa. “O Ministério Público do estado
do Rio de Janeiro obteve avanços importantes e por isso somos favoráveis a que
a instituição permaneça responsável pela elucidação do caso.”
À época da denúncia de Dodge, o chefe do Departamento Geral
de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o delegado Antônio Ricardo Nunes,
responsável pela investigação da Polícia Civil, não descartou a possibilidade
de que Brazão seja o mandante do crime. “Essa é uma linha de investigação que
nós seguiremos também”, declarou o agente.
Arte: Fernando Bertolo/Brasil de Fato
É o mandante?
Os investigadores se aproximaram de Domingos Brazão após
interceptações feitas pela Polícia Federal no telefone do miliciano Jorge
Alberto Moreth, o Beto Bomba. Em diálogo com o vereador Marcello Siciliano
(PHS), que ocorreu em 8 de fevereiro de 2019, divulgado pelo UOL, o miliciano
afirma que Brazão é o mandante do crime e que teria pago R$ 500 mil pela
execução da vereadora.
"Só que o sr. Brazão veio aqui fazer um pedido para um
dos nossos aqui, que fez contato com o pessoal do Escritório do Crime, fora do
Adriano [da Nóbrega], sem consentimento do Adriano. Os moleques foram lá,
montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba,
escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela
[Marielle]", afirma Beto Bomba, na conversa com Siciliano.
Empresário da construção civil e cumprindo seu primeiro
mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Marcello Siciliano se elegeu em
2016, com votação expressiva na zona oeste do município, em regiões controladas
pelas milícias, como Rio das Pedras.
Em dezembro de 2018, a Câmara Municipal aprovou um projeto
de Marcello Siciliano, em parceria com os vereadores Felipe Michel (PSDB) e
Inaldo Silva (PRB), que autorizava a Igreja Batista Atitude, na Barra da
Tijuca, a construir uma templo novo e maior, que já foi inaugurado. A igreja é
frequentada por Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro, que receberam, inclusive,
uma festa de despedida dos fieis quando foram morar em Brasília.
Em relatório da Polícia Federal, o miliciano Rodrigo Jorge
Ferreira, o Ferreirinha, que também foi interceptado pela PF, fala sobre a
disputa eleitoral na região da Barra da Tijuca como uma possível motivação de
Brazão para matar Marielle Franco.
“A mesma análise dá conta de outra disputa territorial:
observou-se proximidade entre as zonas eleitorais onde Marielle Franco e
Chiquinho Brazão [irmão mais velho de Domingos] obtiveram a maioria de votos”,
aponta o relatório. Ainda de acordo com o documento, o conselheiro do TCE é
próximo dos milicianos.
Chiquinho Brazão, hoje deputado federal pelo Avante, que é
sócio do irmão em uma rede de postos de gasolina, recebeu do governo de Jair
Bolsonaro três passaportes diplomáticos, em março de 2019. De acordo com as
revelações feitas pelo Brasil de Fato, o benefício foi concedido ao
parlamentar, à Dalila Maria de Moraes Brazão, sua esposa, e a João Vitor de
Moraes Brazão, seu filho.
Em outro trecho do texto, o delegado da PF Leandro Almada,
que assina o relatório, não hesita em apontar o conselheiro do TCE como
responsável pela execução. “Domingos Inácio Brazão é, efetivamente, por outros
dados e informações que dispomos, o principal suspeito de ser o autor
intelectual dos crimes contra Marielle e Anderson.”
Domingos Inácio
Brazão é, efetivamente, por outros dados e informações que dispomos, o
principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e
Anderson.
Na interceptação telefônica feita pela PF, o miliciano Beto
Bomba aponta outros executores para o assassinato de Marielle: Edmilson Gomes
Menezes, o Macaquinho, Leonardo Gouveia da Silva, o Mad, e Leonardo Luccas
Pereira, o Leléo. O major da Polícia Militar Ronald Alves Pereira teria
comandado a operação.
Um mês após a conversa, Ronnie Lessa e Élico Queiroz foram
presos no Rio de Janeiro. Para o MPRJ e a Polícia Civil, a dupla é responsável
pela execução da vereadora psolista no dia 14 de março de 2018. Os dois negam a
autoria do crime, mas seguem presos e irão à júri popular.
Assassinado no dia 9 de fevereiro deste ano, após uma
operação policial que tentava capturá-lo na Bahia, depois de um ano foragido,
Adriano da Nóbrega é figura-chave para compreender diversos crimes, mas também
para entender a relação do clã Bolsonaro com as milícias cariocas.
O advogado do ex-agente do Bope, Paulo Emílio Catta Preta,
em entrevista ao Globo, levantou a possibilidade de que seu cliente tenha
morrido por saber demais. Porém, não especificou os segredos de Nóbrega.
"Ele me disse assim: 'doutor, ninguém está aqui para me prender. Eles
querem me matar. Se me prenderem, vão matar na prisão. Tenho certeza que vão me
matar por queima de arquivo'. Palavras dele", afirmou o defensor.
Com Adriano, foram apreendidos 13 celulares, que estão com a
Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas que ainda não foram periciados. Nóbrega já
havia sido citado no noticiário, pois é apontado pelo MPRJ como beneficiário do
esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio
Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, que hoje é senador da República.
É chamado de “rachadinha” um esquema que ocorre quando
funcionários do gabinete de um parlamentar repassam parte de seus salários para
o político.
O Ministério Público usou informações do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para indicar que Fabrício Queiroz,
enquanto era assessor no gabinete de Flávio Bolsonaro, teria recebido R$ 2
milhões em sua conta, divididos em 483 depósitos.
No mesmo mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj), trabalharam a ex-esposa e a mãe de Nóbrega, Danielle Mendonça da Costa
e Raimunda Veras Magalhães, respectivamente. Elas receberam um total de R$
1.029.042,48 em salários e repassaram R$ 203 mil para Fabrício Queiroz,
respeitando o esquema estabelecido no gabinete para beneficiar o parlamentar,
de acordo com a denúncia do MPE.
Ao todo, Queiroz movimentou R$ 7 milhões em três anos. Entre
janeiro de 2016 e janeiro de 2017, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro fez
diversos depósitos e saques que somam R$ 1,2 milhão. Um dos depósitos, de R$ 24
mil, foi feito na conta da primeira dama Michelle Bolsonaro, no ano de 2016.
Questionado sobre o repasse à sua esposa, Jair Bolsonaro
informou que fez um empréstimo a Queiroz e o depósito seria parte do pagamento.
O presidente lembrou, em entrevista, que é amigo do ex-assessor do filho desde
1984.
A amizade também é a natureza da relação entre Adriano da
Nóbrega e Queiroz, que se conhecem desde 2003, quando serviram juntos no 18º
Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ). Justamente neste, Nóbrega
recebeu a primeira homenagem de Flávio Bolsonaro na Alerj. A segunda viria em
2005, ano em que o ex-agente do Bope foi julgado e condenado por um júri
popular, por conta de um homicídio. O miliciano não compareceu à premiação por
estar preso.
Durante o seu julgamento, Nóbrega recebeu um apoio
importante, do então deputado federal Jair Bolsonaro. Após a audiência que
culminou na condenação do miliciano, o atual presidente da República foi até a
tribuna da Câmara dos Deputados e defendeu o militar. “Ele sempre foi um
brilhante oficial”.
Em 2007, Nóbrega recorreu da decisão e foi inocentado. Em
2013, foi expulso da PM, por conta de seu envolvimento com o jogo do bicho.
Outro importante personagem do Escritório do Crime, o major
Ronald Paulo Alves, apontado por Beto Bomba como responsável por organizar o
grupo de assassinos que executariam Marielle Franco e Anderson Gomes, também
foi homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj.
Em 2004, o filho do presidente celebrou uma ação comandada
por Alves que terminou com três mortes. Um ano antes, em 2003, o major teria
participado da chacina de cinco jovens dentro da da boate Via Show, em São João
de Meriti. Quatro policiais já foram condenados pelo caso e somente o agente
condecorado por Flávio Bolsonaro ainda não foi julgado.
No último dia 15 de fevereiro, após a morte de Nóbrega,
Bolsonaro foi interpelado sobre sua relação com milicianos e negou qualquer
vínculo. "Eu não conheço a milícia no Rio de Janeiro. Desconheço. Não
existe nenhuma ligação minha com a milícia do Rio de Janeiro", afirmou.
Edição: Rodrigo Chagas
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