Em discurso de pouco mais de 10 minutos para menos de 100 empresários brasileiros na manhã dessa terça-feira (10/03), em Miami, o presidente Jair Bolsonaro negou que exista crise econômica internacional e insinuou que há alarmismo na cobertura de imprensa sobre a desaceleração de mercados diante da epidemia de coronavírus.
"Os números, não só da economia, bem como das demais áreas falam por si. Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga", afirmou Bolsonaro.
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Na segunda-feira, seguindo tendência global de queda, a Bovespa encerrou o pregão em baixa de 12%, a Petrobras perdeu R$ 90 bilhões de valor de mercado, a cotação do dólar atingiu R$ 4,78, mesmo com a injeção de US$ 3,5 bilhões do Banco Central no mercado para conter a escalada.
Hoje, a Bovespa opera em alta e o dólar recuou para o patamar de R$ 4,65. Para Bolsonaro, a melhora no cenário mostra que "isso não é crise".
"Alguns da imprensa conseguiram fazer uma crise na queda do preço do petróleo. É melhor cair 30% do que subir 30% do preço do petróleo. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na Bolsa, isso acontece esporadicamente. Como estamos vendo agora há pouco, as Bolsas que começam a abrir hoje já começam com sinais de recuperação", disse Bolsonaro, sobre o pior dia de operações no mercado de ações brasileiro desde 1998.
Bolsonaro descartou ainda a possibilidade de intervenção do governo na economia para conter a volatilidade do mercado e estabilizar os preços de combustíveis.
"Zero, zero, não existe isso. A política que a Petrobras segue é a de preços internacionais, então a gente espera, obviamente, não como presidente mas como cidadão, que o preço caia nas refinarias e seja repassado ao consumidor na bomba", disse o presidente.
Livre comércio
Bolsonaro afirmou aos empresários que tratou com o presidente Donald Trump da possibilidade de um acordo de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos. Os dois jantaram no sábado na residência de veraneio do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida.
"Conversei rapidamente com o presidente Trump no último sábado e ele falou que há interesse em discurtir um acordo de livre comércio com o Brasil. Isso é fantástico!"
Em sua primeira coletiva de imprensa em toda a viagem, Bolsonaro detalhou: "Foi dado o primeiro passo. Discutimos questões pontuais, como é do interesse americano etanol e carne de porco. Pedi para ele (Trump) para que nós deixássemos questões pontuais e discutíssemos de forma mais ampla. Ele concordou. Então nossas assessorias vão começar a discutir livre comércio mais amplo com EUA."
Até agora, os americanos têm evitado falar em acordo comercial no sentido amplo enquanto não zerarem a lista do que chamam de "irritantes comerciais", um conjunto de produtos quanto aos quais os países competem e não concordam.
Um desses irritantes foi recentemente desfeito. No mês passado, os americanos aceitaram reabrir seu mercado para a carne bovina brasileira, suspensa há anos por motivos sanitários que já haviam sido corrigidos pelos produtores brasileiros.
Durante o jantar, questionado pela imprensa sobre se garantia que não voltaria a impor taxas sobre produtos brasileiros, Trump preferiu não se comprometer: "Eu não faço promessas".
No fim do ano passado, Trump pegou o governo brasileiro de surpresa ao anunciar que imporia taxas sobre o aço e o alumínio do Brasil, acusando o país de desvalorizar o câmbio propositalmente para levar vantagem comercial.
O presidente americano recuou 18 dias depois. No jantar, Trump rememorou o episódio e disse que, graças ao seu gesto, Bolsonaro "ficou mais popular" no Brasil.
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