Mesmo após atleta de surf mostrar fotos e chave da bicicleta, o homem e a mulher só deixaram o local após começarem a ser filmados
Políticos, influenciadores e outros usuários de redes sociais se manifestaram contra ato racista denunciado pelo instrutor de surf Matheus Ribeiro. Em uma postagem também nas redes sociais, o jovem negro relatou que, na tarde de sábado (12/6), enquanto esperava a namorada, Maria Eliza, na porta do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, efoi abordado por um casal que, segundo Matheus, o acusou de furto de uma bicicleta. O homem e a mulher afirmaram que o veículo usado por ele havia sido furtado. A bicicleta elétrica é usada por Matheus para transitar entre as aulas de surf dadas na escola Team Bispo e outros locais. O relato dele repercute no Instagram e levou o nome “Leblon” para os 15 assuntos mais comentados do Twitter.
“Do nada aparecem esses dois jovens com as seguintes frases: ‘Você pegou essa bicicleta ali agora, não foi?’, disse o homem; ‘é sim, essa bicicleta é minha’, falou a jovem”, conta Matheus. O instrutor afirmou que foi compreensivo e quis mostrar ao casal o engano. Chegou a mostrar fotos antigas e a chave da trava da bicicleta, mas os jovens insistiram na acusação de furto.
O casal só deixou Matheus quando, segundo ele, o homem tentou, sem a autorização do instrutor, abrir a trava do veículo. “Frustrado com sua tentativa, ele diz que não me acusou, afinal, estava apenas perguntando…”, indigna-se. A vítima da acusação racista gravou a parte final do ocorrido, ação que os fez deixar o local após Matheus mandá-los embora. Veja abaixo:
Para Matheus, a acusação é resultado de racismo. “Um preto numa bicicleta elétrica? No Leblon? Isso encabula o racista. Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado dele, não importa o quanto você prove”, pontua. “Ela não tem ideia de quem levou sua bicicleta, mas a primeira coisa que vem a sua cabeça é que algum neguinho levou”, complementa.
Matheus é da Favela da Maré e, como atleta de surf, já esteve em São Paulo, Bahia e El Salvador para surfar. Em janeiro de 2019, ele estampou a capa do tradicional jornal da comunidade em que mora, o Maré de Notícias, com a manchete ‘A praia também é nossa: Matheus Ribeiro surfa, ensina o esporte e prova que a Zona Sul também é nosso território’. O instrutor afirma que vive para incentivar os sonhos das crianças da Maré.
Há 15 dias, outra situação racista com um jovem negro de bicicleta viralizou nas redes sociais. Em Goiás, o youtuber Felipe Ferreira ficou sob a mira de uma arma apontada por um policial após se recusar a deixar a bicicleta dele. No momento, Felipe gravava manobras para postar no canal do YouTube.
Políticos e influenciadores repercutem o caso
Ativistas, políticos e influenciadores opinam sobre o caso. A vereadora do Rio de Janeiro Thais Ferreira (PSOL-RJ) compartilhou o relato e chamou o caso de absurdo.
O ex-BBB Danrley Ferreira, morador da comunidade Rocinha, questiona aos seguidores qual seria a reação “se você tivesse com a sua bike e alguém chegasse e te acusasse de tê-la roubado”.
A deputada estadual e líder do PSol na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Renata Souza, disse que o caso tem a “mesma lógica do sistema penal racista: basta ser preto pra ser suspeito”.
A atriz de Malhação Heslaine Vieira questionou se “alguém para um homem branco para questionar a posse de uma bicicleta”. Negra, ela afirma que o racismo tem deixado homens e mulheres pretos exaustos.
O influenciador e pesquisador em segurança pública Breno Laerte foi um dos primeiros a compartilhar o relato. Ele chama os acusadores de “casalzinho de racistas” e pede que os usuários da rede social compartilhem o caso. Os três tuítes de Laerte sobre o assunto somam cerca de 57 mil curtidas.
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