terça-feira, 29 de junho de 2021

'Foi uma declaração infeliz', diz Zema sobre fala para COVID-19 viajar

 Governador de Minas Gerais deu declaração em abril de 2020, em um contexto de debate sobre fechamento do comércio

Romeu Zema afirmou que 'falaria diferente' a respeito da COVID-19
(foto: Fábio Marchetto/Governo de Minas)
Pouco mais de um ano depois de afirmar que seria necessário que a COVID-19 viajasse um pouco”, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, considera que a declaração foi “infeliz” e que não a diria novamente. Em entrevista exclusiva nesta segunda-feira (28/6) ao Estado de Minas, o chefe do Executivo mineiro reconheceu que a fala foi inadequada.
Foi uma declaração infeliz, e hoje eu falaria diferente”, disse Zema, nesta segunda. A fala de Zema sobre a viagem do vírus aconteceu em abril de 2020.

Na ocasião, com um mês de pandemia e com o debate sobre o fechamento da atividade comercial ou não, o governador citou a “necessidade” de o coronavírus viajar entre as regiões. A declaração foi dada durante uma videoconferência com a XP Investimentos, corretora de valores.

“Temos observado que em muitas regiões, muitas cidades, os casos existentes, ou até a ausência de casos, não justificam o fechamento total do comércio. Até porque, nesta crise, nós precisamos que o vírus viaje um pouco. Se nós impedirmos ele totalmente, ele acaba deixando algumas regiões sem estar infectadas e amanhã nós vamos ter uma onda gigantesca nesta região. Então, o ideal é que ele se propague mais devagar, e a ausência total de propagação é ruim”, disse Zema, à época.

Segundo dados desta segunda-feira do governo de Minas, o estado perdeu 45.924 vidas por causa da COVID-19. Minas teve também, ao todo, 1.788.725 infecções, com 1.659.641 pessoas recuperadas e outros 83.160 casos em acompanhamento médico. O estado recebeu 13.441.624 doses de imunizantes e distribuiu 11.555.835, com aplicação de 6.858.758 (primeira dose) e 2.673.898 (segunda dose).

De acordo com dados disponibilizados nesse domingo (27/6) pelo Ministério da Saúde, o Brasil perdeu 513.474 vidas por conta das complicações causadas pela COVID-19. São 18.420.598 casos confirmados no país desde o início da pandemia, em março de 2020.



O VÍRUS PRECISA VIAJAR? Zema explica fala polêmica O VÍRUS PRECISA VIAJAR? Zema explica fala polêmica 

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MP de Bolsonaro com emenda de Ricardo Barros autorizou pagamento de vacinas não entregues

Líder Ricardo Barros fez emenda à medida provisória de Bolsonaro em favor da Covaxin. Médico e deputado federal, Alexandre Padilha fala em esquema escandaloso

 Por Redação RBA

Publicado 29/06/2021 - 20h01


Reprodução/Redes sociais

 

Propaganda da cloroquina fez com que empresários ganhassem muito dinheiro, diz Padilha. 'A mamata da cloroquina e da vacina pode ter financiado o bolsonarismo'

 

São Paulo – Viralizou um vídeo de 23 de fevereiro em que o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) critica a votação da Medida Provisória 1.026/2021. Assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, a MP autoriza o pagamento antecipado de vacinas, mesmo que elas não sejam entregues. Exatamente o que ocorreu com a Covaxin. A compra das vacinas indianas foi suspensa hoje (29) pelo Ministério da Saúde, após denúncias feitas pelos irmãos Miranda na última sexta-feira (25) à CPI da Covid.

 

O contrato com a Precisa Medicamentos autorizava a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, ao custo de quase R$ 80 cada. Foi fechado em tempo recorde e com o mais alto preço por dose. Já a Pfizer, por exemplo, foi negada por Bolsonaro durante quase um ano. Sem empresas intermediárias, o custo da Pfizer gira em torno de R$ 50 cada dose.

  

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Condições escandalosas

“Além de prevaricar, por não ter iniciado qualquer investigação sobre o esquema que ele sabia que seu líder de governo tinha, Bolsonaro assinou uma medida provisória que criou condições escandalosas para que se armasse esquema de pagamento antecipado para empresas sem obrigação de que entregassem o conjunto das vacinas”, lembra Padilha, que é médico. “Assinada em 6 de janeiro por Bolsonaro, a MP por exemplo viabilizou a visita do embaixador indiano em 7 e 8 de março.”

 

Segundo reportagem da CartaCapital, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é autor de emenda à MP, produzida para facilitar importação da Covaxin. Dessa forma, graças a Barros, o imunizante indiano passou a fazer da lista de vacinas incluídas na medida provisória de Bolsonaro. Elas poderiam ser compradas sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

Esquema de compras

“A votação da MP em 23 de fevereiro viabilizou as regras para o contrato feito em 25 de fevereiro, dois dias depois, pelo Ministério da Saúde para a compra dessas vacinas. Um escândalo construído e montado pela assinatura de Bolsonaro na medida provisória. Mudanças de regras que permitiam a construção de um grande esquema de compra de vacinas. E a CPI tem de se dedicar a isso. Acredito que outros crimes, além da prevaricação, além do crime contra a vida, foram cometidos por Bolsonaro nesse episódio”, diz ainda Padilha, reforçando que a CPI não pode se resumir ao crime da prevaricação.

 

“Tenho certeza de que já está claro que Bolsonaro cometeu o crime da prevaricação, mas a CPI tem de se dedicar a desvendar os outros crimes cometidos por Bolsonaro. Não só esse escândalo da compra de vacinas, como também na propaganda que faz sobre a cloroquina”, ressalta. “A propaganda da cloroquina, além de fazer parte de uma engrenagem pra estimular as pessoas a se expor na pandemia, fez com que empresários bolsonaristas ganhassem muito dinheiro. A mamata da cloroquina e da vacina pode ter financiado o bolsonarismo”, denuncia o deputado.

 

Proteção a testemunhas

O servidor Luís Ricardo Fernandes Miranda, do Ministério da Saúde, e denunciante do esquema das vacinas Covaxin no governo, pode ter de entrar no programa de proteção a testemunhas. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Ele e o irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), levaram ao conhecimento de Bolsonaro as irregularidades na compra das vacinas indianas, Mas o presidente da República nada fez. Ou seja, prevaricou.

 

“Bolsonaro tinha conhecimento dos fatos, revelou que tinha conhecimento da autoria (ao mencionar o nome do ex-ministro e atual líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros) e nada fez. E sabia como mandar apurar”, afirma o jurista Mauro Menezes. Segundo os denunciantes, Bolsonaro teria mencionado a Polícia Federal. “Falou mais alto o interesse particular e político”, diz o mestre em Direito Público. Menezes é redator do superpedido de impeachment de Bolsonaro, que será entregue à Câmara do Deputados nesta quarta (30).

 

“Meu irmão já está a caminho da PF. E vai decidir se quer ou não entrar no programa, que pode até incluir a mudança do nome dele”, relata o deputado Luis Miranda, para quem o irmão, que está traumatizado e mal sai de casa, deve aceitar a proteção. “Eu sei onde ele mexeu, e ele sabe muito mais. [Luís Ricardo] falou na CPI apenas sobre o que nos foi perguntado. Mas tem uma série de outra irregularidades e transações sobre as quais ele tem conhecimento e que ainda não foram reveladas. Para poder colaborar e deixar de forma transparente tudo o que ocorre no Ministério da Saúde, é aconselhável que aceite entrar no programa”, disse o deputado à jornalista. O parlamentar não pretende entrar no programa. “Não posso me amedrontar. A verdade está ao nosso lado.”

  

 

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