terça-feira, 30 de maio de 2023

BOLSONARO CAIXA ECONÔMICA: Entenda o rombo bilionário deixado por Jair Bolsonaro na Caixa Econômica Federal

 Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, usaram medidas para liberar crédito para a população em ano eleitoral

Rodrigo Fernandes

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Rodrigo Fernandes
Publicado em 29/05/2023 às 10:25 | Atualizado em 29/05/2023 às 10:50


Pedro Guimarães se aproximou de Bolsonaro no governo. - FOTO: ISAC NOBREGA


Uma reportagem do UOL publicada nesta segunda-feira (29) afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou um rombo bilionário nas contas da Caixa Econômica Federal, banco público federal.

Segundo a jornalista Amanda Rossi, o ex-mandatário utilizou recursos da instituição financeira estatal para liberar recursos para a população para melhorar sua imagem durante a tentativa de se reeleger presidente.

Por meio de linhas de crédito bilionárias, ele liberou dinheiro para a população mas não conseguiu se reeleger, deixando um "calote bilionário", nas palavras da repórter. Entenda a seguir como foram as ações de Bolsonaro na Caixa Econômica Federal.

Bolsonaro Caixa Econômica

A reportagem lembra que, no dia 17 de março de 2022, Bolsonaro e o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, assinaram duas medidas provisórias: uma para o SIM Digital e outra para o Empréstimo Consignado do Auxílio Brasil.

Somando as duas linhas de crédito, a Caixa emprestou R$ 10,6 bilhões para a população — sendo R$ 3 bilhões do SIM Digital e R$ 7,6 do Consignado do Auxílio Brasil.

Além disso, no último trimestre do ano, o índice de liquidez de curto prazo — um indicador de risco — chegou ao menor nível já registrado pelo banco.

Por meio da assessoria, a Caixa confirmou ao UOL que os números levantados pela reportagem estão corretos.

SIM Digital

O programa SIM Digital liberava uma linha de microcrédito para pessoas com o nome sujo. Eram liberados valores entre R$ 300 a R$ 1 mil para pessoas que tivessem até R$ 3 mil em dívidas.

Qualquer banco poderia participar do sistema, mas apenas a Caixa decidiu abrir esse crédito para a população. Em um único dia, mais de 50 mil contratos foram assinados.

"É a primeira vez que na história do Brasil existe uma operação dessa, com foco nas pessoas negativadas", disse, na época, Pedro Guimarães, presidente do banco.

A inadimplência, segundo atual presidente do banco, Rita Serrano, chegou a 80%. Ou seja, de cada R$ 1 mil emprestados, R$ 800 não foram pagos. Para cobrir o buraco, o Governo Federal estuda usar recursos do FGTS. 

Consignado do Auxílio Brasil

O Empréstimo Consignado do Auxílio Brasil foi liberado entre o primeiro e o segundo turno das Eleições 2022. O programa liberava uma linha de crédito para beneficiários do programa, que teriam o valor descontado mensalmente nas parcelas do próprio benefício.

O programa foi visto como uma estratégia "desesperada" de Bolsonaro para conseguir votos durante o processo eleitoral, e foi extremamente criticado por especialistas por não expor regras claras para a população por poder causar superendividamento da população mais pobre.

Da mesma forma que o SIM Brasil, nenhum outro banco grande topou participar — somente a Caixa, que liberou, em média, R$ 447 milhões por dia útil. 

Mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito é incerto.

Pedro Guimarães Caixa Econômica

Na gestão de Pedro Guimarães, a Caixa precisou reduzir seus ativos de alta liquidez — quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre disponível, para não quebrar.

No fim de 2022, segundo a reportagem do UOL, o montante chegou a R$ 162 bilhões — R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior.

Em junho de 2022, Pedro Guimarães caiu após um escândalo que envolveu denúncias de assédio moral e sexual.

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