Tenente Coronel Zucco é suspeito de patrocinar e incentivar atos contra o resultado das eleições no Rio Grande do Sul e em Brasília. Deputado disse estar tranquilo e negou crime.
Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
23/05/2023 15h49 Atualizado há 3 horas
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal retome as investigações sobre a suposta participação do deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) em atos antidemocráticos.
Deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) no plenário da Câmara dos Deputados. — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
O caso envolve suspeita de patrocínio e incentivo a atos
antidemocráticos no Rio Grande do Sul e em Brasília contra o resultado das
eleições de 2022. O pedido de investigação começou no RS, mas o Tribunal
Regional Federal da Quarta Região entendeu que, como Zucco tem foro
privilegiado, a análise deveria ser feita pelo STF.
Moraes, que é o relator das investigações sobre atos
antidemocráticos e golpistas, autorizou que a PF analise se há indícios de
crime na conduta do parlamentar. “Encaminhe-se os autos à Polícia Federal, para
continuidade das investigações”, escreveu o ministro. A decisão é da última
sexta-feira (19).
Zucco é o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) destinada a investigar invasões de terras por integrantes do Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Em nota divulgada pela assessoria, o parlamentar disse estar
tranquilo em relação à investigação, negou que tenha cometido qualquer crime e
falou em instrumentalização para atuação política pelo momento em que ele atua
na CPI do MST (veja a íntegra no fim desta reportagem).
Atos em Porto Alegre
No ano passado, a Polícia Civil do RS apontou o deputado
como incentivador dos atos antidemocráticos de bolsonaristas contra o resultado
das eleições de 2022.
O documento da Polícia Civil cita uma postagem feita por
Zucco, que na época era deputado estadual. Nela, o parlamentar postou uma foto
de um ato antidemocrático em frente ao Comando Militar do Sul que bloqueou vias
da região – a Brigada Militar orientou os integrantes a desobstruí-las, e o MPF
recomendou que a prefeitura de Porto Alegre atuasse para isso acontecer.
De acordo com a investigação, na publicação Zucco pedia que
as pessoas fossem protestar no local. Segundo a polícia, ele ainda respondia
internautas alegando retomar ‘aquilo que as eleições supostamente teriam
subtraído do povo’.
Defesa do deputado
Veja a íntegra do posicionamento do deputado Zucco:
Fiquei surpreso ao saber pela imprensa da existência da
solicitação de investigação encaminhada à Polícia Federal pelo Supremo Tribunal
Federal.
A notícia de fato que embasa o pedido foi feita junto ao
TRF-4 baseada em postagens feitas por mim em rede social nos meses de outubro e
novembro de 2022. Como fui eleito deputado federal o processo seguiu para o STF
conforme determina a Constituição Federal.
Chama atenção, contudo, o sensacionalismo com que alguns
veículos trataram do tema, passando a impressão de terem sido
instrumentalizados para uma atuação política justamente em momento em que
assumo a presidência da CPI do MST.
Trata-se de tentativa de “requentar” pauta já há muito
esclarecida. Trata-se de tentativa de cercear o pleno exercício de minha
atividade parlamentar, isso sim atitude daqueles que não possuem apreço pelo
Estado Democrático de Direito.
Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de
envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia.
Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a
Polícia Federal verificará que nenhum crime houve assim como já observado pela
autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica
se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer
pontos que se mostrem necessários.
Por fim, seguiremos firmes na missão de buscar todos os
esclarecimentos sobre a escalada de invasões de propriedades privadas no âmbito
da CPI do MST, bem como exercerei o mandato parlamentar outorgado pelo povo
gaúcho com vigor, coragem e técnica, dentro do que preceitua a Constituição
Federal.
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