Pessoas detidas estavam envolvidas em dois episódios de discriminação sofridos pelo jogador brasileiro no país europeu
Ao menos sete pessoas envolvidas em ataques racistas contra o jogador brasileiro Vinícius Júnior foram presas nesta terça-feira (23) na Espanha. As detenções aconteceram um dia depois que o ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, citou a possibilidade de aplicar a legislação brasileira contra agressores do jogador, que é vítima de reiterados ataques no país europeu.
Segundo informações da imprensa espahola, quatro pessoas foram presas em Madri, capital do país, acusadas de participação em um episódio registrado em janeiro deste ano, quando supostos torcedores do Atlético de Madrid, rival do Real Madrid, time do jogador brasileiro, simularam o enforcamento de um boneco com o nome do jogador em uma ponte da cidade horas antes de uma partida entre as equipes.
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Os outros três detidos estavam em Valência, cidade onde foi registrado o mais recente ataque a Vinícius. No último domingo (21), integrantes da torcida do Valencia, time local, entoaram gritos chamando o jogador de "mono" ("macaco", em espanhol), antes e durante partida contra o Real Madrid.
Na segunda-feira (22), em meio a diversas manifestações formais do governo brasileiro sobre o caso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, não descartou usar o princípio da extraterritorialidade, previsto no Código Penal, como um "remédio extremo" em caso de crimes contra brasileiros ocorridos no exterior, "em caso de inércia das autoridades inicialmente competentes".
"Tema da extraterritorialidade ainda está em análise e depende de uma série de fatores. Apenas lembro que está no Código Penal, já que alguns estão questionando a menção que fiz como um remédio extremo. Acho que é útil que todos saibam a existência dessa proteção aos direitos dos brasileiros. A propósito, o princípio também existe na Espanha e em outros países", disse o ministro, no Twitter.
Vini agradece apoio recebido
Vítima de agressões racistas, o jogador brasileiro ainda teve que lidar com uma expulsão na partida diante do Valencia após revidar um golpe "mata-leão" que recebeu de um jogador adversário. Além disso, foi criticado publicamente, via redes sociais, pelo presiente da La Liga (entidade que administra o campeonato espanhol), Javier Tebas, que tentou transferir a ele responsabilidade sobre o caso.
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Vini, então, reiterou as cobranças feitas à entidade e às autoridades espanholas. "Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove", disse, em resposta direta a Tebas.
Desde domingo, o jogador vem recebendo apoio de pessoas e entidades de todo o mundo. Jogadores das principais equipes brasileiras e europeias se manifestaram, assim como artistas, líderes políticos e torcedores de todos os times.
Na noite da última segunda-feira, a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, teve as luzes apagadas em solidariedade ao jogador. Em publicação no Twitter, Vini se disse emocionado, e agradeceu por "toda a corrente de carinho e apoio" que recebeu nos últimos meses.
Edição: Nicolau Soares
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