Os ‘falidos’ do coronavírus: veja as empresas que quebraram
na pandemia
Companhias aéreas foram as primeiras a sentir o baque,
seguidas por empresas que dependem também do turismo ou de viagens
corporativas. Varejistas com fraca presença no e-commerce também sofreram com a
ausência de clientes.
9 de julho de 2020
16:29
Imagem conceitual traz logo de empresas que pediram recuperação judicial em túmulos
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock
C
om lojas fechadas, barreiras para circulação de pessoas e
clientes trancados em casa, empresas do mundo inteiro não resistiram aos
efeitos da pandemia. Além de mortos e feridos, o coronavírus deixou um rastro
de "falidos".
No primeiro semestre de 2020, os pedidos de falência
avançaram 34,2%, os de recuperação judicial, 32,8%, e as recuperações judiciais
deferidas, 45,3%, mantida em relação ao mesmo período do ano passado, segundo
levantamento nacional da Boa Vista.
Não foi só a lojinha da esquina que passou apuros. Muitas grandes empresas não resistiram e precisaram recorrer à recuperação judicial para não ficar insolventes. Nos Estados Unidos também teve "fila" para buscar o benefício do Chapter 11, a lei de recuperação judicial americana.
No Brasil ou nos Estados Unidos, a recuperação judicial é um
recurso que permite que a empresa deixe de pagar seus credores temporariamente.
Ela ganha um fôlego para preparar um plano de recuperação e apresentar à
Justiça. A medida serve, portanto, para tentar evitar a falência.
Se o plano for aprovado pelos credores e bem executado, a
empresa volta para o mercado recuperada. Caso não consiga, o processo pode ser
convertido em falência e os bens vão à leilão para pagar dívidas.
O Seu Dinheiro fez a contagem dos "falidos" e
aponta abaixo algumas grandes empresas que não resistiram:
Contagem de 'falidos'
A aviação foi um dos segmentos mais afetados pela pandemia.
Com restrições para a circulação de pessoas e o medo da população em se
aglomerar em uma avião, a demanda por passagem aérea desabou. As empresas
fizeram esforços para devolver aeronaves, colocar funcionários de licença, mas
não foi suficiente.
Latam: pediu recuperação judicial nos EUA no dia 26 de maio. A princípio, a subsidiária brasileira tinha ficado de fora do processo, mas ela foi incluída nesta quinta-feira (9).
Avianca: a empresa aérea colombiana pediu recuperação
judicial em 10 de maio nos Estados Unidos. O pedido não inclui a empresa
brasileira de mesmo nome. A brasileira já estava em recuperação judicial antes
da crise do coronavírus e pediu a conversão do processo em falência em 6 de
julho por não ver chance de retomada dos negócios.
Aeromexico: o mesmo foi o destino da aérea mexicana, no dia
30 de junho.
Outros negócios que estão relacionados ao ramo de viagens,
turismo e eventos também estão entre os primeiros a pedir socorro.
Cirque du Soleil
Cirque du Soleil: não existe circo sem platéia e não dá para manter astros sem a venda de ingressos. A empresa de espetáculos, criada em 1984, também acabou em recuperação judicial, com dívidas estimadas em US$ 1 bilhão. Ao todo, 44 espetáculos foram encerrados e cerca de 3,5 mil funcionários demitidos.
Hertz: a locadora de veículos já andava em maus lençóis
antes do covid-19, com resultados financeiros fracos. Com a queda na demanda
por locação de carros, a empresa foi para a lista de RJ. As operações no Brasil
não são afetadas, pois elas foram compradas pela Localiza.
A crise pegou em cheio também o varejo, que ficou com
coleções encalhadas em lojas fechadas. As empresas que tinham uma presença mais
fraca no e-commerce e dependiam mais de vendas em shoppings foram as que mais
sofreram durante a pandemia.
J. Crew: foi a primeira grande varejista americana a
recorrer ao Chapter 11, logo no início de maio. A empresa afirmou, na ocasião,
que iria perder mais de US$ 900 milhões em vendas anuais, algo equivalente a
35% de sua receita no ano passado.
J.C. Penney: a centenária varejista americana também estava
mal das pernas antes mesmo do covid-19, com uma dívida elevada. Ela não vinha
conseguindo enfrentar a perda da concorrência para o e-commerce. Com as lojas
fechadas, sua situação ficou insustentável e não teve como escapar do Chapter
11.
A crise ainda está rolando e a lista deve aumentar. Há um
risco de contágio ainda não estimado com essas perdas. Por exemplo, as agências
de viagens estão com passagens em aberto de diversas companhias aéreas. Se tudo
der certo, elas vão remarcar essas passagens. Mas em caso de insolvência, essa
crédito se tornará também um passivo praticamente irrecuperável para as
parceiras, que podem ser as próximas a entrar na lista da recuperação judicial.
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Marina Gazzoni
Marina Gazzoni
mgazzoni@seudinheiro.com
CEO do Seu Dinheiro. É CFP® (Certified Financial Planner).
Tem graduação em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
MBA em Informação Econômico-Financeira e Mercado de Capitais no Instituto
Educacional BM&FBovespa. Foi Diretora de Conteúdo e editora-chefe do Seu
Dinheiro, editora de Economia do G1 e repórter de O Estado de S. Paulo, Folha
de S. Paulo e do portal IG.
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