Ministro da Economia coleciona declarações elitistas, como aquela em que criticou o "filho do porteiro" que entra na universidade
“O prato de um classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos. E os nossos aqui, nós fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme. Isso vai até o final, que é a refeição da classe média alta, até lá há excessos”, disse Guedes.
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E continuou: “Como utilizar esses excessos que estão em restaurantes e esse encadeamento com as políticas sociais, isso tem que ser feito. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia no restaurante, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”.
Assista.
A declaração de Guedes foi duramente criticada nas redes sociais e por políticos de oposição. O PT, por exemplo, divulgou um artigo em seu site para tratar do assunto, com reações de parlamentares do partido. “Paulo Guedes, o povo não quer resto de comida! O povo quer dignidade! Essa elite que desconhece a fome trabalha para a manutenção da pobreza, da escassez e da falta de direitos”, disse o deputado José Guimarães (PT-CE).
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também comentou: “Não é de hoje o desprezo de Guedes com os pobres. Mas a perversidade não tem limites e ele defende dar resto de comida pra quem tem fome. Pra completar o terror, Tereza Cristina, da Agricultura, fala em alimentos vencidos. Não basta o vírus e a fome, esse governo é higienista!”.
A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), por sua vez, divulgou nota para rebater a declaração de Guedes. “Em mais uma declaração absurda, desta vez em evento da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o ministro da Economia, Paulo Guedes demonstra seu total despreparo, preconceito e desconhecimento do funcionamento de seu próprio país. O povo brasileiro necessita de políticas sérias e efetivas para combater a desigualdade – e não de medidas paliativas que infringem normas sanitárias e preceitos humanitários básicos”, escreveu a entidade.
Veja a repercussão:
“Além de afundar a economia, beneficiar os mais ricos e tentar privatizar o Estado brasileiro, principalmente por meio da fragilização dos serviços públicos com a reforma administrativa, Guedes novamente se posiciona de forma elitista. Mais de 125 milhões de brasileiros vivem atualmente sem a certeza do prato de comida na mesa e com uma política econômica que ignora os mais pobres e reduz o atendimento público”, completou a Fenafisco.
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Filho do porteiro
Em abril, o Guedes já havia feito outra declaração elitista em uma reunião palaciana sem saber que estava sendo gravado. “O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: ‘Seu Paulo, eu estou muito preocupado’. O que houve? ‘Meu filho passou na universidade privada’. Ué, mas está triste por quê? ‘Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço para preencher, colocava ‘zero’. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes”, havia disparado o ministro.
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