País é o 1º a adotar proibição
OMS suspendeu testes clínicos
DEUTSCHE WELLE
27.maio.2020 (quarta-feira) - 10h58
27.maio.2020 (quarta-feira) - 10h58
A França proibiu oficialmente nesta 4ª feira (27.mai.2020) o uso de hidroxicloroquina para tratar casos de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Um decreto que permitia o uso do medicamento em casos graves da enfermidade foi cancelado, segundo decisão publicada no diário oficial do país.
A medida foi adotada depois de parecer desfavorável do Conselho Superior de Saúde Pública sobre o uso da medicação e passa a valer imediatamente.
“Seja em consultas ou em hospitais, esse medicamento não deve ser prescrito para pacientes com covid-19“, disse o Ministério da Saúde da França.
No final de março, a França permitiu a prescrição de hidroxicloroquina em hospitais para casos específicos e pacientes hospitalizados.
País é o 7º com mais casos no mundo, tendo registrado 182.847 casos e 28.533 mortes.
A França é o 1º país a adotar a proibição depois da OMS (Organização Mundial da Saúde) decidir, na 2ª feira (25.mai), suspender os testes clínicos com a hidroxicloroquina no tratamento contra à covid-19. A decisão se baseou em amplo estudo com quase 100 mil pacientes, publicado na revista científica The Lancet em 22 de maio, uma dos mais conceituadas do mundo.
De acordo com a pesquisa, o medicamento pode causar efeitos colaterais graves, em particular, arritmia cardíaca, e eleva o risco de morte. “Depois de lermos a publicação, decidimos, em meio às dúvidas, ser cautelosos e suspender temporariamente a adesão ao medicamento“, afirmou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.
Apesar da abrangência do estudo, do prestígio da The Lancet e da afirmação da OMS, o governo brasileiro decidiu manter o protocolo de indicação do medicamento mesmo para casos leves da doença.
“Não se trata de 1 ensaio clínico, é apenas 1 banco de dados, coletado de vários países. Isso não entra num critério de 1 estudo metodologicamente aceitável para servir de referência para nenhum país do mundo e nem para o Brasil“, justificou Mayra Pinheiro, secretária de gestão em trabalho na saúde do Ministério da Saúde.
A OMS afirmou que vai continuar coletando dados para confirmar o estudo publicado na The Lancet e vai revisar à decisão em reuniões com autoridades médicas dos países que realizam os testes dentro do programa Solidarity Trial, apoiado pela entidade. Eles são realizados em mais de 400 hospitais em 35 países, envolvendo em torno de 3.500 pacientes.
A hidroxicloroquina, normalmente utilizada no tratamento contra artrite, vinha sendo alardeada pelo presidente americano, Donald Trump, como benéfica no combate à covid-19. Trump, inclusive, chegou a afirmar que estava se tratando preventivamente com o medicamento.
Trump fez a 1ª menção à hidroxicloroquina em 21 de março, depois do suposto potencial da droga ter sido propagado em círculos de extrema direita na internet que promovem teorias conspiratórias e desconfiança contra o establishment científico.
A informação passou a circular depois de 1 anúncio do controverso do pesquisador francês Didier Raoult, que no dia 17 de março divulgou 1 estudo preliminar em 24 pacientes apontando que a hidroxicloroquina havia sido eficaz no tratamento da covid-19. No entanto, o estudo de Raoult foi criticado em círculos científicos por causa da sua amostra limitada.
Em 23 de março, 2 dias depois de Trump mencionar o remédio, foi a vez de Bolsonaro seguir o exemplo do americano e passar a sistematicamente promover tanto a hidroxicloroquina quanto a cloroquina, mesmo sem estudos amplos que comprovassem a eficácia. Ele chegou a chamar os fármacos de “cura“.
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