quinta-feira, 9 de junho de 2022

Análise | Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é uma data de luta contra a censura

 Prisões, torturas e até morte, era o que aguardava os precursores do jornalismo brasileiro quando ousavam criticar

Walmaro Paz

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

 

Embora mundialmente a liberdade de imprensa seja comemorada no dia 3 de maio, instituído pela ONU em dezembro de 1993 por decisão da Assembleia Geral, em atenção ao artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Brasil desde 1977 celebramos esta data hoje (7). Foi quando cerca de 3 mil jornalistas assinamos um manifesto pela liberdade de imprensa, em plena ditadura, durante o governo do general Ernesto Geisel. Um ano e meio antes, em 1975, o jornalista Wladimir Herzog tinha sido executado numa das celas do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo.

Foi um ato corajoso da categoria, pois até então os censores praticamente viviam nas redações dos jornais apagando literalmente todas as críticas ao governo. E isto acontecia na história do Brasil desde a Velha República, passando pelo regime de Vargas que instituiu o famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

Com um regime de produção escravista, o nosso país teve proibição de imprimir qualquer coisa, até a chegada da família real no Rio de Janeiro em 1808, quando se abriu a Imprensa Régia, na verdade o Diário Oficial, e desde então a censura imperava. Quem ler a História da Imprensa no Brasil, de Nelson Werneck Sodré, vai entender o trabalho que dava fazer qualquer jornal com criticas ao governo no tempo do regime imperial.

Prisões, torturas e até morte, era o que aguardava os precursores do jornalismo brasileiro quando ousavam fazer qualquer crítica aos governantes de plantão.

No período da ditadura militar de 1964, muitos jornais da grande imprensa para denunciar a censura, publicavam receitas de comida, no lugar onde tinha sido censurada alguma matéria. Este foi o caso do Estadão, do Jornal do Brasil, da Tribuna de Imprensa.

Os jornais alternativos que apareceram em 1969, como o Pasquim, e depois outros como o Movimento, o Coojornal, o Em Tempo, o Versus foram diversas vezes censurados e seus jornalistas presos.

Atualmente a categoria sofreu diversos ataques, o primeiro foi a invalidação do diploma pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), até as agressões gratuitas do governante eleito em 2018, cujo nome me recuso a escrever.

O Poder Judiciário também tem servido como perseguidor da liberdade de imprensa e, através da Lei de Imprensa criada pela ditadura militar, condenado diversos colegas. Um exemplo é o jornalista Elmar Bones, atualmente editor do Já Porto Alegre, que foi condenado a multas tão pesadas que praticamente inviabilizaram sua atividade profissional. Elmar, no entanto, continua resistindo.

Por toda essa história é da maior importância celebrarmos este dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Somente com uma imprensa livre poderemos garantir uma democracia plena.

 

*Walmaro é jornalista e diretor da Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI).

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko

https://www.brasildefato.com.br/2022/06/07/analise-dia-nacional-da-liberdade-de-imprensa-e-uma-data-de-luta-contra-a-censura

                                                            


'PCC é principal suspeito': o que diz polícia colombiana sobre assassinato de promotor em lua de mel

O promotor assassinado liderava uma das maiores operações antimáfia da história do Paraguai, país que é chave na rede de tráfico de drogas da America do Sul

BBC

Atahualpa Amerise - @atareports - BBC News Mundo

postado em 09/06/2022 16:22

Wender Scott Carrillo, suspeito de atirar em Pecci, capturado pela polícia colombiana - (crédito: Getty Images)

As investigações do assassinato do promotor paraguaio Marcelo Pecci, ocorrido em maio, estão avançando rapidamente.

 

As autoridades explicaram nesta semana como o crime foi concebido e executado, e dizem que há cada vez mais indícios de que a autoria intelectual do crime é do Primeiro Comando da Capital (PCC), um dos maiores grupos criminosos do Brasil.

 

Pecci estava em lua de mel com a esposa na cidade turística de Barú, perto de Cartagena (Colômbia), quando um pistoleiro chegou de jet ski no resort onde ele estava hospedado e o matou a tiros em 10 de maio.

 

Quem é o promotor paraguaio que investigava PCC e foi assassinado em lua de mel

Chacina e assassinatos revelam PCC 'fora de controle' das autoridades na fronteira Brasil-Paraguai

Marcelo Pecci

Getty Images

O promotor Marcelo Pecci, assassinado durante lua de mel na Colômbia

O promotor liderava uma das maiores operações antimáfia da história do Paraguai, país que é chave na rede de tráfico de drogas da região. Por isso, desde o início as investigações apontavam para uma operação internacional.

 

Como o promotor foi executado?

Cinco pessoas foram presas. Quatro delas reconheceram participação no crime e confessaram detalhes sobre a execução do assassinato em audiência na segunda-feira (6/6).

 Suspeitos do assassinato de Pecci

Getty Images

A polícia transferiu os cinco presos para uma prisão de alta segurança em Bogotá

O quinto preso, que negou as acusações, é identificado como o líder do grupo executor: Francisco Luis Correa, ex-integrante da quadrilha criminosa "Los Paisas", que tem um extenso histórico criminal.

 

Eles estão presos em uma prisão de alta segurança, acusados de homicídio qualificado e posse ilegal de armas.

 

Correa "foi quem estruturou aquela operação com pistoleiros que vieram de Medellín para Cartagena", segundo o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa.

 

Marisol Londoño e Cristian Camilo Monsalve, que são mãe e filho, ficaram encarregados de seguir Pecci até Barú, destino de férias com vários quilômetros de praia com hotéis na orla.

 

Eiverson Adrián Zavaleta foi encarregado de transportar os demais. Wender Scott Carrillo, um cidadão venezuelano, foi quem supostamente disparou a arma, segundo as autoridades.

 

Redes sociais

Além das confissões dos autores, a promotoria colombiana possui mais de uma centena de provas, desde comunicações interceptadas até imagens de câmeras de segurança, como a que mostra o promotor paraguaio e seus algozes momentos antes do crime.

 

Publicações nas redes sociais da esposa de Pecci, a jornalista Claudia Aguilera, teriam ajudado os pistoleiros, segundo detalhes da investigação.

Aguilera recebe condolências no funeral do marido

Getty Images

Aguilera recebe condolências no funeral do marido

"Os criminosos afirmaram que em muitas ocasiões tinham perdido o alvo, mas que graças às redes sociais conseguiram localizar o promotor", disse o promotor Barbosa.

 

Um sexto envolvido está foragido e as autoridades colombianas estão oferecendo até 500 milhões de pesos (cerca de R$ 650 mil reais) em troca de informações que facilitem sua captura.

 

Trata-se de Carlos Luis Salinas Mendoza, conhecido como "Mendoza", identificado como membro de uma organização criminosa a serviço de grupos internacionais e especificamente dedicado ao assassinato de aluguel.

 

Mendoza é alvo de um alerta da Interpol e acredita-se que ele tenha fugido para a Venezuela, embora também seja procurado no Equador, Peru e Panamá, segundo o diretor-geral da Polícia Nacional da Colômbia, general Jorge Luis Vargas Valencia.

 

Mentores

O crime foi financiado com mais de 2 bilhões de pesos colombianos (R$ 2,6 milhões) que foram distribuídos entre várias pessoas, disse o promotor colombiano. Mas quem estaria interessado em desembolsar tal quantia para acabar com a vida de Marcelo Pecci?

Ato em apoio a Pecci após o assassinato

Getty Images

Paraguaios demonstraram seu apoio a Pecci após o assassinato

O promotor liderou inúmeras investigações contra a máfia, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no Paraguai, incluindo uma contra o PCC.

 

Com sede em São Paulo e cerca de 30 mil membros, o PCC movimenta mais de R$ 390 milhões por ano em operações de tráfico de drogas, roubos, sequestros e assaltos a bancos, segundo cálculos da polícia brasileira.

 

O diretor da polícia colombiana apontou o PCC como principal suspeito do assassinato.

 

Ele argumenta que o PCC tinha planejado cometer o crime no Paraguai, mas que teriam sido convencidos a cometê-lo fora do país.

 

Vargas diz que os autores intelectuais não estão na Colômbia e indicou que as autoridades estão trabalhando no Paraguai para "alcançar os mentores em qualquer parte do mundo".

Marcelo Pecci

Getty Images

Pecci liderava várias operações contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

O Paraguai é um dos maiores produtores de maconha da América do Sul, abastecendo Brasil, Argentina e Chile, entre outros países, e é um centro regional de distribuição de cocaína boliviana destinada ao Brasil, Argentina e Europa, segundo dados de uma operação chamada "A Ultranza PY".

 

Essa operação resultou na demissão de dois ministros e na prisão de 24 pessoas por supostas ligações com organizações de narcotráfico.

https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2022/06/5014181-pcc-e-principal-suspeito-o-que-diz-policia-colombiana-sobre-assassinato-de-promotor-em-lua-de-mel.html

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