Atualizado em 25 de junho de 2022 às 15:29
Gil Luiz Mendes
Segundo uma liderança indígena local, que falou com a Ponte por meio de mensagens de texto, porque não conseguia realizar ligação telefônica, e que ainda estava buscando apurar o que havia acontecido, uma ação da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul teria matado uma pessoa e deixado sete feridos nesta sexta-feira (24/6), na cidade de Amambai, no interior do estado. Um documento da Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu) fala em dois mortos.
O ataque dos policiais contra o povo originário se deu após a retomada do território ancestral Guapoy feita nesta quinta-feira (23/6). O local é palco de uma disputa de terras que a população local trava com fazendeiros da região.
Em vídeos gravados pelos indígenas é possível ver viaturas da PM sulmatogrossense, além do uso de um helicóptero. Imagens feitas também pelos Guarani Kaiowá mostram pessoas feridos com arma de fogo. “O helicóptero veio jogando bombas em cima da comunidade. Tem gente ferida que foi encaminhada para o hospital e outros que permanecem no local e que está bem estão precisando de atendimento médico” informou um liderança da tribo que prefere não ser identificada e que garante que vem sendo ameaçada por fazendeiros. Sem conseguir falar ao telefone, ela conversou com a Ponte apenas por mensagens.
Em comunicado, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu) cobra uma ação do poder público e denuncia que indígenas tiveram atendimento negado no hospital da cidade por conta da interferência de policiais militares. “Na madrugada desta sexta-feira, por volta das 4 horas da manhã, pistoleiros misturados com policiais, foram até o Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, em Amambai, Mato Grosso do Sul, para fazerem reintegração de posse, sem qualquer mandado ou documento judicial que comprovasse a operação e numa ação de força descabível, atiraram contra indígenas matando dois deles”, diz um trecho do comunicado.
“A Assembleia Geral do Povo Kaiowá Guarani – ATY GUASU, cobra dos Governantes que que justiça seja feita, que medidas sejam tomadas, que esse genocídios para com os Povos Originários acabem, que o direito a vida seja respeitado, que a demarcação seja realizada e o diálogo e respeito entre os povos. A comunidade indígena encontra-se revoltada com os acontecimentos e mais uma vez, espera por justiça”, conclui o documento.
De acordo com o site Campo Grande News, a morte de um jovem indígena no mês passado teria motivado a retomada da área pelos Guarani Kaiowá. Alex Recarte Vasques Lopes, de 18 anos, seria o quarto membro da mesma família a ser assassinado na região, que é disputada com grileiros e fazendeiros.
A reportagem da Ponte pediu explicações sobre a ação desta sexta-feira em Amambaí para a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, comandadas pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), e até o momento da publicação do texto não teve respostas.
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