domingo, 26 de junho de 2022

Sob ordem de despejo mais de 20 famílias vão fechar a BR-418 em protesto nesta quarta-feira (22)


16:49 | 21 de junho

Vinte e cinco famílias que lutam na justiça há mais de 30 anos pela posse legal de seus imóveis deverão ser despejadas. A decisão, em última  instância, está marcada para ser cumprida no próximo dia 4 de julho. Elas residem em terrenos que pertenciam à extinta MinasCaixa , no  Bairro Serra Verde, em Teófilo Otoni.

Após a falência do banco os patrimônios reverteram-se em favor do Estado de Minas Gerais que leiloou a área  arrematada pelo atual proprietário que reivindica a posse dos terrenos. 
Os moradores afirmam que os terrenos foram comprados por eles, mas sem escritura, apenas com o documento de compra e venda que todos possuem. Algumas famílias residem no local há mais de 50 anos. Na área existem de construções mais simples até um prédio de três andares. As famílias não têm para onde ir. 
Para chamar a atenção da sociedade e do poder público os moradores do local e dos bairros adjacentes, Monte Carlos e São Jacinto, vão promover uma manifestação, fechando a BR-418 na manhã desta quarta-feira (22). 

“Vai ser um protesto pacífico e ordeiro com a presença da polícia. Caso isso não seja resolvido vamos publicar um vídeo nas redes sociais mostrando quem são as pessoas envolvidas nesta injustiça, denunciando tudo e tornando de âmbito nacional a nossa causa”, desabafou o morador João Ribeiro.
Segundo ele, a ordem de despejo não era para ter acontecido mais. “É um processo que já foi arquivado por algumas vezes e agora novamente foi reativado. A gente não entende o porquê.  Nós temos talões de água há quase 30 anos comprovando que a gente reside há muito tempo aqui,” justificou Ribeiro.
Também moradora,  Maria das Graças conta que todo o fruto do seu trabalho foi  destinado a construção de sua casa e que não tem para onde ir caso o despejo se confirme. “Eu lavava roupa pra fora e tudo que tenho está investido aqui . Se sairmos vamos ficar na rua com nossos filhos e  netos,” lamentou.
Ela reafirma a legalidade da posse. ”Nós moradores compramos os terrenos de boa fé , não tinha escritura, mas tinha o recibo de compra e venda . Querem nos tirar sem indenização nenhuma.” 
Por sua vez Manoel Negreiros lamenta que, apesar da luta em longos anos de trabalho honesto, ele seja considerado como invasor. “Uma coisa dessas desespera a gente . Trabalhei em Teófilo Otoni por mais de trinta anos . O único defeito que tenho é trabalhar e ser honesto. Situação vergonhosa decepcionando a gente considerado como bandidos porque quem invade o que é dos outros é ladrão , bandido, eu não sou.”  Ele acredita que o poder público possa reverter essa situação se empenhando mais na causa.” Se  um invasor não tem prova nenhuma que comprou de ninguém e ganha a escritura por que a gente compra, gasta, paga imposto e não consegue?”
 

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